Comitê
Estadual pela Verdade, Memória e
Justiça RN
Centro
de Direitos Humanos e Memória Popular
CDHMP
Rua Vigário Bartolomeu, 635 Salas
606 e 607 Centro
CEP 59.025-904 Natal RN
84 3211.5428
enviardados@gmail.com
Envie-nos
dados e informações: |
 |
 |
 |
 |
 |
 |
Comissões
da Verdade Brasil | Comissões
da Verdade Mundo
Comitê
de Verdade Estados | Comitê
da Verdade RN
Inicial
| Reprimidos
RN | Mortos
Desaparecidos Políticos RN |
Repressores
RN
Militantes
Reprimidos no Rio Grande do Norte
Raimundo Ubirajara de Macedo
Textos
Nas
gavetas da memória – Ubirajara
Macedo
Tribuna do Norte, 18.07.2014
Yuno
Silva
repórter
Fugindo
da cataclismática seca de 1932, Joaquina
muda-se ainda adolescente com a família
de Apodi para Macaíba em busca de
sobrevivência. Na capital potiguar
é arrebatada por uma vida de prazeres
mundanos e dinheiro ‘fácil’
como pupila da famosa cafetina Maria Boa,
até cair nas graças do comandante
de um navio cargueiro espanhol que transportava
sal para a Europa. No Velho Mundo vê
sua vida transformada após a morte
do pai. Esse é o cenário da
história imaginada há mais
de 20 anos pelo jornalista veterano Ubirajara
Macedo, e que só agora ganha forma
nas páginas do livro “A saga
de Joaquina – do Ateísmo ao
Cristianismo”. A ficção,
que o autor faz questão de não
chamar de romance, será lançada
neste próximo sábado (19),
às 17h, no salão de festas
do Edifício Morada Riomar, onde mora,
na Av. Deodoro, Cidade Alta.
Na
ocasião, o Centro de Direito Humanos
e Memória Popular apresenta DVD-Rom
sobre Macedo, que figurou na lista dos presos
políticos durante o período
da ditadura Militar aqui no RN.
A
saga de Joaquina ficou latente por uma década,
bem guardada na memória do jornalista,
até ser retomada meio que por acaso
durante viagem internacional do autor no
final dos anos 1990. “Lembrei de Joaquina
durante um cruzeiro pela Grécia,
na verdade foi meu colega de viagem (o médico)
Paulo Frassinete que conhecia a história
e, olhando pro Mar Egeu, disse que as águas
tinham o azul dos olhos da personagem”,
recorda.
Quase
15 anos depois, Ubirajara decidiu passar
tudo para o papel, e como não consegue
mais digitar, ditou todo o livro para a
enteada Virna Damasceno e a cuidadora Érica
Glauciane Jerônimo, que trabalha com
Ubirajara há seis anos. “Muita
gente me ajudou a fazer esse livro”,
comemora, “ficaram impressionadas
(Virna e Érica) com a riqueza dos
detalhes da história. Só agora
no fim da vida me lembrei de escrever esse
livro. Meus amigos sempre disseram que Joaquina
merecia um livro”.
O
processo de feitura da obra levou cerca
de quatro meses. A publicação
sai com chancela da Sebo Vermelho Edições
e o preço de capa é R$ 25.
O
livro é pura ficção,
mas os lugares por onde a protagonista andou
e alguns nomes com quem ela topou ao longo
de sua trajetória são verdadeiros,
como a própria Maria Boa e o professor
Antônio Corcino de Macedo, pai de
Ubirajara, que lecionava no distrito de
Jundiaí e, no livro, ensina o be-a-bá
à Joaquina. Apesar de ter conhecido
uma Joaquina em Macaíba há
muito tempo, o autor garante que não
há nenhuma relação.
“Peguei só o nome emprestado.
A história surgiu sem referências
externas, ninguém me disse nada”,
garantiu.
Ele
diz não ter outras histórias
“na cabeça”, e se “tivesse
idade” escreveria sobre suas viagens
ao lado da esposa Dona Lourdinha, com quem
está casado há 14 anos –
os lugares citados como mais inspiradores
foram Chile, Cuba, Paris, Budapeste (Hungria)
e a Turquia. Durante a entrevista, inclusive,
reclamou do estado de saúde: Ubirajara
Macedo está se recuperando da quarta
pneumonia seguida. “Estou em um momento
ruim, meio doente”, avisou. Nascido
em Macaíba no dia 1º de março
de 1920, faz questão de dizer que
tem quase 94 anos e meio.
“Não
sou comunista”
Esse é o terceiro livro de Ubirajara
Macedo. O primeiro, “E lá fora
se falava em liberdade”, foi escrito
entre 1964 e 65, durante os 11 meses que
o jornalista ficou detido pelo regime Militar
sob acusação de subversão
comunismo. “Sou católico apostólico
romano, sobrinho de Dom Joaquim de Almeida,
o primeiro bispo de Natal, não tinha
como ser comunista”. Ele trabalhou
no jornal do ex-prefeito Djalma Maranhão,
onde matinha uma coluna que lançava
críticas ferinas onde tratava os
norte-americanos como imperialistas. “E
são mesmo! Sou de esquerda, permaneço
de esquerda, mas não sou comunista”,
avisa.
Na
época ele ficou preso com o médico
Vulpiano Cavalcanti (1911-1988), esse sim
Comunista com C maiúsculo, e o educador
Moacyr de Góes (1930-2009).
No
segundo título, publicado em 2008,
Macedo conta a história do Clambom
(Clube dos Amantes da Boa Música),
grupo que ajudou a fundar em 1992 com o
radialista Luiz Cordeiro na casa da cantora
Glorinha Oliveira. Entre o segundo e este
terceiro livro, Nelson Patriota lançou
a biografia “No outono da memória
– O jornalista Ubirajara Macedo conta
a história da sua vida” (2009).
Ubirajara
Macedo morou por cinco anos em São
Paulo, após ser liberado pelos Militares.
Na capital paulista trabalhou como secretário
da presidência dos Correios. Como
jornalista atuou em rádios, na Folha
de São Paulo e na Editora Abril.
Em Natal, trabalhou algum tempo nesta TRIBUNA
DO NORTE e fincou bandeira no extinto Diário
de Natal. Fez parte da primeira gestão
do Sindicato dos Jornalistas, como vice
na chapa de Arlindo Freire.
Coleção
Roberto Monte, um dos coordenadores do Centro
de Direito Humanos e Memória Popular,
que vem levantando informações
sobre os chamados Anos de Chumbo, vem trabalhando
na coleção Memória
das Lutas Populares do RN. Monte contou
que suas pesquisas levantaram 400 nomes
de potiguares reprimidos no período
da ditadura Militar, e que 17 deles ganharam
destaque na coleção, como
Ubirajara Macedo, Glênio Sá,
Juliano Siqueira, Mery Medeiros e Dermi
Azevedo. “Temos depoimentos gravados
desde 1989, muito material inédito,
e este DVD-Rom (áudio, vídeo,
fotos e textos) traz documentos importantes
da vida de cada um desses personagens”.
O depoimento de Macedo foi gravado há
quatro anos.
^
Subir
< Voltar |