ANÍSIO MARINHO NETO
Agosto de 1997

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Procurador-Geral Anísio Marinho Neto desmascara representante da
OAB-RN
e diz que ele faltou com a ética. Para espanto geral, o mesmo diz quem
encontrou a arma
que matou Gílson Nogueira foi a BBC de Londres!!!
Entrevistado: Anísio
Marinho Neto, sou Procurador Geral do Estado do Rio Grande do Norte,
desde o último dia de junho de 1997. A respeito da Comissão que apurou
a atitude dos policiais civis e militares, a violência contra o cidadão
norte-rio-grandense, nós temos a dizer que por Portaria do Procurador
Geral de Justiça , na época Dr. Nonato Cavalcanti, eu Anísio Marinho
Neto e mais um grupo de 4 Promotores de Justiça Dr. Paulo Roberto de
Souza Leão, o Dr. José Augusto Peres Filho, o Dr. Luis Lopes de
Oliveira Filho e o Dr. Fernando Batista de Vasconcelos e mais a Presidência
Dr. José Maria Alves, nós começamos a fazer um trabalho fruto,
efetivamente, de situações e notícias, crimes, prá vida, através de
várias pessoas que procuraram o Ministério Público, como também
organismo, como o Centro de Direitos Humanos de Memória Popular do Rio
Grande do Norte, através também do Advogado falecido Gilson Nogueira,
mais outras Comissões, nós começamos a trabalhar e o nosso trabalho
foi um trabalho de imediato com poucas condições de trabalho, de
estrutura. Mesmo assim, as denúncias que chegavam ao nosso conhecimento
em torno de 40 a 50 aproximadamente, tanto de lesões corporais, quanto
de torturas, como de assassinatos, que levavam e sempre estava à baila,
era de que os possíveis assassinos estariam sediados dentro da
estrutura da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande
do Norte.
Esse trabalho foi um
trabalho exaustivo, onde nós nos desdobramos em várias frentes,
tivemos que fazer várias diligências, muitas vezes tarde da noite, com
esse pessoal inclusive, e nesse aspecto recebemos o apoio, na maioria
das vezes, de setores da comunidade, das próprias testemunhas, vítimas,
e de modo que ao final de um trabalho que durou mais de ano, nós
conseguimos reunir elementos que chegamos a oferecer 27 ações penais públicas,
e destas ações penais públicas, a concentração maior foi em Natal,
na Capital, sendo que outras ocorreram em cidades próximos, como é o
caso de Nizia Floresta. E qual foi a nossa surpresa, após esse trabalho
exaustivo, de que em muitos dos processos que nós anunciamos, realmente
dentro da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte, alguns
policiais civis estavam envolvidos e chegaram a ser denunciados, como
também recebeu à época, tanto denúncia aqui em Natal quanto na
cidade de Nizia Floresta, o ex-secretário de Segurança, o Dr. Maurílio
de Medeiros, como também alguns policias como Ranulfo, como Jorge
Abafador, Admilson, que não era policial, mas que estava prestando
serviço na Secretaria de Segurança, já que ele é funcionário da
Assembléia, e ainda outros policiais. De modo que a partir desses casos
que nós levamos ao Judiciário, nós tivemos a oportunidade de ter
alguns processos em tramitação, alguns Promotores, alguns colegas
nossos estão acompanhando esses processos, já houve casos em que já
foi preciso o Ministério Público recorrer, porque lamentavelmente
alguns desses processos receberam absolvições, o Ministério Público
não se convenceu delas e recorreu, estando em grau de recurso
atualmente, junto ao Tribunal de Justiça, houve também denúncias
contra o ex-delegado Cunha e mais outros policiais também foram
denunciados. O trabalho do Ministério Público surtiu, dentro da
comunidade, respeito com muitos mais incompreensões de muitos setores.
A imprensa principalmente não entendeu o papel que o Ministério Público
desenvolvia e de certo modo levou a parcela da opinião pública a ficar
contrária a Instituição. Como se nós fôssemos os vilões da história.
Na verdade nós estávamos apenas cumprindo nossa missão, cumprindo a
lei que era buscar e não entendíamos como, o policial que tinha que
dar segurança ao cidadão passava exatamente a pisoteá-lo, até mesmo
a sacrificar as suas vidas. Mesmo assim, nós recebemos incompreensões
de alguns setores, de organização, da sociedade como clube de serviço
que hipotecavam solidariedade constante a determinados policiais, em
detrimento do Ministério Público que era quem deveria receber todo
apoio, porque estava cumprindo com a sua missão e não interessava
levar quem quer que estivesse por trás dessa agressões. Isso teve
repercussão à nível nacional, quiçá internacional,, porque
recebemos solidariedade de muitos organismos internacionais, um sem número
de organismos internacionais, recebemos também da Comissão Nacional
dos Direitos Humanos, sediado ao Ministério da Justiça, através do
seu Presidente o Sr. Gregório e mais os Senhores Conselheiros, apoio.
Tivemos a visita da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados, através do Deputado Nilmário Miranda, Deputado Hélio
Bicudo e outras personalidades, que defendem intransigentemente os
direitos humanos no Brasil, de modo que este apoio que redundou,
inclusive, num segundo momento, a visita do Ministro da Justiça, na época
o Ministro da Justiça Nelson Jobin , aqui no nosso Estado, quando após
essa visita o Senhor Governador afastou das funções de Secretário o
ex-secretário Maurílio Pinto, nós tivemos um aprofundamento nessas
investigações e, conseguimos chegar a integralizar muitos casos e
desmistificar alguns homicídios, algumas lesões que tem ocorrido.
Atualmente, nós estamos com as instalação de uma Promotoria dos
Direitos Humanos na capital, pioneira no Nordeste e segunda do Brasil,
tendo em vista que só São Paulo que detinha esse tipo de Promotoria,
entregamos ao Dr. Fernando Batista de Vasconcelos, aí já foi um
compromisso meu, que vivenciei agora sou eleito pelos meus colegas, de
que era necessário que em Natal tivesse uma Promotoria especificamente
para cuidar dessas violações aos Direitos Humanos, principalmente as
violações praticadas, lamentavelmente, e volto a afirmar, por aqueles
maus policiais que, ao invés de cumprir com a sua função, agridem a
sociedade e violentam os direitos humanos. O Dr. Fernando tem experiência
no ramo, já que ele foi um combativo Promotor de Justiça dentro da
Comissão, cumprindo o seu mistério, enquanto estamos fazendo este
trabalho que está recebendo da Promotoria todo apoio necessário, e nós
estamos nessa frente e vamos, viemos prá ficar, pois o Ministério Público
está ao lado da cidadania, é nosso dever zelar pelos direitos inalienáveis
da dignidade humana e sobretudo dos direitos humanos. Contamos,
efetivamente, com o apoio de segmentos da sociedade, esses movimentos
que querem pacificar e querem a cidadania cada vez mais no seu alto,
espero que neste trabalho que o Ministério Público continua e,
sobretudo agora com o apoio que nós recebemos do Conselho Nacional de
Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da qual eu estive participando de
uma reunião no dia 5 de agosto, próximo passado, convocado que fui
pelo Senhor Ministro da Justiça, através da sua Secretaria Nacional ,
e lá tive oportunidade de expor perante aquele colegiado da situação,
daquelas denúncias e também sobre a violência no nosso estado.
Depois de prestar esse
depoimentos, que também envolveu uma explicação a respeito do
assassinato do advogado Gilson Nogueira, nós recebemos um apelo daquele
Conselho através das suas mais representativas autoridades componentes,
como foi o Deputado Hélio Bicudo, o Deputado Pedro Wilson, o Jornalista
Carlos Chagas, o Procurador Geral da República Dr. Geraldo Brindeiro, e
o próprio Presidente Dr. José Gregório, daquela Comissão, solicitou
que o Ministério Público não deixasse esse caso na impunidade, ou
seja, o assassinato do advogado Gilson Nogueira, que nós mesmo tendo até
o momento sem nenhuma indicação lógica, sem nenhum subsídio concreto
de quem possa ter sido, os autores intelectuais ou os autores materiais,
do assassinato do advogado Gilson Nogueira nós não ficássemos
convencidos disso, e que levássemos adiante. Logo que retornei de Brasília,
dia 6 de agosto, eu convoquei a Promotora Iadya Gama Maio, titular da
Promotoria de Justiça da Comarca de Macaíba, que tem atribuições
nesse caso, para dar seqüência e aprofundar as investigações. É
evidente que a Dra Iadya, pelo seu equilíbrio, pela sua segurança, não
vai publicisar nada que ela já não tenha algum subsídio. Nesse
momento ela encontra-se fazendo esse trabalho e aberta a receber por
parte da comunidade, de pessoas que tenham algo a dizer, porque é possível
evidentemente desvendar esse crime, nós precisamos, a justiça
brasileira precisa esclarecer quem são seus verdadeiros culpados, par
aplicar uma sessão e conseqüentemente levarmos a justiça aos seus
matadores ou aos seus organizadores deste evento para que recebam uma
punição devida, isso é o que o Ministério Público espera da
comunidade como um todo. O trabalho do Ministério Público à nível
deste caso se encontra em processo de verificação de elementos que
possam sugerir a indicação dos seus possíveis culpados, como eu disse
a Dra. Iadya está aberta a receber de qualquer pessoa, mesmo que seja
até do anonimato, que tenha algo a declarar a respeito desse caso, que
tenha algum subsídio, que possa a gente formar esse dominó, esse
quebra-cabeça, e possa chegar a Câmara dos Deputados. As maiores
dificuldades que nós sofremos a respeito da apuração foi a nossa
quase que completa falta de estrutura, suficiente para levarmos à
frente isto, tendo em vista que é muito mais um trabalho de abnegação,
um trabalho, um esforço nosso, pessoal, tendo em vista as nossas condições
estruturais e financeiras e até mesmo de viaturas para fazermos as
diligências.
Conclamamos, inclusive,
no Ministério da Justiça, a que fosse-nos oportunizado, oferecido
maiores condições estruturais à nível de computadores, à nível de
telefones, à nível de veículos, para que nós pudéssemos aprofundar.
Porque muitas vezes precisamos buscar ou levar uma pessoa a um
determinado local para prestar depoimento e ficamos muitas vezes sem
essas condições. O Ministério Público ele tem um compromisso dentro
da sociedade, em defesa da cidadania, nós estamos eventualmente,
Procuradores Geral da Justiça, nós somos a instituição, e a nossa
meta é cumprir exatamente isso. Eu estou com um projeto de Controle
Externo da Atividade Policial a atividade de Polícia Judiciária,
recebi a cerca de 8 a 10 dias a visita do Secretário de Segurança, do
atual Secretário de Segurança o General Dr. Carlos Leite, que veio
propor uma parceria ao Ministério Público, com o objetivo de sanar
esse tipo e eu quero dizer que toda parceria nesta luta é bem vinda, no
entanto, nós não abriremos mão dessa prerrogativa. Aquilo que for bom
em defesa da cidadania nós faremos parceria com aqueles que querem o
bem da cidadania, no entanto, se abusos forem cometidos, se práticas
lesivas ao interesse do cidadão potiguar aqui ou no estado do Rio
Grande do Norte vier a ser cometido por quem quer que seja, a
Procuradoria Geral através de seus Promotores e dos Procuradores e da
minha própria pessoa, não titubearemos em exigir punição para os
culpados. Nós vamos desencadear o controle externo das atividades
policial apesar de setores retrógrados da polícia que não querem
entender este sistema, mas eu espero que aqui no estado do Rio Grande do
Norte não haja essa dificuldade, até porque o seu Secretário de
Segurança garantiu o apoio incondicional a essa proposta |