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Insurreição 1935 RN | Sindicato do Garrancho | Caldeirão | Cartografia
PCB/RN | Sindicalismo RN | João Café Filho | Djalma Maranhão
(Divulgado
em 22 de novembro de 1980, pela Rádio Tirana,
da Albânia)
Nesses
dias de novembro transcorre o quadragésimo
quinto aniversário da insurreição
nacional libertadora de 1935, que o povo brasileiro,
os comunistas, operários, camponeses, democratas
e patriotas relembram orgulhosos com ardentes
sentimentos revolucionários como uma das
mais gloriosas páginas escritas em sua
multifacética história de lutas
por um Brasil livre, democrático, independente
e próspero.
O
ambiente político no Brasil em princípios
de 1935 era de uma efervescência até
então desconhecida. O fascismo, que se
apresentava como uma trágica realidade
na Europa, se tornava cada vez mais uma possibilidade
concreta no Brasil. A famigerada Ação
Integralista, de Plínio Salgado, organização
fascista que era uma verdadeira filial do Partido
Nacional Socialista de Hitler, atuava abertamente
e exercia influência direta nas altas esferas
de decisão do país.
O
governo Vargas fazia continuadas concessões
à Alemanha de Hitler e à Itália
de Mussolini, facilitando, desta forma, a penetração
dessas potências imperialistas no Brasil.
As poucas liberdades reconhecidas formalmente
pela Constituição de 1934, eram
constantemente restringidas e vilipendiadas. A
repressão ao movimento de massas recrudescia,
enquanto o Partido Comunista do Brasil continuava
perseguido e constrangido a atuar na clandestinidade.
Desta forma, era inegável o culto de fascistização
da vida do país.
Em
vista disso, crescia e generalizava-se o descontentamento
no seio das amplas massas populares. Sucediam-se
as ações de protesto dos operários,
camponeses e outros setores da população.
É em meio a esse clima que surge em março
de 1935 , por iniciativa do Partido Comunista
do Brasil, a Aliança Nacional Libertadora,
organização ampla e combativa de
frente única, com um nítido e combativo
programa anti-fascista e anti-imperialista, que
se resumia no célebre lema: "Pão,
Terra e Liberdade".
De
imediato a Aliança Nacional Libertadora
galvanizara o apoio popular. Às suas fileiras
acorreram milhares de operários, soldados,
marinheiros e outras camadas pobres da população.
Seu interesse pelas questões políticas,
o anseio da mudança e consciência
da necessidade de fazer valer os direitos e interesses
dos explorados e oprimidos, foram poderosamente
despertados nas massas.
A
Aliança Nacional Libertadora organizava
auspiciosas ações e manifestações
populares. Temerosos do desenvolvimento astronômico
da Aliança, o governo de Vargas colocou-a
na ilegalidade três meses após sua
fundação. Em seguida, teve lugar
uma feroz repressão, que vitimou centenas
de aliancistas, entre os quais comunistas, dirigentes
sindicais, intelectuais, personalidades democráticas
e gente simples do povo.
Além
de tudo aquilo a situação do país
se agravava. A ameaça do fascismo era cada
vez mais tangível. Não havia outra
alternativa: lutar com decisão ou sucumbir
aos manejos da reação e à
fascistização do país. Os
comunistas não vacilaram. O Partido lançou
a palavra de ordem de conquistar um governo popular
revolucionário nacional. Embora na clandestinidade,
a Aliança, sob a direção
do Partido, desenvolvia profícuo trabalho
para unir o povo em torno das bandeiras anti-imperialista
e anti-fascista, erguidas bem alto.
A
23 de novembro de 1935, na cidade de Natal, no
Rio Grande do Norte, sublevaram-se soldados, cabos
e sargentos do 21º Batalhão de Caçadores
ali aquartelados, aos quais se juntaram diversos
setores da classe operária e do povo, que
vinha realizando greves e manifestações
de caráter anti-imperialista e anti-fascista.
Após ásperos combates com as forças
da reação, era instalado o Governo
Popular Revolucionário - o primeiro deste
gênero na história do país
- acrescentou.
No
dia seguinte, sublevava-se o 29º Batalhão
de Caçadores de Vila Socorro, nas proximidades
do Recife.Três dias depois, o movimento
insurreicional envolvia a capital da República,
o Rio de Janeiro. Mas a reação concentrou
contingentes muitas vezes superiores contra as
forças insurretas e conseguiu isolá-las
militarmente do povo, que ficava sem armas. No
Rio e em Natal, tiveram lugar violentíssimos
combates. Na capital da República, os enfrentamentos
duraram dez horas ininterruptas, ao cabo das quais
o 3º Regimento de Infantaria ficou reduzido
a escombros, devido aos bombardeios da artilharia
e da aviação governistas. Desta
forma, o movimento insurrecional, que durante
quatro dias acendeu as esperanças nos corações
de milhões de brasileiros, foi batido depois
de heróicos combates, nos quais deram suas
vidas devotados e intrépidos filhos do
povo.
Apesar
de derrotado, o movimento revolucionário
de 1935 projetou-se na história do Brasil
como uma gigantesca façanha das massas
populares, cujas repercussões se fazem
sentir ainda hoje. Os ensinamentos permanecem
atuais e sua bandeira, com as inscrições
"Pão, Terra e Liberdade" serve
como uma arma afiada apontada contra os fascistas,
os imperialistas, os latifundiários e a
reação em geral, hoje representados
na ditadura militar.
As
orientações revolucionárias
de 1935 constituíram, em primeiro lugar,
um reflexo do grau de consciência das massas
populares, que amadurecia a manifestação
de seu mais enérgico repúdio à
ameaça fascista, ao avassalamento do Brasil
pelas potências imperialistas e à
opressão e exploração. Numa
sucessão de ações de massas
investidas de forma dinâmica e unida, combinando
numa ação armada, o movimento de
35 explica o anseio das massas pela revolução
e o rompimento de todas as cadeias do cativeiro
imperialista e fascista. A insurreição
nacional libertadora de 1935 e todas as movimentações
que a sucederam, proporcionaram ao povo brasileiro
uma experiência inédita até
então, de grande valia para a luta atual
contra a ditadura e o imperialismo. Há
de organizar-se nos marcos de uma frente única,
sob a direção do partido de vanguarda
da classe operária - o Partido Comunista
do Brasil, e de percorrer o caminho revolucionário
da luta armada.
Aquele
ensinamento assume grande significado, particularmente
nesses dias, quando a ditadura militar de Figueiredo
faz tentativas para romper a unidade popular e
democrática, enquanto os revisionistas
do chamado PCB, que renegaram a bandeira de 35,
tripudiam sobre o caminho armado e apregoam o
caminho pacífico, reformista e de colaboração
de classes. Como afirma o jornal A Classe Operária,
órgão central do Partido Comunista
do Brasil, a importância extraordinária
da insurreição de 35 reside no fato
de que pela primeira vez se tomou de forma concreta,
em termos práticos, para os militantes
comunistas e as forças populares, a tarefa
de preparação e de desencadeamento
da luta
armada.
Por
tudo aquilo que representa, a Insurreição
Armada de 35 continua inspirando o povo brasileiro
em suas batalhas populares contra a ditadura militar
e o imperialismo, por um regime democrático
e popular, que assegure a democracia e a independência
nacional e abra o caminho ao socialismo: Por isso,
o povo brasileiro, neste 45º aniversário
da Insurreição Nacional Libertadora,
inclina suas bandeiras de combate, reverenciando
seus mártires e heróis, inspirando-se
no seu exemplo, para fortalecer a luta contra
a ditadura e cobiçar a verdadeira libertação
nacional e social.
Agradecimentos
a Walter Medeiros pela cessão do texto
Em
vista da robustez com que está sendo formado
o site sobre 35, passo-lhe o documento sobre o
qual conversamos, que está disposto num
dos capítulos do livro "Encontro com
o guerrilheiro", de minha autoria, que conta
a atuação de Glênio Sá
a partir da ótica do Movimento Estudantil
dos anos 70 e reconstrução do Partido
Comunista do Brasil (PC do B) no Rio Grande do
Norte.
Caso
seja útil, pode publicá-lo.
Abração,
Walter
Medeiros
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