Natal,
29 de outubro de 2000 –
Diário de Natal –
Muito
– Pág. 2
VIAGEM
INSÓLITA
ROBERTO
MONTE
Quem é Quem
Roberto Monte
coordena o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular, e basta
ter cinco minutos de conversa para sentir um grande senso de
humor, de praticidade (no sentido de fazer e acontecer), e de
humanidade. Ele também é Presidente do Conselho Estadual DH e
Secretário-Geral da Rede Brasileira de Educação para os
Direitos Humanos e um ativo militante dos direitos e desejos
humanos. Sua vida não tem resumo, tem luta. O mais recente
projeto – que durou cinco anos – é a concepção de um CD-ROM
Enciclopédia Digital
Direitos Humanos, no qual ele espera atingir os corações e
mentes da meninada de primeiro e segundo graus. Para ele uma das
melhores formas de combater a violência social e física é educação.
Roberto Monte fez questão de frisar que não está só, ao seu
lado tem Maíse (esposa) e Gabriel, Maíra e Ângelo (filhos).
Você
é o que queria ser quando adolescente?
Evidentemente que
não, graças a Deus comecei a ter consciência política muito
cedo.
Qual
é a melhor mentira?
Prefiro clareza e
a transparência.
O
que gostaria de ter feito e não fez?
Sempre sinto que
deveria ter mais tempo para leitura e para os meus papéis
antigos.
Qual
o seu sonho atual?
Acabamos de
concluir um CD-ROM denominado Enciclopédia
Digital Direitos Humanos e vou circular o estado inteiro
divulgando o mesmo.
Conte
o segredo de viajante
Sentidos os mais
aguçados possíveis, pouca parafernália eletrônica e despir-se
de preconceitos.
Qual
o livro que você leu de um fôlego e leria novamente?
Quarup,
de Antônio Callado, se bem que As
Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galleano
Quem
mais o influenciou?
Não posso negar
toda uma vertente humanística familiar, que vem de Imão (Padre
Monte), passando por Ninio (D. Nivaldo).
Qual
a melhor coisa do sexo?
Sexo com doses
maciças de espiritualidade é a maior doideira!!!
Pessoas
arrogantes e prepotentes merecem o que?
Mangar, não é
massa ficar mangando interiormente de um idiota metido a besta?
Você
gosta de ouvir pessoas que não sabem ouvir?
Ando cultivando o
sentido da tolerância.
De
que você tem medo?
Dessa nossa
realidade social.
O
que seduz no jogo da criação?
A possibilidade
de trabalhar sentidos.
O
que existe de melhor no seu lado escuro?
Sou um grande
curioso que toma partido, que adora história, principalmente a
dos vencidos, dos excluídos, daquela que deixou de ser escrita.
O
imaginário lhe apavora?
O imaginário é
o meu combustível de sobrevivência.
Como
você convive com seus sonhos?
Sou prático,
gosto de vivenciar e praticar parcelas de meus sonhos mais loucos.
Qual
a pior verdade?
A realidade
quando você vê o que o governo gasta com propaganda versus Saúde
e Educação.
O
que você acha do dinheiro?
Para mim um meio
de troca.
O
que nunca deveria faltar?
Sensibilidade e
calor humano.
Quando
você conta até dez?
Quando vejo uma
violação pesada de direitos humanos, coisa que aqui no RN é
corriqueira.
O
que anda sobrando por aí?
Falta de
humanismo.
O
que a boca diz quando a alma grita?
Basta de
impunidade, quando chegaremos aos mandantes dos assassinatos de
Gilson Nogueira e Antônio Lopes.
Qual
a palavra que nunca deve ser dita?
Impossível.
Temos que resgatar o sentido da utopia.
Qual
o grande mal deste final de século?
O individualismo
e a falta de ideais.
O
que dói em Natal?
Não só Natal,
mas em todo o país, crianças nas ruas e esses nossos políticos
bregas fazendo as maiores barbaridades.
Em
que situação você atira no escuro?
Não sou de
atirar no escuro nem no claro.
Qual
dos dez mandamentos você quebra?
Não
sou de quebrar mandamentos, mas adoro dinamitar mandamentos
sociais atrasados e obsoletos.
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