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Repressores
RN
Militantes Reprimidos no Rio Grande do Norte
Mailde Pinto Ferreira Galvão
Livros
e Publicações
1964.
Aconteceu em Abril
Mailde Pinto Galvão
Edições Clima
1994
Governador
regulamenta Ato Institucional n° 1 e
nomeia Comissão de Investigação
No
dia 23 de abril o jornal "A Tribuna
do Norte" publicou, na íntegra,
o decreto do governador que regulamentou
o Ato Institucional n° 1, expedido pela
Junta Militar que assumiu a presidência
da República, adaptando-o para a
aplicação nas leis estaduais.
Pelo mesmo decreto, o governador nomeou
uma comissão de "alto nível"
para investigar atividades subversivas e
antinadonais. A referida comissão
era presidida pelo então Secretário
de Justiça do Estado, Sr. Jocelin
Vilar, e composta pelos então Secretários
de Estado. coronel Ulisses Cavalcanti, da
Secretaria de Segurança; Abelardo
Calafange, da Secretaria da Saúde;
comandante da Polícia Militar. Coronel
Sílvio Ferreira e coronel, também
da Polícia Militar, Luciano Veras
Saldanha.
Apesar do alto nível dessa comissão,
o governador do Estado importou, da Secretaria
de Segurança de Pernambuco, dois
policiais especializados, um deles pelo
FBI dos Estados Unidos. e constituiu, por
decreto de 17 de abril e republicado no
dia 29, mais uma Comissão de Investigações.
Esta comissão, presidida pelo delegado
Carlos Moura de Morais Veras e assessorada
pelo policial José Domingos da Silva,
foi designada para “apurar com
jurisdição em todo o Estado,
a prática de atos contra a segurança
do país e regime democrático
com a probidade da administração
pública ou crime contra o Estado
e seu patrimônio, a ordem política
e social ou atos de guerra revolucionária.”
Referendadas pelas leis de exceção,
todas as comissões trabalhavam em
perfeita sintonia com os militares responsáveis
pela repressão no Estado. Necessário
se faz evidenciar a superioridade do desempenho
profissional do delegado Veras sobre todos
os outros componentes das comissões
civis e militares. O encarregado do inquérito
militar do Exército para o Rio Grande
do Norte, o capitão Ênio Lacerda,
era um militar temperamental e limitado
intelectualmente. O delegado Veras tomou-se,
portanto, o cérebro dos interrogatórios
e enquadramento dos presos na Lei de Segurança
Nacional destacando-se, também, pelo
uso da tortura psicológica.
Na imprensa local, as noticias continuavam
amedrontando os perseguidos. A “Tribuna
do Norte”, de 28 de abril, publicava,
em manchete:
"COMEÇA A FUNCIONAR
HOJE A COMISSÃO QUE EXECUTARÁ
ATO INSTITUCIONAL.”
Na edição de 29 de abril:
Comissão do Estado quer nomes
de funcionários subversivos:
A Comissão nomeada pelo governador
Aluízio Alves para promover a
execução do Ato Institucional
no Estado, reunida ontem pela segunda
vez deliberou que todos os secretários
de Estado e chefes de serviços
enviarão listas completas dos
funcionários para que através
dos arquivos da Secretaria de Segurança
Pública, sejam identificados
os que estão comprometidos com
os movimentos subversivos e comunistas
que a revolução de l°
de abril cortou. A reunião teve
caráter sigiloso e realizou-se
às 17 horas na CASOL. Presente
o Secretário de Interior e Justiça,
Jocelin Vilar. Coronel Luciano Veras,
Secretário de Segurança
Ulisses Cavalcanti, Secretário
de Saúde Abelardo Calafange e
comandante da Polícia Militar,
coronel Sílvio Ferreira. Outros
assuntos debatidos não foram
tomados públicos pelos participantes
da reunião.”
A “Tribuna do Norte”, de 12
de maio, noticia:
“COMISSÃO DO ATO
INSTITUCIONAL COMEÇA A OUVIR
IMPLICADOS.
A Comissão do Ato Institucional
esteve reunida ontem, mais uma vez,
no Palácio da Esperança,
prosseguindo com a apuração
das atividades subversivas e a corrupção
funcional dos funcionários do
Estado. Até o momento a Comissão
tinha solicitado às secretarias
e departamentos do governo do Estado,
a relação dos funcionários
implicados em atos contra o regime democrático
e na malversação dos dinheiros
públicos. Espera-se, na reunião
de hoje à tarde, a Comissão
Institucional comece a ouvir os primeiros
implicados.”
Na
“Tribuna do Norte”, de 15 de
maio, outra notícia:
“UM ADVOGADO ENXUGA MATERIAL
SUBVERSIVO E OUTRO É ESPERADO
HOJE VINDO DO RECIFE.
O
presidente da Comissão de Inquérito,
policial civil advogado Carlos Veras
passou o dia de ontem enxugando material
apreendido nas residências dos
elementos que se encontram presos mas
esperava durante a noite, concluir o
interrogatório do líder
sindical Evlim Medeiros. Ontem à
noite, também estava sendo esperado
de volta do Recife, o advogado José
Domingos que também faz parte
da Comissão, que da capital pernambucana
trará elementos para ajudar a
conclusão dos processos.”
“VULPIANO
CAVALCANTI. O médico Vulpiano
Cavalcanti, preso no início da
semana, encontra-se detido na sala de
entrada do Quartel da Polícia
Militar. Ontem recebeu dos familiares
três exemplares da obra de Shakespeare,
cujo quarto centenário de morte,
o mundo comemora atualmente. Encontra-se
em prisão diferente dos demais
detidos em virtude de ser cardíaco,
sempre é visto numa janela que
dá para o portão de entrada
do quartel, fumando e bem disposto.
O Advogado Carlos Veras informou que
as celas que se encontravam em péssimo
estado de conservação
foram restauradas, inclusive nas instalações
sanitárias, frisando que estão
aparelhadas para receber novos hóspedes.”
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