quando os olhos do mundo estufam e
pedem carinho
eu me enterneço, decido pelo caminho das lendas.
das grinaldas derradeiras.
onde a dor é mandrágora, gôndola. embarcação.
correnteza em quarto de cristal.
qual língua desta vida aprendi?
sossego para estes olhos andróginos.
fundos. dominicais.
herdei enfeites. fantasmas. coisas medievais.
o que a noite sussurra ficará gravado em vísceras atlânticas.
lâminas imitam asas.
"hora de morrer" gritam
anjos furiosos.
meu pai e minha mãe viraram uma só
nação.
a caverna onde estão os meus dois
navios, uma criança guarda.
não são perdas no bico desse pássaro.
são nuvens e nódoas.
que golpeiam e passam.
depois retornam.
e novamente golpeiam.
estou pronta
e esta escuridão não é falsa
é a mais cruel verdade.
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