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Israel/Palestina: Violência sem fim

 Dermi Azevedo

 

Aproxima-se o século 21 e o histórico conflito entre o Estado de Israel e os palestinos com a previsão de enfren­tamentos cada vez maiores, em um processo de violência sem fim.

De 28 de setembro, quando começou a segunda Intifa­da palestinaniza, a 25 de outubro, foram assassinadas 137 pes­soas, das quais 117 palestinos, 12 árabes israelenses, 7 is­raelenses judeus e um soldado druzo do exército de Israel.

O atual momento de escalada entre israelenses e pales­tinos — no qual a imensa maioria das vítimas é palestina — teve início em 28 de setembro quando o chefe do partido direitista israelense Likoud, general da reserva Anel Sha­ron, visitou a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, considerada, tanto pelos muçulmanos, quanto pelos ju­deus, como um dos seus lugares mais sagrados.

Os muçulmanos chamam esse local de Haram El Shani­ff (o Nobre Santuário) e nele encontram-se os templos de AI-Aqsa e a Cúpula da Rocha, onde está a pedra em que, segundo a crença islâmica, da qual o Profeta Maomé su­biu aos céus. O local é também considerado o terceiro lu­gar mais sagrado do Islã, depois de Meca e Medina. Nele, Maomé teria orado sobre Jerusalém, nos primeiros 16 me­ses depois da revelação de Deus, recebida através do anjo Gabriel.

Para os judeus, a Cúpula da Rocha contém a pedra so­bre a qual, provado por Deus, Abraão colocou seu filho lsaac para ser sacrificado. Um cordeiro foi oferecido ao Senhor; em seu lugar. O mais importante no local, para os judeus, é a crença de que, nessa área, estão os restos do templo de Salomão, que será aí reconstruído, quando vier o Messias. Por isso, os judeus chamam oniza local de Monte do Templo.

De acordo com várias fontes, o governo de Israel havia sido advertido por Yasser Arafat, presidente da Autono­mia Palestina, de que a visita de Sharon resultaria, inevi­tavelmente, em violência. No dia seguinte, seis palestinos foram mortos e mais de 200 feridos no confronto com po­liciais e militares israelenses na Cidade Santa.

E importante lembrar que Anel Sharon comandou, nos anos 80, um dos maiores massacres contra palestinos na história do Oriente Médio, nas aldeias de Sabra e Chatila, perto de Beirute. Nessa ocasião, soldados israelenses mataram, na calada da noite, mais de 2 mil crianças, jovens, mulheres e idosos.

A violência tende a aumentar significativamente se for confirmado o acordo entre o primeiro ministro de Israel, Ehoud Barak e Ariel Sharon, para a formação de um go­verno de unidade nacional em Israel. Se isto acontecer, o processo de paz estará definitivamente sepultado. A exi­gência maior do Likud a Barak é a de poder vetar qual­quer item, nas negociações com a Palestina.

Do lado palestino, o partido Fatah, ao qual pertence Arafat, divulgou um comunicado em Gaza, em 24 de ou­tubro, afirmando que a Intifada “do povo palestino vai continuar até à vitória contra a ocupação niza sionista, a liber­tação de todos os territórios palestinos ocupados e o esta­belecimento de um Estado independente, tendo Jerusalém como capital”.

“A resistência contra a ocupação sionista usurpadora — continua o comunicado — e contra a bárbara agressão isra­elense contra nosso povo é um direito legítimo. Nosso povo está determinado a exercer plenamente seu direito e a re­sistir a essa agressão injustificada com todos os meios de que dispõe”.

A desproporção dos instrumentos de violência, entre Israel e a Palestina, é absoluta. Israel possui a bomba atô­mica e dispõe de forças armadas bem preparadas e equi­padas com a tecnologia de guerra mais avançada do mun­do. Seu serviço secreto, o Mossad, é também o mais prepa­rado entre todos os seus congêneres.

No entanto, a própria retomada da Intifada — em que os palestinos enfrentam os israelenses com pedras e algu­mas poucas armas — indica o mural alto do povo palestino e a sua capacidade de resistência.

Além do mais, os palestinos – unidos a outros movi­mentos árabes – enfrentam Israel, recorrendo a métodos nau convencionais de guerra, como é o caso da guerrilha e de atentados terroristas (que não são uma exclusividade dos movimentos árabes). niza

 

Uma longa história

 

E também fundamental entender que o Oriente Médio é, hoje, a mais importante região estratégica do mundo, porque nela estão situadas as principais reservas de petróleo. Considerando-se a dependência mundial com relação a essa fonte de energia, é possível entender a preo­cupação dos Estados Unidos e das demais potências oci­dentais, diante do perigo da extensão, para toda essa área, do conflito que, há 50 anos, separa judeus e palestinos.

Com efeito, tudo começou em 1948, quando as grandes potências da época, a começar pelo Reino Unido, permiti­ram que o nascente Estado de Israel fosse estabelecido no Oriente Médio, sem a garantia dos legítimos direitos do povo palestino.

Não houve o cuidado, naquela época, de assegurar uma partilha justa do território, e os interesses do Estado de Israel acabaram sendo propositalmente confundidos com a história religiosa desse povo. Na verdade, corno se sabe, tanto judeus quanto os palestinos, são, de acordo com a l3ibIia, descendentes de Abraão e, portanto, não podem invocar motivos religiosos nizapara a suposta “superiorida­de” de uns sobre os outros. 

O processo de paz 

As tentativas mais recentes de pacificação entre o Esta­do de Israel e a Palestina começaram em 1993, quando, depois de seis meses de negociações secretas, em Oslo, na Noruega, Israel e a OLP assinaram, em Washington, um acordo de reconhecimento mútuo, prevendo a autonomia palestina dentro de cinco anos. Nessa ocasião, o primeiro ministro Yitzhak Rabin e o líder da OLP, Yasser Arafat, tro­caram, na Casa Branca, um histórico aperto de mãos.

Em primeiro de julho de 1994, Arafat voltou à sua terra, depois de 27 anos de exílio e constituiu em Gaza, uma es­trutura autônoma, a Autoridade Nacional Palestina.

No ano seguinte, foi assinado, também em Washing­ton, o acordo Oslo II, sobre a extensão da autonomia na Cisjordânia.

Em 4 de novembro de 1995, o primeiro ministro Rabin foi assassinado por um extremista de direita judeu, sendo substituído pelo seu colega trabalhista Shimon Peres, o qual teve como sucessor, em junho de 1996, o líder direitista Benjamim Netanyahu. niza

Em 20 de janeiro de 1996, Yasser Arafat foi eleito presi­dente da Autoridade Palestina. Quase dois anos depois o Conselho Legislativo Palestino ( Congresso) anulou, em 14 de dezembro de 1998, artigos da Constituição palestina que propugnavam a destruição do Estado de Israel. Já em 5 de setembro de 1999, o novo primeiro ministro traba­lhista israelense, Ehud Barak e Yasser Arafat, assinaram, no Egito, uma versão renegociada dos acordos de paz.

No primeiro semestre de 2000, os acordos avançaram, com a transferência, para a Palestina, do controle, parcial ou total, de aproximadamente 40 % da Cisjordânia. Em julho, nos Estados Unidos, na presença do presidente BilI Clinton, Israel aceitou, pela primeira vez, a soberania pa­lestina sobre algumas áreas anexadas na cidade de Jerusa­lém. Mas não houve acordo sobre o problema dos Lugares Santos. Em contrapartida, a OLP adiou sine die a procla­mação de um Estado palestino, prevista para 13 de setem­bro.

Como já foi dito, todo o esforço de sete anos começou a ser destruído em 28 de setembro passado, com a visita de Sharon à Esplanada das Mesquitas, um dos três lugares mais sagrados do Islamismo. A partir daí, além dos 137 mortos, o mapa da violência contabiliza 3.000 feridos em 15 dias.

Os niza Estados Unidos e outras potências começaram, en­tão, uma corrida frenética para evitar o fracasso total do processo de paz. Nesse sentido, patrocinaram uma reu­nião, em 16 e 17 de outubro, na localidade de Charm el-Cheikh, no Egito. Os resultados dessa reunião, voltados para uma tentativa de cessar-fogo, foram anulados, na prática, pela escalada de violência que faz novas vítimas iodos os dias. 

Novas colônias 

Um outro fator de agravamento do conflito consiste na presença cada vez maior de colonos judeus nos territórios palestinos ocupados. Todos 05 primeiros ministros da his­tória de Israel, independentemente de seus pai tidos, pro­curaram expandir territorialmente o Estado judeu em ter­ras palestinas. Dados do Escritório Central de Estatísticas de Israel indicam que, no governo Barak, a construção de colônias hebraicas, financiadas pelo Estado, aumentou em 81 %, somente nos primeiros seis meses de 2000.

As construções privadas, feitas pelos próprios colonos, aumentaram em 141 7c . Quando foram assinados os acor­dos de Oslo, em 1993, viviam, nas colônias hebraicas, 110 mil pessoas. Em junho de 2000, esse número passou para 195 mil.

Paralelamente, 300 mil palestinos vivem em 13 camposniza de refugiados no Líbano, em meio da mais profunda mi­séria, sem contar outros milhares de palestinos refugiados na Jordânia e noutros países árabes. Somente em Israel, a minoria palestina é formada por 1 milhão e 200 mil pessoas, ou seja, 18% da população. São os chamados árabes israelenses. 

“Esparadrapo” 

A história desse conflito é, evidentemente, de grande complexidade e as forças pacifistas, tanto entre os judeus, quanto entre os árabes, estão, agora, na defensiva. Enquan­to isto, as raízes da guerra continuam inatacadas. Comentando, recentemente, os resultados da reunião de cúpula no Egito, a líder palestina Hanan Ashrawi, uma das mais destacadas intelectuais dessa comunidade, afirmou que os governantes, ali reunidos, trataram de “colocar um espa­radrapo sobre uma veia aberta”.

 

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