a delicadeza da porcelana, entendo.
o carinho das árvores, conheço.
sai do seu alcance para morrer sozinha.
em síntese e luz.
crianças choram em mim.
sou mãe desde que me sei fêmea.
o que antes era sombra, agora é céu.
o que era servidão, néctar.
o que já foi deserto, multidão.
pequenos girassóis anunciam
grandes solidões.
forasteiros se reúnem longe da pátria
e a dor do mundo neles reside.
na minha alma não há carnaval.
o meu coração é candeeiro: sol e triste.
o que foi ilusão agora é chuva.
e escorre inocente pelos orifícios da terra.
são as pálpebras da tristeza que
piscam nos domingos?
são lágrimas o que molha esta noite de veludos e segredos?
o que herdamos senão abraçar a
verdade?
a alegria voa e a vida tem pressa.
lanternas me iluminam e eu sonho
com o homem que perdi
enquanto colecionava diademas
para musas adornadas de nostalgia.
será que abrir as pernas torna a
morte mais dócil?
noturnas ruas nos levaram de nós.
diante do espelho há uma jovem
face
pintando-se de ouro e alçafrão.
resta-me
beijá-la.
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