Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
 
 Direitos Humanos
 Desejos Humanos
 Educação EDH
 Cibercidadania
 Memória Histórica
 Arte e Cultura
 Central de Denúncias
 Banco de Dados
 MNDH Brasil
 ONGs Direitos Humanos
 ABC Militantes DH
 Rede Mercosul
 Rede Brasil DH
 Redes Estaduais
 Rede Estadual RN
 Mundo Comissões
 Brasil Nunca Mais
 Brasil Comissões
 Estados Comissões
 Comitês Verdade BR
 Comitê Verdade RN
 Rede Lusófona
 Rede Cabo Verde
 Rede Guiné-Bissau
 Rede Moçambique

Primeiro Relatório Nacional sobre os Direitos Humanos no Brasil


ALAGOAS

Alagoas tem uma população de 2.633.251 habitantes, sendo que 1.661.826 habitantes (63,1% da população) residem em áreas urbanas e 971.425 habitantes (36,9%) residem em áreas rurais. Em 1996, Alagoas era um dos nove estados brasileiros com índice de desenvolvimento humano inferior a 0.700 (0.538), superior apenas ao índice do estado do Piauí (0.534). Registre-se, entretanto, ao Índice de Desenvolvimento Humano de Alagoas cresceu em média 1,5% ao ano de 1991 a 1995 e 0.1% de 1995 a 1996. O produto interno bruto per capita. ajustado ao poder de compra local era de US$ 2.496. Alagoas é o estado com a pior distribuição da riqueza no Brasil. Os 10% mais ricos têm 54,03% da renda, enquanto os 40% mais pobres têm 6,88%.
A taxa de alfabetização de adultos é de 63,7%, a mais baixa entre todos os estados brasileiros. Mas 53,7% da população adulta têm menos de quatro anos de estudo e apenas 3,5% da população adulta têm 12 anos ou mais de estudo.
A taxa de mortalidade infantil é de 83 mortes por 1 .000 nascidos vivos, a segunda mais alta do país. inferior apenas à do Acre. A taxa de mortalidade por homicídio é de 28.10 mortes por 100.000 habitantes.

Alagoas é um estado que enfrenta problemas graves de violações de direitos civis e políticos, particularmente visíveis durante as greves na Policia Militar e na Polícia Civil em 1997, dando origem a uma grave crise institucional. O governo federal enviou tropas do Exército de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro para conter a rebelião dos policiais. O comando da polícia militar foi entregue ao coronel do Exército (na reserva) Juaris Weiss Gonçalves e a Secretaria da Segurança Pública Foi entregue ao general do Exército (na reserva) José Siqueira da Silva. Durante a greve, a população teve que substituir a polícia no combate à criminalidade.

Em Alagoas. a violação dos direitos humanos é acompanhada por um alto grau de impunidade. como indica o elevado índice de crimes de autoria desconhecida. Nos casos de crimes com envolvimento de políticos, da mesma forma que ocorre no âmbito da representação federal e em todos os estados da federação, a imunidade parlamentar para crimes comuns impede que as responsabilidades sejam julgadas. Policiais militares e civis têm sido acusados de participação em grupos de extermínio e em organizações criminosas atuando em assaltos a bancos, veículos de transporte de valores e automóveis.
Segundo o Fórum Permanente Contra a Violência em Alagoas. há indicações de decréscimo do número de homicídios atribuídos a policiais e grupos de extermínio. Os pobres. negros. homossexuais, mulheres, crianças e adolescentes têm sido vítimas de crimes violentos e discriminação.

Em 1997. no período de janeiro a outubro. Alagoas registrou 656 homicídios, uma média 65 homicídios por mês, número próximo aos registrados em 1996 e 1995. Destes homicídios, 1,96% foram atribuídos a grupos de extermínio, 4,3% a marginais, 5,6% a policiais, 26,9% à população/outros e 61,4% tiveram autoria desconhecida.
Entre 1996 e 1997, o número de homicídios de autoria desconhecida praticamente dobrou, enquanto caiu o número de homicídios atribuído à população, a policiais e a grupos de extermínio. O número de homicídios atribuídos a marginais teve pequena variação. No primeiro quadrimestre de 1998, 64.4% dos homicídios tiveram autoria desconhecida 2,8% foram atribuídos a grupos de extermínio, 2,2% a policiais militares e 4,4% a policiais civis.

Em 1997, 11 homossexuais foram assassinados em Alagoas, sendo que cinco assassinatos aconteceram em junho e três destes em um único fim-de-semana. Há suspeita de participação de policiais militares e civis nos crimes contra homossexuais.
Dados do Fórum Contra Violência em Alagoas indicam que 62% dos alagoanos estão desempregados e 51 ,6% ganham menos que um salário-mínimo. Vinte e três por cento da população não têm acesso a abastecimento de água e 77,5% não têm acesso a saneamento.

Em 1997, Alagoas registrou conflitos no campo em 19 áreas, envolvendo 8.788 famílias e 19.554 pessoas. Duas pessoas foram assassinadas em conflitos rurais. A Comissão Pastoral da Terra denunciou a existência de 70 pessoas submetidas a trabalho escravo em usina no município de São José da Lage. Além disso, há registro de trabalho infantil nas plantações de cana-de-açúcar (13.740 crianças e adolescentes) e fumo (8.150 crianças e adolescentes).

MONITORAMENTO DOS DIREITOS HUMANOS

O Fórum Permanente Contra a Violência em Alagoas, criado há seis anos, tem desenvolvido trabalho sistemático de coleta e análise de dados e denúncia das violações de direitos humanos em Alagoas, sobretudo das práticas de violência contra a vida. O Fórum publica relatórios trimestrais e dossiês anuais sobre as violações de direitos humanos em Alagoas.

O afastamento e a abertura de inquérito e processo criminal contra policiais militares envolvidos no crime organizado a partir do segundo semestre de 1997 começaram a alterar o quadro de impunidade existente no estado). Existem, entretanto, diversos casos de graves violações de direitos humanos cujos responsáveis continuam impunes, entre os quais:

Gangue da Pistolagem

Formada por 18 policiais e pistoleiros, a Gangue da Pistolagem praticou mais de 40 crimes em Maceió em 1993. Doze integrantes ainda não foram julgados. Seis foram julgados e condenados, mas apenas três foram presos.

José Renildo

Vereador José Renildo. homossexual, foi sequestrado e assassinado em 1993, em crime que envolveu policiais e o ex-prefeito de Coqueiro Seco. O ex-prefeito foi absolvido e nenhum policial foi a julgamento.

Chacina Solaris

Policiais civis mataram onze pessoas ás vistas da população em 1996. Nenhum policial foi condenado, sob a alegação de estarem no exercício da função.

São José da Tapara

Prefeito foi assassinado por pistoleiros devido a disputas políticas em 1995. O processo está paralisado.

Batalha

Advogado foi assassinado por pistoleiros devido a disputas políticas em 1995. O processo está paralisado.

Piranhas

Policial militar exercendo as funções de subdelegado realizou desfile de presos pela cidade em 1995. Policial militar foi removido da função e realocado no quartel.

INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS E PARCERIAS COM A SOCIEDADE CIVIL PARA A PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

O Fórum Permanente Contra a Violência em Alagoas. que articula entidades da sociedade civil atuando na defesa dos direitos humanos, organizou a Conferência Estadual de Direitos Humanos em preparação para a 2.ª Conferência Nacional de Direitos Humanos em 1997 e propôs a criação de Comissão de Direitos Humanos na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal de Maceió.

A Secretaria da Segurança Pública iniciou um diálogo com as organizações de direitos humanos com o objetivo de reduzir a violência e de identificar e reprimir a participação de policiais militares no crime organizado e em grupos de extermínio.
A Polícia Militar passou a realizar cursos de Direitos Humanos para policiais, com apoio da Anistia Internacional. Os alunos destes cursos participaram da Conferência Estadual de Direitos Humanos em Alagoas e da 2a Conferência Nacional de Direitos Humanos. Aproximadamente 40 policiais foram capacitados para se transformarem em agentes multiplicadores de direitos humanos e disseminar novos cursos dentro da corporação.

Para ampliar o acesso à Justiça. o Poder Judiciário instituiu a Justiça Itinerante em 1997, em funcionamento em comarcas da capital e do interior.

A Secretaria da Justiça e da Cidadania, em parceria com a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. realizou seminário sobre o problema do preconceito e da discriminação racial.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado deu início às negociações com o Ministério da Justiça para implementar um Programa de Proteção de Testemunhas no Estado, vinculado ao Provita nacional.
O Grupo Especial de Fiscalização Móvel, criado pela Portaria Mtb No 550/95, como estrutura operacional do Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado – GETRAF, realizou no mesmo ano, nas atividades da agroindústria canavieira, uma operação de fiscalização que resultou na expedição de aproximadamente 123 autos de infração e alcançou cerca de 23.686 mil trabalhadores.

A Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, a Representação no Brasil da Anistia Internacional e o Centro de Assessoramento a Programas de Educação e Cidadania – CAPEC promoveram a capacitação em direitos humanos de policiais civis e militares, além de líderes comunitários e educadores.

A prefeitura de Maceió aparelhou com o apoio federal vários órgãos de coordenação de ações de cidadania e defesa de direitos do município.

Muitos municípios do Estado aderiram ao Projeto Cidade Para Todos, voltado para melhorar a acessibilidade do portador de deficiência.

< Voltar

Desde 1995 © www.dhnet.org.br Copyleft - Telefones: 055 84 3211.5428 e 9977.8702 WhatsApp
Skype:direitoshumanos Email: enviardados@gmail.com Facebook: DHnetDh
Busca DHnet Google
Notícias de Direitos Humanos
Loja DHnet
DHnet 18 anos - 1995-2013
Linha do Tempo
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos
Sistema Nacional de Direitos Humanos
Sistemas Estaduais de Direitos Humanos
Sistemas Municipais de Direitos Humanos
História dos Direitos Humanos no Brasil - Projeto DHnet
MNDH
Militantes Brasileiros de Direitos Humanos
Projeto Brasil Nunca Mais
Direito a Memória e a Verdade
Banco de Dados  Base de Dados Direitos Humanos
Tecido Cultural Ponto de Cultura Rio Grande do Norte
1935 Multimídia Memória Histórica Potiguar