Perfil
Maria de Nazaré Gadelha Fernandes
Desde 1994, a advogada e defensora dos direitos humanos Nazaré Gadelha,
coordenadora do CDDHD - Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese de Rio
Branco, Capital do estado do Acre, vêm sendo vítima de graves ameaças de morte e
já sofreu alguns atentados à sua vida.
As primeiras ameaças de morte contra Nazaré surgiram em decorrência dos
trabalhos por ela desenvolvidos na Penitenciária Dr. Francisco de Oliveira Conde
que, desde o início da década de 1990, ficou sob custódia da Polícia Militar e
se tornou uma central do crime organizado e do tráfico de drogas no Estado do
Acre. Como Nazaré desenvolvia um grande trabalho dentro do presídio junto aos
presos e denunciou alguns abusos cometidos dentro daquele estabelecimento
prisional, passou a receber ligações telefônicas alertando-a para que não
retornasse a Penitenciária. Logo em seguida, em setembro de 1995, ao se dirigir
à Penitenciária e adentrar em um dos seus pavilhões, Nazaré foi reconhecida por
policial militar, que tentou intimida-la, avisando que a sua presença não estava
autorizada, ocasião em que lhe mostrou uma arma de fogo. Tal atitude não
intimidou Nazaré que continuou desenvolvendo seus trabalhos como defensora dos
direitos humanos.
Em 1999, Nazaré prestou um dos mais importantes depoimentos na Comissão
Parlamentar de Inquérito do Narcotráfico instaurada pelo Governo do Estado do
Acre, que acabou por desvendar quem eram os mentores do esquadrão da morte mais
perigoso e atuante da região que desde de 1980 é apontado como o principal
responsável pela morte e mutilação de mais de 150 pessoas. . Referido grupo
criminoso tinha como mandante então Deputado Federal Hildebrando Pascoal. Logo
após ter prestado depoimento à CPI do Narcotráfico, a vida de Nazaré virou um
verdadeiro martírio, pois ela passou a receber telefonemas diários de ameaça de
morte na sua residência, perseguições pessoais por um dos membros do Esquadrão
da Morte, surpreendeu-se com uma armadilha no seu local de trabalho, quando um
grupo de cinco homens cercou o imóvel em que funcionava a edifício da CDDHD e
foi vítima de várias tocaias em sua casa. Durante alguns meses Nazaré teve que
se retirar do estado do Acre, e de novembro de 1999 a janeiro de 2002 recebeu
proteção policial.