
Carta
Social
Carta
a um centavo é desconhecida
Sabe quanto
custa enviar uma carta do tipo convencional de qualquer cidade
brasileira para outra do mesmo País? R$ 0,01. Não, o valor não foi
escrito errado, a selagem da ‘‘carta social’’, um serviço
oferecido pelas Empresas de Correios e Telégrafos (ECT) à população,
é cobrado por um centavo, aquela pequena moeda, cujo valor não dá
para comprar sequer uma bala, nem mesmo as crianças querem receber.
A carta social não é novidade. Este serviço foi criado pelo
Ministério das Comunicações, através da Portaria nº 245, publicada
em 1995, na administração do então presidente da República Itamar
Franco. Tal selagem de natureza social, como o próprio nome diz, tem o
objetivo de estimular a população de baixa renda a se corresponder
através de cartas pagando um preço simbólico pela selagem.
As agências dos Correios dão o tratamento de objeto urgente no
recebimento da carta social (postagem) e não urgente para a entrega ao
receptador. Segundo o gerente de vendas da agência da Ribeira, João
Vianey de Farias, os Correios dão prioridade para entregar as cartas
convencionais ou demais tipos de serviços oferecidos pela estatal, mas
isso não quer dizer que a carta social não seja entrega no prazo
semelhante ao da carta comum, conforme Farias.
Mas nem toda carta pode ser considerada do tipo social. Para tanto, é
necessário estar manuscrita (escrita de caneta e à mão), em envelope
simples, pesar até dez gramas (peso de um papel ofício), destinada de
pessoa física para pessoa física e ter escrito no lado esquerdo do
envelope, em cima do CEP, a palavra ‘‘carta social’’. Cada
cidadão pode enviar até cinco cartas sociais, por dia, em cada
agência dos Correios.
Apesar do preço convidativo, a maioria dos natalenses não conhece a
carta social. Informações dos Correios dão conta de que o número de
utilitários do referido serviço tem percentual inexpressivo, comparado
aos demais sistemas de correspondência. Exemplo que não é seguido
pelo representante de vendas de produto de beleza Roberto José Farias,
30. Ele utiliza o serviço há seis meses e, segundo informou, já selou
mais de 500 cartas sociais, somente este ano.
Roberto Farias contou que tem muitos amigos em Natal e demais cidades.
Como costuma escrever quase diariamente, o representante de vendas
perguntou a uma funcionária dos Correios se não havia outra forma dele
desembolsar menos pela quantidade de cartas enviadas mensalmente. ‘‘Foi
a funcionária dos Correios quem me indicou a carta social’’,
contou.
A idéia caiu como uma ‘‘luva’’ para Roberto, que já chegou a
mandar 25 cartas sociais num mesmo dia, seladas em cinco agências
diferentes, para amigos e clientes dos produtos de beleza. O
representante de vendas não acha que utiliza demasiadamente o serviço.
‘‘Se os Correios me oferecem a oportunidade de pagar menos pelas
cartas, porque vou pagar mais?’’, indagou. Roberto orienta aos
parentes e amigos para enviarem a correspondência através do serviço
de carta social. Ele contou que a maioria dos seus amigos também
abraçou a selagem de R$ 0,01. |