
Tribunal
da ONU faz três
acusações contra Milosevic
O tribunal de crimes de guerra da
ONU, com sede em Haia (Holanda), acusa o ex-presidente iugoslavo
Slobodan Milosevic e quatro cúmplices de três crimes contra a
humanidade, segundo o artigo quinto do Estatuto do Tribunal:
deportação, assassinato e perseguição por motivos políticos,
raciais ou religiosos. Outra acusação de assassinato foi feita
com base no artigo terceiro da Convenção de Genebra, que
regulamenta os crimes contra as leis e costumes da guerra.
Milosevic e seus assessores, que
ocupavam cargos importantes à época, são acusados de deportar
740 mil albaneses de Kosovo - quase um terço da população
albanesa daquela região iugoslava. As acusações, atualizadas em
29 de junho de 2001, identificam mais de 500 albaneses mortos em
massacres em várias aldeias. "Entre janeiro de 1999 e 20 de
junho de 1999, Slobodan Milosevic, Milan Milutinovic, Nikola
Sainovic, Dragoljub Ojdanic e Vlajko Stojiljkovic planejaram,
instigaram, ordenaram, cometeram e de alguma maneira auxiliaram e
induziram a uma campanha de terror e violência contra os
albaneses que viviam em Kosovo, na República Federal da Iugoslávia.
?? As operações foram feitas com o objetivo de remover uma parcela
substancial da população albanesa de Kosovo, em um esforço para
assegurar o controle sérvio sobre a província", diz o
documento da ONU.
"As forças da Iugoslávia e
da Séria expulsaram centenas de milhares de albaneses de suas
casas. Esses crimes ocorreram de maneira disseminada e sistemática
e resultaram na morte de numerosos homens, mulheres e crianças."
A acusação lista várias chacinas, como por exemplo: "Por
volta de 25 de março de 1999, as aldeias de Velika Krusa e Mali
Krusa foram atacadas por forças da Iugoslávia e da Sérvia.
Moradores buscaram refúgio em uma área florestal nos arredores
de Velika Krusa, de onde puderam observar como a polícia
sistematicamente saqueava e queimava as casas. Por volta da manhã
de 26 de março de 1999, a polícia sérvia encontrou os moradores
na floresta. A polícia ordenou que mulheres e crianças pequenas
deixassem a área e fossem para a Albânia. Homens e meninos foram
revistados e tiveram seus documentos de identidade confiscados, e
foram em seguida levados para uma casa abandonada entre a floresta
e Mali Krusa. Uma vez reunido dentro da casa, o grupo foi alvejado
pela polícia sérvia. Após vários minutos de tiroteio, a polícia
empilhou os corpos e ateou fogo neles. Em conseqüência dos tiros
e do fogo, 105 homens e meninos de Kosovo foram mortos pela polícia
sérvia".
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