O Parlamentar
e os Direitos Humanos, Manual
Manual
de orientação ao parlamentar municipal,
estadual e federal para a atuação
em defesa dos direitos humanos e da cidadania
Deputado
Orlando Fantazzini
COMO CONSTRUIR PROGRAMAS DE DIREITOS HUMANOS
E POLÍTICAS PÚBLICAS EM DIREITOS
HUMANOS?
As
comissões legislativas de direitos humanos
e os parlamentares também têm o
papel de contribuir com a formulação
de políticas públicas em direitos
humanos. O Brasil possui um Programa Nacional
de Direitos Humanos, o PNDH II, que possui metas
e ações em diversos temas em direitos
humanos.
É
desejável que Estados e Municípios
tenham seus próprios programas de direitos
humanos e programas específicos que envolvam
a defesa e ampliação dos direitos
civis, políticos, econômicos, culturais
e sociais. Para isso, a atuação
parlamentar deve incentivar que os programas
governamentais na área dos direitos humanos
garantam:
•
Formulação e Gestão
democrática: A formulação
e gestão dos programas governamentais
devem contemplar o envolvimento de diversos
setores da sociedade. Para isso, as Administrações
Públicas devem contar com mecanismos
de participação popular como conselhos,
fóruns de gestão participativa,
tanto nas políticas setoriais (saúde,
educação, moradia, cultura, segurança
alimentar) como na execução dos
orçamentos públicos. É
importante também que os mecanismos contemplem
a participação de cidadãos
individualmente e aqueles organizados em entidades
civis.
•
Ações e projetos de combate
à discriminação:
A igualdade entre as pessoas é direito
básico, presente já nos primeiros
instrumentos internacionais de proteção
aos direitos humanos. A vida é para ser
vivida por todos de forma plena e com liberdade.
Isso significa a proibição de
qualquer tipo de discriminação
por motivo étnico, gênero, orientação
sexual ou credo religioso. Os gestores públicos
e as instituições deverão
prever ações e políticas
públicas a fim de garantir a igualdade
entre as pessoas. Para esse fim, a tendência
contemporânea é tratar as diferenças
desigualmente, como, por exemplo, estabelecer
políticas especiais inclusivas e afirmativas
dos grupos sociais mais vulneráveis e
discriminados.
•
Políticas e ações
com a marca dos direitos humanos: Os
direitos humanos são indivisíveis.
Isso quer dizer que não pode haver hierarquia
entre os direitos civis, políticos, econômicos,
sociais e culturais. Todas essas dimensões
de direitos são necessárias ao
desenvolvimento humano. Os direitos reforçam-se
uns aos outros. Assim, é preciso que
cada política pública tenha enfoque
nos direitos humanos. O órgão
público poderia criar, por exemplo, uma
espécie de “selo” dos direitos
humanos, que representaria uma concordância
com os procedimentos e princípios daquela
política ou ação. O selo
expressaria que os princípios dos direitos
humanos foram atendidos.
• Indicadores sociais e de direitos
humanos: Não há como
planejar e executar políticas públicas
sem dados, informações e indicadores
sociais. Alguns estados e municípios
possuem algum tipo de produção
de indicadores. Nesses locais, é possível
saber-se quais os maiores problemas econômicos,
onde residem as populações mais
pobres, quais os horários e locais de
maior violência, principais demandas sociais,
etc. Todos os estados e municípios devem
procurar produzir e organizar seus indicadores
sociais. Muitas vezes simples pesquisas e levantamentos
já são suficientes para fornecer
uma boa radiografia da realidade local.
•
Integração e complementação
das iniciativas governamentais: Um
fator de sucesso das políticas públicas
costuma ser a existência de complementação
e integração dos entes da federação,
os Municípios, os Estados e a União.
Muitas vezes, um programa nacional é
criado, mas precisará de apoio do ente
federado para ser viabilizado. Outras vezes,
existe um determinado programa estadual ou nacional,
mas o município cria outro muito semelhante,
o que gera dispersão de recursos públicos
e dificuldades na gestão.