Comitê
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Textos
Origem
e primeiros passos do PT no Rio Grande do
Norte
Lincoln Moraes de Souza
lincolnmoraes03@gmail.com
Diferente
do ABC paulista, onde a formação
do PT decorreu especialmente e de forma
direta da base social operária e
sindical urbana, no Rio Grande do Norte
prevaleceu um leque mais diversificado de
setores sociais e econômicos. Além
do mais, os cristãos e a chamada
esquerda organizada ou esquerda marxista-leninista
tiveram um peso muito grande e isto é
muito claro no período que começa
na sua formação até
a eleição de 1982, no caso
o período a que este texto procura
sintetizar.
Os
passos iniciais mais importantes foram dados
em 1980 quando Manoel da Conceição,
líder histórico e sindicalista
da área rural e membro da direção
nacional do PT responsável pela região
nordeste, acompanhado de um militante paulista
de nome Gaspar, procurou o sociólogo
Lincoln Moraes visando tomar as primeiras
iniciativas. E assim, houve algumas reuniões
na sua casa, situada na Rua Alexandrino
de Alencar, em frente ao clube Camana.
Além
de Lincoln Moraes, também a socióloga
e professora universitária Salete
Machado e membros cristãos das pastorais
operárias e de bairro, especialmente
sua liderança principal, Rivaldo
Fernandes, discutiram logo no seu início
a formação do partido. Dessa
forma, no começo a base social mais
importante do PT terminou sendo composta,
especialmente, pelas referidas pastorais
e também por alguns estudantes universitários
ligados, de uma maneira ou de outra, às
mesmas. Do ponto de vista dos grupos organizados,
Manoel da Conceição e Gaspar
faziam parte do agrupamento de esquerda
denominado Ação Popular (AP)
e Rivaldo Fernandes e grande parte dos membros
das pastorais tinham ligação
direta ou indireta com o Partido Revolucionário
Marxista (PCR), então em processo
de divisão interna.
Como
resultado imediato das discussões
com Manoel da Conceição e
Gaspar, a proposta passou a ser mais divulgada
e foi marcada, no Itepan, situado na Rua
Apodi, uma reunião mais ampla visando
discutir o PT. Além desta primeira
reunião pública, várias
outras terminaram havendo neste mesmo instituto
e a composição social e econômica
foi sendo, cada vez mais, diversificada.
Já data deste período, a presença,
dentre outras, de Aldemir Lemos, que era
vinculado ao Partido Comunista Brasileiro
Revolucionário (PCBR), lideranças
do sindicalismo rural como Ferreira e outros
que se situavam na área de influência
do Partido Comunista do Brasil (PC do B),
professores universitários como Joaquim
e Bernadete, Hélio Scatena, Roberto
Hugo e outros, bem como o sociólogo
do MEB Cícero Gomes e o geólogo
Agamenon e a economista Denise, estes dois
últimos ligados ao Movimento de Emancipação
do Proletariado (MEP).
Durante
estas reuniões no Itepan, foi tirada
uma comissão estadual Pró-PT
com o objetivo central de divulgar e organizar
o partido no Rio Grande do Norte no intuito
de preencher as condições
para sua legalização e expandir
sua influência. Esta comissão,
cuja presidência passou a ser ocupada
por Rivaldo Fernandes e com a presença
na mesma de Lincoln Moraes, então
compondo um tipo de aliança, hegemonizou
o partido no seu início. Na mesma
comissão, ainda fizeram parte, principalmente,
Aldemir Lemos e lideranças do sindicalismo
rural.
Dando
continuidade à divulgação,
à ampliação de seus
membros e às iniciativas de contatos
no interior do estado, principalmente a
partir das lideranças dos trabalhadores
rurais já mencionados, as reuniões
passaram a ocorarer durante algum tempo
em um colégio vizinho à parada
metropolitana de ônibus, no centro
de Natal e nas salas na Praça João
Maria e num edifício perto da ANI.
Gradativamente,
outros grupos e pessoas foram agregando-se
ao partido, especialmente estudantes universitários
ligados a grupos de esquerda e professores
universitários que, juntando-se aos
militantes anteriores, começaram
a tomar iniciativa para a formação
dos diretórios municipais, no caso
a condição básica para
haver a convenção estadual
e a escolha da direção do
PT no Rio Grande do Norte.
O
que mais caracterizou este período,
ou seja, entre as primeiras iniciativas
para criar o partido e as eleições
de 1982 foi um crescimento lento e, ao mesmo
tempo, progressivo e vibrante. E, principalmente,
a busca intensa para a formação
dos diretórios municipais, que era
geralmente traduzida pelo deslocamento de
militantes para as variadas localidades
no intuito de formar diretórios.
E mesmo a divisão do partido, com
a saída de Rivaldo Fernandes e grande
parte dos membros das pastorais não
impediu a legalização do partido.
A partir daí a direção
do PT no Rio Grande do Norte sofreu modificações
na sua composição, com a Presidência
sendo ocupada por Ferreira, liderança
do sindicalismo rural e a ascendência
de estudantes universitários como
Geraldo, no caso, eleito como secretário
geral.
Mesmo
com uma penetração reduzida
no sindicalismo urbano e com destaque para
sua pequenez na classe operária,
o partido foi disseminando sua proposta
e aumentando seus diretórios municipais.
E uma vez preenchida as condições
mínimas requeridas para a legalização
do partido no estado, com a predominância
de diretórios situados no agreste
e de outros próximos a Natal, foi
lançada uma chapa para concorrer
às eleições de 1982.
O candidato a governador foi Rubens Lemos
e o restante, como regra, visava muito mais
divulgar o PT. De qualquer forma, em que
pese o esforço e dedicação
dos (as) de militantes, o partido, como
no plano nacional, saiu-se muito mal em
termos eleitorais. Com a derrota, foi produzido
um certo desânimo e iria requerer,
como de fato ocorreu, uma retomada e uma
reorganização do partido posteriormente.
Mas aí, já seria um novo momento,
onde o PT foi reorganizado a partir do diretório
municipal de Natal.
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