Militantes
Brasileiros dos Direitos Humanos
João Baptista Herkenhoff
Fraternidade e Vida
A CNBB,
com apoio de um elenco de Igrejas e de instituições
da sociedade civil, desencadeia, nesta Quaresma,
mais uma "Campanha da Fraternidade".
Desta feita o lema é este: "Escolhe,
pois, a Vida".
A opção
pelo tema favorece a celebração
ecumênica, pois o culto à vida é
um dos fundamentos da ética cristã
e da ética de outras grandes árvores
religiosas e filosóficas.
Trata-se
não apenas do direito à vida, mas
do direito à vida plena. Não somente
nascer e viver, mas viver em plenitude com dignidade
e esperança.
Direito
não só à vida individual,
mas à vida coletiva: direito dos povos
e das diversas culturas à vida, respeito
às minorias no interior da sociedade global.
A vida
continua nas culturas que se preservam: culturas
minoritárias e oprimidas como a dos povos
indígenas, ou legado precioso e tantas
vezes esquecido como o da cultura negra.
Servimos
à vida: quando contribuímos na construção
de uma sociedade mais justa; quando defendemos
o direito à vida nas mais diversas circunstâncias;
quando proclamamos o valor de toda vida; quando
advogamos o direito universal á vida, em
contraposição à idéia
de que esse direito seria restrito a alguns.
Vale
a vida do que está prestes a se apagar.
Vale infinitamente esse pouco de vida porque a
vida vale infinitamente.
Vale
a vida daquele que traz consigo um grande déficit
físico ou mental porque o valor da vida
não está na dotação,
tão fugaz, com que sejamos aquinhoados
pela natureza.
Vale
a vida de quem, na aparência, não
integraria a sinfonia do Cosmos, atingido por
doença que estabeleça uma ruptura
de comunicação com o mundo. Vale
essa vida, como centelha de Deus, como desafio
para que com ela nos encontremos, no mistério
da comunicação que transpõe
o intelectual e o sensorial.
Também
defendemos a vida quando afirmamos o direito de
todos os seres criados à vida, quando pugnamos
na defesa do meio ambiente e de um mundo melhor
para as gerações que virão.
A vida
vale, onde quer que se manifeste.
Negam
o direito à vida: a fome; as exclusões
sociais; o armamentismo e a guerra; as políticas
que não privilegiam o ser humano.
Porque
a vida vale, e vale infinitamente, não
podemos concordar com a fome, a miséria,
as exclusões, os holocaustos nacionais
ou raciais, a violência em todas as suas
formas, a pena de morte.
Não
apenas com os cristãos, ou com os demais
crentes, mas com todos os homens e mulheres de
boa vontade, tentemos identificar as negações
de vida, na sociedade que aí está,
refletindo no âmago da própria consciência
e partilhando nossas preocupações
com outros através do debate, Em sentido
oposto a esse esforço de inventariar os
pontos negativos, busquemos ver os caminhos que
nos levem na direção de uma sociedade
que valorize e resguarde a vida. Após esse
debruçar sobre a realidade, o que nos cabe
é agir em defesa da vida e da vida em abundância. |