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Tecido Social
Correio Eletrônico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN

N. 016 – 15/12/03

NOTÍCIAS

É lançado em Brasília o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos

Na passada quarta-feira, dia 10 de dezembro, foi lançado no Palácio do Planalto, em Brasília, o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que o Secretário Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, entregou ao Presidente em Exercício, José Alencar. O Plano se insere nas diretrizes da "Década de Educação para os Direitos Humanos" promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que começou em 1994 e terminará em 2004: a UNESCO determinou que, durante estes dez anos, os Governos nacionais elaborassem planos nacionais de educação em Direitos Humanos, na linha traçada em 1993 pela Conferência de Viena para que cada país elaborasse um Programa Nacional de Direitos Humanos.

Segundo o documento da UNESCO que promove a Década de Educação para os Direitos Humanos, para se fazer um plano nacional há que criar um Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Em meados de 2003, o Ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, criou um Comitê que integrava defensores dos Direitos Humanos dos mais diferentes âmbitos e de todos os Estados da Federação, com uma característica em comum: todos faziam parte da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos, fundada e dirigida por Margarida Genevois. Os representantes do Nordeste no Comitê foram Aida Maria Monteiro Silva (PE), Maria de Nazaré Tavares Zenaide (PB), Martonio Mont'Alverne Barreto Lima (CE) e Roberto Monte de Oliveira (RN).

O Plano é o resultado de sete meses de trabalho, durante os quais os membros do Comitê trataram várias questões ligadas ao tema da Educação em Direitos Humanos: a educação básica, o ensino superior, a educação não formal, a educação dos profissionais dos sistemas de Justiça e Segurança, a relação entre educação e mídia.

A partir de agora, todos os que se ocupam de Direitos Humanos no tocante à educação têm no Plano Nacional um programa orientador. A principal discussão que animou o trabalho de elaboração do Plano foi sobre como transversalizar todas as matérias de ensino com a Educação em Direitos Humanos. De fato, ninguém trabalha esta última como matéria em si: o que esteve em discussão foi como levar para todas as outras matérias questões relativas aos Direitos Humanos, concebendo estes últimos como transversais a todas as ciências, fundamento primário de todas as atividades humanas.

No final de janeiro, terá lugar em Brasília um encontro do Comitê para definir os desdobramentos do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Será discutida a proposta de realizar, em junho de 2004, um encontro latinoamericano de Educação em Direitos Humanos. Também se discutirá sobre como vincular a Conferência Nacional de Direitos Humanos, que será realizada a meados de 2004 e terá caráter deliberativo, ao tema da educação.

Esta é uma questão que poderá ser abordada também nas conferências estaduais e municipais que prepararão a nacional: de fato, elas representam uma excelente oportunidade para definir linhas de aplicação do Plano a nível local. No momento em que, no Rio Grande do Norte, está se criando uma Rede Estadual de Direitos Humanos, se faz imprescindível elaborar estratégias para levar para o interior do Estado, em todos seus municípios, a educação em Direitos Humanos, já que uma grande parte da população do RN não sabe nem que existe a Declaração Universal dos Direitos Humanos e não tem nenhuma noção dos instrumentos com os quais fazer valer os direitos reconhecidos na Constituição de 1988. A educação também é fundamental para fazer perceber que os Direitos Humanos são um valor universal, superando a estéril discussão - pouco relevante para quem é democrático - sobre se eles são ou não instrumentos concebidos para defender bandidos.

Segundo Roberto Monte de Oliveira, membro norteriograndense do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos, o fato do Plano ter sido elaborado por iniciativa do Secretário Nilmário Miranda e ter sido entregue ao Presidente em Exercício na presença da maioria dos Ministros do Estado é um sinal de que o Governo Federal está comprometido com a questão da Educação em Direitos Humanos e que, a partir de agora, serão realizadas políticas públicas visadas à sua promoção.

O Plano, na forma em que foi elaborado pelo Comitê, é um indicativo que poderá ser enriquecido ou modificado ao longo de 2004, ano em que serão realizadas seis conferências em diversos Estados para ampliar a discussão sobre Educação em Direitos Humanos e realizar a versão final do Plano. Segundo Roberto Monte, o lançamento do Plano foi um momento histórico na luta pelos Direitos Humanos no Brasil, pois pela primeira vez se trabalhou em um programa específico sobre a questão da educação e, na opinião do coordenador do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), este vai sei um norteador de metas e possibilidades.

Redação de Tecido Social

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