Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
 
 Direitos Humanos
 Desejos Humanos
 Educação EDH
 Cibercidadania
 Memória Histórica
 Arte e Cultura
 Central de Denúncias
 Banco de Dados
 MNDH Brasil
 ONGs Direitos Humanos
 ABC Militantes DH
 Rede Mercosul
 Rede Brasil DH
 Redes Estaduais
 Rede Estadual RN
 Mundo Comissões
 Brasil Nunca Mais
 Brasil Comissões
 Estados Comissões
 Comitês Verdade BR
 Comitê Verdade RN
 Rede Lusófona
 Rede Cabo Verde
 Rede Guiné-Bissau
 Rede Moçambique
Espanhol
Italiano
Inglês

Tecido Social
Correio Eletrônico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN

N. 004 – 27/10/03

ENTREVISTA

ISIDORO REVERS

"O debate sobre os transgênicos está conscientizando a sociedade"

Durante o II Fórum Social Potiguar que teve lugar em Natal (RN) nos primeiros dias de outubro, mais de 250 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) procedentes de acampamentos e assentamentos de todo o Rio Grande do Norte estiveram acampados por quatro dias no Ginásio do Colégio Atheneu, no bairro de Petrópolis. O coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra, Isidoro Revers, conhecido pelo apelido de "O Galego", apresentou às trabalhadoras e os trabalhadores acampados a história da Vía Campesina (movimento de caráter internacional que promove a luta pelos direitos das comunidades rurais e indígenas) e coordenou a discussão pela organização e articulação do movimento no Estado. Antes da discussão, Revers concedeu esta entrevista a Tecido Social.

Por Antonino Condorelli

Houve mudanças estruturais nas políticas agrárias do governo Lula com respeito às do governo de Fernando Henrique Cardoso?

Só o fato de Lula - um nordestino, retirante, sem terra - ter sido eleito como Presidente da República é uma mudança... uma mudança grande na cultura deste país, onde sempre se achou que só está preparado para assumir o governo quem procede das elites. Agora, como nós estamos dentro de um processo de disputa (inclusive dentro deste governo, pelas alianças que foram feitas durante o processo eleitoral e pela composição do executivo), como movimento social ainda precisamos lutar para que o governo assuma políticas estruturais de Reforma Agrária e de implantação da agricultura familiar. No caso específico da agricultura familiar, os recursos que foram destinados pelo PRONAF são muito mais dos que estavam previstos no governo anterior e isso é um grande avanço. O que temos que fazer é trabalhar para organizar a produção e a comercialização. A CONAB vai comprar toda a alimentação dos pequenos produtores para direcioná-la para o Fome Zero. Ela também vai garantir o preço mínimo para os agricultores familiares, coisa que nem os fazendeiros nem as multinacionais nunca fizeram. São todos elementos importantes: você vê que tem uma preocupação por parte do governo para que estes setores se incorporem na economia nacional.

A Medida Provisória sobre a liberalização da soja transgênica pode representar a porta de entrada dos transgênicos no Brasil?

A questão dos transgênicos foi introduzida de uma forma ilegal no governo anterior, o governo atual se encontrou então em uma situação difícil: a de ter que decidir sobre um assunto que foi implantado de maneira ilegal no governo passado. Portanto a sua atitude não pode ser julgada de maneira drástica, até porque ele é dilacerado sobre este tema, vive um dilema interior. Porém, todo o processo de discussão e de reflexão que está sendo feito no Brasil sobre a questão dos transgênicos permitiu, ainda que minimamente, que a sociedade tomasse conhecimento e se posicionasse sobre o uso de sementes transgênicas na produção e da presença de organismos geneticamente modificados na própria alimentação. Neste aspecto, o debate que está sendo gerado sobre a transgenia é fundamental. Nós esperamos que com isso o governo tenha condições políticas de - dentro de um curto espaço de tempo - não permitir o plantio de transgênicos enquanto não houver pesquisas seguras que digam se eles interferem ou não no meio ambiente e na saúde humana.

Sobre o tema da violência no campo e dos assassinatos de trabalhadores rurais, o que os movimentos podem fazer para promover o respeito dos direitos humanos no meio rural?

As organizações de trabalhadores já fizeram várias denúncias ao governo pedindo que este usasse a Polícia Federal para dimunir as reações e ações violentas dos latifundiários. Nós temos a expectativa de que a situação atual mude. Já mudou muito na perseguição do trabalho escravo, por exemplo o ano passado a CPT denunciou 5.000 casos de trabalhadores submetidos a regime de escravidão e uma das primeiras medidas do governo Lula quando se implantou foi a criação de uma Comissão Supra-Ministerial para poder atuar na repressão do trabalho escravo. Também temos uma forte expectativa com relação à Reforma Agrária. Hoje tem setores dos latifundiários que se organizam e se armam contra os trabalhadores, nós esperamos que o governo desencadeie uma política de transformação estrutural que minimize esta violência.

O que o MST e os outros movimentos sociais que lutam pela Reforma Agrária e um modelo de desenvolvimento diferente podem fazer para mudar a imagem deles que a mídia criou na população?

A mídia desenvolveu uma ação sistemática para isolar os movimentos que lutam pela Reforma Agrária do governo e da sociedade. Nos últimos anos ela pautou isso sistematicamente, mas não o conseguiu completamente justamente porque os trabalhadores têm a sua organização. Os movimentos podem vencer esta luta com a organização, mostrando a população com os fatos o que eles realmente querem e fazem. Claro que não é uma luta fácil, porque a mídia tem um poder de persuasão, um poder de convencimento, um poder de plantar mentiras (principalmente sobre as organizações de trabalhadores) muito grande. Mas nós acreditamos que conseguiremos superar isso graças à nossa organização, a nossa luta, às ações concretas que realizarmos.

Veja também:
- O RN dá os primeiros passos na construção da Rede Estadual de Direitos Humanos
- DENÚNCIA. Ameças de morte contra advogada que denuncia crimes policiais na periferia Leste de São Paulo
- Os crimes da polícia em Sapopemba
- Carta a enviar às autoridades do Estado de São Paulo para apoiar Valdênia e pedir justiça para as vítimas dos crimes denunciados por ela

< Voltar

Desde 1995 © www.dhnet.org.br Copyleft - Telefones: 055 84 3211.5428 e 9977.8702 WhatsApp
Skype:direitoshumanos Email: enviardados@gmail.com Facebook: DHnetDh
Busca DHnet Google
Notícias de Direitos Humanos
Loja DHnet
DHnet 18 anos - 1995-2013
Linha do Tempo
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos
Sistema Nacional de Direitos Humanos
Sistemas Estaduais de Direitos Humanos
Sistemas Municipais de Direitos Humanos
História dos Direitos Humanos no Brasil - Projeto DHnet
MNDH
Militantes Brasileiros de Direitos Humanos
Projeto Brasil Nunca Mais
Direito a Memória e a Verdade
Banco de Dados  Base de Dados Direitos Humanos
Tecido Cultural Ponto de Cultura Rio Grande do Norte
1935 Multimídia Memória Histórica Potiguar