CPT
Esclarece a Opinião Pública Sobre Acusações de Burocratas.
Os documentos
que reproduzimos a seguir são extraídos do Boletim da Comissão
Pastoral da Terra – Maio/Junho de 1984.
A
VERDADE: UM DIREITO DO HOMEM
O
Sr. Paulo Yokota, que traz sobre os ombros a duvidosa honra de
dirigir a mais desmoralizada e inepta instituição da República,
o INCRA, vem ocupando as páginas da imprensa para sacar algumas
acusações á CPT.
O
próprio Presidente da Comissão Pastoral da Terra CPT, D. José
Gomes, bispo de Chapecó (SC) veio a público colocar alguns
pingos nos "is" da incontinência verbal da tecnocracia.
Cumpre
agora ao Secretariado Nacional da CPT pontualizar algumas questões
acerca do que foi dito pelo Sr. Paulo Yokota:
1.
Estranhamos que o Sr. Presidente do INCRA desconheça o endereço
da CPT, nem saiba quem responde por ela. A CPT é um organismo jurídico,
com estatuto, endereço fixo, CGC, responsáveis, linhas de ação
definidas em Assembléia. Cabe ao Sr. Yokota buscar essas informações
ao nosso endereço, no cartório, ou nos arquivos do SNI –
aparato de segurança e informações que tanto custa aos cofres públicos
deste pais.
2.
Por princípio e por prática a Comissão Pastoral da Terra —
CPT assume a responsabilidade por suas afirmações e Documentos.
Em agosto de 1983, quando o Gal. Venturini, Titular do MEAF e
chefe do Sr. Yokota nos levantou acusações semelhantes, a CPT
foi a público reafirmar seus pontos de vista que até esta data não
foram contestados.
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3. É público
e notório que as autoridades fundiárias e o governo a que
servem não acreditam na capacidade dos trabalhadores de
autodeterminar-se. Isto se explica na medida exata em que parte
de uma elite militar-tecnocrática que se arroga o direito de
tutelar toda a nação. O que já não é mais tolerável é
escamotear a gravidade da questão fundiária com as surradas
acusações de “gente estranha infiltrada entre os trabalhadores”.
4.
Qualquer cidadão sensato se dá conta de que a falta de terra, o
desemprego, o salário não pago, a assombrosa exploração dos
trabalhadores rurais, a fome são as causas irredutíveis das tensões
sociais que vivemos no pais e particularmente no campo. Em lugar
de caçar bruxas ou de superdimensionar artificiosamente o
trabalho da CPT. as autoridades fundiárias deveriam observar e
fazer observar os mínimos direitos dos trabaIhadores.
A
rebelião dos trabalhadores volantes de Bebedoro e Guariba, em São
Paulo, não é outra coisa senão uma revolta de escravizados para
alcançar a condição de seres humanos. Com a presença da CPT ou
sem ela, esses milhares de homens, mulheres e crianças que são
lançados nos fornos da mais assombrosa exploração, um dia se
levantam. Quem chega cortar até 6 toneladas de cana por dia a Cr$
1.200,00, cada, não necessita de mais arg???•?a??
?ƒ??ºumentos para entender
que sofre uma injustiça gritante.
5.
A CPT escolheu de que lado está. Está e estará ao lado dos
Trabalhadores e contra o sultanato dos proprietários de Terra
como a SOMECO, por exemplo, que cercou há 25 anos uma gleba para
mantê-la como fonte de especulação. Ao lado dos trabalhadores
volantes e contra os usineiros que acumulam sua riqueza incalculável
às custas da superexploração de homens. mulheres e inclusive
crianças sem lhes reconhecer qualquer dos direitos trabalhistas
assegurados por lei.
6.
Recomendamos o Sr. Presidente do INCRA a dedicar parte de seu
precioso tempo na leitura dos relatórios que dizem respeito aos
assuntos de sua alçada, para responder de forma convincente ás
questões que a realidade dos trabalhadores lhe impõe.
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