Paraná
186. Valdir José
Chamoskovisk, detento da Penitenciária Central de
Piraquara, também conhecido pela alcunha de "General",
teria sido mantido em isolamento por sete anos e só recentemente
teria recebido uma visita médica. Foi relatado que ele
sofre de doença mental. Ele estaria cumprindo sentença
de 18 anos de reclusão.
187. Valdecir
Bordignon, Lorival Lesse e Aristide dos Santos
Lisboa, trabalhadores rurais, estavam entre um grupo de trinta
famílias que teriam ocupado uma fazenda no Paraná em 26 de abril
de 1999. Em 29 de abril, dois oficiais da corte, cerca de dez
oficiais do grupo de Operações Especiais da polícia civil
vestidos com vestes negras e máscaras, dois policiais civis à
paisana e vinte policiais militares chegaram à fazenda com uma
ordem judicial requerendo a saída das famílias. Os trabalhadores
rurais teriam tentado sair imediatamente, mas teriam sido barrados
pelos policiais e forçados a sentar sob o sol por cinco horas. Os
policiais teriam abusado verbalmente os trabalhadores rurais, e os
ameaçado de espancamento e estupro das mulheres presentes. Quatro
policiais teriam removido Valdecir Bordignon do grupo, e teriam-no
algemado, chutado e golpeado. Ele teria sido atingido por porretes
e forçado ficar com a cabeça submergida no bebedouro do gado. Os
oficiais teriam-no interrogado sobre a liderança do Movimento dos
Sem Terra (MST), ao que ele teria respondido nada saber. Ele teria
então sido submetido à técnica de afogamento oito vezes, até
perder a consciência. Ele teria sido apertado contra o chão e
então teria despertado. Os oficiais teriam pisado em seu pescoço
e teriam ameaçado empala-lo numa cana de açúcar. Ele teria sido
forçado a ficar de joelhos e com uma faca e um revólver
colocados no seu pescoço, teria sido forçado a comer meio
quilograma de esterco. Segundo informações recebidas pelo
Relator Especial, após duas horas e meia de tortura, ele teria
sido forçado a assinar a ordem judicial. Ainda segundo informações
recebidas pelo Relator Especial, ele teria sido levado com outros
trabalhadores rurais para a delegacia de Ortigueira, onde teriam
relatado o incidente a um juiz. O juiz teria registrado o caso com
prisão por flagrante delito e ordenado que eles ficassem detidos.
Supostamente eles foram submetidos a exame de corpo de delito no
mesmo dia. O exame teria registrado lesões consistentes com as
alegações. Eles teriam sido levados de volta à delegacia, onde
teriam permanecido por quatro dias. Posteriormente, teriam sido
transferidos para a cadeia de Ponta Grossa, onde teriam sido
mantidos por cerca de 38 dias. Alega-se que os policiais militares
estariam constantemente ameaçando estuprar as mulheres dos
trabalhadores, assim como ameaçando-os de morte, durante a ausência
dos carcereiros. No dia 03 de maio, Valdecir Bordignon teria sido
submetido a novo exame de corpo de delito, assinado por um médico
que não o havia examinado. Um inquérito teria sido aberto.
Lourival Lesse teria sido algemado por quatro policiais e
submergido no bebedouro do gado cerca de dez vezes, e forçado a
beber um pouco da água. Ele teria sido segurado pelos pés por um
dos policiais, enquanto outro policial o asfixiava com uma corda.
Ele teria sido ordenado a despir-se. Os policiais teriam ameaçado
empala-lo numa cana de açúcar. Os policiais o teriam espancado
por uma hora. Ele teria sido ameaçado com um revólver apontado
para sua garganta e seu ouvido. Segundo informações recebidas
pelo Relator Especial, ele teria afirmado não saber a informação
que os policiais exigiam, e teria sido ameaçado com uma faca no
pescoço. Aristide dos Santos Lisboa teria sido levado para trás
de uma construção da fazenda e interrogado. Ele teria sido
abusado verbalmente, apertado contra o chão e ameaçado de morte
com um revólver. Ele teria sido segurado pelos pés por um dos
policiais, enquanto outro policial teria colocado uma corda em seu
pescoço e tentado enforcá-lo. Ele teria sido torturado por uma
hora.
188. Geraldo José
dos Santos, trabalhador rural analfabeto, seria membro de um
grupo que ocupou uma fazenda em Santa Cruz de Monte Castelo. Em 07
de maio de 1999, a 01.30 hora da manhã, vários policiais
militares e policiais civis do grupo de Operações Especiais,
alguns usando máscaras, teriam chegado à fazenda e começado a
atirar e a jogar explosivos no acampamento, destruindo as barracas
que o grupo que ocupava a fazenda teriam construído. Geraldo José
dos Santos teria sido chutado na região das costelas e teria caído
no chão. Vinte e quatro membros do MST teriam sido forçados a
deitar no chão por várias horas. Os policiais teriam feito seus
cães lamberem as bocas dos trabalhadores. Alguns dos
trabalhadores teriam sido atingidos pelos explosivos. Os policiais
teriam retirado dinheiro de alguns trabalhadores. Segundo informações
recebidas pelo Relator Especial, Geraldo José dos Santos teria
sido levado a um hospital. Como resultado do incidente ele teria
sangue na urina por vários dias. Um inquérito teria sido aberto.
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