INTRODUÇÃO
O Centro de Direitos Humanos e Memória Popular –
CDHMP, entidade vinculada ao Movimento Nacional de
Direitos Humanos - MNDH
e que já tem atuação no Estado do Rio Grande
do Norte desde 1986 tem procurado marcar a sua experiência
em uma prática participativa com a comunidade sem
descuidar do aprimoramento técnico
de seus mecanismos de intervenção. Para isso, já
foram utilizados os meios mais modernos tais como a criação de um acervo em vídeo dos movimentos
sociais do estado, a TV comunitária como fóruns móveis
de discussão sobre violência e a Rede Telemática de
Direitos Humanos - DHnet sem descuidar da assistência
permanente a vítimas de violência.
No
cômputo dessas realizações o centro
fez parcerias importantes com entidades públicas
em momentos necessários para expandir e legitimar cada
vez mais as suas ações. No decorrer dos últimos anos
a participação do Governo do Estado através da
Secretaria de Estado, do Trabalho, da Justiça e da
Cidadania – SEJUC/RN e o Governo Federal através da
Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, possibilitou ações
mais consubstanciadas em debates, onde os atores que
entraram no processo de discussão já não eram apenas os companheiros das Organizações Não
Governamentais, representantes das minorias sociais,
mas, também, representantes do poder público responsáveis
por ações em diferentes setores de intervenção
social tais como segurança pública, educação, saúde,
menores em situação de risco social e trabalho.
Para
respaldo de suas atuações, além das consultorias
pontuais que
normalmente o Centro dispõe, passou a contar também
com a valiosa consultoria do NEV – Núcleo de Estudos
da Violência da Universidade de São Paulo – USP. Foi
através desse Núcleo, em especial do Professor Phd.
Paulo Sérgio
Pinheiro e de seus pesquisadores Paulo Mesquita e
Beatriz Affonso que o Centro
teve acesso à experiência da elaboração do I
Programa Estadual de Direitos Humanos no Brasil
realizado no Estado de São Paulo.
Respaldado
nessa orientação foram
estabelecidas as estratégias para a montagem do
I Programa Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do
Norte e,
consequentemente, o segundo no país.
No
decorrer do processo de elaboração foram realizadas
cinco (5) Conferências
micro-regionais em cidades
pólo do Estado:
Caicó, Pau dos
Ferros, Macau,
Parnamirim e Mossoró. Em cada
“Conferência Pólo”, os participantes
dividiam-se em dois grandes grupos, sendo um para
discutir as questões
relacionadas com a segurança pública e outro,
com as questões econômicas e sociais. No final, uma
Plenária deliberativa consolidava propostas.
Este material não só subsidiou o Plano como
também está disponível para montagem de estratégias
específicas para as regiões.
Todas
as propostas recolhidas nestas Conferências bem como
outras que chegaram através de documentos pelo correio
ou mesmo em fax ou e-mails, foram reunidas em um único
documento para subsidiar o trabalho em Natal. Este foi
realizado no que se chamou II Conferência Estadual de
Direitos Humanos realizada nos dias 17 e 18 de dezembro
de 1998 no auditório
do Instituto de Teologia Pastoral de Natal. Neste
evento contou-se
com uma efetiva participação dos segmentos da
sociedade civil (135 pessoas e 85
entidades) e dos representantes de instituições
públicas. Os debates foram marcados pelo caráter
democrático e participativo, em grupos que ratificavam
as propostas existentes e acrescentavam novas propostas.
A
participação em toda construção do PEDH/RN envolveu
311 (trezentas e onze) pessoas, representando cerca de
207 (duzentas e sete) entidades. A coordenação geral
dos encontros ficou
a cargo da equipe do Centro com a estreita participação
da Secretaria de Trabalho, Justiça e Cidadania. A
Supervisão do NEV/USP foi imprescindível, tendo,
inclusive, enviado a Natal uma equipe para participar da
tarefa difícil de condensar todo o acervo juntamente
com um grupo de representantes definidos na Conferência.
Sob
a coordenação da consultora do CDHMP, Ana Amélia
Fernandes a
II Conferência teve
sua metodologia de debate a partir de quatro grupos
abrangentes e com orientação nas principais variáveis:
Justiça e Cidadania; Direitos Econômicos, Ambientais e
Sociais; Direitos à
Educação, Cultura e ao Lazer
e Direito
à Igualdade e à Participação. Para orientar e
coordenar os grupos contamos com a participação de técnicos
do CDHMP , Roberto Monte, Heronilza Nascimento Castro e
Silva, Aluízio Matias dos Santos, Mário Sérgio Lima
Correia, Marcos
Dionisio M. Caldas, Antonio Pinto, Maise Gomes Monte,
Tertuliano Cabral Pinheiro, Francisca Edleusa Dantas e
Gerusa de Fátima; e com a colaboração de professores
e de líderes da sociedade. Neste sentido, foi presença valiosa neste processo de
discussão e consolidação, a
professora e antropóloga Elizabeth Nasser, o
professor e
sociólogo Jardelino de Lucena Filho, a professora e pedagoga Marlúcia de Paiva Oliveira, o professor e
especialista em problemas de terra, Prof. José de
Anchieta Ferreira Lopes, o sociólogo e líder sindical
Manoel de Lima Duarte
e a líder feminista Maria Amélia de Lima
Freire. Vale ressaltar que, sem a presença de todos que
contribuíram no debate cujos nomes estão neste
documento, não
se teria o resultado que ora
se apresenta.
É
essencial ainda, explicar a preocupação da comissão
que sistematizou as propostas em estabelecer limites
claros para o que seria ações a serem executadas “De
imediato”, “A curto prazo”, “A médio prazo” e
“A longo prazo”; para que assim possamos, ao fim do
prazo estabelecido, realizar
um encontro de avaliação no qual as propostas
possam ser revistas e atualizadas. Nesse sentido
entenda-se por: “De imediato” o período que
compreende os anos de 2.000 e 2.001; “A curto
prazo”, 2.002 a 2.004; “A médio prazo”, 2.005 a
2.008 e “A longo prazo”, até 2.010.
O
PEDH/RN foi resultado desse esforço conjunto. Lógico
que como primeira experiência tem o seu valor por
representar legitimamente o anseio de nossa sociedade.
Os erros ou omissões existem e por ele o Centro de
Direitos Humanos continuará
receptivo às sugestões e críticas e comprometido nas
reformulações necessárias desde que sejam para
resgatar a valiosa cidadania de nosso povo.
Coordenação
Geral do PEDH/RN
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