A
Bomba do Riocentro e a Farsa dos Militares Brasileiros Inquérito
na Íntegra
Mililtares
"patriotas" fracassam em matar inocentes,
num show de música popular no Rio Centro.
Havia no Riocentro uma multidão de 18.000
pessoas, assistindo a um show artístico
em homenagem ao Dia do Trabalhador. No momento
da eclosão - 21 h20m - cantava Elba Ramalho.
Vimos
que no caso Parasar se planejaram ações
criminosas cuja execução previa
atentados a bomba e outras práticas terroristas
que "propiciariam um clima de pânico
e histeria coletiva", consoante as palavras
do Brigadeiro Eduardo Gomes. Assim, toda vez que
se fala no plano macabro de Bumier há que
se lembrar da bomba explodida no Riocentro, ampla
área de estacionamento na Tijuca, no Rio.
A explosão ocorreu dentro de um automóvel
puma, na noite de 30 de abril de 1981, com a bomba
no colo do Sargento do Exército Guilherme
Pereira do Rosário, cuja morte foi instantânea.
Ao lado do sargento, no volante, estava o Capitão
Wilson Luiz Chaves Machado, o qual, ato contínuo,
sai do Puma segurando vísceras à
altura do estômago.
Havia
no Riocentro uma multidão de 18.000 pessoas,
assistindo a um show artístico em homenagem
ao Dia do Trabalhador. No momento da eclosão
- 21 h20m - cantava Elba Ramalho.
Somente,
pois, não aconteceram o pânico
e a histeria coletivos porque o explosivo
estourou no colo do sargento. O plano visava
exatamente a multidão. Tanto que
uma segunda bomba explodiu alguns minutos
depois na casa de força do Riocentro.
Sua carga não foi suficiente para
afetar os dispositivos produtores da iluminação
e o show continuou, sem o público
ficar sabendo do que se passara. :É
oportuno lembrar, a propósito, que
os planos de Burnier, no caso Para-Sar,
também incluíam destruição
de instalações de força
e luz.
Na tarde daquele dia o sargento e o capitão
tinham sido vistos no restaurante Cabana
da Serra, na estrada Grajaú -Jacarepaguá.
Garçons suspeitaram tratar-se de
assaltantes de bancos, porquanto estavam
à paisana, armados e a examinar um
mapa. Chamaram a polícia. Compareceram
dois soldados da rádio-patrulha.
Os estranhos identificaram-se como agentes
da Polícia Federal. Em face disto
os garçons apenas anotaram as chapas
dos seus veículos, entre estes o
Puma - placa OT-0279. O encontro, ali, do
sargento e do capitão, viria depois
a ser por este confirmado.
Guilherme
e Wilson chegaram ao Riocentro faltando dois minutos
para as 21 horas. O capitão pagou o bilhete
de n.º 64.270 a fim de estacionar o seu carro.
Às 21 h07m o comerciário João
de Deus Ferreira Ramos estaciona seu Volkswagen
ao lado direito do Puma chapa OT-0279 e cumprimenta
seus dois ocupantes, mas nem o Sargento Rosário
nem o Capitão Machado respondem. Ferreira
Ramos diz ter certeza da hora exata porque já
estava atrasado para o show e se confessa "um
maníaco por horários". No final
do show, estarrecido ao saber da explosão,
ele contaria seu encontro com os dois militares.
Nos dias seguintes, porém, o comerciário
passaria a fugir da imprensa para não falar
do caso. Mas acabou depondo.
Esse
depoimento é importantíssimo
porque revela que, no mínimo sete
e no máximo doze minutos antes da
explosão da bomba no colo do sargento,
este e o capitão se encontravam no
Puma, já que às 21 h15m/21
h20m, "o Capitão Wilson Luiz
Chaves Machado liga o motor do seu automóvel,
engata a marcha a ré e começa
a sair da vaga onde estivera estacionado.
Dentro do pavilhão de espetáculos,
a cantora Elba Ramalho ainda não
terminou seu número; distante dali,
na bilheteria do estacionamento, Tenente
César Wachulec está contrariado:
além de ter sido afastado da chefia
de segurança, ele constata que a
Polícia Militar não enviou
os soldados que havia solicitado. O pátio
do estacionamento está despoliciado.
O carro do Capitão Machado percorre
poucos metros. Mal saiu da vaga e uma bomba
explode em seu Interior" .
Aproximadamente vinte e cinco minutos depois,
uma neta do Senador Tancredo Neves - Andréa
Neves da Cunha, que acabara de chegar para
o show, com seu noivo Sérgio Vali
e - leva em seu carro o capitão para
o hospital Lourenço Jorge. Mas os
médicos preferem atendê-Io
no Hospital Miguel Couto e o conduzem para
ali. Apesar da gravidade dos ferimentos
o capitão escapa.