Primeiro
Relatório Nacional sobre os Direitos
Humanos no Brasil
TOCANTINS
O
Estado do Tocantins, criado em 1988 a partir de uma divisão
do estado de Goiás, tem uma população
de 1.048.642 habitantes, sendo que 741.009 habitantes (70,7%
da população) residem em áreas urbanas
e 307.633 habitantes (29,3%) residem em áreas rurais.
Em 1996, o Tocantins era um dos nove estados brasileiros
com índice de desenvolvimento humano inferior a 0.700
(0.587). O Índice de Desenvolvimento Humano do Tocantins
cresceu em média 1,9% ao ano de 1991 a 1996. O produto
interno bruto per capita, ajustado ao poder de compra local,
era de US$ 1.575 – o mais baixo do Brasil. Os 10%
mais ricos concentram 50,60% da renda, enquanto os 40% mais
pobres têm 8,16%.
A taxa de alfabetização de adultos é
de 78,8%. Mas 45,4% da população adulta têm
menos de quatro anos de estudo e apenas 2,4% da população
adulta têm 12 anos ou mais de estudo.
A taxa de mortalidade infantil é de 31 por 1.000
habitantes. A taxa de mortalidade por homicídio era
12,21 homicídios por 100.000 habitantes em 1996.
Mas, segundo dados da Secretaria da Justiça e Segurança
Pública, a taxa de homicídios subiu para 16,80
por 100.000 habitantes em 1997.
O norte do Tocantins, região conhecida como Bico
do Papagaio, que faz divisa com o sul do Pará, é
uma área de intensos conflitos rurais desde a década
de 70 quando ali aconteceu o conflito entre as forças
armadas e grupos guerrilheiros conhecido como “Guerrilha
do Araguaia. A Secretaria da Justiça e da Segurança
Pública é dirigida por um general do Exército.
Dois assassinatos em áreas de conflito no campo em
1995 e uma tentativa de assassinato em 1996 foram registrados
pela Comissão Pastoral da Terra. Em 1997, havia no
estado 22 áreas de conflitos rurais envolvendo 1.222
famílias e 6.110 pessoas. Não houve registros
de assassinato ou tentativa, mas seis pessoas estavam ameaçadas
de morte. Em novembro de 1998, o dirigente do Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra, Cícero Demivaldo Gomes
da Silva, foi torturado e ameaçado de morte por policiais
militares. O agricultor Doralício Bento de Araújo
morreu após ser espancado por policiais militares
e preso sob acusação de roubar uma televisão.
A corrupção eleitoral e a perseguição
política, que dificultam o exercício dos direitos
políticos no estado, a violência policial,
o desaparecimento de pessoas e a prostituição
de adolescentes são problemas graves no estado. Em
1997, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara
dos Deputados criou uma subcomissão para acompanhar
as investigações da execução
de Vilmar Anastácio e seu filho Wagner Anastácio
por policiais militares em maio na cidade de Dianópolis.
Em 1998, a Comissão iniciou investigação
para apurar denúncias sobre violência policial
no Tocantins, apresentadas pelo Centro de Direitos Humanos
de Palmas.
Em 1997, havia dez processos em andamento no estado por
prática de tortura no estado, sendo sete deles contra
policiais e agentes penitenciários. Ninguém
foi condenado pela prática de tortura. Entretanto,
dez agentes penitenciários foram processados e punidos,
administrativamente e criminalmente, por desrespeitar os
direitos de pessoas presas.
Em 1997, havia no estado 81 juizes ativos e oito inativos,
aproximadamente um juiz em atividade para cada 13.342 habitantes.
Havia 64 promotores ativos e três inativos, um promotor
para cada 16.403 habitantes. Finalmente, havia 51 defensores
públicos em atividade, um para cada 21.191 habitantes.
Na estrutura organizacional do estado, a Polícia
Militar está subordinada diretamente ao governador
do estado. A polícia civil está subordinada
á Secretaria da Justiça e Segurança
Pública, que é dirigida por um general do
Exército.
Os povos indígenas no estado são fortemente
vitimados por doenças, existindo 22.238 casos de
doenças em 1996 (16% dos casos registrados no país),
número inferior apenas ao número de casos
registrados em Roraima (59.641 ). Do total das sete áreas
indígenas, cinco encontram-se registradas, uma foi
homologada pelo Presidente da República e uma resta
identificar.
MONITORAMENTO
DOS DIREITOS HUMANOS
O
monitoramento das violações de direitos humanos
é realizado por entidades da sociedade civil, particularmente
o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Palmas, o Centro
de Defesa dos Direitos Humanos de Cristalândia e a
Federação dos Trabalhadores na Agricultura
do Estado do Tocantins, Sindicato dos Trabalhadores na Educação
no Estado do Tocantins. Há restrições
à liberdade de expressão e à atuação
dos defensores dos direitos humanos e da oposição
ao governo, segundo o Centro de Defesa dos Direitos Humanos
de Palmas.
No início de dezembro de 1998, o Centro de Direitos
Humanos de Palmas entregou ao Ministério da Justiça
e à Comissão de Direitos Humanos da Câmara
dos Deputados dossiê registrando vinte casos de violência
policial no estado do Tocantins, incluindo casos de assassinato,
tortura, agressões e ameaças praticadas por
policiais militares e civis. Houve abertura de inquérito
policial em nove destes casos, mas nenhum policial foi punido.
INICIATIVAS
GOVERNAMENTAIS E PARCERIAS COM A SOCIEDADE CIVIL PARA A
PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS
Apesar
de ser um estado novo, em fase de estruturação,
o Tocantins constituiu uma Coordenadoria de
Direitos Humanos, na Secretaria de Estado da
Justiça e Segurança Pública,
encarregada de elaborar relatórios quadrimestrais
e anuais sobre a situação dos
direitos humanos nos estados, conforme recomendação
do Programa Nacional de Direitos Humanos.
O Tocantins é um dos três estados
brasileiros que adotou programa de complementação
de renda familiar para famílias recebendo
menos que um salário-mínimo que
mantiverem as crianças na escola.
O Centro de Direitos Humanos de Palmas e o Centro
de Direitos Humanos de Cristalândia organizaram
a 1.ª Conferência Estadual de Direitos
Humanos em agosto de 1998, que focalizou principalmente
os temas da segurança pública
e dos direitos das crianças e adolescentes.
O governo estadual desenvolve o Projeto de Gestão
Ambiental Integrada para a Região do
Bico do Papagaio. com recursos do Banco Interamericano
de Desenvolvimento.
O Ministério Público e organizações
não-governamentais, com apoio da UNICEF,
desenvolvem projeto com objetivo de reduzir
a mortalidade infantil. eliminar a desnutrição
infantil e combater a exploração
sexual e a gravidez precoce de adolescentes.
Por intermédio do Departamento da Criança
e do Adolescente. da Secretaria Nacional dos
Direitos Humanos, foram financiadas ações
voltadas para o adolescente em conflito com
a lei e a exploração sexual infanto-juvenil.
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