Delegado PLÁCIDO
MEDEIROS
Delegado da Polícia Civil
- RN
Agosto de 1997
Entrevistado: A história
é um pouco longa, viu? Deixa eu explicar prá vocês. As pessoas que
participavam do grupo que matava anteriormente, muito antigo, depois
passou prá um grupo novo, era o Abafador, etc.
Entrevistadora: Mais você
já tinha relação com esse grupo, na época... relação que eu digo,
você já acompanhava...
Entrevistado: Não,
existia um grupo que chamavam de Mão Branca, e tal, foi antes de eu
trabalhar na polícia, antes de 87, quando eu entrei na polícia já
tinha se desvendado esse, o Tenente Gurgel já estava preso, o Tenente não
seio quem tava preso, não sei quem mão de onça tava preso, já tinha
fugido, já tava tudo concretizado, quando eu entrei em 87. Mais esse
segundo grupo é de quando eu já trabalhava na polícia, eu já tomei
conhecimento desse funcionando. Certo?
Entrevistadora: Eu quero
dizer que o depoimento é do Delegado Plácido Medeiros.
Entrevistado: Bem, eu
conheci o advogado Gilson Nogueira, na oportunidade em que ele
acompanhado de um policial Jorge Gadelha, foi até a minha residência.
Jorge Gadelha já havia trabalhado comigo, na polícia e já sabia onde
eu morava, e o Gilson não me conhecia e nem sabia aonde eu morava. Então
ele pediu ao Jorge Gadelha que tinha trabalhado com Gilson, Jorge
Gadelha tinha trabalhado como segurança de Gilson, quando Gilson já
estava trabalhando na investigação da Chacina e por conta das ameaças,
o Gilson Nogueira tinha o trabalho do policial civil Gilson Nogueira.
Então o Jorge foi quem levou o Gilson na minha casa uma tarde e o
Gilson falou comigo o seguinte: que estava trabalhando nessas investigações
do grupo de extermínio e tal e que ele tinha conhecimento que eu
afinava, não tinha amizade, não tinha sintonia com o Dr. Maurílio
Pinto e o grupo dele, divergia das opiniões dele, isso era claro e óbvio,
todo mundo sabia. Então o Gilson perguntou se eu não poderia ajudar de
alguma forma, naquele trabalho que ele estava fazendo, de investigação
que ele estava fazendo, junto com os Promotores...
Entrevistado: Então o
Gilson me pediu uma ajuda no sentido de fornecer algumas informações
que eu tivesse a respeito das atividades do assassinato de pessoal e que
o Centro de Direitos Humanos, junto com um grupo de Promotores estavam
fazendo um trabalho que era de investigar a ação desse grupo de extermínio.
(...) que me fosse possível eu ajudava. Daí então eu comecei a freqüentar
aqui o Centro, conversar com o pessoal, participei de algumas conversas,
algumas reuniões e com o desenrolar das coisas eu comecei a me envolver
com o trabalho do pessoal a dar informações, apareceu a morte de Cório,
indiquei onde é o local que tinha ocorrido...
Entrevistadora: A morte
de quem?
Entrevistado: Cório, lá
em Petrópolis.
Entrevistadora: É um dos
casos?
Entrevistador: Foi
assassinado num bar que é da cunhada de Dr. Raul. Aí eu passei essas
informações prá Gilson, prá Gonzaga e as coisas foram evoluindo, e
um dia eu fui dar um depoimento na Assembléia Legislativa, numa sessão
lá dos Deputados que estavam visitando aqui a Comissão dos Direitos
Humanos, da Câmara Federal, aí foi depois daquele depoimento que o
pessoal começou a me apertar.
Entrevistadora: Você
pode colocar algumas daquelas coisas que você colocou lá?
Entrevistador: Eu falei
que existia na Polícia Civil grupos de policiais, e eles se denominavam
policiais de elite e trabalhavam diretamente para o Dr. Maurílio Pinto,
e que executavam diretamente as ordens do Dr. Maurílio, e que alguns
deles não eram policias civis concursados, o Ranulfo e o Jorge eram
policiais civis, mais o Edmilson e Patrício não eram policiais civis e
que as diligências que eles faziam geralmente terminavam em morte e que
depois apareciam alguns mandados policiais, e que havia um comentário
pela polícia de que esses mandados eram fabricados depois, somente para
justificar aquelas ações, mas mesmo assim, mesmo com os mandados, eles
não conseguiam justificar as ações deles exorbitantes, que não
previam atos daquela natureza. E sempre eles alegavam que eram recebidos
pelas pessoas a bala e nunca aparecia as armas, eles criavam essas histórias,
e iam assassinando e a gente notava que havia uma informação. Sabe-se
que lá pela Secretaria eles se denominavam de elite e achavam que eram
mais atuantes pelo resto da polícia. O próprio Dr. Maurílio colocava
eles nessa situação. Eles viajavam a serviço da polícia civil,
muitas vezes em diligências noutros estados, numa oportunidade no
estado da Paraíba, numa dessas ações eles assassinaram pessoas lá,
inclusive foram presos inclusive pela polícia do estado da Paraíba,
autuados em flagrante, respondem processo lá, e como havia um documento
de Dr. Maurílio dizendo que eles eram policiais civis, quando na
realidade não eram, uma Promotora lá ofereceu denúncia também contra
Dr. Maurílio por falsidade ideológica.
As coisas foram evoluindo
e surgiu a morte de Dr. Gilson Nogueira. O Dr. Gilson Nogueira era um
advogado que participava das atividades daqui do Centro de Direitos
Humanos e ele sempre, ele gostava de falar em público e quando ele
falava ele gostava de dizer o que ele sentia. E isso me parece que criou
um ódio no Dr. Maurílio e do grupo dele, criou um ódio no Dr. Gilson,
isso era notado nas entrevistas dos jornais e tudo. E um belo dia, por
volta das 10 e meia da manhã, recebi um telefone daqui do Centro, dando
a notícia que haviam assassinado o Dr. Gilson Nogueira, lá na granja
onde ele residia. Foi uma coisa tão surpreendente, que de imediato eu não
acreditei, pensei que era alguma brincadeira, alguma coisa aí o Mário
me telefonou, que é daqui do centro, repetiu várias vezes e foi aí
que me situei que aquela coisa parecia ser verdade. Aí ele disse, olha
o corpo dele já está no ITEP, aí eu sai da minha casa que eu moro
perto e então eu realmente constatei que o Gilson estava morto. Estava
lá, naquela, não sei como é que chamam, aquela pedra fria, com um
orifício relativamente grande na ponta, do lado esquerdo, e tinha
perfurações no peito, na perna também e já estavam concluindo lá os
exames. Eu cheguei a ver alguns projéteis que estavam tirando do corpo
dele, alguns até fragmentado. E eu tentei entrar em contato com um médico
amigo meu, que é legista, para ir lá ver o corpo de Gilson, para
anotar alguns detalhes, que eles poderiam passar sem dar importância
nas investigações, mas eu não consegui encontrar o médico porque ele
estava em São Paulo, participando de um Congresso. Inclusive eu soube
que nas investigações a Polícia Federal inclusive chegou a esse
telefonema que eu dei da minha casa. Eu acho que eu estava sendo
investigado, porque logo após a morte de Gilson eu dei um telefonema prá
residência desse médico, e a polícia federal me perguntou sobre isso
é uma prova de que eles mapearam os telefones da minha casa. Então, me
parece que não estavam procurando quem matou Gilson e sim quem era
amigo de Gilson. E logo após eu fui lá no ITEP, fiquei lá um tempo, e
fiquei chocado com aquela cena que eu vi do corpo do Gilson lá, de uma
pessoa que era alegre, brincalhão, que era não, durante dois anos que
eu conheci Gilson, nós nos tornamos amigos. Então eu senti bastante
aquela situação da morte dele.
Entrevistadora: E além
das colaborações que você teve nas investigações, quando você começou
a fazer parte do trabalho que o pessoal estava desenvolvendo aqui,
juntamente com Gilson, ele passou a ser, também, seu Advogado?
Entrevistado: É, numa
das oportunidades que eu fui a Assembléia Legislativa, que eu dei o meu
depoimento a respeito do Dr. Maurílio e do grupo que trabalhava com
ele, e também fiz uma retrospectiva de que eu vinha sendo perseguido
pela polícia, porque eu não era a favor e não participava de
determinados trabalhos da polícia, inclusive uma oportunidade em 1989,
quando eu prendi um bicheiro, chamado Luis Correia, fechei os cassinos
dele, e daí eu fui perseguido severamente pela cúpula da Secretaria de
Segurança e numa oportunidade que eu tive dois filhos menores
desaparecidos durante 4 dias, eu pensei que eles tivessem sido seqüestrados,
ou alguma coisa assim. Quando meus filhos apareceram, ficou esclarecido
que eles estavam na casa de 2 agentes de polícia, com a anuência do
Dr. Maurílio Pinto. Então eu acusei ele de ser conivente com a
contraversão do jogo do bicho e de cassinos e acusei ele de ter
participado do desaparecimento dos meus filhos menores durante 4 dias.
Então o Dr. Maurílio não ficou muito satisfeito com as minhas declarações,
obviamente, e entrou com uma ação contra a minha pessoa na justiça
por calúnia e difamação, alegando que eu havia caluniado ele com as
minhas declarações. Nessa oportunidade, o Dr. Gilson, por ser advogado
e amigo, ele mesmo se ofereceu prá fazer a minha defesa e nós fizemos
a defesa e o Dr. Gilson assinou, como advogado, e o resultado na justiça
é que a justiça aceitou os documentos que nós juntamos ao processo
aceitou como prova de que não havia calúnia e o que eu havia dito era
verdade. E, logo em seguida, coincidiu com a morte de Dr. Gilson
Nogueira. Então só explicando aí, na época em que Dr. Gilson
Nogueira foi assassinado ele era meu advogado nesse processo da justiça.
Ele morreu sem saber o resultado desse processo e o resultado saiu dias
após. Morreu sem saber o resultado do processo.
Entrevistadora: E foi a
seu favor...
Entrevistado: Foi a meu
favor o resultado. O Juiz aceitou minhas declarações como sendo
verdadeiras e não caluniosas, porque foi provado o que eu disse nos
documentos. Eu me encontrava de plantão, como delegado de plantão e
passamos muitos meses, depois da morte de Gilson, a gente pensando, o
que teria ocorrido, como teria acontecido. Nesse dia em que me
encontrava de plantão, me veio esse pensamento, aí eu imaginei, será
que o Jorge, o Abafador estava preso ou solto no dia da morte de Gilson,
será que ele teria participado, pois ele era a única pessoa que a
gente conhece que matou dezenas de pessoas. Capacidade para matar uma
pessoa ele tem de sobra. Então em pensando nisso, eu me dirigi para o
Corpo de Bombeiros, era aproximadamente umas vinte horas, vinte e trinta
horas, e cheguei lá pedi ao oficial de dia, ao oficial que fica de
serviço durante a noite, prá ver o livro que registrava as ocorrências
do quartel. Aí o oficial de dia muito educado, me atendeu, foi lá
pegou o livro e me trouxe. Aí eu tive a curiosidade de olhar no dia 20
de outubro, o dia em que Dr. Gilson foi assassinado, 20 de outubro de
1995, não é isso?
Entrevistadora: Foi o ano
passado, em 1996. Vai fazer um ano agora.
Entrevistado: 1996, é tá
certo. Eu tive a curiosidade de olhar, se esse Jorge se encontrava
presente no quartel preso ou ausente, e prá mim foi uma surpresa ver as
ocorrências que tinha. As pessoas que iam lá buscar o Jorge, por
exemplo, no dia 18 que era uma sexta feira, tive a curiosidade de olhar,
no dia 18 que era uma sexta feira o Jorge saiu do quartel as 9 horas e
29 minutos, escoltado pelo filho do Dr. Maurílio, que nunca foi
policial.(inaudível) Então o filho de Dr. Maurílio foi lá e pegou o
Jorge no carro particular dele, tem a placa do carro anotado tudo
direitinho... no livro tem anotado e o Jorge retornou ao quartel saiu às
9 e vinte e nove da manhã e retornou as 22 horas. Passou a sexta feira
toda fora. Aí pelo livro ele dormiu no quartel, às 6:30 da manhã do sábado,
dia 19, ele foi escoltado por Francisco de Souza, conhecido como Chico,
que era o motorista do Dr. Maurílio, esse é policial. Ele escoltou o
Jorge Abafador, sábado as 6 e trinta da manhã, tendo o retorno
ocorrido na segunda feira às 11 horas. Dessa última saída dele a
morte do Gilson foi bem no meio. Gilson foi assassinado do sábado para
o domingo.
Entrevistadora: Ele saiu
no sábado pela manhã e voltou na segunda feira.
Entrevistado: Às 11
horas.
Entrevistadora: Passou o
final de semana todo fora..
Entrevistado: Então veja
bem. Quando eu vi isso, eu achei interessante, liguei para Roberto
Monte, liguei para Luis Gonzaga, olhem eu vi um negócio assim, assim,
agora, eu tenho medo porque agora o próprio policial de dia disse: Não
(...) não pode, esse cara aqui é super protegido, o Jorge, com a vinda
do Senhor aqui... Inclusive, na hora que eu fui lá o Jorge não se
encontrava, no dia que eu fui também não se encontrava. O oficial de
dia falou assim: olhe, ele é superprotegido. Com certeza, ele vai saber
logo, logo, que o Senhor esteve aqui e que pediu este livro. É tanto
que hoje, que eu estou lhe contando, o oficial me dizendo, eu vou
guardar esse livro, mas amanhã quando eu sair ele vai ficar aí. É uma
probabilidade desse livro desaparecer. Eu preocupado com isso, liguei prá
Roberto Monte, prá Luis Gonzaga, para Fernando Vasconcelos e nos
reunimos em frente a casa de Roberto Monte, umas 8 e meia, nove horas. Aí
a minha sugestão era a seguinte: Que alguém fosse lá comigo, de
preferência o Promotor Fernando que é fiscal, a função dele é
fiscalizar a lei, inclusive ele exerce o controle externo da Polícia,
para que... porque eu vendo eu ia testemunhar. Maurílio, por exemplo,
ia dizer que era minha mentira, Jorge ia dizer que era minha mentira e
se o livro desaparecesse, ia ficar por isso mesmo. Então eu queria que
mais pessoas vissem, que era para poder testemunhar o que estava ali. Se
aquele livro viesse a desaparecer realmente., porque eu não podia ficar
com aquele livro.
Entrevistador: é o livro
dos Bombeiros?
Entrevistado: É o livro
do quartel. Eu não podia apreender aquele livro. Aí veja bem, o
Fernando Vasconcelos disse que estava com a esposa no Shopping, tinha
que pegar a esposa e tal, aí Roberto ainda ligou para o Dr. Emanuel
Ferreira que era o Procurador chefe...
Entrevistador:
Cavalcanti.
Entrevistado: Emanuel
Cavalcanti, que era o Procurador Chefe.
Ouvinte: Você ligou prá
mim, às 11 horas da noite, não foi?
Entrevistado: Era 11
horas da noite. Aí a gente veio buscar Gustavo na casa dele. Aí Dr.
Emanuel falou? É, segunda feira a gente fala com a Juíza de Macaíba
para requisitar esse livro. Aí eu argumentei: Olhe, hoje é sábado,
segunda feira o livro talvez já tenha desaparecido. Mas mesmo assim
ninguém foi. Aí Fernando Vasconcelos foi embora buscar a mulher dele
no Shopping, aí eu fui... Luis Gonzaga foi comigo, no Hotel Residence,
pegar e Delegado da Polícia Federal, que havia chegado aqui para apurar
a morte do Gilson, até então eu acreditava que era sério, um cara de
fora, que não era daqui, não tinha envolvimento. Aí fomos ao hotel e
aí foi uma luta prá convencer ele a vir conosco lá nos Bombeiros
buscar esse livro. Mas ele acabou indo e ele levou um macacão verde, e
quando ele viu, cheguei lá falei com o oficial de dia, disse, Bom, ele
é o Delegado da Polícia Federal , tá apurando a morte de Dr. Gilson
Nogueira, e é do interesse dele ver as informações que constam nesse
livro, dá prá você mostrar a ele? Pois não.
Entrevistador: Entrou você
e ele?
Entrevistado: Entrou eu e
o delegado. Aí resultado, quando o delegado viu, abriu uma bolsinha,
tirou uma máquina fotográfica e ia começar a fotografar. Aí o
Tenente disse: olha o Senhor não pode fotografar esse livro que é de
uma unidade militar, sem autorização do Comandante. Aí vai não vai,
ligamos para o Comandante: Cel, Costa, Comandante dos Bombeiros, do
Quartel. Aí o Comandante autorizou e o Delegado bateu seis fotos. Aí
eu fiquei satisfeito, eu disse: bem agora se o livro desaparecer eu
tenho as fotos. Fomos embora, ele foi prá casa dele, ele foi até me
deixar em casa, pois já era mais de meia noite, Roberto foi prá casa e
eu voltei para o meu trabalho, pois eu estava de plantão a noite toda.
Aí resultado, dias depois eu fui intimado para depor na Polícia
Federal, no inquérito que apurava a morte de Gilson Nogueira. Cheguei lá
e contei essa história que estou contando a vocês, a história é uma
só. Quando terminou que fechou o depoimento o Delegado me chamou assim
e disse: Olha ... você está enganado sobre aquelas coisas. Eu achei até
interessante as colocações dele. Será que ele sabe de coisas que eu não
sei, que ele vai me dizer? Ótimo, então vamos lá. Ele disse: Olhe,
Jorge na morte de Gilson estava no quartel. Aí eu disse assim: doutor,
eu vi o livro duas vezes, fiz questão de decorar a hora, as pessoas que
pegaram ele, a hora que ele voltou e a hora que ele saiu. Agora tem uma
coisa: o Senhor tem as fotos, minha memória pode ter falhado, mas o
Senhor tem as fotos, são provas materiais. Então está muito fácil do
senhor tirar minhas dúvidas. Se houve um engano é só o Senhor me
mostrar as fotos, deve estar aí nesse inquérito. Aí ele disse:
infelizmente eu não posso lhe mostrar as fotos porque elas queimaram. Aí
eu ri, e disse: Doutor é brincadeira, é brincadeira, o Senhor tirar
seis fotos de umas páginas de livros e queimar todas as seis? O Senhor
está brincando comigo. Não, eu não estou brincando não, é sério.
Eu fechei logo a cara. Aí eu disse lá meia dúzia de desaforos. Eu
disse: Olhe não é a primeira vez que vocês querem encobrir coisas
erradas e dizem que sou eu, porque querem inclusive que eu seja louco.
Maurílio fez isso várias vezes. Chegou a um ponto que eu requeri ao
Secretário ser avaliado pela Junta Médica e fui e fui. E o laudo eu
tenho em casa, com várias cópias para distribuir com todo mundo, ele já
viu até. Eu fui avaliado por 6 médicos psiquiátricos e foram unânimes
em dizer que eu tinha saúde mental perfeita. E a prova é que eu tenho
a saúde mental perfeita que eu sou o único delegado daqui que estuda,
eu faço outro curso superior, estou fazendo Administração de Empresas
e os outros que tem saúde não estudam. Quer dizer a minha loucura é
estudar. E aí você vê como é que funciona a coisa. A morte de Dr.
Gilson Nogueira, pelo caminho que está, não vai sair nada, porque
inclusive na Polícia Federal, determinadas pessoais tem interesse em não
sair. Porque tirar a foto daquele livro e depois dizer que queimaram
seis fotos. Ali ele conseguiu, mandou um ofício para o Comandante de
Bombeiros, aí o Comandante de Bombeiros respondeu que no dia 20 de
outubro Jorge encontrava-se preso no Quartel. O Comandante respondeu
assim. Quer dizer, com certeza esse livro deve ter sumido. Para o
Comandante informar isso esse livro deve ter sumido. E hoje eu conto a
mesma história e vão me chamar de mentiroso ou de louco e eu vou
contando.
Outra coisa. No dia
seguinte a morte de Gilson, que era domingo, Jorge o Abafador foi visto
às 7 horas da manhã em um bar, em frente ao 9º Distrito Policial,
bebendo e comemorando a morte de Gilson. Ora, eu que era amigo de Gilson
e cliente, soube da morte de Gilson às 10:30 da manhã, como é que o
Jorge, o Abafador, que deveria estar preso, como o próprio Comandante
mandou um ofício dizendo que ele estava preso, como é que às 7 horas
da manhã, do dia 20, ele estava bebendo em frente a um bar em frente ao
9º Distrito e eu dei o nome dos policias que viram e até falaram com
Jorge. Jorge disse: ‘eu estou comemorando aqui a morte de um cabra de
peia’, cabra de peia é a gíria que se diz de um cara que não
presta, ruim. O advogado que me perseguia, que dizia que eu matava
gente, não sei o que, não sei o que. Aí, a agente de polícia chamada
de Nilzete, que estava de plantão, viu passou por Jorge assim, porque
ela não estava acreditando no que estava vendo, então foi lá perto prá
ver. Estava o Chico que é o motorista de Maurílio, com o Jorge
Abafador sentado numa mesa bebendo, às 7 horas da manhã, comemorando a
morte de Gilson Nogueira. Isso eu disse no meu depoimento lá e eles
chamaram a Nilzete e ela confirmou que viu. Mais isso não deu em nada.
Entrevistadora: Eles não
chegaram a conclusão nenhuma.
Entrevistador: Na minha
opinião isso já era indícios suficiente para Jorge Abafador ser
indiciado. Como participante, como co-autor da morte de Gilson Nogueira.
Porque comemorar a morte de Gilson, assassinaram o Gilson a 1 hora da
manhã aproximadamente e as 7 horas o cabra já está comemorando, que não
era amigo nem nada dele e que devia estar preso, está certo isso? É
claro que não está.
Entrevistadora: Ele falou
que estava comemorando?
Entrevistador:
Comemorando, está no depoimento, a agente de polícia disse e disse
escrito, está no inquérito.
Entrevistador: Você não
tem a cópia não?
Entrevistador: Não. Ah!
a Doutora Joilce tem uma cópia com os dados completos e eu acho que ela
tem uma cópia do depoimento de Nilzete, você pode pedir a ela que ela
lhe dá. E eu fui lá verificar essa dúvida: será que Jorge estava
solto ou estava preso? Quando eu vi que ele estava solto as minhas
suspeitas aumentaram mais ainda.
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