Comitê
Estadual pela Verdade, Memória e
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Textos
Causos
- Momentos Históricos do PT 1982
Vanduí Guedes
Um
comício frustrado do PT de Natal
em 82
Um
momento fúnebre na campanha do PT
de Natal em 82
UM
COMÍCIO FRUSTRADO DO PT DE NATAL
EM 82
Faltando 20 dias para as eleições
de 1982, numa reunião rotineira na
sede do PT, em Natal, no bairro de Lagoa
Seca, aconteceu algo para ser relembrado.
Dentre os presentes, eu (Vanduí),
Aldemir Lemos, Mineiro, Hugo Manso, Geraldo
Guedes, Moisés Domingos, Raimundo
Viturino, Mano, entre outros.
Depois de alguns fazerem uma avaliação
da campanha do PT no Estado, Hugo Manso,
com um tom enfático e desesperador
disse o seguinte:
- Companheiros, vejo que todos os outros
partidos não param de fazer campanha
pelo Estado e por Natal. Nós, do
Partido dos Trabalhadores, estamos aqui
entre quatro paredes ao invés de
divulgarmos a nossa proposta de trabalho.
Não podemos ficar parados. Faltam
poucos dias para as eleições
e não dá pra perder tempo.
Minha proposta imediata é que, neste
momento, saia uma equipe de companheiros
para a Zona Norte e faça um comício,
mostrando que a proposta mais coerente e
melhor para o Estado é a proposta
do Partido dos Trabalhadores.
Nesse momento, causou um espanto generalizado
e, imediatamente, o coordenador da reunião
perguntou quem dali se prontificaria a sair
na Kombi para fazer esse comício
relâmpago na Zona Norte. Eu, Aldemir
Lemos e mais alguns companheiros nos levantamos
e saímos na Kombi. Indo em direção
à Zona Norte, a Kombi, depois que
passou a ponte de Igapó, furou um
dos pneus. Isso já estava por volta
das 21 horas.
Aldemir conseguiu resolver o problema numa
borracharia que tinha logo depois da ponte.
Continuamos nossa missão que era
encontrar um amontoado de quinze a vinte
pessoas para fazermos nosso comício
relâmpago. Adentrando em Igapó,
numa rua estreita no início e larga
no final, vimos um movimento na rua em frente
de uma casa que tinha mais ou menos umas
dez pessoas na frente.
Imediatamente,
ouvimos uma voz: “É agora!”!
Pararam a Kombi, todos desceram, peguei
o microfone e comecei a dizer:
- Aqui é o Partido dos Trabalhadores,
uma ação política para
os explorados e oprimidos. No dia 15 de
outubro, vote para governador, Rubens Lemos;
para senador, Eliziel Barbosa. Neste momento,
vai falar o nosso candidato a deputado estadual
Aldemir Lemos! Aldemir pega o microfone
e começa com um discurso desmascarando
a Ditadura Militar.
Enquanto Aldemir vai falando, eu pego os
panfletos e saio correndo para entregar
as pessoas que estavam em frente a casa.
Vou entregando e vou entrando na casa. Quando
entro na sala da casa, vejo um caixão
de defunto e algumas pessoas rezando. Uma
velhinha que estava sentada e chorando,
olha pra mim e diz:
- Vocês escolheram de vir logo nessa
hora! Fiquei apavorado, pedi desculpas e
saí correndo para a Kombi. Enquanto
isso, Aldemir estava com um discurso inflamado
sobre a Ditadura do proletariado.
Cheguei perto de Aldemir e falei:
- Para, Aldemir, que é um velório!
Aldemir, imediatamente, pede desculpa a
todos pelo momento de perturbação
e transmite o sentimento de pesar à
família.
Entramos todos na Kombi e fomos para sede
do PT rindo e fazendo a avaliação
de nossa missão desastrosa.
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UM
MOMENTO FÚNEBRE NA CAMPANHA DO PT
DE NATAL EM 82
Em uma reunião do PT em Natal, no
dia 1º de novembro de 1982, às
20h, na sede de Lagoa Seca, estava em pauta
a avaliação da campanha do
PT em nosso Estado, particularmente, em
Natal.
Todos demonstravam uma tristeza porque não
estava sentindo uma participação
significativa dos militantes na campanha.
O discurso era um só: não
parar de fazer campanha enquanto as eleições
não terminassem.
Eu (Vanduí) pedi a palavra e falei
que no outro dia, às 7h, estaria
na sede do Partido esperando os companheiros
que se prontificassem para passar no Campus
da UFRN, a fim de divulgarmos a proposta
do Partido e entregarmos os panfletos. No
outro dia, às 7h, estava na sede
esperando que aparecesse alguém.
Como ninguém apareceu, peguei a Kombi,
ajeitei o som, peguei panfletos e fui sozinho
para fazer campanha no Campus Universitário.
Quando entrei no Campus, dirigindo, liguei
o som, peguei o microfone e comecei a soltar
minha voz:
- “Aqui é o Partido dos Trabalhadores
trazendo a melhor proposta para os explorados
e oprimidos, para governador, Rubens Lemos;
para senador, Eliziel Barbosa. Vote nos
candidatos a deputado estadual e federal
do Partido dos trabalhadores”.
E, assim, eu fiquei dirigindo pra lá
e pra cá e não parando de
fazer a propaganda do Partido e metendo
o pau na Ditadura Militar.
Depois que eu estava pra lá e pra
cá, passando já meia hora,
percebi que eu não via ninguém
nas paradas de ônibus e nem entrando
nos setores.
Bem adiante, vi um homem e resolvi perguntar:
- Rapaz, o que está acontecendo?
Por que ninguém aparece? O rapaz
respondeu: Não aparece e nem vai
aparecer, porque hoje é dia de finado.
Agradeci e saí decepcionado pelo
que tinha feito.
Vanduí Guedes
da Silva
Professor de Português e Técnico-Pedagógico
da SEEC-RN
vanduiguedes@hotmail.com
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