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Insurreição Comunista de 1935
em Natal e Rio Grande do Norte

A Insurreição Comunista de 1935 – Natal, o primeiro Ato da Tragédia
Homero de Oliveira Costa

 

 

 

 

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Capítulo II
A Conjuntura política do Rio Grande do Norte: 1930-1935

2.3 - O Partido Comunista do Brasil

Reconstituir, mesmo que brevemente a história do Partido Comunista no Rio Grande do Norte não é uma tarefa fácil. Não há praticamente registros documentais (o Partido, ao contrário de outros similares na América Latina, não tem uma história oficial) e tampouco referências na bibliografia historiográfica do Rio Grande do Norte. O registro que fazemos tem como base algumas entrevistas com antigos militantes e, fundamentalmente, através dos(extensos) autos dos processos do Tribunal de Segurança Nacional, que faz algumas referências esparsas, necessitando de um verdadeiro trabalho de “ garimpagem”.

A respeito da organização do partido em Natal a unica referência é de José Praxedes, que atribui a alguns sapateiros, entre os quais ele mesmo, como os primeiros a organizarem o partido . Segundo seu depoimento, o partido começa a se organizar em novembro de l926. Nesse período ele trabalhava numa fábrica de calçados em Natal e havia ajudado a organizar, pouco antes, a União dos Sapateiros do Rio Grande do Norte. Diz ele “... nesse ano o jornal “a Nação” publica uma noticia sobre a preparação do I congresso da classe trabalhadora que seria realizado no Rio de Janeiro, com o objetivo de organizar a Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil (...) os sapateiros decidem mandar um representante (...) que toma contato com o pessoal do partido comunista e faz um relato do trabalho desenvolvido pelo grupo União dos Sapateiros. Cristiano Cordeiro, fundador do partido e seu secretário geral, que morava no Recife, envia um representante a Natal para organizar o grupo de sapateiros (...) quem veio a Natal foi o companheiro Lourenço Justino, de Recife. No final de novembro ele faz uma reunião com o nosso grupo na casa do sapateiro José Claudino (...) e expôs a linha do partido, falou da necessidade de nos organizarmos nas empresas (...) dessa reunião participaram seis pessoas : Eu, Pedro Marinho, Artur da Silva, Aristides, José Pereira e o José Claudionor, o dono da casa. Todos eram sapateiros. Ali fomos admitidos no partido comunista e planejamos as próximas tarefas. (Oliveira Filho, l985, p.32).

De novembro de l926 até a Primeira Conferência Estadual realizada em abril de l935, as informações no que diz respeito a Natal são praticamente inexistentes. Sabe-se da ida, em l932, de José Praxedes ao Rio de Janeiro, a chamado da direção nacional e só retornando a Natal no dia 14 de janeiro de l935, da tentativa de formação da União Geral dos Trabalhadores também em l932 e a contribuição para a formação de alguns sindicatos, como o dos estivadores em Natal - o qual tanto seu primeiro presidente como o vice são militantes do partido - dos motoristas, funcionários públicos e o trabalho entre operários de pequenas fábricas como as de sabão e bebidas. Em Mossoró, situada na região Oeste e a segunda cidade mais importante do Estado, o partido tem uma atuação mais expressiva, organizando diversos sindicatos, sendo o mais importante deles, o de salineiros, que na época representava a categoria de um dos maiores contingentes de operários.

O sapateiro Aristides Galvão em depoimento perante o Tribunal de Segurança Nacional , se refere a uma reunião que teria participado em abril de l935 na qual estavam presentes Lauro Lago, José Macedo, João Batista Galvão e Adamastor Pinto e que “... depois todos assinaram a ata, inclusive o depoente, dando como organizado o partido comunista em Natal” e recebe como incumbência a tarefa de “propagar nos meios operários as idéias comunistas” o que procurou fazer e , não conseguindo a contento, lhe foi dado a incumbência de organizar a União Feminina, órgão ligado ao PCB e a ANL (17)

No entanto as referências de Aristides Galvão não são da fundação do partido em Natal, mas da realização da I Conferência Estadual, na qual foi eleita a direção do partido no Estado formada por José Praxedes, Lauro Lago, diretor da casa de detenção, ambos de Natal e Francisco Moreira e Raimundo Reginaldo, de Mossoró.(este ultimo,irmão do Lauro Reginaldo, o “bangu”) um dos fundadores do partido em Mossoró, em l928 e quem convidou Aristides Galvão a participar da conferência.

Nesta conferência, além da reestruturação do partido, é discutida a organização da Aliança Nacional Libertadora (ANL) no Estado, conforme expressa orientação da direção nacional.

Em agosto de 1935 vem a Natal o Capitão do 29º BC Silo Meireles. E, como se soube posteriormente, como parte da preparação de um levante nos quartéis que o partido comunista articulava a nível nacional.(antes já estivera em Natal outro capitão do 29º BC, Otacilio Lima, também do partido comunista e que teve destacada atuação no levante do dia 25 de novembro do 29º BC) .Militante do partido e muito respeitado como militar, Silo Meireles, recém chegado de Moscou, será um dos principais articuladores do levante no Nordeste. EM Natal, se reúne com a direção do partido comunista e será responsável pela entrada de alguns militares do 21 BC no partido(desde abril, haviam alguns pequenos núcleos da ANL organizados no quartel e com quem ele esteve antes de se reunir com a direção do partido), entre eles os sargentos Quintino Clementino de Barros e Eliziel Henrique Diniz. Entram também no partido os cabos Giocondo Alves Dias e Gilberto de Oliveira. Que, aceitos, iniciam um trabalho dentro do quartel para ampliar o numero de militantes e ao mesmo tempo, preparar um levante que se articulava a nível nacional.

O comitê regional funcionava praticamente na casa de João Galvão Filho, natural de Mossoró , era secretário do Colégio Estadual do Atheneu em Natal . Além de sua casa o partido se reunia debaixo dos postes de iluminação pública sempre em pequenos grupos(três pessoas). As decisões tomadas pelo comitê regional eram passadas para os “ grupos dos postes” que, por sua vez, deveriam transmiti-la para outras células. Era destacado um militante para fazer a ligação entre a comitê regional e as células dos “postes” e essa tarefa era geralmente feita pelo sargento do 21 BC Eliziel Henrique Diniz. Haviam ainda reuniões na padaria Palmeiras, situada na rua Frei Miguelinho, pertencente a João Fagundes. Essas reuniões eram realizadas sempre tarde da noite, no sótão da padaria, com as luzes apagadas para não chamar a atenção e nas quais compareciam com frequência o sapateiro e membro da direção regional , José Praxedes de Andrade. Outro lugar era na casa do motorista Epifânio Guilhermino. Ali as reuniões eram realizadas de 8 em 8 dias “ para tomarem conhecimento das correspondências provenientes do Rio de Janeiro” (18)e cujos frequentadores eram João Maranhão - conhecido como José Pretinho - Francisco Moreira, José Costa e José Praxedes. Haviam reuniões ainda na sede da União dos Estivadores. Segundo o relatório do procurador da República, enviado ao Tribunal de Segurança Nacional, “ foram nesses lugares onde a trama revolucionária foi tramada” (19).

O chefe de policia, num livro de memórias, vai atribuir ao interventor a responsabilidade pela expansão do comunismo no Estado “ a bem dizer, a verdadeira propaganda comunista começou nesse Estado no governo do sr. Mario Câmara. O Rio Grande do Norte era considerado, naquela época, o paraíso dos comunistas. Nos cadastros policiais dos centros adiantados, no tocante a ordem social, Natal, Mossoró e Areia Branca eram tidos como verdadeiros quartéis generais dos agentes de Moscou”(Medeiros Filho, l937, p 45 ) É pouco provável. Mário Câmara , filho de uma tradicional familia do Estado, era um conservador. Suas divergências com as oligarquias congregadas no Partido Popular era em função das circunstâncias de como se deu a luta pelo poder político local e não por qualquer afinidade com os setores mais organizados da classe trabalhadora que se opunham a essas oligarquias.

O Partido Comunista vai ter um papel fundamental na organização de diversos sindicatos, principalmente na região Oeste do Estado. Em Natal,no ano de l935, além da direção de sindicatos como o de sapateiros, funcionários públicos, motoristas e estivadores, organiza os poucos núcleos da ANL de abril a julho e inicia um trabalho de organização dentro do quartel do 21 BC, congregando fundamentalmente, cabos e sargentos. Esse será um aspecto importante para se compreender a insurreição em Natal, porque terá início no quartel e sob a direção de miltantes comunistas que lá atuavam.


Notas

17 - Depoimento prestado à policia. Ver autos dos processos do Tribunal de Segurança Nacional, proceso n. 4, volume I, Arquivo Nacional , Rio de Janeiro(RJ).

18 - depoimento prestado à policia em janeiro de l936 por Leonila Felix, Esposa de Epifânio Guilhermino, dirigente do partido comunista em Natal e um dos mais ativos participantes da insurreição do 21 BC em novembro de l935. Ver autos dos procesos do Tribunal de Segurança Nacional, processo No.2, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro

19 - Relatório do Procurador da Justiça do Rio Grande do Norte ao presidente do Tribunal e Segurança Nacional. (1936)

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