
O
CDHMP E A CONSTRUÇÃO DE UM
SISTEMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS
Diante da repercussão
do lançamento do Campanha Nacional Contra a Tortura no RN e as
expectativas criadas pela sociedade civil para um efetivo combate à
tortura e às constantes violações de direitos humanos nso nosso país,
queremos reiterar que há muito tempo essa agenda é objeto de discussão,
reflexões e propostas levantadas pelas Entidades representativas da
questão, tanto no plano nacional, quanto aqui no Estado do RN.
Aqui no plano local, as
organizações de Direitos Humanos foram protagonistas de várias
conquistas históricas, principalmente no tocante às formulações de
instrumentos de políticas públicas nessa área. Foi assim na criação
do Programa Estadual de Direitos Humanos-PEDH/RN em 1998, o segundo
programa criado no Brasil – o primeiro foi em São Paulo –
iniciativa esta que teve a participação decisiva das organizações
da sociedade civil, como também do apoio e parceria da Secretaria de
Trabalho, Justiça e Cidadania do Estado do RN; da Secretaria de Estado
de Direitos Humanos e a Consultoria especial do renomado Núcleo de
Estudos da Violência da Universidade de São Paulo.
A criação do Programa
Estadual desencadeou uma série de iniciativas e ações na área de
Direitos Humanos, algumas já objeto de antigas lutas e reinvindicações
das organizações de Direitos Humanos no RN. Tivemos a partir daí a
reformulação do Conselho Estadual de Direitos Humanos-RN, hoje uma
Instituição de referência no Estado e que tem uma composição social
das mais representativas. O Conselho tem estado presente em todas as
discussões e encaminhamentos nas políticas de Direitos Humanos no RN.
Como conquista recente
temos a instalação da Ouvidoria de Polícia do Estado do RN. As
Ouvidorias no Brasil tem tido uma posição de destaque através do Fórum
Nacional de Ouvidores, e na sua proposta de discussão e formulação de
uma nova política de Justiça e Segurança Pública no Brasil. A
Ouvidoria de Polícia do RN, sob a responsabiladade do Ouvidor Dr.
Marcos Dionísio Medeiros Caldas, faz parte desse Fórum e tem
desempenhado um papel extremamente importante nos debates e reflexões
produzidas por aquela prestigiada Instituição nacional. Convém
informar que a Ouvidoria de Polícia do RN foi escolhida através do
Conselho Estadual de Direitos Humanos, numa discussão com todos os seus
representantes, e portanto tem o seu caráter autônomo definido e
possue um mandato institucional exercido por um titular repaldado pela
sociedade civil.
Com essas conquistas e
ações propositivas fica mais claro entender porque estamos envolvido
na construção de um Sistema Nacional de Direitos Humanos para o
Brasil.
A proposta desse
sistema, que tem a iniciativa do MNDH - e aqui no RN o CDHMP é membro
filiado – nasce de uma principal recomendação da Organização das
Nações Unidas-ONU, e seus países membros, quando orienta estas nações
a criar e desenvolver instituições nacionais de proteção e promoção
dos Direitos Humanos.
A proposta apresenta
quatro pontos básicos na sua estrutura, que são: a promoção integral
dos Direitos Humanos; um sistema único e descentralizado; o controle
social e a atuação intersetorial transdisciplinar das políticas
oferecidas. Nesse sentido é fortalecido o Conselho Nacional de Direitos
Humanos – uma proposta em fase de consolidação – o Programa
Nacional de Direitos Humanos e seus congêneres estaduais e municipais,
respaldado no seu devido monitoramento e eficácia de aplicação, como
também nas disponibilização de fundos definidos em orçamento, para
que os programas e ações encontrem condições para serem efetivamente
implementadas.
Sendo assim, as
conquistas já alcançadas pelas organizações de Direitos Humanos seja
no Estado do RN, seja no plano nacional, fortalecem e colocam cada vez
mais necessário a criação de um sistema nacional de Direitos Humanos.
O funcionamento de um
Conselho Estadual participativo e democrático; a implementação das ações
do Programa Estadual de Direitos Humanos; a efetivação da Ouvidoria de
Polícia do Estado do RN e o desenvolvimento de redes educativas como a
da Campanha Nacional Contra a Tortura são exemplos de como o nosso
Estado pode contribuir, intervir e influenciar no debate nacional em
busca de novos horizontes e perspectivas humanistas e solidárias para a
vida, a cidadania e o respeito permanente pela dignidade humana.
Aluízio Matias
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