TERMO
DE DECLARAÇÕES
Eduardo
Soares de Morais
TERMO
DE DECLARAÇÕES prestado, aos 14 de agosto de 2001, por Eduardo
Soares de Morais, brasileiro, solteiro, gerente de pintura,
residente na Rua Padre Inácio Brito Guerra, 20, Paulo VI, nesta
cidade, com 25 anos de idade, filho de Raimundo Amâncio de
Morais e Olinda Soares, analfabeto. Compareceu o referido senhor
a esta Promotoria de Justiça às 15:30 horas, na sala de audiências
da respectiva Promotoria, acompanhado pelo Sr. Geraldo Soares
Wanderley, o qual declarou e respondeu ao senhor Promotor o
seguinte: Que, deseja ratificar o depoimento prestado pela manhã;
que no dia 07 de junho do corrente ano, por volta das 21:30
horas foi procurado na sua residência pelos delegados Dr.
Ronaldo e Dr. Aécio que estavam acompanhados policiais
militares Cabo Alexsandro e o Soldado Ubaldo; Que o depoente foi
levado em um Golf azul para as imediações do motel de Zé
Preto, próximo ao Hospital Psiquiátrico e lá foi enrolado nos
braços do depoente uma camisa gandola própria do Exército e
algemado, ao tempo em que o delegado Ronaldo perguntava ao
depoente se ele tinha algum envolvimento com a morte de um
mototaxista o que ele negava e o delegado disse para os
circunstantes “agora vocês vão ver como se funciona”,
algemando o depoente por cima da camisa e colocando seus braços
para trás, encostando o peito na parte traseira do carro e
colocando um saco plástico na cabeça do depoente, tomando-lhe
a respiração; Que estava do lado de fora do carro e não sabe
precisar quem colocava o saco se era o delegado Ronaldo ou
soldado Ubaldo, mas sabe dizer que o delegado Aécio e cabo
Alexsandro se afastaram nesse momento; Que se sentiu sem força,
depois de 04 vezes em que o saco lhe tomava a respiração e
caiu, quando o saco finalmente foi retirado o depoente recobrou
as suas forças e correu para próximo ao Dr. Aécio e ao Cabo
Alexsandro, momento em que, quando dele se aproximava o Delegado
Ronaldo e o policial Ubaldo, o Delegado Aécio gesticulou
pedindo para parar com aquilo; Que em seguida foi colocado na
mala do carro e levado para a Delegacia e ficou preso por vários
dias; Que ouviu mais de uma vez o policial dizer aos presos que
se algum comentário saísse do que ocorria ali dentro, eles
sofreriam represálias por parte da polícia; Que pela manhã
prestou um depoimento com conteúdo diferente omitindo a violência
que sofrera atendendo a ponderações de vizinhos e amigos que
lhe diziam ser mais prudente não levar esses assuntos ao
conhecimento das autoridades, pois isso poderia gerar represálias
por parte da polícia, no entanto, refletiu melhor e achou que
deveria prestar um depoimento que agora faz dizendo que este
depoimento é o que expressa a verdade dos fatos e não ao que
prestou pela manhã; que não foi procurado por ninguém para
fazer esta mudança, apenas se arrependeu porque não falou a
verdade e ligou para o professor Geraldo Wanderley dizendo que
queria apresentar esta nova versão para os fatos. E como nada
mais disse nem lhe foi perguntado, deu-se por findo o presente
termo de declarações, o qual vai assinado por todos os
presentes
.Estado
do Rio Grande do Norte
Ministério Público Estadual
Promotoria de Justiça de Caicó – RN |