A Comissão Justiça
e Paz da Arquidiocese de São Luís (MA) denuncia trabalho escravo
na região Norte do país;
Na Paraíba, o
Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Santa Rita denuncia o
assassinato, por jagunços, a serviço do latifúndio, do camponês
Severino Moreira de Lima, do Sindicato de Trabalhadores Rurais de
Itabaiana, em 12 de outubro de 1986;
Os 25 anos de fundação
da Anistia Internacional são comemorados, no Brasil, com a presença
do secretário geral da entidade, Thomas Hammarberg. Durante a
ditadura, a Anistia e as ONGs de direitos humanos realizaram
estreita parceria, na denúncia do regime de exceção do Brasil;
Noutra dimensão da
luta pelos direitos humanos (da solidariedade), realiza-se, em São
Paulo, em maio, o Seminário Internacional de Solidariedade
Brasil/Chile/Paraguai, organizado pelo Comitê de Defesa dos
Direitos Humanos do Cone Sul/CLAMOR;
Em Goiás,
entidades do MNDH unem-se à Universidade Católica, ao Conselho
Nacional de Seringueiros e à União das Nações Indígenas, para
denunciarem o efeito do projeto Polonoroeste e a construção de três
hidrelétricas, em Rondônia, sobre as comunidades indígenas desse
Estado e sobre seu ecossistema;
Mais um religioso -
desta vez o pastor batista José Inácio da Silva Filho - é morto a
tiros por defender a reforma agrária. Seu assassinato aconteceu em
Timon (MA), em 21 de maio de 1986;
O MNDH participa,
em Brasília, do 1º Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua,
de 25 a 28 de maio;
Em João Pessoa
(PB), a sede do Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação
Popular é invadida por desconhecidos, que levam apenas documentos e
cadastros. O Centro foi fundado em 1979 e acompanhou 10.000 casos
ligados à violência urbana e rural;
Um pool de
entidades e movimentos sociais lança, em Brasília, a Campanha
Nacional pela Reforma Agrária. Entre outras, integram a Campanha a
Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), a
Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Indigenista Missionário
(CIMI), a Associação Brasileira pela Reforma Agrária (ABRA) e o
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE);
Em setembro, o
Serviço Nacional Justiça e Não-Violência, filiado ao MNDH, propõe
a instituição de um Serviço Civil alternativo para as pessoas que
se recusarem a prestar o serviço militar “por motivo de consciência
ou em razão de profunda convicção de ordem religiosa, ética,
moral, humanitária, filosófica ou de natureza similar”;
Em “Carta aberta
ao povo brasileiro e ao Presidente da República”, o MNDH pede a
demissão do ministro da Justiça, Paulo Brossard, cuja atuação
mostra-se “incompatível com o anseio do povo brasileiro para a
efetivação de uma verdadeira transição democrática e a criação
de um Estado de Direito”. O Movimento acusa o ministro de somar
forças “aos que se opõem à reforma agrária - conquista da
sociedade brasileira - e com os que querem manter a atual estrutura
agrária, de natureza especulativa e improdutiva, o que faz com que
cresçam os assassinatos de trabalhadores rurais, ao nível de quase
uma vítima por dia”;
Em 16 de junho, em
Porto Alegre, a CESE e o CONIC lançam o documento “As Igrejas no
debate da Constituinte”, em que incentivam a participação
popular no processo constitucional e uma Constituição voltada para
os interesses majoritários. De 17 a 19 de setembro, no Rio, as duas
entidades citadas e o Centro Ecumênico de Documentação e Informação
(CEDI) publicam a “Declaração do Rio de Janeiro”, em que
voltam a assumir, como suas, as reivindicações populares no
Congresso Constituinte;
Em agosto, dezenas
de entidades e movimentos sociais unem-se, em Brasília, no lançamento
da Campanha Nacional pelo Reconhecimento Constitucional dos Direitos
dos Povos Indígenas.
1987
Inauguram-se, em
Brasília, em 1º de fevereiro de 1987, os trabalhos do Congresso
Constituinte que irão resultar na aprovação da atual Constituição
brasileira, em 1988. Os movimentos sociais e populares de todo o país,
além das Igrejas Cristãs ecumênicas, envolvem-se decisivamente na
mobilização da sociedade em torno desse tema. Uma das expressões
dessa mobilização é o apoio (através de manifestações,
abaixo-assinados e outras articulações) à emenda do senador Mário
Covas (PMDB/SP), com apoio do PT e PDT, prevendo a possibilidade da
iniciativa popular constituinte, subscrita por mais de 30 mil cidadãos;
Um “Tribunal
contra os Crimes no Campo” é instalado em Brasília, em 12 de
maio de 1987, com a participação do MNDH, CPT, CONTAG, CUT, CGT e
outras entidades;
Em Genebra, a
Comissão de Direitos Humanos da ONU divulga relatório, com subsídios
recolhidos no Brasil, indicando que 450 pessoas foram assassinadas,
no campo brasileiro, entre 1985/1986;
O MNDH soma-se, em
março, à CNBB, CIMI, Cáritas, CPT
e outras entidades, numa campanha nacional pelo fim do
Projeto Calha Norte, de caráter militar, na região Norte do país.
O projeto, segundo o manifesto da campanha, “foi elaborado na
calada da noite, inspirado pelo Conselho de Segurança Nacional e
sem a participação dos políticos eleitos pelo povo”, podendo
prejudicar os povos indígenas;
Quarenta ONGs de
direitos humanos participam, em São Paulo, em 7 de março, da fundação
da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente;
Militantes de
direitos humanos e e de grupos ecumênicos iniciam, em 28 de março,
no centro de São Paulo, uma caminhada a pé até Brasília, por
iniciativa da Plenária pela Participação Popular na Constituinte;
O MNDH, através do
Serviço de Intercâmbio Nacional (SIN), elabora um dossiê sobre as
torturas contra presos, nos distritos policiais. A decisão de
elaborar o dossiê foi adotada no 3º Encontro Inter-Regional do
Movimento, realizado em Viçosa (MG), com 40 entidades
participantes;
O assassinato, em
Belém (PA), em 11 de junho, do ex-deputado estadual Paulo Fontelles,
provoca, mais uma vez, uma ampla mobilização nacional contra a
violência do latifúndio contra os defensores da reforma agrária;
As entidades de
direitos humanos pressionam o Congresso Nacional, em setembro, para
que ratifique a Convenção da ONU contra a tortura e outros
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes;
Movimentos sociais
e populares, além das Igrejas Cristãs, assumem a defesa do CIMI,
acusado, numa série de reportagens do jornal “O Estado de S.
Paulo”, de promover a “internacionalização” da Amazônia. A
campanha do jornal volta-se contra os direitos indígenas na nova
Constituição;
Em 9 de setembro,
é lançada, em Porto Alegre (RS), a Campanha Teotônio Vilela pelos
Direitos Humanos, integrando entidades brasileiras e as Madres de la
Plaza de Mayo, da Argentina;
O Instituto
Interamericano de Direitos Humanos, a Universidade de São Paulo e a
Comissão Justiça e Paz promovem o seminário “Educar para os
Direitos Humanos”, na Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco;
Mendes, interior do
Estado do Rio de Janeiro, ONGs de direitos humanos e de outras áreas
participam do 7º Encontro da Articulação Nacional de Movimentos
Populares e Sindicais (Anampos). Entre os temas, a idéia da criação
de uma Central dos Movimentos Populares;
No
segundo semestre, o Movimento Nacional de Direitos Humanos debate
intensamente propostas ligadas à sua legalização, como forma de
aprofundar sua intervenção social e política. O tema será
retomado em Goiânia (em 1988), no 5º encontro nacional.;
Uma
Escola de Direitos Humanos, com aulas semanais, funciona durante o
segundo semestre de 1987, em São Paulo, por iniciativa do movimento
dos Cristãos pelos Direitos Humanos na América Latina;
Em
Goiás, as entidades do MNDH mobilizam-se, em outubro, em torno do
acidente com o césio 137( material radiativo), em Goiânia, com várias
pessoas mortas e contaminadas.
A
segunda sessão do Tribunal Nacional dos Crimes do Latifúndio
realiza-se em Salvador (BA), de 12 a 14 de novembro, com a participação
do IAJUP, ABRA, CPT, CUT, CGT, CONTAG, INESC, IBASE, MST, OAB e
outras entidades;
Lançada,
em São Paulo, a campanha pela libertação da brasileira palestina
Lamia Maruf, condenada à prisão perpétua em Israel;
O
MNDH decide, em novembro, criar um Banco de Dados sobre violações
aos direitos humanos no Brasil;
ONGs
de direitos humanos participam, em Cachoeira do Campo (MG), do 4º
Encontro da Articulação Nacional do Solo Urbano (ANSUR);
1988
O
ano começa com cerca de 12 mil famílias de trabalhadores rurais
sem terra acampadas em áreas de oito Estados. As entidades ligadas
à questão da terra denunciam o fracasso do Plano Nacional de
Reforma Agrária que o governo do presidente José Sarney anunciou
em 1985;
De
27 a 31 de janeiro, o MNDH realiza seu 5º Encontro Nacional, em Goiânia
(GO). Participam representantes de entidades de direitos humanos na
Argentina, Chile e Peru;
Em
9 de agosto, o Congresso Constituinte aprova um elenco de direitos
individuais a serem inseridos na nova Constituição, entre os quais
o habeas data e o direito de injunção;
Reunidos
em Brasília, em outubro, o Conselho e o Secretariado Nacionais do
MNDH divulgam nota propondo a mobilização da sociedade civil para
defender as conquistas inseridas na Constituição de 1988. A nota
exige também reforma agrária e condena a violência da União
Democrática Ruralista (UDR);
As
entidades de direitos humanos reagem à repressão, pelo Exército,
à greve dos metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN),
em Volta Redonda (RJ). Três operários (Willian, Walmir e Barroso)
foram mortos;
Em
22 de dezembro, é assassinado, no Acre, o líder sindical e
ecologista Chico Mendes.
1989
O
MNDH envia telex, no final de fevereiro, ao presidente José Sarney,
pedindo providências para impedir a exportação, para a Polícia
Militar do Chile,de 12 jipes blindados anti-motim, fabricados pela
empresa paulista Bernardini;
O
coordenador do Conselho Nacional do MNDH, Pedro Wilson Guimarães e
o vice-presidente da CUT, Avelino Ganzer, dão entrevista, no início
do ano, em São Paulo e Brasília, lamentando o lançamento da
candidatura presidencial do presidente da UDR, Ronaldo Caiado, pelo
Partido Democrata Cristão (PDC);
No
domingo de Carnaval, em fevereiro, 18 presos morrem asfixiados e
outros 32 sofrem lesões, depois de confinados, por policiais e
carcereiros, numa cela forte, sem ventilação, de 1,45 por 3,75
metros, no 42º Distrito Policial, no Parque São Lucas, Zona Leste
de São Paulo. O caso é assumido como prioritário pela Comissão
Teotônio Vilela de Direitos Humanos, filiada ao Movimento.
Envolvidos no crime, o delegado do distrito foi absolvido, um
investigador foi condenado, em setembro de 1993, a 516 anos
(reduzidos depois para 54) e um carcereiro, a 45 anos;
Em
julho, a sede do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Manaus
(AM) é arrombada por desconhecidos. O Movimento relaciona o fato
com a campanha do Centro contra a participação de policiais em
grupos de extermínio;
No
mesmo mês, o Movimento denuncia, em Brasília, a corrupção
generalizada nos presídios de todo o país;
Em
Porto Alegre, o MNDH acusa, em agosto, uma editora (Revisão) de
fazer propaganda nazista e favorecer o anti-semitismo;
Em
São Paulo (agosto), o Movimento participa do Encontro Nacional de
Familiares de Desaparecidos Políticos. No mesmo mês, marca presença
na terceira sessão do Tribunal Nacional dos Crimes do Latifúndio,
no Teatro Municipal paulistano;
Em
todo o país, acontecem eventos ligados aos 200 anos da Declaração
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Revolução
Francesa;
Em
Recife, a Comissão da Justiça e Paz, com apoio de D. Hélder Câmara,
lança, em agosto, uma
Campanha pela Cidadania, com o lema “Vamos fazer a lei saltar do
papel para a vida”;
O
Movimento lança um suplemento de intercomunicação, inserido no
boletim semanal da Agência Ecumênica de Notícias, com resumo de
casos e endereços para manifestações. É a segunda experiência
desse tipo, na história do MNDH. A primeira foi realizada através
do Serviço de Intercâmbio Nacional (SIN);
A
campanha das primeiras eleições presidenciais diretas, depois da
ditadura, mobiliza toda a sociedade brasileira;
Oitocentas
entidades - entre as quais as de direitos humanos - participam, no
Rio de Janeiro, em 29 de setembro, do lançamento do Fórum
Permanente contra a Violência., promovido pelos CDDHs de Duque de
Caxias, Nova Iguaçu e Volta Redonda, entre outras instituições;
O
MNDH divulga nota, em 19 de outubro, pedindo “união e olho vivo
em 15 de novembro” (nas eleições presidenciais). “Aproximam-se
as eleições - diz a nota - . Defina seu voto a partir do
compromisso do candidato com um programa voltado para enfrentar a
injustiça institucionalizada no país”;
Entidades
filiadas ao Movimento participam, em Quito, Equador, de 16 a 21 de
outubro, do 2º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Organismos
Ecumênicos de Direitos Humanos, promovido pelo Conselho
Latino-Americano de Igrejas (CLAI) e pela Conferência de Igrejas do
Caribe.
1990
O
6º Encontro Nacional do MNDH é realizado, de 5 a 10 de fevereiro,
no Centro Mariápolis, em Vargem Grande Paulista (SP), sobre o tema
“Os Direitos Humanos e a Construção da Nova Sociedade
Brasileira”. No dia 5, em São Paulo, os Prêmios Nacionais de
Direitos Humanos/1989 são entregues aos índios Yanomami, ao
Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda (RJ), à sindicalista
rural mineira Maria Aparecida e à deputada federal Benedita da
Silva (PT/RJ). Da abertura, participam, entre outras personalidades,
o cardeal D. Paulo Evaristo Arns, o ex-candidato presidencial Lula e
o presidente do PC do B, João Amazonas. No final do encontro, o
Movimento divulga nota oficial pedindo a adoção de “uma atitude
vigilante e crítica” diante do governo recém-eleito do
presidente Fernando Collor de Mello. Entre as prioridades até o
encontro nacional de 1992, o MNDH inclui as lutas pela cidadania e
democracia e contra as causas da violência. O encontro de Vargem
Grande aprovou também moção de repúdio à invasão do . Panamá
por tropas norte-americanas, no final de 1989;
Os
organismos de direitos humanos no Brasil, como parcelas das forças
progressistas do país, debatem amplamente, em seus encontros e
reuniões, o novo cenário geopolítico e ideológico, simbolizado
pela queda do muro de Berlim, em 1989;
As
organizações de direitos humanos mobilizam-se amplamente, em
maio/junho de 1990, contra a proposta do deputado Amaral Netto
(PDS/RJ) de realização de um plebiscito nacional sobre a adoção
da pena de morte no Brasil;
No
mesmo mês, o MNDH propõe às demais articulações da sociedade
civil que se mobilizem contra o Plano Collor (plano econômico do
governo Collor de Mello);
Em
agosto, o Presidente Collor sanciona o Estatuto da Criança e do
Adolescente, resultante de uma grande mobilização de entidades,
CDDHs e Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente,
em todo o país;
Graças
ao trabalho do Centro de Direitos Humanos Gaspar Garcia, é criada,
na Zona Leste de São Paulo, em 4 de agosto de 1990, a Associação
dos Trabalhadores da Catação do Papel e Papelão;
A
CESE promove, em Salvador, de 31 de agosto a 2 de setembro, Consulta
Nacional sobre Crianças e Adolescentes. O novo Estatuto é, pela
primeira vez, debatido pelos movimentos sociais e entidades ligadas
aos projetos da Coordenadoria Ecumênica de Serviço;
Em
Belo Horizonte, a Comissão Pastoral de Direitos Humanos da
arquidiocese local (uma das entidades filiadas ao Movimento)
denuncia a atuação de um grupo parapolicial conhecido como
“esquadrão do torniquete”, com 31 vítimas executadas sob
torturas, a facadas ou amordaçadas com um torniquete;
Entidades
de direitos humanos e de familiares de mortos e desaparecidos políticos,
com apoio da prefeita de São Paulo, Luiza Erundina,
descobrem, no Cemitério de Perus, em 4 de setembro de 1990,
uma vala clandestina em que estão sepultados restos mortais de
ex-presos políticos da ditadura militar. O MNDH divulga nota
exigindo que haja rigorosa investigação sobre o fato. No dia 15,
um culto ecumênico, na Catedral da Sé, reúne 2500 pessoas;
Nas
eleições estaduais de 1990, vários militantes do Movimento lançam-se
como candidatos, em todo o Brasil.
1991
O
MNDH participa, ativamente, da articulação da sociedade civil
brasileira de oposição ao governo Collor e sua política econômica
neoliberal. No plano interno, o Movimento intensifica os debates
sobre sua identidade e estrutura de funcionamento;
Um
estudo descritivo sobre o Movimento é preparado pela Secretaria
Nacional de Formação. De acordo com essa pesquisa, em 1991, o MNDH
possui 223 entidades filiadas, sendo 20,18% do Nordeste, 17,94% do
Centro-Oeste e 11,66% do Norte. Do total de entidades, cerca de 20%
não têm o nome “direitos humanos” em sua razão social, embora
militem nessa área. Dos CDHs filiados ao Movimento, 61,54% têm sua
origem na Igreja, enquanto 32,97% procedem dos movimentos populares.
1992
O
10º aniversário do MNDH é comemorado em Brasília, na sede da
CONTAG, no 7º Encontro Nacional do Movimento, com a participação
de 170 delegados de entidades filiadas e de organizações
convidadas. “Luta pela Vida, Contra a Violência” é o tema
escolhido como eixo político do MNDH. O Prêmio Nacional de
Direitos Humanos/1991 é entregue ao teólogo Leonardo Boff.
Em
maio, o Movimento reúne-se em São Bernardo do Campo (SP), em
parceria com a Prefeitura Municipal e debate o tema “Comunicação
e Violência”. O Conselho e o Secretariado escolhem a logomarca do
MNDH, com design do artista Venâncio Pinheiro;
Em
15 de agosto, o MNDH resolve apoiar oficialmente o pedido de impeachment
do Presidente Collor e providencia cartaz com as palavras de ordem
“Corrupção é violência. Pela ética na política”. Decide
também promover consulta junto às suas entidades sobre
parlamentarismo, presidencialismo e monarquia, considerando a
proximidade do plebiscito sobre sistema e forma de governo (em 21 de
abril de 1993). Toma também posição crítica diante do projeto de
revisão constitucional, previsto para o ano seguinte “para
impedir retrocessos nas conquistas verificadas na Carta Magna de
1988”. Na pauta da reunião do Conselho, entram também os temas
do Mercosul, do narcotráfico e a realização de uma pesquisa
nacional sobre a violência criminalizada;
Em
2 de outubro, no presídio do Carandiru, em São Paulo, 111 presos são
assassinados por tropas da Polícia Militar. As entidades de
direitos humanos e a sociedade civil, como um todo, reagem ao
massacre, que continua impune;
O
Movimento promove em Natal (RN), de 26 a 28 de novembro, um seminário
sobre Política de Comunicação e Direitos Humanos;
Em
dezembro, realiza-se, em Brasília, na sede da CONTAG, um seminário
nacional do Movimento para aprofundar seu eixo político: “Luta
pela vida, contra a violência”. Na ocasião, o 5º Prêmio
Nacional de Direitos Humanos é entregue ao sociólogo Herbert de
Souza (Betinho). O MNDH participa também, oficialmente, de sessão
plenária da Câmara dos Deputados, em 10 de dezembro, no aniversário
da Declaração Universal dos Direitos Humanos;
Nesse
ano, várias entidades do Movimento participam, no Rio de Janeiro,
dos trabalhos da Conferência da ONU sobre meio ambiente e
desenvolvimento (Eco/92).
1993
Em
janeiro, o MNDH analisa a conjuntura pós-impeachment de
Collor e as perspectivas do governo do Presidente Itamar Franco. No
plano interno, numa linha de crítica e autocrítica, elenca três
pontos que considera cruciais para a revisão do seu trabalho: “1.
A postura defensivista. Não basta ser contra as violações aos
direitos humanos e não é suficiente defender-se; 2. As propostas
dispersivas. É preciso concentrar esforços em propostas de mudanças
em todos os níveis que incidam em novas posturas diante dos
direitos civis, a começar pelas políticas públicas; 3.A postura
generalista. Embora a diversidade das ações das entidades que
integram o Movimento constitua uma de suas maiores riquezas, é
preciso - a nível do MNDH como tal - reforçar uma certa
especialização, em torno de prioridades, com vistas a uma maior
eficácia e eficiência de seu trabalho”;
A
mesma reunião decide lançar uma Campanha Nacional contra a
Impunidade. É também decidida a realização de um seminário
nacional, em São Paulo, em 8 e 9 de maio, sobre o Banco de Dados
sobre Violência Criminalizada;
Em
22 de janeiro, em Porto Alegre, o CONIC
divulga nota oficial contra a pena de morte no Brasil. No dia
18, o MNDH também divulgara nota com o título “Pena de morte já
existe. Legalizá-la será mais uma forma de violência”;
O
MNDH participa, em abril, dos trabalhos preparatórios da Conferência
Mundial de Direitos Humanos da ONU, em parceria com outras entidades
da sociedade civil, com governo
federal, Poder Judiciário e Poder Legislativo. Participa também da
reunião continental preparatória em Quito. Em junho, é uma das
redes de ONGs presente na Conferência, em Viena;
Secretários
Nacionais do Movimento aproveitam a viagem à Europa, para a Conferência
de Viena e visitam, de maio a julho de 1993, agências de apoio a
projetos de desenvolvimento e direitos humanos, em cinco países;
No
segundo semestre de 1993, o MNDH é uma das articulações
participantes da Agenda dos Direitos Humanos, coordenada pelo Ministério
da Justiça. Dirigentes do Movimento integram os quatro grupos de
trabalho da Agenda (sobre execução penal, estatísticas básicas
dos crimes no Brasil, poderes paralelos, política dos Conselhos e
crimes contra direitos humanos);
O
anteprojeto de mudança do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana, ligado ao Ministério da Justiça, para Conselho Nacional de
Direitos Humanos, inclui, na composição desse órgão, dois
representantes do MNDH, indicados pelo seu Conselho. O anteprojeto,
transformado em projeto, ainda tramita no Congresso Nacional;
Em
setembro, o MNDH mobiliza-se em torno dos massacres de meninos de
rua na Candelária, dos índios Yanomami em Roraima e de 21
moradores da Favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro;
Além
de participar, desde o início, do Movimento pela Ética na Política,
o MNDH também se integra, oficialmente, à Ação da Cidadania
contra a Miséria e pela Vida.
1994
O
MNDH promove, de 25 a 29 de janeiro, em Salvador, o seu 8º Encontro
Nacional, sobre o tema
“Cidadania e Direitos Humanos: rumo ao século 21”. Participam
156 representantes das entidades filiadas, mais 21 de entidades
convidadas e 17 assessores. Cria quatro Programas: Organização,
Justiça e Segurança Pública, Políticas Públicas, Gênero,
Racismo e Discriminação. O Prêmio Nacional de Direitos Humanos é
entregue ao jurista Hélio Bicudo e à Coordenadoria Ecumênica de
Serviço (CESE), em reconhecimento aos serviços prestados à causa
da cidadania e dos direitos humanos no Brasil;
O
1º Seminário Nacional de Comunicação, Cultura e Direitos
Humanos, do MNDH, é realizado em Natal, de 23 a 26 de junho, através
do Programa de Políticas Públicas. De 28 de abril a 1º de maio,
em Peruíbe (SP), realiza-se o 1º Seminário Nacional de Políticas
Públicas e Direitos Humanos que aprova propostas a serem
encaminhadas aos candidatos às eleições gerais desse ano. “É
fundamental rever o modelo de desenvolvimento econômico adotado no
Brasil, substituindo-o por um modelo de desenvolvimento sustentável”,
diz o preâmbulo das propostas;
Nas
eleições proporcionais são eleitos vários parlamentares
comprometidos com a causa dos direitos humanos, entre os quais, para
Câmara Federal, Pedro Wilson Guimarães, então coordenador
nacional do MNDH;
De
24 a 27 de novembro de 1994, em Peruíbe, realiza-se o 1º Seminário
Nacional de Gênero, Racismo e Discriminação, promovido pelos
Programas de Gênero, Racismo e Discriminação e Políticas Públicas,
do MNDH.
1995
O
3º Seminário Nacional de Comunicação, Cultura e Direitos
Humanos, sobre o tema “Direitos Humanos e Resgate da
Auto-Estima”, é realizado em Itajaí (SC), de 15 a 18 de
fevereiro;
O
caso da chacina de Mãe Luíza (nome de um bairro popular de
Natal, RN) ganha repercussão nacional e internacional, em setembro,
através das denúncias feitas pelo Centro de Direitos Humanos e Memória
Popular (CDHMP), filiado ao MNDH. Duas pessoas, entre as quais uma
mulher grávida, são mortas, em março, por um grupo parapolicial,
conhecido como “meninos de ouro”. Os militantes do Centro são
ameaçados de morte. Através do MNDH, o Ministério da Justiça
coloca agentes da Polícia Federal para garantirem a segurança de
Luiz Gonzaga Dantas, do CDHMP;
Representantes
de entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente,
filiadas ao Movimento Nacional de Direitos Humanos, reúnem-se no
Rio de Janeiro, em 29 de abril, no encontro do Coletivo de Criança/Adolescente
do MNDH;
Em
7 de setembro de 1995, o Presidente da República, Fernando Henrique
Cardoso, anuncia a intenção do governo federal de elaborar um
Plano Nacional de Direitos Humanos, concretizando, assim, uma
recomendação do Programa de Ação aprovado, em Viena, em 1993,
pela Conferência Mundial de Direitos Humanos. As tarefas executivas
da fase preparatória do Plano são confiadas ao Núcleo de Estudos
de Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), uma entidade
filiada ao MNDH. Em todo o país, são realizados workshops
preparatórios, dos quais participam entidades do Movimento e de
outras articulações da sociedade civil;
O
MNDH participa do pool de entidades de apoio à Caravana dos
Movimentos Populares de todo o país que se dirige a Brasília para
entregar às autoridades uma série de reivindicações;
É
inaugurada, em Natal, no Regional Nordeste do MNDH, a Rede BBS
Direitos Humanos & Cultura, incluindo banco de dados interativo
sobre direitos humanos;
Na
história do Movimento, 1995 é o ano da avaliação. O processo
avaliatório é feito conjuntamente pela CESE e MNDH e envolve
dezenas de entrevistas e visitas in loco dos pesquisadores José
Carlos Zanetti e Oscar Gatica. Uma primeira apresentação do relatório
da pesquisa é feita de 15 a 17 de dezembro, em Brasília, na reunião
do Conselho Nacional do MNDH.
5.2.
O ano do planejamento estratégico
O
9º Encontro Nacional do MNDH é realizado em Brasília, de 29 de
fevereiro a 2 de março, sobre o tema: “Violência no Brasil
neoliberal: Desafios e Perspectivas para os Direitos Humanos”. A
programação inclui a apresentação do Programa Nacional de
Direitos Humanos, painel sobre o neoliberalismo e visitas aos
parlamentares e a outras autoridades dos Poderes Executivo e judiciários.
Os programas do MNDH são reformulados, concentrando-se nos de Políticas
Sociais Públicas, Justiça e Segurança Pública, Gênero, Racismo
e Discriminação. A Comissão dos Familiares de Mortos e
Desaparecidos Políticos recebe o 8º Prêmio Nacional de Direitos
Humanos. Em 29 de fevereiro, a Câmara dos Deputados realiza sessão
solene em homenagem ao MNDH, coordenada pelo seu presidente,
deputado federal Luís Eduardo Magalhães (PFL/BA);
Em
25 de abril, o Movimento notifica extrajudicialmente a Editora
Abril, de São Paulo, por ter publicado, na revista Playboy,
mensagens consideradas favorecedoras da prostituição
infanto-juvenil, através de outdoors, em desrespeito ao Estatuto da
Criança e do Adolescente. A notificação é acatada pela editora,
que manda retirar essas peças publicitárias;
Em
27 e 28 de abril, na Câmara dos Deputados, em Brasília, acontece a
1ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, promovida pela Comissão
de Direitos Humanos dessa Casa Legislativa, com a participação do
MNDH e de outras entidades da sociedade civil, com o objetivo
central de avaliar e interferir no Programa Nacional de Direitos
Humanos, proposto pelo governo federal;
Em
maio, o MNDH participa do II Encontro Intermunicipal de Cultura,
promovido por entidades de todo o país e que trabalha, entre outros
temas, a interação entre direitos humanos e a questão cultural;
De
2 de fevereiro a 30 de junho, em São Paulo, o Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (formado, em 80%, por entidades
não governamentais, todas elas filiadas ao MNDH) e a Secretaria de
Estado da Justiça e Defesa da Cidadania, co-promovem o 1º Fórum
Estadual das Minorias. São promovidas cerca de 20 audiências públicas,
em que são oficialmente ouvidas 300 entidades, representando
mulheres, negros, índios, homossexuais, crianças e adolescentes,
trabalhadores rurais, migrantes e
imigrantes, além
de ONGs das áreas da saúde, educação, moradia e trabalho, entre
outras. No segundo semestre, essas entidades também participam do
processo de elaboração do Programa Estadual de Direitos Humanos;
Na
história do MNDH, 1996 é o ano do planejamento estratégico. O
Movimento aceita proposta da CESE para iniciar um processo de
planejamento, sob a coordenação de Marco Arroyo, do Instituto
Cajamar, e que envolve, inicialmente, as instâncias diretivas
nacionais.