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Floriano Bezerra de Araújo
Minhas
tamataranas: Linhas amarelas
Memórias de Floriano
Bezerra de Araújo, Sebo Vermelho
As
memórias de um brasileiro altivo:
Floriano Bezerra “Minhas tamataranas:
linhas amarelas – Memórias”
Na vida, a gente perde, a gente ganha. O
tempo, este amigo e inimigo é cruel.
Quando vê, já passou. Ficam
as recordações: boas e más.
E desde sempre, o homem considera que o
antes era bem melhor. Escrever sobre memórias
não é fácil. É
primeira pessoa nua e crua. Eu fico nú
ou não escrevo “o que preste”.
Floriano Bezerra decidiu ficar nú
e nos brindou com “Minhas Tamataranas:
linhas amarelas – Memórias”,
um livro de quem sabe contar histórias,
carregado de ternura e sem ódios.
E olha que Floriano teve todos os motivos
do mundo para conservar ódios. O
livro, dividido em vinte e sete capítulos,
narra suas memórias desde o quatro
anos de idade – como ele mesmo diz
– é a partir daí que
se lembra das coisas, até seus recentes
embates políticos. As narrativas
das suas lembranças do sertão,
nos idos de 30 são magistrais. Nos
deixa cara a cara com os cheiros de mofumbos,
xiquexiques, macambiras e o canto das águas,
dos nambus, das corujas e da cruviana fria,
gelada. Depois em Macau, num trabalho que
era o sonho de muitos meninos ainda pequenos:
botando água de calão. “Dava
moral”. Era demonstração
de força e poder. A iniciação
sexual narrada sem biombos e meandros. Direto,
como sempre foi sua trajetória. Na
sequência, o que esteve sempre latente
na sua vida: a luta contra as desigualdades
sociais. A narrativa sempre precisa de seus
embates sindicais, a lembrança dos
companheiros de luta, dos amigos, dos adversários,
enfim, daqueles que ele considerou significativos.
Na vida, a gente perde, a gente ganha. Uns
escolhem lutar para si mesmo. Outros escolhem
lutar pelo coletivo. Floriano Bezerra escolheu
o caminho da luta pelo coletivo e assim
pautou sua vida. E é isso que ele
registrou nesse livro de memórias.
Ele é um daqueles milhares de nordestinos
que não se conformaram com a opressão
da classe dominante — representado
pelas oligarquias locais — que determinaram
manter o nordeste brasileiro como um depósito
de mão-de-obra barata e disponível
para as necessidades do exército
de reserva do capitalismo. Contra a opressão
e por um país livre, muitos pagaram
com a vida, como o patriota Luiz Maranhão,
Edson Quaresma e Emanuel Bezerra, dentre
outros bravos potiguares. Mas alguns sobreviveram
às torturas, às humilhações
e às incompreensões, como
Floriano Bezerra, Mery Medeiros e tantos
outros e hoje podem contar a história.
Não a história manipulada
e falsificada pela ditadura. Não
aquela que ainda hoje, reconhecidos torturadores
e colunistas dedos-duros que vivem das sobras
das mesas burguesas, ainda publicam nos
jornais. “Minhas tamataranas: linhas
amarelas – Memórias”,
não deixam margem para dúvidas,
especulações ou interrogações.
É um livro sem véus, como
o autor.
Dezembro de 2009
Claudio Guerra
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