Primeiro
Relatório Nacional sobre os Direitos
Humanos no Brasil
AMAPÁ
O
Amapá tem uma população de 379.459
habitantes, sendo que 330.590 habitantes (87,1% da população)
residem em áreas urbanas e 48.869 habitantes (12.9%)
residem em áreas rurais. Em 1996, o Amapá
era um dos sete estados brasileiros com um índice
de desenvolvimento humano entre 0.700 e 0.800 (0.786). Amapá,
Pará e Sergipe foram os únicos estados brasileiros
que apresentaram uma diminuição no índice
de desenvolvimento humano de 1995 para l996. O índice
de Desenvolvimento Humano do Amapá cresceu em média
1,0% ao ano de 1991 a 1995, mas diminuiu 1,4% de 1995 a
1996. O produto interno bruto per capita, ajustado ao poder
de compra local, era de US$ 5.370. A distribuição
da riqueza é desigual. Os 10% mais ricos têm
43 49% da renda, enquanto os 40% mais pobres têm 10,17%.
A taxa de alfabetização de adultos é
de 85%. Mas 30% da população adulta têm
menos de quatro anos de estudo e apenas 3,6% da população
adulta têm 12 anos ou mais de estudo.
A taxa de mortalidade infantil é de 60 mortes por
1.000 nascidos vivos. A taxa de mortalidade por homicídio
é de 43,22 mortes por 100.000 habitantes, a terceira
mais alta no país, perdendo apenas para o Rio de
Janeiro e Roraima.
O Amapá foi delimitado como território federal
em 1943 e transformado em estado pela Constituição
de 1988. Até a transformação do território
em estado, o governador era nomeado pelo governo federal.
A primeira e eleição para governador aconteceu
em 1990.
A violência contra a pessoa tem aumentado no Amapá.
A taxa de mortalidade por homicídio aumentou de 17.97
mortes por 100.000 habitantes (52 homicídios) em
1991 para 43,22 mortes por 100.000 habitantes (164 homicídios)
em 1996 – o que representa um aumento de 140%. Segundo
a Secretaria de Justiça e Segurança Pública,
a taxa caiu para 38 mortes por 100.000 habitantes em 1997.
Para atuar na repressão e prevenção
da criminalidade, o Amapá tinha 1.056 policiais civis
e 2.081 policiais militares em 1997, um total de 3.137 policiais.
aproximadamente 1 policial para cada 128 habitantes. Segundo
a Delegacia de Segurança e Proteção
à Criança e ao Adolescente as ocorrências
policiais envolvendo pessoas desse grupo aumentaram de 1.109
em 1996 para 3.377 em 1997. No que se refere à situação
das mulheres, a Delegacia de Crimes contra a Mulher registrou
um aumento do número de crimes tendo mulheres como
vítimas de 2.453 em 1996 para 4.023 em 1997.
Em dezembro de 1997, havia 273 presos condenados e 177 presos
provisórios no estado. Havia ainda 163 condenados
foragidos.
Pesquisa do Fórum Nacional de Dirigentes Governamentais
de Entidades Executoras da Política de Promoção
e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
– Fonacriad, realizada com apoio da Fundação
Estadual da Criança e do Adolescente do Rio Grande
do Norte e do Departamento da Criança e Adolescente
da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos de 1997, informa
que há uma incidência elevada de adolescentes
em conflito com a lei no estado. No Amapá existe
organismos específicos de atenção à
infância e à adolescência em geral, vinculados
à Secretaria da Área Social. Essas entidades
públicas mantêm e respondem também pelos
serviços e programas destinados ao adolescente.
As quatro terras indígenas do Amapá, já
estão registradas em cartório e uma delas
está homologada pelo Presidente da República.
MONITORAMENTO
Dos DIREITOS HUMANOS
Chacina em Oiapoque
Cinco
membros da família Magave foram brutalmente executados
na madrugada de 3 de fevereiro de 1994, na Fazenda Campo
Alegre, em Oiapoque: a senhora Nadir Magave, de 92 anos,
seus filhos Iracy (68 anos), Alcides (65 anos) e Osmar (62
anos) e a nora Áurea Magave (62 anos). Os assassinatos
foram realizados a mando de um fazendeiro vizinho em razão
de conflitos de terra. O Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana acompanhou as investigações
e o processo judicial referente à chacina. Em dezembro
de 1995 foram julgados e condenados os acusados Orival Quaresma
Ferreira e Gilberto Rodrigues da Silva (64 anos e 4 meses
de reclusão), Alfredo Barata Lobato (66 anos de reclusão)
e Ronaldo Santiago da Costa (54 anos e 2 meses de reclusão).
INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS
E PARCERIAS COM A SOCIEDADE CIVIL PARA A PROTEÇÃO
E PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
O
governo do estado está implantando a
polícia interativa e desenvolvendo programa
de aperfeiçoamento profissional e cursos
de direitos humanos para os policiais.
O Amapá é um dos três estados
brasileiros que adotou programa de complementação
de renda familiar para famílias, recebendo
menos que um salário-mínimo, que
mantiverem as crianças na escola.
A Secretaria Nacional dos Direitos Humanos em
1997 promoveu com a parceria do CAPEC –
Centro de Assessoramento a Programa de Educação
e Cidadania, o Projeto Escola e Cidadania, voltado
para a capacitação e qualificação
em direitos humanos das forças de Segurança
Pública do Estado, beneficiando cerca
de 1.000 pessoas, entre policiais civis e militares
e bombeiros.
Em cooperação com o Ministério
da Justiça, por intermédio do
Departamento da Criança e do Adolescente
da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos,
foram financiadas ações voltadas
para o adolescente em conflito com a lei, tais
como: qualificação de recursos
humanos, serviços para aplicação
de medidas sócio-educativas, adequação
de estruturas e propostas sociopedagógicas
às exigências do ECA.
O Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento – PNUD, a Secretaria
Nacional dos Direitos Humanos e o Instituto
de Estudos e Apoio Comunitário –
IBEAC desenvolveram no Amapá um programa
de capacitação voltado para líderes
comunitários e educadores com vistas
a informar e reciclar em um conteúdo
básico de formação política,
cidadania, democracia e direitos humanos, introduzir
e consolidar práticas decorrentes da
responsabilidade política, da democracia,
da ética e de uma cultura de direitos
humanos e incentivar entidades a unirem esforços
para reproduzir as informações
para outras comunidades.
O Grupo Especial de Fiscalização
Móvel, criado pela Portaria do Ministério
do Trabalho, MTb No 550/95, como estrutura operacional
do Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho
Forçado – GETRAF, lavrou aproximadamente
26 autos de infração e alcançou
cerca de 185 trabalhadores envolvidos em atividades
de mineração. A fiscalização
do Grupo Especial além de verificar as
condições de trabalho e identificar
os casos de violência física, maus-tratos
e omissão de socorro, efetuou uma dezena
de outras providências com vistas a coibir
o descumprimento das normas trabalhistas e a
prática de trabalho forçado.
O Tribunal de Justiça do Estado implantou
uma justiça itinerante para atender populações
ribeirinhas.
O Ministério da Saúde, por intermédio
do Departamento de Doenças Infectotransmissíveis,
e a FUNAI estão desenvolvendo projetos
de prevenção de doenças
infectocontagiosas nas populações
indígenas locais. Os índios Kaiapós
foram os primeiros a se beneficiarem da medida.
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