
Direitos Humanos e EducaçãoDireitos Humanos e Educação
- Pobreza política como desafio central -
Pedro
Demo
Brasília,
UnB, julho de 1999.
Pretende este texto introduzir a problemática
da pobreza política em conexão com os direitos humanos e sua
base educativa. Recenttemente, ao lado da preocupação com a miséria
material, tem crescido o desconforto frente ao estado de ignorância
em que se encontram vastas maiorias. Pior que a fome, é não
saber que a fome é imposta e representa fonte de privilégios
para alguns. Ser massa de manobra pode ser mais indigno do que
depender da caridade alheia. A própria idéia de “direitos
humanos” atesta este enfoque, porque, no fundo, indica
horizonte de dignidade para além da relação material, embora
esta sempre venha necessariamente incluída. É certamente muito
contraditório que os direitos humanos sejam troféu das
sociedades liberais capitalistas, como é intrigante ao extremo
que os Estados Unidos se apresentem como garante dos direitos
humanos no mundo, mas, mesmo assim, na dialética das contradições
históricas, permanece o fato de que a qualidade de vida não se
reduz à comida.
Para argumentar em favor do enfrentamento da
pobreza política, usaremos três plataformas principais: o
enfoque do desenvolvimento humano da ONU (PNUD), o enfoque da
aprendizagem reconstrutiva de teor político, e o debate contra
o instrucionismo na inteligência artificial. No pano de fundo
teremos sempre a relação entre direitos humanos e educação.
Para iniciar, faremos breve definição do que seria pobreza política.
I. POBREZA POLÍTICA
t
A face política da pobreza aparece em seu caráter
excludente. No fenômeno da exclusão social a substância mais
característica é política, não propriamente ou apenas econômica,
já que, mais do que não ter, está em jogo não
ser. A exclusão mais comprometedora não é aquela ligada
ao acesso precário a bens materiais, mas aquela incrustada na
repressão do sujeito, tendo como resultado mais deletério a
subalternidade. O nível mais profundo de pobreza política é,
assim, a condição de ignorância:
o pobre sequer consegue saber e é coibido de saber que é pobre. Por conta disso, atribui sua pobreza
a fatores externos, eventuais ou fortuitos, sem
perceber que pobreza é processo histórico produzido,
mantido e cultivado. Não chega à idéia crucial de que, para
sair da pobreza, é mister, primeiro, compreender que se trata
de injustiça e de imposição social, e, segundo, de desenhar
projeto próprio de solução, no qual a peça fundamental seja
o próprio pobre.
A tendência do pobre de esperar ajudas dos
outros, sobretudo do Estado, já denota sua pobreza política,
mais grave que a pobreza material, porque não tem como mudar a
t situação. Entrega-se a soluções alheias e que muitas vezes são
táticas para manter o problema da subalternidade do pobre.
Assoma o fenômeno da ignorância, não no sentido
educativo-cultural, já que, hermeneuticamente falando, ninguém
é propriamente ignorante. Todos estão inseridos em contextos
históricos prévios, culturalmente plantados, nos quais se têm
linguagem comum, saberes compartidos, noções da vida e da
realidade. Ninguém é, neste sentido, analfabeto. Falamos aqui
da ignorância produzida socialmente como tática de manutenção da
ordem vigente e que faz do pobre típica massa de manobra.
Trata-se daquela ignorância que aparece no escravo que se
vangloria da riqueza de seu patrão: não atina que a riqueza
gerada, pelo menos em parte, lhe pertence de direito. Não é
apenas alienado, sobretudo ignora que é alienado.
A exclusão começa na verdade aí: coíbe-se
que o pobre deixe a situação de alienado. Para tanto,
funcionam vários mecanismos históricos conhecidos, entre eles:
políticas sociais clientelistas que atrelam benefícios ao
voto, políticas educacionais insatisfatórias e contraditórias,
sobretudo descaso com o professorado, funcionamento precário do
associativismo em geral (sindicatos, partidos, associações,
comunidades, etc.), deterioração das identidades culturais que
favorecem a participação popular, influência dos meios de
comunicação em termos de oferecer “pão e circo”, e assim
por diante. Freqüentemente, e sobretudo no capitalismo, as políticas
sociais implicam este efeito det atrelamento do pobre a benefícios
eventuais, através dos quais este vende sua consciência crítica
por um prato de lentilhas. Acostuma-se com a idéia de que o
Estado existe para resolver seus problemas e que os políticos e
a elite em geral estariam interessados nessas soluções.
Ignora, com isso, claramente:
a) que o Estado, mesmo sendo o welfare state, não tem
vocação histórica natural para cuidar dos pobres; ainda sendo
correlação de forças, tende mais facilmente a postar-se no
lado mais forte; ignora-se que a qualidade do Estado está na
cidadania organizada que o controla, pois não é possível ter
Estado melhor que a cidadania que o garante; assim, políticas
sociais destinadas ao pobre somente chegam ao pobre se este
cuidar disso sobretudo;
b) que a elite faz discurso social para encobrir
os reais interesses no status
quo; pode defender a “distribuição” da renda, mas
jamais sua “redistribuição”, porque esta implica retirar recursos de quem
tem mais para passar a quem tem menos; política social somente
serve aí para “amansar” o pobre.
O termo “massa
de manobra” indica que o pobre está nas mãos de outrem,
deixando de acreditar em si mesmo. Certamente, toda solução
social mais profunda não pode ser feita apenas pelo pobre, mas,
de qualquer forma, este é a “peça” mais central.
Intelectuais orgânicos, por exemplo, são relevantes e, por
vezes, decisivos, mas não podem substituir a participação do
pobre. Para superar a pobreza é mister, em primeiro lugar, que
o pobre participe, e não seja somente beneficiário. Geralmente
os programas são elaborados por técnicos ou políticos, que
imaginam partir das condições reais da pobreza, e oferecem
soluções de fora para dentro. Sem desconhecer que isto também
é importante, porque é função do Estado e de qualquer
cidadania comprometida com a justiça social, é fundamental
compreender que a participação do pobre não é apêndice
interessante, mas alma do negócio.
Aí, porém, começam outros problemas. O pobre
que participa, incomoda o Estado e os doadores. Deixando a condição
de simples pedinte, comparece com a perspectiva dos direitos,
exigindo justiça. Para o sistema, é mais conveniente um pobre
que apenas pede auxílio e com ele se contenta, do que um pobre
que se põe a controlá-lo. Política social de sujeitos que se
confrontam dialeticamente é muito mais complicada e exigente, e
pode chegar onde o sistema não desejaria: a saber, a contestá-lo
radicalmente. Já não basta distribuir benefícios. Coloca-se a
exigência de rever o acesso à renda e sobretudo de a
redisttribuir com outros critérios de acesso.
Na verdade, o
sistema não teme um pobre com fome, mas teme um pobre que sabe
pensar. A satisfação da pobreza material pode ter o efeito
de impedir que o pobre se ponha a saber pensar, acomodando-se na
situação de quem depende de propostas alheias. Para o status
quo é essencial que o pobre não seja despertado para sua
autonomia, já que o tem como parceiro ignorante. Faz parte do
projeto da elite como massa de manobra. Quando o sistema
distribui benefícios, pode implicar nesta atividade efeito de
exclusão, porque inclui o pobre como excluído definitivo. Não
existe interesse em desfazer a condição de exclusão como tal,
mas em camuflar a situação. Ao sentir-se beneficiado, o pobre
pode acomodar-se na condição em que se encontra. Sobretudo,
pode manter a idéia de que toda solução só pode provir de
fora e que sua subalternidade é natural e permanente. Não sabe
fazer oportunidade e muito menos fazer-se
oportunidade.
Este tipo de exclusão tem o agravante de poder
ser elegante, porque se esconde atrás de benefícios. O pobre
imagina estar sendo atendido, quando, na prática, o que ocorre
é a cristalização de sua exclusão. Por isso se diz: mais
grave do que passar fome é não saber que a fome é inventada e
imposta, podendo-se mudar esta história, desde que o pobre se
torne sujeito capaz de história própria. A drasticidade da
pobreza se ltiga sobretudo à exclusão de teor político, porque
impede que o pobre tome iniciativa. Pode-se ver isso por trás
dos índices impressionantes de concentração da renda na América
Latina. Segundo o último relatório do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID),
chama a atenção, para além das disparidades de renda, a
concentração extrema no decil superior. Enquanto nos Estados
Unidos a diferença entre o nono e o décimo decil seria de 60%,
e em países como os da Escandinávia de 20 a 30%, na América
Latina é de 160%. Ademais, se observarmos que no décimo decil
temos apenas 14% de empregadores, parece claro que também
assalariados vivaldinos conseguem galgar a posições muito
privilegiadas, participando, no fundo, do mesmo projeto da elite
econômica.
Diante de tais dados, torna-se imperioso
perceber que não existe apenas concentração de renda, mas
sobretudo concentração de poder. Uma ínfima elite consegue
colocar uma sociedade inteira para trabalhar em seu favor.
Tamanhos privilégios não podem decorrer apenas de “imperfeições”
do mercado, mas principalmente de projeto político de cultivo
da ignorância popular. Qualquer mudança mais profunda
implicaria desconstruir esta estrutura, mudando não só a relação
com a renda, mas sobretudo com o poder. Não se pode fazer política
social somente com as sobras orçamentárias. Trata-se de apear
a elite do poder. Ainda que, apeando uma elite, venha depois
outrta, pode-se esperar que esta outra seja mais democrática e
conviva melhor com o controle de baixo para cima, como quer a
cidadania de base. Muitos problemas atribuídos apenas à dinâmica
do mercado, como a precariedade do salário mínimo, são no
fundo produto da fraqueza da cidadania, porque o excluído não
consegue reagir como sujeito autônomo.
A carência material não precisa, em si,
tornar-se problema social. Por exemplo, quando se fala em “indústria
da seca” em regiões onde falta chuva, alude-se, não à mera
circunstância do clima que atinge a todos da mesma forma, mas
ao processo de exploração da falta de chuva para angariar
privilégios para uns poucos. A simples falta de chuva não é
ainda problema social. Com ela as pessoas são carentes, mas não
pobres. O problema social surge, quando este dado da natureza é
“politizado”, quer dizer, se transforma em fator de exclusão
social. Assim, na indústria da seca o problema maior não é
propriamente a falta de chuva, mas a manipulação política da
falta de chuva.
No fundo, a pobreza política destrói a noção
de sujeito capaz de história própria. A condição de objeto
nas mãos dos outros constitui-se na maior indignidade histórica,
maior que a fome. Não poder participar, desenhar oportunidades,
apresentar-se com autonomia significa estar desconectado da
capacidade de construir soluções próprias, vivendo condição
det subalternidade comprometedora. Neste sentido, torna-se visível
a ligação forte entre educação e o combate à pobreza política.
Nem sempre se vê melhor sua ligação com o combate à pobreza
material, porque educação não distribui benefícios. Embora
educação também detenha impacto econômico – por exemplo,
na empregabilidade e no ritmo de inovação globalizada
competitiva
– sua força maior é política, como queria Paulo
Freire. O que a escola pode oferecer de melhor ao pobre é o
saber pensar politicamente plantado. A todos a escola básica
deve estar aberta, em termos públicos e gratuitos, para
propiciar a oportunidade de ascender à condição de sujeito
autônomo. Fazendo escola, dificilmente o pobre fica mais rico,
mas pode ficar mais emancipado politicamente falando.
Eis a relação mais direta entre educação e
cidadania, pois sobretudo a escola pública e gratuita pode ser
a alavanca fundamental da constituição da consciência crítica
e, a partir daí, do projeto alternativo, visando superar a
pobreza política. Ao mesmo tempo, pode-se solapar a cidadania
popular, à medida que a escola se tornar coisa
pobre para o pobre. O aluno poderá até saber, por exemplo,
alguma matemática, geralmente de maneira mecânica, mas não
atinará com sua importância para a cidadania. Está menos em
jogo obter aprovação escolar, do que abrir caminho sem volta
t para a emancipação.
Neste mesmo contexto, coloca-se a importância
da educação para os direitos humanos, porque representam, em
primeiro lugar, conquista política, não do mercado ou da técnica.
Somente populações que sabem pensar se colocam a questão do
direito. As que não sabem pensar,
copiam os direitos e os realizam como objeto, deturpando nisto
mesmo a própria noção de direito. O discurso sobre direitos
humanos também pode ser farsante, como toda linguagem plantada
no espaço do poder, mas é inegável que representa via
fundamental de comprovação de uma sociedade como sujeito capaz
de história própria e justa.
II. O ENFOQUE DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
O Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) produz desde 1990 o Relatório do
Desenvolvimento Humano, com base nos indicadores de educação,
expectativa de vida e poder de compra, tendo como pano de fundo
o conceito de oportunidade.
Embora trabalhado em berço neoliberal, esta proposta parte de
alguns pressupostos teóricos e metodológicos bastante
pertinentes, tais como:
a) é preciso distinguir acuradamente entre
crescimento e desenvolvimento; enquanto o primeiro aponta para
uma evolução tipicamente econômica, o segundo se volta para
um olhar interdisciplinar, abrangendo todas as dimensões
consideradas relevantes da sociedade;
b) para sinalizar mais concretamente esta distinção,
a ONU optou pela definição de desenvolvimento como “oportunidade”,
traduzindo desde logo sua face política como a mais estratégica,
em vez das infra-estruturais, que, obviamente, dentro do
horizonte estratégico, continuam essenciais, mas de teor
instrumental;
c) este enfoque valoriza naturalmente a educação como o fator mais próximo da gestação de oportunidade,
seja no sentido de “fazer”
oportunidade, seja no sentido ainda mais próprio de “fazer-se” oportunidade; ganha realce maior, imediatamente, a questão
da cidadania;
d) o adjetivo “humano” dispensa todos os
outros classictamente usados, a começar pelo “econômico”, e
mesmo o “sustentável”; assim, uma visão tipicamente
interdisciplinar e complexa se instalou, indicando que o
crescimento econômico não só é apenas parte integrante, mas
sobretudo é parte tipicamente instrumental; não vai nisso
qualquer intento de secundarizar o econômico, mas de colocá-lo
no seu devido lugar;
e) segue daí a proposta do ranking
dos países em termos de desenvolvimento humano, tomando como
indicadores básicos, em primeiro lugar, educação,
porque é o fator mais próximo do conceito de oportunidade, em
segundo lugar, expectativa
de vida, porque oportunidade se correlaciona fortemente com
quantidade e qualidade de vida, e, por fim, poder
de compra, porque a satisfação das necessidades materiais
é sempre componente central do desenvolvimento também;
f) do ponto de vista estratégico, educação é
o fator mais decisivo, mas nunca de modo setorial e isolado;
assim, esta idéia implica, de um lado, que os fatores do
desenvolvimento se hierarquizam e se concertam, ao mesmo tempo;
g) possivelmente, o resultado mais pertinente
desta postura categorial é a mensagem de que a pobreza
política é mais comprometedora para as oportunidades de
desenvolvimento, do que a pobreza material;
problema mais constrangedor é a ignorância, que inviabiliza a
gestação de sujeitos capazes de história própria, ao
obstruir a cidadania individual e coletiva; mudanças provêm
menos de um pobre que tem fome (acaba facilmente se contentando
com qualquer sorte de assistencialismo), do que com um pobre que
sabe pensar.
Sem falar que entre este discurso e a realidade
no atual sistema capitalista competitivo e globalizado vai uma
distância que é propriamente um abismo, aparece logo o
problema ligado às dificuldades de congregar adequadamente
educação é conhecimento. A CEPAL coloca ostensivamente esta
ligação, ao dizer que “educação e conhecimento”
representam o eixo da transformação produtiva com eqüidade,
e, na prática, acaba privilegiando o conhecimento como fonte da
inovação competitiva apenas. Este mesmo signo foi tomado pela
assim dita “qualidade total”, que, ao acentuar a importância
da educação, a entendia como qualidade formal,
deixando sistematicamente de lado a qualidade política.
Espera-se do trabalhador que saiba manejar conhecimento, não
propriamente qtue aprimore sua cidadania.
Ocorre que entre educação e conhecimento
existe parceria necessária, insuficiente e controversa. Necessária,
porque educação tem sempre a ver com o saber pensar e a inovação
com base na capacidade de conhecer. Insuficiente,
porque educação já não pode mais ser reduzida à cognição,
tendo em vista as modernas e pós-modernas teorias da
aprendizagem. E controversa, porque facilmente se ocultam os riscos do conhecimento,
sobretudo quando ligado ao mero crescimento econômico ou à
mera qualidade formal. Assim, não é tarefa fácil conjugar
adequadamente educação e conhecimento, e tem sido quase normal
que instituições públicas de planejamento, talvez também
pela predominância da mão do economista, dificilmente saibam
valorizar educação sob a ótica interdisciplinar do
desenvolvimento humano. Caracteristicamente, quando apresentam
educação como fator relevante do desenvolvimento, e mesmo
utilizando a linguagem da ONU, restringem-se à sua qualidade
formal. De uma parte, tem impacto a falta de dados sobre a evolução
da cidadania, por ser um fenômeno mais dificilmente mensurável,
mas, de outra parte, domina ainda um ambiente tipicamente
positivista e neoliberal nestas análises, que tendem a tratar
como mais importante apenas o que é também mais mensurável.
Na prática, educação é chamada à cena como
estratégia central da competitividade,
t no contexto da globalização fortemente marcada pela lógica do
conhecimento. Encontramos aí mesmo, porém, punhado de contradições
cada vez mais preocupantes. Parece claro que o processo de
globalização, desde sempre, se alimentou de mecanismos com
tendência universalizante, em particular do conhecimento lógico-matemático
e da tecnologia como tal, sem falar também da própria tendência
do mercado capitalista de se impor como realidade global e não
nacional, regional ou local, sobretudo sob a ótica da
mais-valia relativa, além do efeito homogeneizante dos meios de
comunicação e da informática.
Não há como fugir de que, para ser competitivo, é mister
saber pensar, usar o conhecimento com criatividade extrema,
inovar de modo permanente e sistemático, e que isto depende, em
grande parte, da educação. Assim, para se chegar a um emprego
pelo menos razoável, é mister educar-se obstinada e
permanentemente. Entretanto, como a economia competitiva e
globalizada não se volta para a criação de emprego, mas para
a produtividade, a própria educação é enredada neste
processo, produzindo duplo efeito seletivo: somente os mais bem
educados terão melhor chance ou alguma chance; cada vez mais,
os mais bem educados serão menos bem pagos. A assim chamada
“educação profissional” será um expediente cada vez mais
estratégico, mas igualmente limitado.
O mercado enredado com o conhecimento inovador
tem se tornadot certamente mais competitivo, mas não mais
humano. Dificilmente se poderia imaginar a volta do “pleno
emprego”, que existiu somente em alguns momentos fugazes, como
foi no welfare state (os
gloriosos trinta anos).
Este cenário tem recolocado a discussão importante sobre os
limites do sistema capitalista, questionando fortemente se seria
viável uma transformação produtiva com eqüidade ou o
desenvolvimento humano como tal.
Por trás desta polêmica, aparece geralmente a análise
marxista da mercadoria, ao invés das alusões à questão da
luta de classe, como é o caso notório de Kurz.
O fato de que, nos países avançados, o crescimento foi
acompanhado de redistribuição de renda não pode ser apontado
como prova da ligação harmoniosa entre crescimento e eqüidade,
seja porque eles não passam ainda de um clube restrito, seja
porque a crise globalizada também está batendo às suas
portas. Por outra, o recuo impressionante dos direitos
trabalhistas em todo o mundo, a título de flexibilização do
sistema produtivo, assinala igualmente para um horizonte de
perspectivas complicadas,
no qual a educação, ao lado de ser lançada como tábua de
salvação, não resolve tudo, sobretudo porque não é ela que
cria emprego, pelo menos no curto prazo.
A educação será chamada à cena também para
garantir a cidadania, em primeiro lugar. A inserção no mercado
de trabalho vai constar dela como preocupação central, mas não
se tornará menos importante aprender a lutar contra o predomínio
do mercado na vida das pessoas. Até porque, grande parte da
população ativa não terá emprego, e talvez nem trabalho. A
idéia do desenvolvimento humano, ainda que estranha no ninho do
capitalismo, emerge com alguma força, tendo como parteira,
menos a idéia de justiça, do que a força da crise. Fato
relativamente novo é que esta crise corrói o centro do centro,
não apenas as periferias. O apelo desesperado à educação
pode retratar sobretudo, de uma parte, o atraso em que se
encontra a maioria dos países, e, de outra, o escamoteamento de
um novo tipo de seletividade, apontando para a sobrevivência
apenas daqueles que conseguem galgar os níveis mais altos de
educação e mantê-los permanentemente atualizados. O manejo crítico
e criativo do conhecimento como vantagem comparativa mais
decisiva dos povos significa que é mister ir muito além do
mero crescimento e atingir a condição de um povo capaz de
pensar para poder realizar sua oportunidade de desenvolvimento.
Não deixa de ser relevante o reconhecimento de
que educatção tem impacto crucial na economia, através da
competitividade produtiva, porque isto a retira da mera
“superestrutura”, geralmente perdida em promessas retóricas,
mas é equívoco total reduzi-la a esta faceta. Perde-se a noção
de fim, passando a vê-la como simples instrumentação tecnológica,
tendo o mercado como seu fulcro básico. O papel substancial da
educação, em particular da educação básica, é o confronto
com a pobreza política, no caso das maiorias excluídas,
precisamente porque é impossível superar a pobreza sem o
pobre. Ou seja, é impossível realizar confronto adequado com a
pobreza se o pobre não conseguir saber criticamente que é
pobre, e principalmente que é feito e mantido pobre. Podemos,
por simplificação, reduzir esta competência à capacidade de
saber pensar e de aprender a aprender,
desde que se vincule a isto a mesma capacidade de intervir. A
escola deixa de ser coisa pobre para o pobre, como é comum na
escola pública latino-americana, a partir do momento em que se
torne capaz de realizar aprendizagem adequada, de tessitura
fundamentalmente político-crítica, com qualidade formal e política,
tendo em vista sua cidadania, em primeiro lugar, e sua inserção
no mercado, em segundo lugar. A curto prazo o impacto da educação
básica na economia é praticamente imperceptível, até porque,
com o tempo, a escolaridade obrigatória será vista como mero
pressuposto. O sentido propedêutico da educação básica será
sua maior virtude, para preparar cidadãos qtue possam contribuir
crítica e criativamente para o futuro da sociedade, no sentido
de poderem lutar por algo similar ao “desenvolvimento
humano”.
III. APRENDIZAGEM RECONSTRUTIVA
Em particular após a obra de Piaget,
tornou-se mais comum entender a aprendizagem como fenômeno
reconstrutivo, no sentido tendencialmente político de
capacidade histórica do sujeito de fazer história própria
individual e coletiva, mesmo que muitas pesquisas recebam a
suspeita de excessivo estruturalismo (fases dadas da evolução
da aprendizagem).
Talvez a perspectiva mais interessante seja a descoberta do teor
político da aprendizagem, para além das formulações vagas e
exacerbadas sobre “transformação social” destituídas de
satisfatória instrumentação teórica e metodológica. Para
tanto contribuiu também o ambiente dito pós-moderno da discussão
em torno do conhecimento e da educação, enriquecendo
sobremaneira o debate,
apesar de seu freqüente caráter contraditório, disperso e
impertinente.
É mais conhecida a terminologia da “construção
do conhecimento”, por conta da obra de Piaget
que leva o nome de “construtivismo”. Não a adotamos aqui,
apenas para não insinuar que a aprendizagem reconstrutiva só
poderia ser feita através das idéias deste autor e também
para não reforçar uma certa tendência excessivamente rigorosa
ou menos hermenêutica, a saber: normalmente reconstruímos
conhecimento, porque partimos do que já conhecemos, aprendemos
do que já está disponível na cultura; a construção
do conhecimento também pode ocorrer, mas é um passo de
originalidade acentuada, dificilmente aplicável ao dia-a-dia.
Entendemos por aprendizagem reconstrutiva aquela
marcada pela relação de sujeitos e que tem como fulcro
principal o desafio de aprender, mais do que de ensinar, com a
presença do professor na condição de orientador "maiêutico".
Tem como contexto central a formação da competência humana,
de cunho político, certamente instrumentada tecnicamente, mas
efetivada pela idéia central de formar sujeitos capazes de história
própria, individual e coletiva. Assim, quando se aproxima este
tipo de aprendizagem, do saber pensar e do aprender a aprender,
a diferença substancial frente às idéias tecnicistas ou da
assim chamada qualidade total está em que o propósito ético-político
se constitui na razão dte ser do processo, permanecendo o manejo
do conhecimento e a referência ao mercado como meio. Ou seja, a
qualidade política prevalece sobre a qualidade formal, ainda
que uma não substitua nem se desfaça na outra. Ao mesmo tempo,
a presença do professor é considerada componente intrínseco
da aprendizagem, por ser esta uma habilidade humana e social, não
eletrônica ou apenas técnica.
Por outra, o desafio da aprendizagem
reconstrutiva se alimenta igualmente de certas linhas de
pensamento do conhecimento pós-moderno, sobretudo frente à
problemática da incerteza, da complexidade do real e da
interdisciplinaridade. Ao contrário do ensino, que se esforça
por repassar certezas e que são reconfirmadas na prova, a
aprendizagem busca a necessária flexibilidade diante de uma
realidade apenas relativamente formalizável, valorizando o
contexto do erro e da dúvida. Pois quem não erra, nem duvida,
não pode aprender. Pode estranhar, mas esta visão mais dinâmica
do processo de aprender encontra hoje fundamentos mais explícitos
nas áreas das ciências naturais, do que na pedagogia ou nas ciências
ditas humanas. Combate-se a propensão instrucionista da
pedagogia atual, fixada no treinamento de fora para dentro e
marcada pela idéia de ensino. Essas teorias reforçam a
aprendizagem como processo de formação da competência humana
política, mais do que apenas o substrato técnico-instrumental.
São menos teorias de como ensinart, do que de como aprender.
Chama muito a atenção a convergência formidável das várias
teorias, sobretudo daquelas com origem fora das ditas ciências
sociais e humanas, além de sua tendência interdisciplinar.
É conhecido o grupo de psicoterapeutas
construtivistas, que imaginam imprimir ao processo de cura a
conotação de uma aprendizagem reconstrutiva, evitando a idéia de
“paciente”, bem como o esforço de Habermas
de conceber uma proposta de moral reconstruída ao longo da
vida, dentro das fases piagetianas.
Na psicanálise, é notória a valorização do mundo afetivo em
conexão com um projeto de autonomia, e que hoje está na moda
por conta da pesquisa interdisciplinar que une biologia e
psicologia, com realce para a emoção.
O interacionismo de Vygotsky
cabe com grande perfeição na idéia de aprendizagem
reconstrutiva, valorizando os contextos sócio-culturais que
permitem tanto mais apreciar os fenômenos participativos. Esta
ilação se torna ainda mais ostensiva, quando se combina Vygostky
com Gramsci, como é usto em muito ambientes latino-americanos, porque
permite um compromisso mais visível com a superação da exclusão.
Na biologia chamou a atenção sobretudo o
conceito de “autopoiese” de Maturana
e Varela, que permitiu um dos confrontos mais notáveis contra o
instrucionismo, embora em ambiente ainda mecanicista.
Do ponto de vista do observador, a realidade não se impõe ao
sujeito, mas é este que constroi a realidade, apanhando nela o
que a tessitura biológica permite. Assim, a idéia de
“auto-formação”, embora circular, propicia vislumbrar o
que já é moeda corrente na lingüística: toda linguagem é
incapaz de apenas reproduzir a realidade, como uma cultura seria
incapaz de apenas copiar a outra. Este tipo de
criatividade é própria do ser vivo, valendo também, pelo
menos até certo ponto, para a matéria, segundo as noções
surpreendentes de Prigogine, por exemplo.
A matéria não evolui linearmente, de modo repetitivo, como
dariat a entender a matemática linear, mas manifesta saltos
criativos, como se poderia demonstrar pelo fenômeno da emergência.
A aprendizagem, neste contexto, está ligada a um mundo incerto,
e não a receitas prontas, voltando à cena o papel do erro e da
dúvida. Esta mesma direção foi tomada por Penrose
na matemática, mostrando que o computador não pode aprender,
porque não sabe errar, ou porque é incapaz de conviver com a
incompletude do conhecimento,
como diria o teorema de Gödel,
ou a circularidade hermenêutica de Habermas.
O mais surpreendente destas teorias certamente
muito complexas é que se valoriza a intuição de Paulo
Freire, que definia educação como a capacidade de ler a
realidade politicamente. A competência humana mais própria não
é a técnica, mas a política, através da qual interfere na
realidade buscando alternativas. A competência técnica é
necessária, mas é instrumental. Por ironia, a pedagogia é
possivelmente a disciplina que menos tem percebido esta evolução,
insistindo ainda em parâmetros instrucionistas. Acredita mais
no repasse de conhecimento, do que em sua reconstrução.
IV. INFORMÁTICA E INSTRUCIONISMO
A teleducação
representa hoje com certeza o futuro da educação. Mas não
resolvemos ainda a contento o problema da aprendizagem. Tem tendência
instrucionista forte, ligada ao repasse sistemático de informação.
Este problema pode ser considerado resolvido pela instrumentação
eletrônica: dispomos de toda a informação que necessitamos e
querermos. Permanece, porém, o desafio de ultrapassarmos a
informação, para chegarmos à formação. Há muito mais “distância”, do que educação na
“educação à distância”. Parte da questão se prende à
história da inteligência artificial, que sempre acreditou em
excesso no paradigma representacional da mente, hoje fortemente
negado pela biologia e pela lingüística. Para Minsky e Simon o cérebro
humano funciona como computador, podendo ser aceita a tese da
aprendizagem no funcionamento atual do computador, mesmo ainda
restrito a processos heurísticos de codificação passo a
passo, de teor linear.
Esta expectativa está em crise, chamando a atenção
o recente livro de Tapscott
sobre a “net generation”.
Deixando de lado sua obsessão pela informática na sociedade e
na economia, apresenta pelo menos dois tópicos muito
interessantes:
a) pela primeira vez na história conhecida do gênero
humano aparece geração nova que consegue ensinar a mais velha,
o que é facilmente comprovável na facilidade com as crianças
lidam com computador, ao contrário dos adultos, como regra;
b) a “geração-rede”, por sua vez, estaria
cada vez mais disposta a aprender de verdade, rechaçando o
instrucionismo dos sistemas educacionais formais e exigindo
paradigmas tipicamente reconstrutivos, realizados de preferência
em rede.
O autor faz crítica dura às tendências
instrucionistas da informática atual e da escola em geral.
Embora nos pareça não muito evidente que a “geração-rede”
esteja tão disposta a estudar, é por demais pertinente este
questionamento, porque, se ninguém duvida que o futuro da educação
esteja na teleductação, esta ainda está mais para a promessa
do que para propostas inequívocas em termos de educação e
aprendizagem. O acesso à informação está resolvido pela
instrumentação eletrônica, mas o acesso à formação é algo
ainda distante, embora existam muitas experiências dignas de
nota. As perspectivas que se abrem são, de veras,
surpreendentes. Participando de grupos de estudo em rede, é
possível às crianças, além de obter informação
extremamente interdisciplinar e globalizada, entrar em ambientes
marcados pela pesquisa e elaboração própria, individual e
coletiva, tendo como vantagem natural o uso de instrumentos
extremamente lúdicos e sedutores.
Um dos lugares mais privilegiados para discutir
aprendizagem é o da inteligência artificial, e, por extensão,
para discutir as propriedades mais substanciais do que seria,
afinal de contas, educação. Trata-se, porém, de debate
extremamente complexo e disperso, em parte também modista e por
vezes agressivo e que reflete, freqüentemente, divergências clássicas
entre modos de ver da Europa e dos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos a crença na inteligência artificial é
quase obviedade ou pelo menos apenas questão de tempo, enquanto
na Europa ainda se olha tal expectativa com reticência. Tais
diferenças retratam também pontos metodológicos bastante
divergentes, como é o estilo teórico-reflexivo típico de um Habermas,
ou o estilo tmais operatório de um Simon
ou Minsky.
Entretanto, está também por trás intensa
discussão em torno de paradigmas pós-modernos da ciência que
vão desde os extremos dos que já imaginam o fim da ciência,
como Horgan,
ou os que imaginam que a realidade é, no fundo, indevassável,
como Barrow,
ou que a consciência ainda é mistério, como
Searle. Ao lado disso, tem importância a pesquisa sobre emergência,
indicando o fenômeno tipicamente complexo da passagem não
linear de um estado a outro nos processos de mudança, como bem
o mostra Holland,
entre outros. Tomando o exemplo
corriqueiro da água: é formada por hidrogênio e oxigênio,
dois gases e inflamáveis; seu produto, entretanto, é um líquido
e não inflamável. Ou seja, no processo de formação da água
há um salto não linear, fenômeno que também seria típico da
inteligência humana. Esta característica é muito explorada
também por Penrose,
do ponto de vista da matemática não linear, partindo do
teorema da incompletude. Busca afirmar que a inteligência
humana não pode ser computacional, porque o processo humano de
aprendizagem seria de ordem quântica, consentâneo com um tipo
de conhecimento capaz de processar o erro, a dúvida, a imprecisão,
que seriam, ademais, marcas da própria realidade, numa aproximação
surpreendente de Prigogine.
A própria ciência mostra esta marca, seja no teorema de Gödel,
seja no círculo hermenêutico ao estilo das ciências humanas:
com efeito, toda argumentação científica é por definição
circular e imperfeita, porque usa, para se constituir,
componentes ainda não cientificamente constituídos. A ciência
é incapaz de oferecer verdades, a não ser pela via da
mistificação. A aprendizagem é, em sua essência, a
habilidade de saber pensar, sobre um pano de fundo de uma
realidade que sempre nos escapa e de certezas que sempre
desmoronam. A ciência não é uma proposta para desfazer a dúvida,
mas de criatividade alimentada pela dúvida. Neste sentido, pelo
menos até ao momento, o computador não seria capaz de
aprender.
A inteligência artificial pode ser compreendida
como inteligência, mas no sentido heurístico do domínio passo
a passo e linear dos processos, no que a máquina já supera o cérebro
humano ostensivamente. Usando o exemplo do jogo de damas, Casti
tenta mostrar que, no homem, podemos prever altgumas jogadas,
passando rapidamente de situações concretas para generalizações
que vão muito além do que permitiria a base empírica. Já o
computador, conseguindo armazenar e manejar uma base empírica
acumulada de maneira muito abrangente e rápida, pode prever um
número quase infinito de jogadas, combinadas com procedimentos
também armazenados dos grandes campeões em cada caso,
permitindo o domínio eficiente, embora linear, de situações e
desafios. Uma das diferenças, entretanto, é que o ser humano
pode surpreender com a criatividade, enquanto o computador tende
a ser repetitivo e cumulativo. Os adeptos da inteligência
artificial, entretanto, apostam na evolução cada vez mais próxima
do domínio de procedimentos não lineares e complexos, o que
seria apenas uma questão de tempo. Para Sfez,
em sua crítica da comunicação, e do ponto de vista
tipicamente europeu, a comunicação computacional estaria ainda
longe de ser capaz de expressão hermenêutica, como é o caso
clássico da tradução por computador. Esta expectativa é
considerada hoje falida, porque é impossível, pelo menos até
ao momento, introduzir nele a habilidade complexa e emergente de
compreender contextos e panos de fundo culturais. Um exemplo mínimo
desta dificuldade está no programa de todo processador de texto
ligado à “autocorreção”: funciona de maneira
“quadrada”, no sentido de que corrige apenas erros lineares,
não sendo capaz de entendimentos não lineares, como é, por
exemplo, erro de concordância ou de sentido.
Torna-se, asstim, interessante a descoberta que a
inteligência artificial vai fazendo de sua tessitura política
também, mostrando que está em jogo não só estilo de competência
técnica, mas sobretudo política. Aprender é, no fundo e
propriamente, inventar oportunidades e principalmente fazer-se
oportunidade. Os apoios técnicos são todos importantes, mas
ficam no campo da instrumentação. O debate evolui também para
o campo da afetividade, como mostra a obra de Picard,
mesmo que ainda presa ao estilo representacional. Indica, de
todos os modos, que a visão instrucionista não condiz com a
aprendizagem.
PARA CONCLUIR: EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS
Direitos humanos são produto processual
tipicamente político, conquista histórica. Talvez seja uma das
faces mais convincentes da luta contra a pobreza política.
Neste tipo de sistema, é comum que o discurso em torno deles se
faça para encobrir as barbaridades históricas que ainda
cometemos, como sucede também em torno da educação: quanto
mais se fala que é prioridade, menos se tem compromisso com
ela. Mesmo assim, a noção de direitos humanos nasce da consciêntcia
crítica e contém sempre projeto alternativo de sociedade,
proveniente de sociedade que saber pensar. Mostra que a
humanidade está “aprendendo” com seus erros e experiências,
reconstruindo seu trajeto dentro de padrões mais ligados ao bem
comum e à qualidade de vida.
É importante a história da engenharia das máquinas,
mas é ainda mais importante a “engenharia humana”, que
busca criar sociedade sempre plural, mas unificada nos direitos
humanos. O “milagre” da educação é menos o domínio do
conhecimento, do que a gestação da capacidade de fazer história
própria, individual e coletiva, e sobretudo solidária.
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