Insurreição
Comunista de 1935
ÀS ARMAS, CAMARADAS!
A Insurreição Comunista e o Governo Popular de 1935 em Natal
Natanael Sarmento
Lembrai-vos de 1935!
A
frase lembrai-vos
de 35 representa o fantasma do comunismo, o espectro da
Intentona Comunista.
Fantasma a ser exorcizado. Nas lições de Goebbels, exterminados.
Inda que preciso mentir, manipular fatos, adulterar documentos,
falsificar e corromper. Repetidas e sucessivas vezes. Difundindo as
mentiras até elas tornarem aceitas e assimiladas. A bazófia das vítimas
assassinadas enquanto dormiam,
açulam o anticomunismo. O combate
ao terrorismo comunista da retórica nauseante da direita golpista.
Fraudes
tipo Plano Cohen no
caminho da ditadura do Estado Novo, na hegemonia ideológica, no
pavor do “perigo comunista”. A mesma cantilena usada na fraude à
deposição do Presidente João Goularte ao golpe em 1964. Estado
Novo e Ditadura Militar, ambas, serviçais de monopólios, dos
financistas, e dos grandes capitalistas estrangeiros e nacionais. Com
uma demão a mais nas tintas nacionalistas, na primeira, apenas.
Aqui
releva
a análise ideológica do anticomunismo transformado em doutrina
fundamental do Estado. Em perigo e risco às famílias, à pátria e
à nação. Em inimigo a ser perseguido, denunciado, banido.
Golpistas de 1937 e 1964, torturadores e assassinos, dos subterrâneos
da repressão, monstruosos aparelhos assessorados pelos agentes da Gestapo e da CIA, quanta mudança e novidade nos museus da nossa história
republicana.
Foi
no clima anticomunista de vigência da malsã Lei
de Segurança Nacional,
em 1975 que o Tarcísio V. Maia, governador do RN, inaugurou o
célebre Memorial
do Soldado Luiz Gonzaga.
Trata-se de monumento ao Patrono da Polícia Militar Potiguar e herói
da luta contra o comunismo.
Desde
então,
esse memorial da fraude no Cemitério do Alecrim em Natal, faz
cerimônias no dia 27 de novembro, para saudar uma farsa, o Doidinho transmudado em herói. Memorial do povo de Natal a lembrar os dias de
terror e de aflição sob o jugo comunista. Justa homenagem ao bravo
tombado na Intentona
Comunista.
Memorial da fraude. Da adulteração. Da manipulação de informação.
Memorial de propaganda do nazista Goebells.
Na
“perpetuação da memória”, o governo da cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro ergueu o Memorial
às vítimas da Intentona Comunista.
Localizado na Praça Tibúrcio, Praia Vermelha, também, anualmente,
recebe as indefectíveis provocações, da direita canibal, contra os
comunistas.
Memoriais
desse tipo existem apenas nas repúblicas de bananas? Nos países
capitalistas periféricos, com baixo nível de instrução escolar,
com a patuleia ignara e inculta?
Os
Estados Unidos da América, tidos como Primeiro Mundo e terra
das oportunidades, possuem o seu “memorial” anticomunista. O Presidente George Bush,
nos anos noventa, ergueu às proximidades do Capitólio, o Memorial
Victms of Communism.
O
mundo “livre” da estátua não devia esquecer os milhões de
mortos vítimas dos comunistas, discursou o Bush pai da democracia
mundial.
O
pitoresco ou curioso, nisso tudo, da propaganda anticomunista jamais
ter fim
.
Mesmo depois dos corvos capitalistas decretarem o fim do comunismo e
da Guerra
Fria.
Mesmo depois da queda
do Muro de Berlim e da bancarrota da URSS. Eles proclamam o fim do comunismo e tão
morto e sepultado está, por que tão, insistentemente, combatido?
Vários,
na falta de contas precisas, vale para qualquer número acima de dois, condenados do Tribunal
de Segurança Nacional cumpriam
suas penas nas ilhas do Governador e das Cobras e de Fernando de
Noronha. Os destinados à Ilha de Noronha faziam escala na famosa Casa
de Detenção,
do Recife. Uma masmorra medieval, situada no centro do Recife, às
margens do rio Capibaribe. A Revolução de 35 lotou a masmorra de presos políticos. O Partido Comunista
organizou alguns cursos nessa prisão que foi apelidada de Academia. Os
presos mais instruídos ensinavam o ABC do comunismo, o Manifesto
Comunista e os estatutos e Programa do Partido aos menos preparados
na “ciência”. Os instrutores procuravam passar o significado dialético
da revolução por etapas, do
caminho da revolução brasileira nacional
e democrático
, explicar
por que primeiro vinha a etapa anti-imperialista. Certo
salineiro de Macau, bronco como sal bruto, assistia a todos esses
cursos, com denodada atenção. Certo dia, o coletivo
prisional decidiu convidá-lo para ele falar sobre a revolução nacional. Uma
forma de prestigiar os alunos atentos.
De avaliar os progressos da formação política. Todos reunidos, com
a palavra o macauense:
Camaradas, vou
direto ao assunto que quem gosta de dar volta em volta de carniça é
urubu
:
Nossa revolução tem duas tapas.
Na primeira tapa,
a gente derruba o imperialismo americano. Na segunda tapa, a gente derruba a burguesia
!
Não
obstante, as confusões das tapas e etapas, as
lições da dialética revolucionária faziam
sucesso na Academia do Recife. A tarefa do proletariado revolucionário acertar sua tapa no imperialismo estava cada vez mais difícil.
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