2.
PREPARANDO O III ENCONTRO
A
fase de preparação do encontro nacional teve início cm julho de
1983 com a 1ª circular remetida pela equipe organizadora
(Comissão Justiça e Paz de Vitória, ES) aos participantes do
SIN. A proposta visava «garantir a plena democracia e participação
na formulação do conteúdo» do Encontro e também «garantir
que venha a se atender da melhor forma possível, a expectativa
das entidades». Sugeria-se então que a reflexão face ao
encontro e respectivas sugestões acontecessem em três níveis:
—
“que cada entidade reuna-se para uma avaliação do
encontro anterior (aqui a circular se reporta ao encontro de São
Paulo) e principalmente para tirar sugestões quanto ao conteúdo
e a dinâmica do III Encontro;
—
que seja realizado um encontro regional (com o mesmo objetivo);
—
a realização de um encontro de regionais, com 1 ou 2
representantes de cada regional».
Foram
também enviados subsídios para auxiliar a reflexão proposta,
procurando articular a teoria e a prática. «Em nossa luta,
precisamos visar duas coisa básicas: sólida fundamentação para
a luta (preparo teórico-prático, clareza quanto as razões pelas
quais se luta, objetivos a alcançar e coerência entre os
objetivos e os meios utilizados) e necessidades de eficácia, isto
é, é preciso alcançar resultados concretos
preparar-se para render o máximo em cada tarefa que se cumpre
. A luta pelos direitos humanos é seríssima e cheia de riscos,
“a luta pelas maiorias oprimidas contra as minorias
dominantes”.
Apesar
dos insistentes pedidos de colaboração da comissão organizadora
do encontro, poucas foram as respostas recebidas. A dificuldade de
infra-estrutura das entidades, o excesso de atividade causado pela
crescente deterioração das condições de vida do povo, o
insuficiente número de pessoal engajado, a carência de recursos
materiais e financeiros são sérios obstáculos para a atuação
local das entidades e, sobretudo, para sua articulação regional,
impossibilitando-as de participação mais incisiva na articulação
nacional. No entanto é indiscutível o empenho realizado mie
resultou em participação bem mais vigorosa do que aquela do II
Encontro.
Ponto
alto da fase preparatória do III Encontro foi
o Encontro de Regionais realizado no Rio de janeiro,
nos dias 5 e 6 de novembro de 983, com a participação
de representantes de todos os regionais, do SIN
e da comissão organizadora. Seus objetivos eram
os seguintes:
—
discutir e definir, a partir das propostas recolhidas, o temário
e a dinâmica do III Encontro
—
definir algumas questões práticas importantes para o bom
andamento do mesmo;
—
levantar questões a serem aprofundadas no III Encontro em relação
à articulação entre as entidades (SIN, IV Encontro, Campanhas,
Movimentos Populares, etc.) e, finalmente, fazer com que todos
os Regionais participem da organização do III Encontro e se
sintam efetivamente responsáveis no sentido de fazer com que o
mesmo se torne uma arma eficaz na nossa luta em defesa dos
direitos humanos». Oportuno torna-se relatar aqui algumas conclusões
significativas para posterior avaliação do encontro.
a)
Definição do conteúdo:
1º
tempo — a conjuntura, os direitos humanos e o modelo sócio-político-econômico;
2º tempo – a prática das entidades frente à conjuntura; 3º
tempo – a busca da eficácia e a articulação nacional; 4º
tempo – encerramento: moções, documento final, decisões
sobre o próximo encontro e celebração final.
b)
Dinâmica:
1º
tempo – reflexão em grupos para levantamento de questões a
partir das experiências vivenciadas pelas entidades; 2º tempo
– plenário com o relato das conclusões dos grupos; 3º tempo
– intervenção do assessor competente sobre as questões
levantadas; 4º tempo – debate em plenário; 5º tempo –
levantamento das questões mais significativas para novo
aprofundamento em grupos, recomeçando-se o ciclo. Observa-se que
a dinâmica escolhida visava encaminhar o processo reflexivo a
partir da prática individual das entidades. Os passos seguintes
(análise da realidade, informações acerca de questões
relevantes, pistas de ação comuns) surgem como consequência
natural do processo desencadeado.
c)
Assessoria:
“O
Encontro terá dois assessores permanentes, Frei Leonardo Boff e
Hebert José de Souza, que já estão participando da preparação
do mesmo. Sua função é assessorar todos os passos, até o término
do Encontro. Participam da Direção do Encontro. Teremos também
assessorias especificas”.
d)
Questões práticas:
Foram
discutidos e definidos também a data do encontro, seu regimento
interno, a presença de convidados especiais, a importância e o
caráter das celebrações, o contato com a imprensa, a importância
e o espaço de atuação dos representantes dos movimentos de
defesa dos direitos humanos em áreas especificas, e outros.
Quanto á elaboração de um documento final concluiu-se:
“por
ser o encontro um momento forte de denúncia optamos, em lugar
de fazer um documento final, por um Manifesto a ser feito no final
do encontro, o que facilitará a sua divulgação mais ampla,
inclusive, na própria imprensa. Levamos também em consideração
o fato de que o documento do II Encontro é riquíssimo e ainda
atual”. Finalmente deliberou-se que «a direção do encontro
será formada pela comissão encarregada da preparação do
encontro, pelos dois assessores permanentes e mais três
representantes das Entidades presentes a serem escolhidos no 1º
dia. É a responsável pelo andamento geral do encontro”.
O
relatório completo do Encontro de Regionais e algumas pistas para
a avaliação dos mecanismos de articulação nacional,
inclusive o SIN, foram distribuídos para todos os participantes
do SIN com bastante antecedência (novembro de 1983) no sentido de
que todos pudessem estar bem informados da organização e
encaminhamento do III Encontro facilitando assim sua participação.
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