Making Off

Sobre o exemplo de Che repousam as esperanças atuais dos cubanos numa vida melhor. "Eles vêem em Che o condutor da possibilidade em ter uma vida melhor", afirma Teotônio. Amanhã, às 20h, na Galeria da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), estará sendo lançado o livro que reúne 46 fotos em preto e branco, de um total de 2.500 feitas por Teotônio durante sua passagem por Havana em outubro de 1997. Como foi o único fotógrafo brasileiro credenciado para registrar o funeral do guerrilheiro na época, ele aproveitou para conhecer o cotidiano cubano por 15 dias.

Desde o princípio, o fotógrafo desejava publicar o livro com seu trabalho. Entretanto, praticamente dois anos depois, é que ele consegue vislumbrar a documentação deste verdadeiro relato histórico. A saga de Teotônio para realizar e publicar seu trabalho endossa a falta de investimentos de cultura no País. Por ironia do destino, um dos fatos que chamou a atenção do fotógrafo em Cuba foram os investimentos na área cultural, o que o fotógrafo não encontrou em Natal. A prova da valorização para este tipo de trabalho é que ele já está vendo seu retorno àquele país com o livro.

Para documentar o funeral de Che Guevara, Teotônio bancou sua viagem. Com intuito de economizar, percorria a cidade a pé, captando fatos curiosos. Após o retorno a Natal, veio a intenção de publicar o livro. Mas tudo não passaria de um projeto, se não encontrasse uma alternativa para viabilizar seu projeto.

Das mil edições publicadas, 400 foram compradas pela prefeitura de Icapuí no Ceará, Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRN e Associação dos Docentes da UFRN (Adurn). A impressão saiu graças a estes apoios. Agora é esperar que a publicação pague o investimento total da viagem. Somente o livro em papel couchê consumiu R$ 11,4 mil.

O livro tem prefácio do diretor do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular no Rio Grande do Norte, Roberto Monte e apresentação da jornalista MárU?
?cia Pinheiro. Permeiam as 87 páginas da publicação, trechos de poemas e músicas cubanas. Entre os autores estão Eugênio Florit, Sílvio Rodriguez e Pablo Milanez. Teotônio também faz comentário sobre a viagem nesta publicação.

O livro é dividido em passado, presente e futuro. As marcas da revolução vistas hoje nos mais variados lugares da cidade - como os tanques de guerra na universidade - fazem parte do retorno no tempo. O cotidiano dos cubanos, o turismo e os funerais de Che estão no presente. "O futuro é a alegria, a saúde, a educação, que apesar do bloqueio econômico, se destacam mundialmente", opina Teotônio.

O livro será lançado ainda este mês em Mossoró e João Pessoa. Nos dias 21 e 22, Teotônio vai a Brasília para lançar o "Olhar sobre Havana" no Espaço Cultural da Câmaras dos Deputados Federais. Ele está indo a convite da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Câmara e do Grupo Parlamentar Brasil/Cuba.

A viagem a Cuba fez cair por terra impressões errôneas sobre o país. Ele admite que a população é pobre, mas feliz. Nas conversas sobre a terra de Fidel Castro, o fotógrafo deixa claro que as fugas constantemente divulgadas pela mídia , ajudam a arranhar a imagem, mas uma investigação mais profunda mostra os reais motivos sobre o desejo de procurar novos horizontes.

Sem acesso aos meios de comunicação, determinadas pessoas, principalmente do ramo turístico, acreditam que vão encontrar formas mais fáceis de se viver em outros lugares. "Isto porque eles têm contato com os turistas e só conhecem o que eles lhe contam," detalha.