TERMO
DE DECLARAÇÃO
Reginaldo
Moura de Oliveira
Aos
21 dias do mês de agosto do ano de dois mil e um, nas dependências
da Corregedoria Estadual do Seridó, localizada na cidade de
Caicó-RN, na presença do Corregedor de Polícia da Secretaria
de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Norte, Dr.
Elias Nobre de Almeida Neto, do Ouvidor de Polícia do Rio
Grande do Norte, Dr. Marcos Dionísio Medeiros Caldas, do
Advogado Dr. Francisco Canindé de França, do Coordenador da
Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Natal-RN, Prof. Geraldo
Soares Wanderley e do Coordenador de Direitos Humanos e Defesa
das Minorias da Secretaria de Estado do Trabalho, da Justiça e
da Cidadania – SEJUC, Dr. Tertuliano Cabral Pinheiro,
escolhido pelos presentes secretário “ad hoc”, a exceção
do advogado referido, todos membros do Concelho Estadual de
Direitos Humanos e Cidadania, aí compareceu o Sr. Reginaldo
Moura de Oliveira, brasileiro, casado, vendedor ambulante,
filho de Regina Moura de Oliveira, com endereço na rua Santa
Cruz, 84 – Cidade da Esperança, atualmente preso provisório
na Penitenciária do Seridó – situada em Caicó-RN, ao qual
perguntado respondeu o seguinte: Que foi preso na praça da
Liberdade, centro de Caicó-RN, aos 21 de julho do corrente ano,
por ocasião da Festa de Santana, por policiais militares, sendo
um sub-tenente e um soldado; Que colocaram o depoente dentro do
carro da polícia e algum tempo depois, após a prisão de outra
pessoa, conduziram-o para a Delegacia de Polícia Civil; Que no
domingo foi retirado da cela por dois policiais civis e levado
à sala do Delegado Dr. Ronaldo, onde chegando algemado com as mãos
para trás, foi espancado inicialmente pelo Delegado com uma
cotovelada no estômago e em seguida obrigado a sentar-se; Que
ato contínuo o Delegado Ronaldo que encontrava-se vestindo
bermuda e calçando tênis, passou a chutar-lhe o peito
esquerdo, repetidamente; Que em seguida um agente policial
referido pelos colegas como sendo Valdir retirou um saco do
bureau do Delegado e passou a sufocar-lhe; que quando estava
prestes a morrer sem ar, o Delegado mandava retirar o saco plástico
que lhe sufocava e passava a espancá-lo com a palmatória na
omoplata direita; Que a operação (sufocamento e palmatória)
foi repetida duas vezes, que ao torturar o Delegado queria que o
depoente confessasse que estava hospedado num hotel da cidade e
estava ali para roubar juntamente com o Sr. José Antero durante
os festejos de Santana; Que em fase de negativas, o Delegado
torturava-o cada vez mais; Que até então não conhecia o Sr.
Antero, somente vendo-o pela primeira vez naquela oportunidade;
Que foi preso juntamente com sua esposa, a Sr.ª Hercília
Freire de Oliveira; Que ao sair da sessão de tortura ocorrida
no gabinete do Delegado, Dr. Ronaldo, foi orientado pelos
agentes de Polícia Civil para se perguntado sobre as marcas dos
espancamentos, dizer que tinha sofrido uma queda; Que embora
espancado o Delegado não mandou o depoente ao ITEP para fazer
exame de corpo de delito; Que continua sentindo fortes dores no
peito esquerdo, nada mais disse e nem foi perguntado, encerrei o
presente Termo de Declaração, que depois de lido por todos
segue assinado pelo depoente e demais presentes a ouvida deste.
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