Insurreição
Comunista de 1935
ÀS ARMAS, CAMARADAS!
A Insurreição Comunista e o Governo Popular de 1935 em Natal
Natanael Sarmento
Ah, as circunstâncias!
O
sentencioso conselheiro Acácio ensinava que o depois
não se antepõe ao antes
. Seguindo a lógica prudente do ilustre conselheiro, começamos pelas circunstâncias.
Para
os afeitos à erudição, Ortega y Gasset conjuga elementos individuais e circunstanciais à definição
própria do ser
humano: “Yo
soy yo y mi circunstancias”. Calha,
pois, estudarmos o homem e as ações em face das circunstâncias
definidas, existencialmente.
O
tão falado contexto social, econômico, político e cultural.
Cenário conjuntural, ocasional, momentâneo. Oportunidades, causas,
motivações. Pretextos, razões, contingências. Toda circunstância
importa. Enfim, ao
redor do buraco, tudo é beira,
filosofa o brejeiro. Filosofia popular do fundo desse poço
inesgotável de saberes, comprova o mestre Ariano Suassuna.
O
príncipe Liév, o idiota privado da razão, débil e ingênuo, todavia com rasgos de
perspicácia, consegue entender as mentes
superiores. O
escriba deste livro espera que os leitores de mentes superiores
tenham rasgos de debilidades ingênuas para suportar a leitura até a
última linha desta insanidade.
Nas beiradas da Revolução de 35, devemos perspectivar o Rio Grande do Norte, o Brasil e o
Mundo, buscando relações e conexões, gerais e específicas, a
partir da pergunta elementar: Natal,
por quê?
Como explicar,
racionalmente, a eclosão da Revolução brasileira, justamente em
Natal? Sem ofensas, a bela capital do Rio Grande do Norte estava
longe de grande metrópole nacional. Também de concentrar operários.
O Rio Grande do Norte tampouco pesava, na balança dos arranjos
nacionais, do Poder.
Com
pouco mais de 30 mil habitantes, cidade pacata, parecia paralisada no
tempo. Militares dos quartéis, do Exército e Polícia, bombeiros,
empregados do comércio, sapateiros, alfaiates, poetas, donas de
casa, funcionários de repartições públicas
,
jornalistas, advogados, estivadores e trabalhadores do porto. Porto
bem movimentado pela exportação do sal do litoral Norte e do algodão do Seridó. Do algodão, do sisal e
sal da terra, vinham os mandarins da oligarquia potiguar, a concentração do
capital. Capital primário, de pouca indústria. Das unidades
federativas entre as menos desenvolvidas, do Brasil. Em fraco
desempenho econômico, quase estagnada, lentamente procurava sair da
crise de 1929. O Brasil, país exportador agrícola, do eufemismo dos Manuais de Geografia, de
suposta vocação agrária a justificar a condição do atraso
tecnológico e a dependência econômica, do país pobre e
subdesenvolvido. Portanto, falamos de corda
em casa de enforcado,
de pobreza em casa de pobre.
Cotejando
as circunstâncias objetivas das relações econômicas e as
condições subjetivas da política e ideologia nacional, local
e externamente,
teremos pistas para seguir as pegadas da Revolução
Nacional Libertadora em
Natal, do Rio Grande.
Ao
marasmo econômico do Estado somava-se a fissura nas oligarquias, a
divisão das classes dirigentes locais. Os confrontos violentos da crise de
hegemonia estadual desde a intervenção federal em 30 estavam
abertos. Os grupos tradicionais das oligarquias do Rio Grande do
Norte, com a deposição do Governador Juvenal Lamartine, já não dominavam, como antes. Tampouco admitiam, que outros
mandassem. Dissídios abertos, ameaças e confrontos, nas simples
nomeações de delegados, juízes e promotores. As rivalidades
partidárias e políticas, pautadas por interesses particulares,
laços e compromissos familiares, amizades e troca de favores. O
espaço público, o paço estadual ou municipal, encarado como
extensão da casa-grande da fazenda. O público e o privado, indistintos e confundidos
envolvidos, disputas políticas e vinditas familiares, afinidades e
divergências dos chefes oligárquicos, delimitavam os campos do governo e da oposição.
Quando
da constitucionalização do país,
no ano de 1934, os oligarcas do Rio Grande Norte estavam em pé-de-guerra.
De um lado as forças mobilizadas pelo interventor Mário Câmara e
pelo advogado e criador de sindicatos nos anos vinte, Café Filho.
Políticos “novos” escolhidos e afinados com o discurso
“modernizante” da Aliança Liberal da Revolução de 1930. No
lado oposto, os tradicionais donatários ruralistas dos primórdios
republicanos, liderados por José Augusto, o Zé
Promessa,
Lamartine e Rafael Fernandes Gurjão, este último, recém-eleito governador, indiretamente, pela assembleia constituinte estadual.
A
cisão oligárquica cristalizada no processo eleitoral da
Constituinte, com a eleição de Raphael Fernandes Gurjão, não
teve volta. Rafael não teve forças, ou não quis, pacificar os
ânimos exaltados da campanha passada,
marcada pela truculência, inclusive com registro de assassinato.
Rafael
Gurjão, coronel
de jaleco, representou
as forças do Partido Popular – PP, dos políticos mais
tradicionais do “coronelismo”, vindos do antigo Partido
Republicano Federativo,
hegemônico na região desde os primórdios da República. Na
barricada da oposição, as forças oligárquicas alinhadas com o
interventor Mário Câmara, o líder do Partido
Social Democrático – PSD.
Na eleição da constituinte,
o PSD coligou-se com o Partido
Social Nacionalista – PSN do
João Café Filho, formando a Aliança
Social.
Na
primeira contagem da fraude e violência eleitorais, proclama-se a
vitória da Coligação Aliança
Social.
Porém, o Partido Popular, não aceita a derrota e acusa a Aliança
Social de fraudar e abusar do poder. O Tribunal
Superior Eleitoral determina a realização novas eleições suplementares, no ano
seguinte. E as rivalidades que ferviam, ganharam mais tempo de fogo
alto. Essas eleições supletivas de 1935 não conheceram paralelo em
abusos, crimes, ameaças e violências, na história das eleições
estaduais.
O
Major Josué Freire, comandante do Batalhão de Caçadores, a tropa
federal do exército destacada para garantir as eleições no Estado,
resume o cenário desta “eleição
”: “Era
um nunca acabar de pedidos de socorro, chegados de todos os
quadrantes do horizonte [...] praticavam-se espancamentos bárbaros,
sequestravam chefes de conceituadas famíliase assassinavam pacatos e
inofensivos cidadãos”.
Na
fraude da votação, desapareceram votos, urnas, mesários e
eleitores. Na fraude da apuração, computados mais votos que
eleitores das listas. Naturalmente, a batalha eleitoral transferiu-se
ao campo da guerra judicial, nas denúncias mútuas, nos pedidos de
verificação e recontagens, avolumados.
No
final das contas, o Tribunal
Superior Eleitoral proclama
o resultado definitivo. Uma vitória apertada do PP de Raphael Fernandes que elegeu três deputados federais e quatorze deputados estaduais.
Enquanto a Aliança Social de Mário Câmara (PSD) e João Café Filho (PSN) elegeram dois deputados federais e onze deputados estaduais.
A Aliança
Social derrotada, não ensarilha suas armas
.
Pelo contrário, os líderes começam fervorosa articulação
conspiratória para depor o Governador do PP, eleito indiretamente,
na assembleia.
As
tramas conspiratórias à deposição de Raphael Fernandes Gurjão
eram públicas, os conspiradores não davam importância à
confidencialidade. A movimentação dos chefes políticos
interioranos, prefeitos, ligados ao interventor Mário Câmara, e as confabulações dos partidários de João Café Filho, ocorriam
à luz do dia. O próprio chefe de Polícia João Medeiros Filho era
ciente dos atos preparativos “neste
Estado um movimento armado para depor o Governo que o Partido Popular
porventura elegesse, levante que teria ramificações nos Estados
vizinhos, onde estavam sendo recrutados homens afeitos ao cangaço”.
O
chefe de Polícia demonstrava nesse episódio o otimismo panglossiano ou a capacidade avaliativa do
idiota Liév. O principal responsável da Segurança Pública deixou
as águas turbulentas correrem soltas, até a sublevação da
revolução que inundou Natal e se espalhou no Estado. Essa rebelião
anunciada, segredo de Polichinelo, ganhava corpo no melhor
dos mundos.
A Aliança
Nacional Libertadora,
em Natal, foi modesta, sem repetição da adesão massiva e
empolgantes
,
de outras cidades, do país
.
Alguns militares, os seguidores de Prestes, os homens e mulheres
filiados ao PCB e à União Feminina Brasileira, seguravam a bandeira
da Frente Nacionalista Antifascista. Contudo, os comunistas e aliados
da ANL desenvolvem o proselitismo da frente em Natal, Mossoró,
Macau. Não há registros de comícios ou ventos, expressivos, da
ANL, no Rio Grande do Norte. Mas, registram-se atividades e comícios,
em cidades, vilas, povoados, pequenos ajuntamentos e sítios, nos
quais se apresentava a plataforma contra o fascismo e da defesa da
Reforma Agrária.
Na
campanha eleitoral de 35, a ANL ficou
contra todos, contra o PP e também não pediu votos à Aliança
Social. Esse
absenteísmo adéqua-se
ao discurso do PCB, de Prestes. Ele, o PCB e a ANL viam as duas
postulações como disputa eleitoral de “facções
oligárquicas”. Como disputa das oligarquias, sem a presença dos interesses das
massas populares,
a única manifestação
pública da ANL com alguma repercussão foi o meeting
da
passagem da Caravana capitaneada
por João Cabanas e Roberto Sisson.
Os
caravaneiros da ANL percorriam as cidades brasileiras, em agitação
e proselitismos, de Norte a Sul.
O
dissídio oligárquico potiguar sinalizava senão grave ameaçava à
ordem pública. Não foi por acaso que o governo federal transferiu o Estado-Maior
da 7ª RM para Natal. O General Manuel Rabelo, comandante da 7ª RM, deslocou o 21º
Batalhão de Caçadores do Recife para Natal. O 29º BC, sediado em
Natal, foi transferido para o Recife. Obviamente, tais permutas, não
eram rotineiras, nos quartéis de Abranches.
O
21º BC chegou a Natal com a experiência da Revolta
de Pedro Calado, rebelião
cruente ocorrida em 1931, no Recife. Uma refrega contrária aos rumos
da Revolução de 30, não patrocinada por conservadores, mas por “tenentistas” mudancistas, que se sentiam traídos pelo
conservadorismo da revolução. Nesse episódio, tratado pela imprensa como a Mazorca
de Pedro Calado,
os mortos e feridos superam a Revolução de 1930.
O
governador Raphael Fernandes Gurjão iniciou sua administração
rezando na velha cartilha da “proteção
aos amigos e perseguição aos inimigos”.
Por decreto, extinguiu a Guarda Civil, uma das maiores do gênero, no
País, com cerca de 400 incorporados. Uma medida de retaliação, por
considerar a Guarda um reduto da oposição “marista”. Os guardas
civis e inspetores, perderam os postos, as patentes e os empregos. A
Guarda Civil dividia com a Polícia Militar e o 21º BC tarefas de
segurança pública. O descontentamento, com a dissolução, foi
grande. Clima de revolta, dentro e fora da corporação extinta.
Completando a resenha das revoltas, no 21º BC estavam presos dezenas
de praças, acusados de indisciplina. Circulavam as notícias da
dispensa dos desordeiros, e daqueles com tempo de serviço completo.
Retaliações,
boatos de demissões, prisões, agitavam e inquietavam ainda mais, o
ambiente social, da cidade. Urbe pequena, quase todos conhecidos. Nas
ruas, nas praças, nos cabarés, nos quartéis, as rixas e arruaças,
as ameaças entre perseguidores e perseguidos, governo e oposição,
respectivamente. A eclosão natural, das contradições políticas,
das frustrações pessoais, das pendências, como se dizia, só
precisavam de um empurrão, para uma briga. No interior do Estado, os coronéis ligados à Aliança Social
selavam os cavalos e lubrificam as carabinas
.
Queriam dar o troco à derrota no Tribunal.
O espectro da rebelião rondava o Rio Grande do Norte, mas, espectro
da hidra das várias cabeças.
A
despeito de tímida maioria parlamentar, Rafael Fernandes quis
governar absoluto como Le
Roi Soleil.
Mas, reconhecer a proverbial inabilidade do Gurjão reunificar a
oligarquia, não significa responsabilizá-lo pela insurreição. Claro, foi
líder partidário e governador, teve o seu papel no espetáculo. Mas
o Gurjão foi um dos atores do drama, outros, inclusive, com maior
protagonismo na insurreição potiguar.
Da
confluência de contradições e ações, dos atores sociais,
externos e internos, emergiu a rebelião da Aliança Nacional
Libertadora, no Rio Grande do Norte. O Partido Comunista Brasileiro,
a Internacional Comunista, o 21º Batalhão de Caçadores, a Polícia
Militar, a Guarda Civil, Getúlio Vargas, Carlos
Prestes, Mário Câmara, Café Filho, Rafael Fernandes, Quintino
Clementino, Giocondo Dias, foram protagonistas, com milhares de
figurantes, anônimos.
No
cenário, ao fundo do palco, a estagnação econômica, a fragilidade
do sistema representativo e da democracia brasileira. A cisão das
classes dirigentes e a radicalização política, nacional e
localmente. Concepções golpistas e insurrecionais arraigadas à
cultura política brasileira. Golpismo dos protagonistas, na ribalta.
Golpismo dos figurantes, dos anônimos, nas coxias.Todos
predispostos, por motivações díspares, a “fazer
justiça com as próprias mãos”.
Ademais, complexas relações políticas, nacionais e internacionais.
Atribuir ao Rafael Gurjão toda responsabilidade pela Revolução de1935, é dar o protagonismo de Jesus ao Judas, no drama da Paixão.
No
plano internacional, cresciam as tendências apologéticas do Estado
forte, pelo avanço do nazismo e do fascismo. Avançava o belicismo
imperialista, a retórica nacionalista xenofóbica, o racismo alemão
do antissemitismo das doutrinas de Hitler. Aversão
italiana, o fascismo de Benito Mussolini. O chamado mundo
livre deveras
ameaçado pelos avanços e crescente influência da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, da mão
de ferro de Josef Stálin.
Questionavam-se
os regimes liberais
e democráticos,
as tradicionais potências ocidentais quais Estados Unidos,
Inglaterra e França, demoravam dar respostas à crise de 1929.
Enfrentavam as críticas dos totalitaristas da direita e da esquerda.
A atitude imperialista na invasão da Abissínia pela Itália ficou
sem resposta eficaz. As democracias adotavam pálidas “retaliações”,
censuras diplomáticas, notas de repúdio, medidas sem efeito prático
algum. E o Canto da Sereia totalitária, expandia-se. O Urso
Siberiano comunista hibernava em um só país, mas de olho no resto do mundo.
De
fato, a URSS, consolidou a revolução
socialista de
outubro de 1917, implantando o novo regime em
um só país.
Porém, o proselitismo dos comunistas propagava a solidariedade
internacional. Significava,
na prática, apoiar material e moralmente, os partidos comunistas e
os movimentos revolucionários, nos quatro cantos do mundo. Nessa
tarefa de coordenar, orientar e apoiar a revolução proletária
internacional passava pela Internacional Comunista, com sede em
Moscou
.
Justamente
no sétimo Congresso da III Internacional Comunista, em Moscou, 1934,
aprovou-se a criação de Frentes
Nacionais Democráticas Antifascistas. Uma
tese defendida pelo líder búlgaro Jorge Dimitrov. A tarefa dos
comunistas, na atual etapa
da situação mundial
, consistia na união de todas as forças nacionais e democráticas
antifascistas, para isolar e derrotar o nazismo e o fascismo. Nessa
nova estratégia da IC, a luta de libertação nacional e democrática contra o
fascismo e o imperialismo ocupava o primeiro plano, ficando a guerra revolucionária
socialista operária-camponesa
,
postergada para o segundo momento, na combinação dialética de
objetivos táticos e estratégicos da revolução.
O
Brasil, contava cerca de 40 milhões de habitantes, país de economia
essencialmente agrária, integrado às relações capitalistas
mundiais, na condição desigual de trocas. Exportava matérias-primas,
café, açúcar, cereais, e importava produtos industrializados, máquinas, tecnologia,
equipamentos, ampliando, crescentemente, os prejuízos da balança
comercial e aumentando a dívida externa e a dependência. O país já devia mais aos Estados Unidos do que à Inglaterra.
Getúlio
Vargas, foi ungido ao poder na ponta da baioneta, com a Revolução
Liberal de 1930. Inspirado
pelos paradigmas totalitários, fortalece o estado nacional. Nesse
sentido, concentra as atribuições do chefe do executivo federal e
usa a retórica legitimadora do fascismo: elege o anticomunismo como
inimigo e perigo à Nação, motivo e pretexto à supressão de
liberdades políticas, organização partidária, liberdade de
imprensa, suspensão de eleições, enfim, a mantença do poder. O
discurso legitimador, retocado
pela ideia de “modernização e progresso” e do combate, aos carcomidos
coronéis.
O
velho caudilhismo dos pampas travestido de moderno à substituição
do coronelismo tradicional pelo moderno
.
Porém,
passado o idílio da Revolução de 30, com o choque inevitável, da realidade do país estagnado, economicamente, acumulando demandas sociais e crises, as
contradições, e a crescente insatisfação popular. No cenário de
amplas liberdades, favorecia a tendência à oposição.
Com esse corolário, o espírito restaurador das velhas
oligarquias paulistas
se animaram.
Atores políticos hegemônicos até 1930, as oligarquias paulistas e
mineiras do café
com leite selam
os cavalos e amolam seus sabres. Queriam reconquistar o poder
nacional perdido, conquistar a qualquer preço. Sintetiza bem o
momento a revolução
paulista ou revolução constitucionalista de 1932.
Na
direita ideológica, Plínio Salgado, foi a principal liderança do
fascismo tupiniquim. Desenvolveu a doutrina do Integralismo e
fundou a Ação Integralista Brasileira – AIB. O Partido
Integralista defendia o Estado
Integral, centralizado
e totalitário. A doutrina, o equilíbrio do homem
integral – homem nos aspectos espiritual, político e econômico, cabendo
aos “superiores” os “altos cargos” da hierarquia estatal. Sob
o lema: Deus,
Pátria e Família,
os seguidores de Plínio usavam camisas-verdes com a sigma no ombro e
o anauê! como
saudação à
moda do
nazismo. O fascismo tupiniquim não obteve idêntica adesão das
massas, dos originais europeus.
Atraiu elementos empresariais, da classe média, intelectuais, alto
clero, oficialidade das forças armadas, funcionários da burocracia
estatal.
Na
esquerda, o Partido Comunista seção
brasileira da Internacional Comunista seguia a orientação do 7º Congresso, articulou e ajudou a implantar os núcleos da Aliança
Nacional Libertadora
.
Frente
com plataforma ampla, democrática, nacionalista e antifascista. Em
poucos meses, aglutinou amplos setores da sociedade, organizou
diretórios e núcleos em todo país.
Nas grandes cidades, do Rio e São Paulo
,
foi movimento com expressiva adesão das massas populares.
Getúlio Vargas intentava ficar no poder. O continuísmo dependia
de sufocar a crescente oposição. Através de sucessivos golpes,
interrompe a agitação política: baixa o Decreto 229 em 11 de julho, ordenando o fechamento, em todo território nacional, dos
núcleos da ANL. Na escalada fascista, a Lei
de Segurança Nacional e o Estado Novo.
Contudo,
a cultura golpista não era exclusiva de Getúlio Vargas et
caterva.
O atalho golpista “atraía” os atores políticos do Brasil de
todas as convicções: comunistas, integralistas, oligarquistas
velhos e novos, aliancistas, militares, civis.
Organicamente,
o PCB, na escalada do obreirismo e do tenentismo, atravessava
crise de empobrecimento, de perda de autonomia e da maior dependência
à internacional. No obreirismo, a vulgar concepção da condição
revolucionária maior pela mera origem operária, conduz os operários
à direção do Partido, em detrimento de quadros oriundos da
intelectualidade. Intelectuais são tratados com desconfiança, como
“pequenos burgueses”. Operários são endeusados e entronados,
preparados, ou não. A adesão das legiões dos tenentes rebeldes,
liderados por Luís Carlos Prestes, o comandante da Coluna Invicta,
que se converteu ao comunismo, em Moscou, em 34, também traz
mudanças internas. Curiosamente, Prestes filia-se à IC, em seguida,
ele ingressa no PCB. E entra por cima, com a tarefa decomandar a
revolução Nacional Libertadora, ele não era unanimidade, entre os
comunistas.
No
caldeirão das crises e radicalizações, o caldo quente do golpismo
foi servido ao ponto, no banquete dos abalos
do sábado à Noite, da
Revolução de 1935, em Natal.
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