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REDE
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS |
La
Propuesta Educativa de los Derechos Humanos
María
Teresa Rodas
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Por que falamos hoje de educar em direitos humanos?
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Que entendemos por educar em direitos humanos?
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Em torno de que princípios ou eixos se articula uma proposta
semelhante?
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Qual o sentido de se educar em direitos humanos?
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O certo é que nossa história nos mostra que a educação não
tem conseguido incorporar os princípios dos direitos humanos à
cultura geral. O desafio é fazê-lo.
As
violações dos Direitos Humanos nos motivam a organizar uma defesa
preventiva, a criar condições para desenvolver uma cultura
protetora dos direitos.
Educar
em respeito dos direitos humanos neste momento de nossa história,
em que as feridas estão abertas e a dimensão política do tema o
torna especialmente conflitivo, é difícil. É difícil devido
nossa realidade de professores
mal remunerados e devido as condições deficientes de tempo e espaço,
sociológico e real, em que devemos trabalhar.
É
difícil também pelo perigo de trivializar seu conteúdo se não
assumimos que o conflito é inerente aos Direitos Humanos. Este é o
segundo desafio. O conflito existe porque existem prejuízos, porque
existe uma realidade que os conculca, porém, também porque entre
os mesmos direitos existem tensões. Assim, por exemplo, entre o
direito à vida e ao bem comum em condenar à morte, entre o direito
à vida privada e à liberdade de imprensa, entre o direito ao
trabalho e o direito à uma economia sadia, entre a direito à
liberdade e a necessidade de disciplina, etc.
Sabemos
por certo por experiência, que nenhuma legalidade será suficiente
por si só para resguardar a sociedade de futuras violações aos
Direitos Humanos.
Sabemos
que é necessário que nossa culturas nacionais promovam um respeito
incondicional à estes direitos e sua crescente vigência na vida
concreta. Que é necessário promover uma consciência da dignidade
humana, que impeça que possa voltar a ser violada.
Expressamos
nossa vontade de não deixar ao azar ou casualidade o mais
importante em educação; a formação de pessoas conscientes de sua
dignidade humana.
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O
conceito de Direitos Humanos
Procuremos
precisar primeiro o que entendemos por Direitos Humanos. Entendemos
por um lado, como um conjunto de normas de respeito à dignidade
humana, que foram registradas na Declaração Universal.
Entendemos
por outra parte como uma concepção da dignidade humana que se
expressa em direitos dos seres humanos e dos povos.
Os
entendemos também como o conteúdo da utopia que nos norteia para
um mundo de plenitude humana para a qual valem todos os esforços,
independentemente que a esta plenitude humana lhe demos um valor
transcendente, religioso ou puramente humano.
O
entendemos por último, como um conjunto de conhecimentos, vivências,
atitudes, valores e condutas que se relacionam com os direitos e
dignidade dos seres humanos e dos povos.
Concepção
educativa dos Direitos Humanos
Em
relação a educação, pois, os Direitos Humanos não só
constituem uma temática que deve ser ensinada, mas que são
fundamentais de uma concepção educativa.
Esta
concepção educativa considera que o conhecimento, o saber dos
Direitos Humanos, não existe externo ao sujeito cognoscente que o
apreende. Não é um conhecimento que tem propriedades independentes
das pessoas que os experimentam.. Pelo contrário, constituem um
saber existencial que se reconstrói que recontextualiza
permanentemente.
É
um conhecimento que necessita da intuição, da imaginação, do
subjetivo, do cotidiano. Não pode ficar reduzido à Declaração
Universal dos Direitos Humanos, pois sua dimensão real e seu
sentido surgem da prática particular de indivíduos e de grupos
concretos. Em matéria de Direitos Humanos é preciso responder
frente à outros. Não é algo que está reduzido ao domínio do
privado.
Os
Direitos Humanos, além de objetivar uma prática exigível à toda
humanidade, tem que permanecer abertos à experiência individual e
coletiva, na qual se concretiza e da qual se nutrem.
A formação
em Direitos Humanos
Educar
em Direitos Humanos é formar atitudes de respeito aos Direitos
Humanos. Mas é imprescindível entender que uma atitude de respeito
nada tem haver com a negação de conflitos.
Pelo
contrário, elementos fundamentais de respeito aos Direitos Humanos
são a claridade para perceber as tensões, a honestidade para
reconhecê-las e discuti-las.
Formar
atitudes de respeito aos Direitos Humanos significa formar nos
alunos predisposições estáveis para atuar pela sua vigência nas
relações sociais.
Uma
atitude se forma como resultado das experiência vividas à nível
do conhecimento (crenças), à nível dos sentimentos (posição em
respeito a crença, grau de adesão) e ao nível da conduta (tendência
a atuar de modo correspondente à crença e a adesão que desperta).
Os
Direitos Humanos no currículo
Sendo
o objetivo final da educação em Direitos Humanos a criação de
uma cultura de respeito à dignidade da pessoa, não podem os
Direitos Humanos ser patrimônio de uma disciplina ou de um
professor.
Desde
esta perspectiva o que se necessita não é incluir um conteúdo
especial sobre Direitos Humanos, mas efetuar uma mudança de
enfoque.
Quer
dizer, os mesmos conteúdos atuais pode se lograr processos de
ensino aprendizagem que promovam e fortaleçam o exercício pleno
dos Direitos Humanos. O que se quer é explicar as situações em
que os Direitos Humanos estão em tensão. Trata-se de que os alunos
percebam a vinculação dos conteúdos com a realidade do país,
especialmente com aqueles aspectos da realidade em que os Direitos
Humanos tem ou não vigência.
Os
Direitos Humanos, pelo seu caráter indivisível e interdependente,
são um elemento que permite integrar em sua tríplice dimensão:
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integração dos conteúdos se forem vistos na sua interrelação
com outros
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integração do sujeito, se este pode reconstruir uma rede
articulada de significados. O saber dos Direitos Humanos se reconstrói
no significado que os próprios alunos atribuem a sua própria
experiência.
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Integração no contexto, se se vinculam os Direitos Humanos e os
conhecimentos que se adquirem com o princípio de historicidade.
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O
eixo central dessa concepção educativa dos Direitos Humanos é o
respeito irrestrito da dignidade humana que se constrói social,
pessoal e coletivamente como fruto da liberdade.
Essa
liberdade, ou capacidade de autodeterminação tem sua raízes na
potencialidade criadora do ser humano. É ela que nos permite
rebelarmo-nos ante o que atenta contra a justiça, a solidariedade e
a realização pessoal, própria e dos outros, e a que expressamos
na capacidade de tomar decisões.
O
respeito da dignidade humana na educação implica educar pessoas
autônomas que vivem conscientemente sua identidade pessoal e
social, que são capazes de comunicar-se, de problematizar e
participar do processo humanizador da convivência social, de
desenvolver em harmonia com a natureza.
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A
educação para os Direitos Humanos não afastam os problemas, nem
se põem à margem das transformações, pelo contrário, educar
para os Direitos Humanos significa entregar aos alunos as
ferramentas para que identifiquem os problemas, os elevem ao nível
da consciência e assumam uma postura crítica frente a isto.
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Uma
educação holística, quer dizer, que respeite todas as dimensões
vitais do ser humano, valorizar tanto a mente como o corpo, o
sentimentos, a intuição, os aspectos sociais o aluno.
Hoje
em dia sabemos que não existe o pensamento puramente racional, que
na base do pensamento se encontra a emoção. De fato sabemos que não
o que não nos interessa de alguma forma, por isso quando a motivação
não existe, recorremos tantas vezes a imposição disciplinária.
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O aporte
essencial dos Direitos Humanos
Perguntar-se
o para que da educação em Direitos Humanos é perguntar-se
qual o aporte específico para a educação significa introduzir os
direitos humanos nela. De que forma, por outra parte, nos permitiria
recuperar o sentido de nosso trabalho. E também o sentido de nossa
vida.
Nos
Direitos Humanos encontramos implícito uma mensagem educacional
configurada por uma concepção de homem e de mundo baseada nos
Direitos Humanos e
dignidade dos indivíduos e dos povos.
Nossa
utopia
Ainda
que o ser humano, em virtude de sua interdependência, possui um
tendência natural de conviver com os outros, essa convivência
social é construída, não se dá naturalmente. A forma de convivência
que hoje me dia temos foi definida e construída por nós mesmos.
Se
queremos ter novas formas de convivência social, onde a proteção
da vida e da felicidade sejam possíveis para todos, devemos construí-las.
A convivência se aprende, se constrói e se ensina.
A
construção e desenvolvimento de novas formas de conviv6encia
social que garantam o respeito à vida e aos direitos humanos é um
dos grandes desafios para o futuro que queremos construir. É a
utopia que nos orienta e nos impulsiona.
A escola
de nossa utopia
A
intencionalidade de educar em Direitos Humanos
é a de construir uma escola em que seus integrantes conheçam
seus direitos e os dos outros. Em que o outro, por ser diferente
possa ser complemento ou talvez opositor, porém nunca inimigo. Em
que a busca de unidade não seja de uniformidade. Em que a vida dos
outros seja, por princípio, tão valiosa quanto a minha.
Notas
Caderno
de Educación en y para los Derechos Humanos – Instituto
Internamericano de Derechos Humanos
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