E-Mail a uma pessoa
interessada em
Trabalho Voluntário na DHnet
Cara Carolina,
Oi!!
Antes de mais
nada, desculpa estar respondendo o teu email só agora, pois a
semana foi muito agitada.
Hoje, primeiro de
maio, estamos comemorando 04 anos de nossa rede e estamos
fazendo um agito legal. Mando atachado, matéria que saiu num
dos jornais locais acerca de nossa programação.
Outra coisa é
que achei o seu contato muito importante. Nesses últimos anos,
recebemos os mais diversos feedbacks, quase todos referentes a
pessoas/entidades/organizações ligad0(a)s a nossa área de DH,
imprensa,etc.
O teu perfil é
diferente e na minha avaliação, muito importante, pois tem
possibilidades de ampliação e de novas parcerias dentro dos
novos paradigmas que estamos a trabalhar.
Vamos aos seus
pontos:
O inicio da DHnet
realmente foi dentro da Internet, mas como uma ferramenta para
ajudar/alavancar coisas outras. Se inicialmente pensávamos em
Ter uma forma de comunicação barata e ágil, hoje constatamos
que pode ser muito mais do isso, um ponto de possibilidades
quase que infinitas de reflexão, interatividade, torca de
comunicação, enfim, a possibilidades de juntar as práxis da
vida.
02)A DHnet foi
pensada para ser uma espécie de ONG virtual. Não saímos com
teorias,mas partimos de uma realidade prática. O nosso BBS
surgiu como parte integrante do CDHMP – Centro de Direitos
Humanos e Memória Popular e no desenrolar das coisas, sentimos
que teríamos que
ter uma estrutura mais enxuta, tipo uma uma agência de
publicidade. Não adianta querer algo novo com cabeça pensando
como antes. Antes de mexermos com computadores, o nosso grupo
trabalhava com vídeo popular. Senti o ensight aí. Acho massa o
lance de ONGs,
mas a nossa
necessidade era algo mais rápido. Nosso povo(de movimentos)
fala muito mas age pouco.
Estamos em Natal
como poderíamos estar em qualquer outro local. Acho até que em
outro local nossa experiência não ocorreria, a não ser com
muita grana.
O que compensa
tudo isso são as articulações. Depois que inventaram fax e
Internet as coisas foram muito facilitadas.
Apesar de ser
funcionário público(trabalhei 16 anos na COHAB/RN e estou há
04 no PROCON/RN), desde 1980(terminei Economia em 1979) minha prioridade é a militância na área
dos DH. Participando
de todos os Encontros Nacionais do MNDH, eu e o nosso pessoal
conhecemos muita, mas muita gente mesmo.
Tanto que hoje,
todo esse pessoal que trabalha na área dos DH são antigo(a)s
Companheiro(a)s.
Veja o caso das Ouvidorias de Polícia. Benedito Mariano(SP), Marga Roth(Pará), são todos militnates históricos do MNDH.
E por aí vai, no tocante a mortos e desaparecidos politicos, educação
para os DH, etc.
Em síntese, para pegar subsídios, assim
fica fácil. E COM UM DETALHE, poucas pessoas/instituições
ainda sacaram a
importância da coisa. Acho que de um ano para cá, coisas estão
acontecendo.
O nosso grande
trunfo é que estamos discutindo/refletindo/fazendo coisas desde
1995 e principalmente, temos um provedor de informações,
aberto para fazer a junção disso tudo.
Apesar de
estarmos no RN, o nosso intuito é nacional,mais do que isso,
pensamos incluir aí os países de lingua portuguesa(Portugal,
países africanos,
Ásia, comunidades brazuca e lusas).
03 – Quanto a
Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos, ela funciona
aí em São Paulo. Tem cerca de 200 entidades filiadas e nasceu
da Comissão de Justiça e Paz/SP, através de um grupo
capitaneado pela nossa querida Margarida Genevois. Temos com a
REDE uma grande articulação. Necessitamos de informação e a
REDE necessita de divulgar o que tem. É um pessoal muito legal.
Se vc quiser
entrar em contato com eles, o telefone de Margarida é:
(011)256.3563
04 – Quanto a
participação daí de SP,
evidente que sim!!! Principalmente depois do lance da
virtualidade, a coisa fica mais fácil.
Algumas formas,
que coloco como possibilidades:
4.1 – Divulgação
Necessitamos
muito de divulgação fora dos nossos espaços de atuação e
conhecimento. Como poderíamos
pensar uma forma de divulgação da Dhnet em espaços que vc
circula/conhece/acha interesante ?
4.2 –
Voluntariado
Como a nossa
estrutura está aquém dos
nossos projetos, necessitamos muito de pessoas que não só
pensem, mas que façam o trabalho pé de boi, como digitar,
fotos, artigos, coordenem grupos de discussão, etc.
Pessoas que nos
ajudem a nível macro, como pensar políticas de comunicação e
captação de recursos, nos auxiliem na formulação de
pedagogias, veja o exemplo: formamos um grupo de trabalho para
trabalhar jogos educativos sobre direitos humanos. Acabo de
concluir uma pesquisa para saber o que se tem nessa área. É
muita coisa a nível
de América Latina. Nosso projeto
é fechar um projeto de auto-sustentação, vender jogos
educativos a um custo minímo, na faixa de 10/15 reais. Além do
público difuso, estamos de
olho no PROINFO, que é aquele programa do Ministério da Educação
que está informatizando
100.000 escolas públicas em todo o país. Veja só, muita gente
tem computador, mas informações e didática, não existe quase
nada. Nosso propósito é ocupar tal espaço, gerar uma sustentação
para a Dhnet e termos possibilidades de sermos uma espécie de
Geocities de direitos humanos e cidadania em nosso país,
subsidiando esperiências interessantes.
4.3 – Enfim, as
possibilidades são inúmeras
e dependerá do nosso conhecimento,
nossas aberturas e fazer com que uma possível parceria vire
cumplicidade. Aí sim, as coisas acontecerão.
Estou convencido
se tivermos o poder do encantamento, deixaremos de lado o nosso
discurso “pesadão”, trabalhar com coisas na linha da
proposição, ocupar os espaços que a conjuntura coloca, tal
poder de aglutinação gerará novos caminhos e possibilidades.
Outra coisa: tudo
isso dependerá de um conhecimento mútuo, trabalhar a questão
da tolerância e da ampliação dos espaços de discussão pública.
E principalmente, deixar os preconceitos lado a lado de fora.
Quais os pontos de convergência, o que estrururalmente nos une,
o que existe em nossas visões de mundo que pode materializar-se
em coisas concretas?
Algumas provocações
o nosso grupo anda
fazendo alguns anos nos encontros de direitos humanos da vida:
A questão dos Desejos Humanos(se
possível, dê uma
passadinha no nosso macro-tema e verás algo a respeito). Na
verdade, desejos humanos para nós é a possibilidade de
discutirmos a questão dos DH na questão filosófica.
Tudo isso enseja uma ampla discussão
sobre uma nova Ética, Poética e Estética para os Direitos
Humanos.
Como inserir na
questão da luta pela cidadania a questão da arte e da cultura?
Algumas experiências
estamos a fazer, sempre trabalhando a questão da identidade, da
Memória Histórica, que nesse país é um escândalo!!!
Algumas coisas
fizemos nesses últimos anos no tocante a uma agitação
consorciada com as artes, como lançar garrafas ao mar, para
denunciar o grupo de extermínio da Policia Civil RN. A coisa é
meio 2001 – Uma Odisséia no Espaço. Lançamos 2.000 garrafas
com um pedido desesperado de socorro e o texto da garrafa
remetia a uma home
page. Pensamos naquela cena de Kulbrick do macaco jogando ao
alto o pedaço de pau, utilizando uma idéia de artistas
marginais daqui da terrinha, que jogavam poesia ao mar...
Em um outro julgamento distribuimos
12.000 panfletos nas praias do nosso litoral, no momento em que
um avião passava carregando uma faixa denunciando a questão da
impunidade. Propaganda sub-liminar...
- Nesse mesmo julgamento, transmitimos ao vivo pela Internet desde
o tribunal do
júri.
No próximo dia
24 de maio termos outro julgamento do grupo de extermínio e
vamos fazer espetáculos de teatro de rua em um circuito de feiras de nossa capital, durante
05 dias seguidos.
Tudo isso que
estou a falar para vc está na Dhnet, é só dar uma navegada.
Nosso problema é que não temos estrutura de colocar tudo isso no är”.
05 – Quanto aos projetos que estão rolando na Dhnet
5.1 – A nova
versão 99.1
Começamos a
trabalhar em dezembro, no tocante a um novo formato e concepção
estética. Estamos burilando e
inserindo informações. O novo passo será a questão
das interatividades(forums,
chat, etc) e a implantação da TV e Rádio Dhnet.
Radicalizar na questão de sons e imagens;
5.2 – Concluir
a discussão sobre uma Política de Comunicação para o
Ciberespaço, além de uma Política de Captação de Recursos;
5.3 – Curso
Interativo sobre Sistemas Internacionais de Proteção aos DH
Aprovamos um projeto junto a Embaixada da
Holanda para fazermos um curso interativo. Estamos fazendo o mesmo em parceria com
James Cavallaro, da Human Rights Watch. O curso, além do lance da Internet, terá 03 oficinas(Natal, Belém e Rio de
Janeiro). Acessando o macro-tema Educação & Direitos
Humanos vc terá mais detalhes;
5.4 –
Ciber-Oficinas de Direitos Humanos
Na verdade, o
curso interativo é uma espécie de
laboratório de um lance que estamos trabalhando há anos.
Inicialmente o faríamos na forma de um tele-curso.
O projeto
Ciber-Oficinas de Direitos Humanos é o nosso projeto mais
ousado,com cerca de 08 módulos, versando sobre:
Direitos Humanos:
do Bem ou do Mal?
O que já foi
Declarado como DH Básicos?
Direitos Civis e
Políticos
Direitos Econômicos
e Sociais
Direito a Educação,Cultura
e ao Lazer
Direitos
Relacionados com Categorias Específicas
Direitos Globais
no Universo em Mutação
- Questões Éticas
da Humanidade
Uma nova versão
já está quase concluída, sub-dividido legal os sub-temas.
Radicalizaremos na questão multimídia, sendo que a Rádio e a
TV acima serão suportes essenciais para o mesmo.
No ano passado
enviamos a projeto para a Secretaria Nacional de Direitos
Humanos, que o aprovou junto com o PNUD. MAS(sempre tem um
mas...) faltou grana e com a conjuntura 1999 acho que dançamos
nessa articulação.
Além da versão
do curso online, teremos uma outra offline(CD-ROM)
5.4 – Jogos
Educativos
Estamos iniciando
numa experiência que o CDHMP tem numa comunidade denominada
Cidade da Esperança um laboratório com o material pesquisado.
5.4 - Outros projetos nós
temos, facilitadores dos lances acima, como inclusão de dados
de uma forma mais massiva, compra de equipamentos, etc.
Como vê, se vc
der uma navegada pela Dhnet verás de uma outra forma. Pensamos
a mesma como uma espécie de módulo, crescendo no fluxo dos
acontecimentos, micros e macros. Grande e pequeno, podendo
subsistir desde projetos grande, pequenos ou mesmo auto-sustentação.
Enfim, pensar
dialeticamente.
Esse tipo de
coisa é muito legal, porém inteiramente novo. As formas de
assimilação dos movimentos é inversamente proporcional ao efeito multiplicador das
idéias que fluem de uma forma mutcho louca.
Mas é isso.
Vamos ver o que dá.
De minha parte,
tentei fazer quase um espasmo de reflexões e práticas que
estamos a fazer há vários anos.
Por fim, gostaria
que vc visitasse uma experiência massa que fizemos tempos atrás.
Visite o seguinte endereço:
http://www.dhnet.org.br/w3/prelazia
Leia e veja como
é possível realizar a possibilidade de uma Cidadania Digital.
Fico por aqui, na
expectativa de uma resposta em breve
Roberto Monte
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