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Militantes Reprimidos no Rio Grande do Norte
Raimundo Ubirajara de Macedo

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... e lá fora se falava em liberdade
Ubirajara Macedo, Sebo Vermelho 2001

A vida em São Paulo

Não foi fácil conviver logo de início com a vida agitada da grande cidade de São Paulo. Acostumado com o ritmo lento em que vivia em Natal, não vou dizer que gostei dos primeiros meses naquela loucura que se vive no dia a dia de uma megalópole, mas não tinha outro jeito; já que estava lá, lá ficaria. É tanto que passado um mês de minha chegada a São Paulo e quando estava no gabinete do diretor me apresentando, por coincidência a secretária do DR recebe um telefonema da diretoria geral do DCT, no Rio, procurando falar comigo. Atendi ao telefone e a jovem da outra ponta da linha, a pedido do seu chefe maior, me perguntava se eu queria voltar para Natal. Ela frisou que tinha sido um pedido do então deputado Aluizio Alves. Respondi que não, pois tinham me mandado para São Paulo e era lá que eu ficaria até me aposentar. E de fato, cinco anos depois me aposentaria e aí sim voltarias tranquilo para minha terra. Pretendia demorar mais ali, pelo simples fato de desejar trabalhar no grande imprensa paulistana, até para obter maiores conhecimentos e vivência no maior centro jornalístico do país. Não me arrependi do que fiz, embora a dureza do profissionalismo em São Paulo fosse terrível, mas findei colhendo bons frutos. Mas não fácil conseguir o que planejava. Como já disse no começo desse livro, suei para conseguir um lugar ao sol. O resto, vocês já sabem. Quanto à vida social, os conhecimentos e as amizades, estes itens foram chegando aos poucos.

No mesmo prédio da Rádio Piratininga, onde inicialmente trabalhei como redator, funcionava o Centro Sul-Rio-Grandense e embora não sendo no mesmo andar, frequentemente me encontrava com um norte-rio-grandense que há trinta anos morava em São Paulo, onde se formava em Direito e era dono de uma das maiores bancas de advocacia no centro da cidade. Este potiguar, de nome Adhemar Rubens de Paulo, ao constatar que eu era de Natal convidou-me para fazer parte do Centro Norte-Rio-Grandense, do qual ele era presidente. Lógico que aceitei, e daí em diante me entrosei com a turma, onde pontificavam o próprio Adhemar, Aderbal Morelli, também advogado e afastado do RN há vários anos; o economista Manoel Cavalcanti; o corretor de imóveis Décio Teixeira; a corretora da Bolsa de Valores de São Paulo Geísa Bezerra e outros que a memória não me ajuda a citar.

Devo esclarecer que Adhemar Rubens de Paulo fazia parte também do Centro Sul-Rio-Grandense, onde exercia o cargo de conselheiro. Outro que frequentava o centro era o nosso espadachim Aldo da Fonseca Tinoco, na época professor de Medicina Sanitária da USP. A sede do centro norte-rio-grandense era situada no Largo do Arouche, em pleno centro de São Paulo, onde nas tardes de sábado eram promovidas feijoadas, animadas pelo Trio Ipanema, muito afinado e com um bonito e vasto repertório da nossa bela MPB. Do trio fazia parte Carlinhos, hoje integrante do GMT Trio. Hoje esse trio, considerado um dos melhores de Natal, atua às sextas-feiras e sábados, no Bar e Restaurante Casarão, na Rua Mossoró. E o grande Carlinhos, todas as vezes que me vê lembra os tempos do Largo do Arouche. A turma era boa e fazia com que a saudade da terrinha fosse minorada durante nossas reuniões. Tudo isso e mais alguma coisa ocorreu em São Paulo, para onde fui ainda por conta do “´perigo” que a minha presença causava em Natal. Vocês imaginem o velho Bira causando perigo ao regime! É ou não palhaçada! A minha companheira de jornalismo Paula Frassinetti, com espírito empreendedor e além de tudo uma mulher inteligente, deu-se bem em São Paulo e depois de passar uma temporada na Folha e de ter juntados uns trocados, tornou-se comerciante e se instalou com uma loja bem moderna na Rua Augusta. Naquela época, o forte era a venda de posters e Paula aproveitou e fez de sua loja o ponto maior na comercialização dessa tendência. Graças a Deus, deu-se bem. Logo depois começar a comercializar roupas e outros artigos femininos. Saiu-se bem, até se mudar para o Rio e entrar na política partidária, chegando a ser suplente de deputado estadual. Chamada por Brizola, assumiu a Secretaria de Transportes, de onde saiu por divergências com secretários do caudilho gaúcho, mas ainda hoje é um admiradora do grande líder nacionalista.

Voltando à loja de Paula, que se denominava Poster Shop, lembrei-me de uma das características do local: tinha cinzeiros em forma de pinico, o que fazia com que os visitantes admirassem a ideia. E por falar em visitantes, o meio artístico de São Paulo ia sempre à loja adquirir obras de arte, desde fotos dos Beatles, que na época dominavam os meios musicais, até livros e adereços que lembravam lutas dos esquerdistas de todo o mundo, inclusive Che Guevara. Mas isto era meio escondido, sob pena de a loja ser fechada e a nossa Paulo responder processo por subversão da ordem.

Uma das frequentadoras do local era a escritora Ligia Fagundes Telles. O menestrel Juca Chaves sempre aparecia por lá e batia aqueles papos que somente ele sabia. Nada mais aconteceu de importante comigo na grande cidade paulistana e chegando a minha aposentadoria, tratei de voltar para Natal, aqui estou e somente Deus até quando e torcendo para que não apareçam novos “salvadores da pátria” de “virola” em punho determinando o que nós, homens livres, devamos fazer. Assim seja, amém!

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