Insurreição
Comunista de 1935
em
Natal e Rio Grande do Norte
Giocondo Dias,
a Vida de um Revolucionário
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de Produção
Giocondo
Dias,
a Vida de um Revolucionário
João Falcão, Agir
1993
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à ANL e ao PCB | Véspera
da Revolução | A
Rebelião de Natal | Junta
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da Revolução | A
Derrocada | A
Fuga | Refúgio
de comunistas
Segunda
Parte
Vida clandestina na Bahia
(1937 a 1945)
Refúgio
de comunistas
A
Bahia tomou-se, nesse período, um autêntico
refúgio de comunistas. Governava-a o capitão
Juracy Montenegro de Magalhães, 31 anos,
cearense, que, embora anticomunista, não
acompanhava o governo central na caçada
aos militantes do Partido. Preocupava-o, antes
de tudo, a tenaz oposição dos integralistas
ao seu governo. Por outro lado, escondia no interior
do estado ao seu irmão Eliézer Magalhães,
perseguido pela polícia de Filinto Müller.
Eliézer era médico, ex-secretário
da Saúde do prefeito do Distrito Federal,
Pedra Ernesto, que fora preso. Ambos estavam sendo
acusados de colaboração com a insurreição
comunista de 1935. Mas Juracy não permitiu
que seu irmão caísse nas mãos
de uma polícia perversa e fascista:
- Meu irmão Eliézer foi envolvido
nestes episódios. Dotado de grande idealismo,
vendeu a casa que possuía na rua Saint
Roman, no Rio, para ajudar financeiramente a
Aliança Nacional Libertadora. Estava
muito ligado a Pedra Eeresto, prefeito do antigo
Distrito Federal, e a outros elementos de esquerda,
corno Anísio Teixeira e Hermes Lima,
tendo inclusive participado dos preparativos
para a vinda de Prestes da Rússia, através
do Uruguai. Pedra Emesto também se complicou
nos acontecimentos e acabou sendo cassado, pois
os comunistas atuavam em tomo dele. Meu irmão
teve que se exilar, mas seguiu primeira para
a Bahia, onde estivemos juntos. Após
sua chegada, recebi um telegrama de Filinto
Müller, chefe de polícia do Rio,
pedindo-me para prendê-Ia. Respondi desaforadamente
que, se ele queria prender meu irmão,
deveria tê-Ia feito no Rio de Janeiro.
Não admitia que me tentasse impor essa
humilhação e, além do mais,
meu irmão já havia tomado rumo
ignorado, conduzido por amigos meus ao interior
da Bahia.1
Eliézer abrigou-se nas caatingas do Nordeste.
Ali teve um enfarto do qual escapou por milagre.
Depois disso, viajou para Recife e, clandestinamente,
embarcou para a Europa. Viveu exilado em Paris
durante alguns anos, transferindo-se posteriormente
para Buenos Aires.2
Para a Bahia foram também vários
envolvidos na insurreição. Procedente
e fugitivo de Maceió, Lauro Araújo,
codinome Duas Massas, por ser baixo e muito forte.
Dirigente do Comitê Regional de Alagoas,
foi um dos responsáveis pela preparação
da insurreição comunista naquele
estado. Era irmão do famoso cantador de
emboladas, Manezinho Araújo.
De Pernambuco, João Rodrigues Sobral, dirigente
do Partido naquele estado. Foi preso e levado
de navio para o presídio da Ilha Grande,
no Rio de Janeiro. Quando o barco se aproximava
de Salvador, onde faria escala, Sobral jogou-se
ao mar e nadou até a praia. Moço
e forte, conseguiu realizar com êxito semelhante
façanha. Foi condenado à revelia,
pelo Tribunal de Segurança Nacional, a
10 anos de prisão. Militou na Bahia e fez
parte do Comitê Regional deste estado.3
De Natal, Valdemar Ferreira Coelho, baiano, soldado
do 21º BC, encarregado da guarda dos aviões,
negociou a liberdade da tripulação
e a liberação dos aparelhos por
uma passagem para a Bahia. FOI preso logo que
chegou a Salvador.4
Praxedes realizou urna longa e penosa caminhada
desde Natal até a capital baiana. Primeiramente
esteve em Recife, hospedando-se com urna tia.
No dia seguinte, dirigiu-se ao endereço
que levava para contato com o Partido naquela
cidade. Encontrou-se aí com Manoel Severiano
Cavalcante, codinome Gaguinho, o mesmo que o havia
procurado em seu esconderijo no Rio Grande do
Norte, à cata do dinheiro do Tesouro, após
o fracasso do movimento de Natal. Foi levado imediatamente
à presença dos membros do Secretariado
Nacional, que acabavam de chegar a Recife: Bangu
(codinome de Lauro Reginaldo da Rocha); Martins
(Honório de Freitas Guimarães) e
o português Abóbora (Eduardo Pereira
Xavier). Esses três dirigentes do PCB tiveram,que
sair do Distrito Federal após a prisão
de Prestes, em 1936, por questão de segurança.
Na reunião com o Secretariado, Praxedes
"fez um relato detalhado de toda a Insurreição,
tim-tim por tim-tim. Sem acrescentar nem esconder
nada. Contou tudo exatamente como havia acontecido.
Os três ficaram impressionados com o seu
relato, principalmente com a atitude tornada por
Giocondo e lhe disseram que o comportamento dele
era injustificado, e que Giocondo seria expulso
do Partido."5
De Recife, o sapateiro Praxedes foi para Alagoas,
onde não se sentiu seguro. Deslocou-se
para a Bahia e aí permaneceu, até
o resto de sua vida, sob a falsa identidade de
Eduardo Pereira da Silva. Constituiu nova família,
teve três filhos e montou sua própria
sapataria. Não tomou conhecimento das anistias
concedidas em 1945 e 1979. Seu maior orgulho era
nunca ter sido preso. Morreu aos 85 anos, em agosto
de 1985.
Notas:
1
- Juracy Magalhães. Minhas Memórias
Provisórias. Rio de Janeiro, Ci¬vilização
Brasileira, 1982, p. 95.
2 - Em Buenos Aires, em 1942,
o autor, também exilado, conheceu Elié¬zer
Magalhães e recebeu, gratuita e generosamente,
os seus cuidados médicos.
3 - Depoimento de Maria Ribeiro
Prestes, viúva de Luiz Carlos Prestes.
Rio de Janeiro, 1991.
4
- Relatório do ten-cel comte. do 21º
BC ao general comte. da 7ª Região
Militar. Processo nº 76 do TSN, p. 11.
5 - Moacyr de Oliveira Filho.
Ob. cit., p. 9.
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