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Página Inicial | Anatália de Souza Alves de Melo | Djalma Maranhão | Édson Neves Quaresma | Emmanuel Bezerra dos Santos | Gerardo Magela Fernandes Torres da Costa | Hiran de Lima Pereira | José Silton Pinheiro | Lígia Maria Salgado Nóbrega | Luís Ignácio Maranhão Filho | Luís Pinheiro | Virgílio Gomes da Silva | Zoé Lucas de Brito

 

Jogado no rio

Hiram de Lima Pereira (3/10/13 – 15/1/1975)

De acordo com o Dossiê, Hiran era dirigente do PCB. Nasceu em Caicó (RN), filho de Hilarino Amâncio Pereira e Maria Marieta de Lima Pereira. Desaparecido desde 1975, quando contava 62 anos. Era casado com Célia Pereira e tinha quatro filhas.

Foi preso pelos órgãos de segurança em 15 de janeiro de 1975, e está desaparecido desde então. Sua morte foi reconhecida no anexo da Lei 9.140/95.

O ex-sargento do Exército Marival Chaves revelou que Hiran foi interrogado no centro de torturas e execuções implantado clandestinamente pelo DOI-Codi em Itapevi, na Grande São Paulo, morreu sob torturas e o seu corpo foi lançado em um rio próximo a Avaré.

Em 20 de setembro de 1976, foi julgado à revelia pela 2ª Auditoria da Marinha. No Relatório de Ministério do Exército consta que, “em março de 1991, reportagem veiculada pelo Jornal do Brasil relata que, na abertura dos arquivos do Dops/PE, os pesquisadores descobriram no prontuário do nominado um extrato bancário do dia 28/1/75, concluindo que esta provavelmente foi a data em que ocorreu sua morte”. No Relatório do Ministério da Marinha consta que em “abril/75, foi preso por agentes de segurança”.

Em um documento encontrado no Dops/RJ em 1992, identificado como DI/DGIE do RJ de 7/12/79 há a seguinte nota sobre Hiran: “Teve seus direitos políticos cassados por dez anos em 20/2/67. Segundo documento aqui existente, teria sido preso em 15/1/75, e em 26/6/75, estaria desaparecido conforme Manifesto publicado pelo MDB”.

No Arquivo do Dops/PR, foi encontrado o nome de Hiran em uma gaveta com a identificação: “falecidos”.

 

Três encontros

De sua filha Zodja Pereira:

 

Tomei conhecimento por relatos de familiares e conhecidos que meu pai já tinha atividades políticas bem antes de meu nascimento. Sei que, em meados da década de 30, foi detido no Rio de Janeiro, onde prestava serviços ao Exército Nacional, servindo na PE, tendo ficado preso nessa ocasião cerca de um ano. Em 1946, Hiran foi eleito deputado federal pelo Estado do Rio Grande do Norte, onde conseguiu uma das maiores votações na legenda do PCB. Logo a seguir foi cassado, junto com a legenda partidária, por ato do Governo Federal.

No ano de 1949, transferiu sua residência para o Recife onde passou a ser um dos redatores do jornal Folha do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Brasileiro, de âmbito estadual. Concomitantemente, passou a trabalhar como vogal em uma das Juntas de Conciliação da Justiça do Trabalho sediado no Recife.

Participou ativamente de todas as campanhas eleitorais, tanto de caráter nacional, estadual como municipal. Por volta de 1958, Miguel Arraes foi eleito prefeito do Recife, tendo convidado meu pai para exercer as funções de secretário de Administração da Capital Pernambucana, permanecendo nesse cargo por mais duas administrações sucessivas dos prefeitos Pelópidas e Liberato.

Em agosto de 1961, foi sequestrado por agentes do IV Exército, ficando desaparecido por dez dias, sendo que inicialmente, em local desconhecido e, posteriormente na Ilha de Fernando de Noronha. Após essa prisão retornou às suas funções de secretário executivo municipal do Recife e atuou como ator de Teatro no Grupo Profissional, denominado Teatro Popular do Nordeste, estreando na peça de autoria de Ariano Suassuna A Pena e a Lei, com direção artística de Ermilo Borba Filho.

Após o Golpe Militar de 1º de abril de 1964, minha mãe, Célia Pereira, e minha irmã, Sacha Lídice Pereira, foram detidas, no Recife, em nossa residência como reféns por agentes do IV Exército, ficando presas no RO, em Olinda. Os noivos de minhas irmãs, Ardigan e Nathanias, foram igualmente detidos. Meu pai estava clandestino na própria cidade do Recife, onde ficou até o ano de 1966, quando se transferiu para o Rio de Janeiro e, posteriormente, para a cidade de São Paulo.

Dessa data até o ano de 1975, meu pai teve intensa participação nos movimentos políticos contra a ditadura e em favor da liberdade e da justiça social, sendo que essas atividades foram exercidas no PCB e na qualidade de jornalista. Durante esse período, a par de suas atividades políticas partidárias, meu pai esteve sempre presente na vida familiar, mantendo contato comigo, com minha mãe e as outras três irmãs.

Na passagem de ano de 1974 para 1975 mantive meu último contato com meu pai na residência de Sacha, em São Paulo, no bairro de Campo Belo. Sei que minha mãe, com quem residia nesse período, manteve outros contatos com meu pai, na primeira semana de janeiro de 1975. Meu pai marcou três pontos alternativos nas datas de 13, 15 e 17 do mês de janeiro, não tendo comparecido ao primeiro. Minha mãe foi detida no dia 15 na minha residência. Ela ficou detida nas dependências do DOI-Codi, à Rua Tutóia, São Paulo, por três dias, sendo que agentes desse organismo policial permaneceram durante este período em minha casa. Minha mãe sofreu sevícias e torturas durante essa detenção e, pela forma como foi conduzido seu interrogatório, chegou à conclusão de que meu pai teria sido morto em torturas nessa mesma época. Minha mãe teria vislumbrado, entre várias pessoas conduzidas às sessões de tortura, um cidadão encapuzado com características físicas que pareciam ser as do meu pai.

Quero esclarecer também que todos os meus familiares tinham conhecimento de que meu pai, durante esse tempo de clandestinidade, usava o nome de guerra de José Vanildo de Almeida e que tinha toda sua documentação com esse nome, que era de um parente já falecido. Cerca de um mês depois, eu e minha irmã Sacha fomos detidas por algumas horas nas dependências do DOI-Codi, onde, encapuzadas, fomos interrogadas.

Logo a seguir, eu e meus familiares passamos a buscar a ajuda e os serviços de advogados e de órgãos que colaboravam na procura de desaparecidos políticos.

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