Poemas
e Manifestos
Dezembro/1991 —
saída de Gorbachev
Muda a história,
sem glória e sem herói.
Cai na bandeira
tomada de suas mãos
Outros virão,
traçando novos mapas
Marcas sensíveis
na história dos irmãos.
Que “União”
é essa tomada de surpresa?! Tornou-se presa de afoitos ideais...
Correu o sangue dos poetas, dos soldados, Dos cientistas, das
mulheres enlutadas Vidas cortadas da memória tudo igual?
Revolução, teu
nome é morte e vida? Bandeiras caem, pra outras se agitarem
lugares postos, marcados de poder. Tristes momentos pensados para
o povo Tudo de novo... A história é acontecer.
Dá pra pensar em
futuro nesse mundo! Gente-criança, gente-grande e gente, mais...
Como fazer para tecer essa outra teia, que não sufoque, nem
segure os ideais?!
Fazer caminho é,
também, mudar de rota pra encontrar as saídas, mais queridas, e
entregá-las aos amantes da Razão Fazer caminho é inventar
passos ousados mergulhados nos instantes da Emoção.
Cai a Bandeira de
uma “União" já desunida mas não cai nunca, o Projeto de
Paixão.
Cecília
Pires.
RIMA DE RESISTÊNCIA
Estejam certos
senhores,
Jósimo aqui está.
Nunca esperou três
dias
Pra da cova
levantar.
Vive no meio do
povo
Construindo o
mundo novo,
Seu corpo é que
ficou lá.
Plantando como a
semente
Esperando a sua
gente
A liberdade
cantar...
O sol vai-se
deitando, Os raios púrpuros recolhe, levando consigo a decência
dos que se assemelham aos deuses.
A noite então
acoberta
no sinistro
escuro do ventre
o sangue inocente
das vítimas
programadas do
sistema insano.
E os olhos do
mundo esperam
o certo retorno
do dia.
E os ventos
noturnos sopram
subversivos murmúrios.
Gritos reprimidos
de inconscientes desejos projetam-se assim aos tempos futuros,
enquanto que aos que nada sonham e nada esperam cumpre-se o círculo
da totalitária rotina.
Josias
Dias da Costa
Mineiros,
1987
ALÉM DA APARÊNCIA
Para alguns somos
a sombra, somos minoria ou gente de cor
Místicos e
simbolistas, ginga imóvel humana a amenizar a dor
Tentamos mostrar
a arte de inventar caminhos
Mas, vocês não
viram
Já que há séculos
resistimos insistentemente em sobreviver
Por que tanta
indiferença? O que é comum na nossa crença?
Conquistamos
parcerias, é com alegria que sempre se dá
Vamos abrindo
espaços, embora, escassos a gente quer chegar
Tentamos falar do
simples, do cotidiano e vocês ouviram
Muito embora
consentido, não compreenderam o valor que há
Por que tanta
indiferença? O que é comum na nossa crença?
Nosso invento e
objetivo passam pela alma ou subjetivo
O resgate do
humano, latino hermano e ou universal
Tentamos mostrar
que existe a discriminação
Muito mais
sofisticada que a aparente
Vemos que vocês
concordam, mas, no fundo, a dúvida é
integrar-se a
gente.
Por que tanta
indiferença? O que é comum na nossa crença?
Às vezes somos
notados como animadores na hora da festa mas, o sonho do palhaço,
rei d’alegria pouco é conhecido Nossa voz rompeu barreiras em
forma de canção e vocês sentiram
Precisamos falar
forte revelando o sonho e nossa intenção Gente nossa fique
atenta nosso sonho e crença contam com vocês
Salvino
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