
Curso de Ação Direta
Leis, direitos e segurança em ação
direta
Veja
o que é possível fazer para garantir sua maior segurança
durante manifestações ou outras modalidades de ação direta:
1. antes da ação;
2. leis e direitos;
3. situações de risco
de prisão;
4. sendo preso;
5. na delegacia / solidariedade
carcerária
Primeiros
socorros em ação direta
Se
você decidiu participar de uma manifestação e optou pela
realização de ação direta deve considerar a possibilidade de
que alguém possa ser preso, inclusive você. É muito
importante preparar-se individualmente e coletivamente para essa
situação. Veja algumas sugestões que poderão auxilia-lo a
evitar ou resolver problemas desse tipo:
1.
O quê fazer antes da Ação
A
primeira coisa que você deve saber é se existe uma Comissão
de Segurança ou Legal dando suporte à ação da qual você irá
participar. Se você já faz parte da organização da ação
certifique-se de que seja formada uma Comissão para cumprir
essas funções.
Essa
Comissão pode organizar e distribuir panfletos contendo:
orientações gerais acerca da segurança dos manifestantes; uma
compilação das principais leis que garantem a legalidade da
manifestação e estabelecem os limites da ação policial; como
contatar a Comissão e telefones úteis em caso de emergência
(Corregedoria da Polícia e outros órgãos públicos). Pode
também formar uma equipe de advogados e acioná-los no momento
em que for necessário.
Outra
boa forma de prevenir e denunciar abusos da Polícia é criar
uma equipe de Observadores Legais, responsável por identificar
a ocorrência de abusos e comunicar à Comissão imediatamente.
Diferente da Comissão, que se articula por fora da manifestação,
os Observadores participam efetivamente da ação direta,
portando algum tipo de identificação (p. ex. crachás) e
presenciam tudo “ao vivo”, podendo, prontamente interferir
no momento de uma prisão, explicitando os direitos dos
manifestantes diretamente para o policial.
O
registro do ato através de fotos e filmagens pode ser muito
importante para fornecer provas contra ações abusivas por
parte de policiais. Essas imagens também têm valor documental
e podem integrar a divulgação posterior da ação. A Comissão
deve garantir que haja um número razoável de pessoas fazendo
tais registros, além de pensar em estratégias para que a polícia
não apreenda o material.
Os
grupos de afinidade podem participar das decisões e práticas
da Comissão de Segurança ou podem apenas tomar conhecimento de
tais decisões. Porém, há muitas coisas que você pode fazer
independentemente da Comissão em seu grupo de afinidade.
A
primeira delas é conhecer todos os membros do seu grupo e saber
seus nomes completos. A lógica é que cada um cuide de todos e
que todos cuidem de cada um. Todos os membros devem estar aptos
a dar as informações necessárias de cada um para a Comissão.
A solidariedade, coesão e confiança existentes em um grupo de
afinidade podem ser sua força e sua segurança.
É
muito útil também que cada grupo tenha pelo menos um
colaborador que não esteja participando da ação direta (um(a)
amigo(a), namorado(a), parente ou vizinho). Existem pessoas que
apóiam a causa mas não se dispõem a sair às ruas por
diversos motivos. Essa é uma forma de envolver mais gente e
garantir o sucesso da ação como um todo. Providencie que esse
“membro oculto” tenha todas as informações sobre os
membros do grupo e possa ser uma ponte entre a Comissão e os
grupos. Essa pessoa também pode ajudar gravando a cobertura
televisiva da manifestação, ajudando a sustentar desculpas
para os chefes ou alimentando seu animal de estimação em caso
de prisão.
Uma
sugestão importante é identificar pessoas que possuam algum
tipo de vulnerabilidade em seu grupo. Pessoas com passagens pela
polícia, por exemplo, correm maior risco de sofrer conseqüências
mais drásticas em caso de prisão. Pessoas com doenças crônicas
ou psicológicas (bronquite, asma, problemas cardíacos, fobias,
etc) devem ter uma atenção especial durante a manifestação e
após sua prisão.
Outras
condutas podem ser adotadas no decorrer da ação por todos
aqueles que estão participando dela. Preparar cartazes, faixas,
ou outros materiais nos quais estejam escritas as leis que
garantem seu direito de manifestação pode ser um eficiente
meio de informar a polícia de que você conhece os seus
direitos e de inibir quaisquer abusos. Lembre-se de se informar
sobre a existência de uma Comissão Legal, de descobrir como
contatá-la, de possuir um panfleto com os telefones úteis e de
possuir as informações sobre seus amigos(as). Todos que
tiverem possibilidade de levar câmeras fotográficas e
filmadoras devem tentar documentar a ação, pelos mesmos
motivos acima expostos.
É
muito importante não levar em hipótese alguma nenhum tipo de
droga (maconha e álcool inclusos) e nenhum tipo de arma (soco
inglês e canivetes inclusos também). A questão é simples: se
você for preso portanto armas e/ou drogas você, certamente,
será fichado por porte ilegal de armas e entorpecentes e não
por causa da ação em si, o que pioraria muito sua situação.
Além disso tal atitude pode prejudicar a credibilidade da
manifestação, colocar em risco e dificultar a liberação os
demais detidos.
Logo
que chegar no local da ação tente memorizar o rosto e o nome
de alguns policiais (se for preciso anote). Lembre-se que
durante uma ação mais violenta da polícia os oficiais
costumam ocultar seus nomes.
Há
muitas outras coisas que podem ser feitas durante as ações.
Antes de passarmos a elas seguem as tão faladas leis que
garantem seu direito de manifestar-se:
2.
Leis e direitos
Direito
de manifestação, locomoção e expressão do pensamento:
Constituição
Federal - Artigo 5°: Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
IV
- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;
VI
- é inviolável a liberdade de expressão e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas
liturgias;
VIII
- ninguém será privado de direitos por motivo de crença
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recursar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX
- é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença;
XVI
- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
Limites
da ação policial:
Constituição
Federal - Artigo 5º:
II
- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
III
- ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano
ou degradante;
XXXIX
- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
XLIX
- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral;
LIV
- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
LXI
- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
LXII
- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIV
- o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV
- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
LXVI
- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVIII
- conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Lei
4.898/65 - Abuso de autoridade: é crime de abuso de autoridade
o atentado à liberdade de locomoção (artigo 3º,
"a"); ao direito de reunião (artigo 3º,
"h"); à incolumidade física do indivíduo (artigo 3º,
"i").
Código
Penal - Artigo 322: Praticar violência, no exercício de função
ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de 6 (seis)
meses a 3 (três) anos, além da pena correspondente à violência.
Decreto
Estadual Nº 13.657/43 - Transgressões disciplinares dos
policiais militares: usar de violência desnecessária ao
efetuar uma prisão (artigo 13, inciso LIV), maltratar preso sob
sua guarda (artigo 13, inciso LV).
Ouvidoria
das Polícias Civil e Militar de SP
Tel.:
0800 171770
3.
Situações de Risco de Prisão
Algumas
ações envolvem maior risco de prisão do que outras. Por
exemplo: o caráter violento / não-violento da ação orienta
em muito a ação da polícia. Você deve saber que bloqueios de
ruas, invasão e depredação à propriedade serão reprimidos
com muito mais violência do que uma panfletagem ou uma
demonstração de caráter cultural e informativa. Escolher
previamente um tipo de ação é importante para orientar o
comportamento dos manifestantes e tomar as devidas providências
para enfrentar a reação da polícia (tratadas no item Antes da
Ação). Se, por exemplo, o coletivo optar por uma manifestação
não violenta estará esperando uma determinada reação
policial. Neste caso se alguns indivíduos se portarem de forma
violenta poderiam acabar provocando uma reação contrária às
expectativas e preparações do coletivo, colocando em risco a
segurança da manifestação. Por isso, procure participar das
decisões prévias a respeito da dinâmica que vai assumir a
manifestação da qual você irá participar, ou, se isso não
for possível, procure se informar sobre seu caráter (violenta
, não violenta) . Mas, de qualquer maneira, você deve ter
sempre em mente que existe a possibilidade de você ser preso,
assim como muitos de seus companheiros.
O
mais importante é manter-se calmo diante desta situação.
Dificilmente algo de muito grave acontecerá com você ou com
aqueles de quem você gosta. Existem muitas pessoas que já
foram presas e que hoje estão bem e mais ativas do que nunca.
Uma das mais poderosas armas da polícia é o medo que a prisão
e a violência contra os detidos causa na maioria das pessoas. Não
há motivos para temer. Tranqüilize-se e tente tranqüilizar os
outros.
Saiba
que você não está sozinho. Lembre-se que existem milhares de
pessoas ao seu redor lutando pelos mesmos motivos que você.
Existem milhões de outras pessoas no mundo todo que saem às
ruas com os mesmos objetivos que você. Você vai se sentir
forte e convicto, e isso não será à toa.
Se
for preso pode ter certeza que muitas pessoas irão se mobilizar
para te ajudar: seus amigos, parentes e companheiros vão à
delegacia prestar solidariedade e aguardar até que você saia são
e salvo de lá; os outros presos estarão do seu lado,
conversando, ajudando e, se possível, descontraindo o ambiente
e amenizando a tensão da situação; a Comissão Legal estará
se articulando para soltá-lo o mais rápido possível e
providenciando toda e qualquer ação que for necessária; a
equipe de advogados estará pronta para defender e soltar
qualquer manifestante que tenha sido detido. Não há motivo
para se desesperar. Você será solto e continuará ao nosso
lado nas próximas ações.
4.
Sendo preso
Mesmo
com todas os cuidados e precações devidamente tomados você
pode se deparar com a situação de estar sendo preso ou de
presenciar a prisão de alguém.
Em
muitos casos a polícia aborda o manifestante no interior da ação
e tenta arrastá-lo para a viatura, às vezes valendo-se de violência.
Os manifestantes que estão ao seu redor podem tentar segura-lo
ou protegê-lo. Se, mesmo assim a polícia conseguir deter o
manifestante, o melhor a fazer é circundar o policial com um
grande número de pessoas e gritar, por exemplo, “Solta!
Solta!”. Isso pode também servir de aviso para os
Observadores Legais e advogados, denunciando que alguém está
sendo preso, além de intimidar os policiais. Tentar resgatar
uma pessoa que já está imobilizada pela polícia pode
significar a prisão de quem estiver tentando fazer isso. É
muito importante comunicar à Comissão Legal e ao maior número
de pessoas possíveis (principalmente as do grupo de afinidade
dos presos) o nome completo dos manifestantes presos, se possível,
o nome do policial que o prendeu e para qual DP eles foram
levados.
Agora,
levando em conta que o detido seja você e que as técnicas de
seus companheiros tenham falhado, existem várias maneiras de
lidar com a situação. A primeira tática é, sem dúvida,
manter os olhos e os ouvidos bem abertos. No momento em que um
policial lhe segurar, muito provavelmente sua reação será a
de tentar se libertar, debatendo-se ou mesmo tentando correr.
Supondo que você não obtenha sucesso e o policial tenha
conseguido lhe imobilizar o que resta a fazer é dificultar que
ele leve-o para a viatura. Para isso, deve-se relaxar todo o
corpo e se soltar o máximo, fazendo com que seu peso seja bem
maior do que se estivesse rígido e tenso. Isso pode ganhar
algum tempo e fazer com que alguém vá te ajudar. Se o policial
lhe algemar, não force ou se debata, pois as algemas são
apertadas e podem machucar seus pulsos. Procure manter a calma
e, mesmo numa situação tensa, mantenha-se tranqüilo e lúcido
e colabore com os outros detidos.
No
momento da prisão existem várias formas de se (com) portar
diante da autoridade policial. Uma técnica comum nos EUA é não
se identificar, manter-se calado e só responder (laconicamente)
se questionado diretamente. Outra opção é dialogar com o
policial, mostrando que você não é um “marginal”, que não
cometeu nenhum crime. Dizer que você é um trabalhador /
estudante pode ser uma boa forma de intimidar o policial, assim
como demonstrar conhecimento das leis e direitos que lhe
protegem. É aconselhável tratar o policial cordialmente,
tentando evitar levantar a voz. Se você tem educação, essa é
a melhor hora de praticá-la.
5.
Na delegacia e Solidariedade Carcerária
O
destino certo de todos detidos será a Delegacia de Polícia
mais próxima da ação. Chegando lá, de início, provavelmente
vocês estarão sozinhos e é nesse momento que a calma é mais
necessária. Procure não discutir com os policiais usando um
tom agressivo nem os xingando, pois, lembre-se, ele está armado
e com você sob custódia. Dialogue com os guardas de maneira
sensata e reafirme que você conhece os seus direitos e que ele
não pode bater em você gratuitamente. Muito provavelmente eles
tentarão intimida-lo através de ameaças. Especularão sobre a
ação, fazendo perguntas, aparentemente, desinteressadas e amigáveis
como: “Por que do protesto? De onde vocês são e o que
fazem?”. O melhor nessa situação é dar respostas evasivas e
não se denunciar, nem acusar os outros. Não tente
“conscientizar” o policial, pois, muito provavelmente, será
em vão. Declarar-se anarquista, comunista, etc, nessa hora pode
ser contra-produtivo para sua situação e dos demais presos,
assim como para o movimento do qual faz parte. Mas não forneça,
de maneira alguma, informações sigilosas sobre a ação ou a
organização que possa comprometer ou incriminar algum
companheiro.
Talvez
você seja o primeiro a ser preso, mas certamente não será o
único. Tente se lembrar que em breve você estará com outros
companheiros e que a Comissão Legal já estará agindo em prol
de sua libertação. Se os advogados e a Comissão já estiverem
na delegacia tudo será mais fácil e talvez você não passe
por nada disso. Ceda todas as informações que os advogados
solicitarem e siga suas orientações. Se você tiver alguma
necessidade especial não exite em comunicar aos advogados. Eles
poderão providenciar o que for necessário, como remédios, por
exemplo.
É
importante saber que dificilmente pessoas detidas por
participarem de uma manifestação serão processadas ou passarão
a noite na cadeia. Sua permanência na delegacia deve ser de
algumas horas.
Uma
boa maneira de suportar os momentos na prisão é conversar com
os demais companheiros enclausurados. Tente conhecê-los e tente
fazer com que todos saibam sobre a Comissão e algumas condutas
diante da polícia. Apesar da tensão da situação é aconselhável
que os presos tentem, na medida do possível, tomar decisões
conjuntas, afim de que todos recebam o mesmo tratamento, e traçar
métodos de comportamentos uniformes e regras de convivência no
espaço da cela ou sala em que estiverem. O apoio do companheiro
que se encontra na mesma situação que você é de grande valia
nesses momentos.
Primeiros
socorros em ação direta Comissão médica, 15 de abril de 2001
Algumas
coisas que você precisa saber antes de uma ação.
Introdução
Esperamos
que com este texto você tenha condições de se tratar ou
tratar outros ativistas durante uma ação direta. Queremos ajudá-lo
a se manter na ação o mais saudável e forte possível. Para
isso, você precisa ter um conhecimento básico sobre primeiros
socorros, acessórios úteis, sobre a roupa que você deverá
usar, como manter a calma etc. Neste texto, procuramos colocar
situações que podem ocorrer durante uma ação direta e como
proceder perante tais situações.
É
sempre bom lembrar que a melhor ajuda é aquela vinda de um
profissional. Por isso, é sempre bom recorrer a um hospital ou
à equipe de ajuda médica(caso exista alguma durante a ação).
E o mais importante ao fazer o primeiro socorro é saber o que não
deve ser feito. Caso você fique em dúvida sobre qualquer
procedimento, mantenha a calma e procure por ajuda.
Os
métodos utilizados pela polícia não são armas para causar
dor e, sim, distração. O medo do spray de pimenta e do gás
lacrimogêneo é uma divisão intencionada para nos controlar.
Medo gera incerteza e duvidas. Existem várias informações
aqui. É interessante que cada grupo de afinidade tenha uma
pessoa com conhecimento destas informações e que possa ter
acesso a elas.
Lembre-se
que eles estão com mais medo de nós do que nós estamos deles.
Eles entendem perfeitamente que nós temos o poder de mudar a
rota do sistema, e que nós já mostramos que podemos encarar os
nossos medos.
VOCÊ
PRECISA SABER:
-
PRECAUÇÃO: para necessidades essenciais, cuidados e
suprimentos. Saiba o que esperar. Saiba como conseguir assistência.
Planeje como reencontrar os seus amigos, caso se separem.
-
ATITUDE: você é poderoso. Você pode facilmente resistir a
maioria das coisas que a policia joga em você, e você é um
ativista por justiça. Lembre-se, dor é apenas temporária e nós
somos extremamente fortes.
-
A PRIMEIRA ARMA DA POLICIA É O MEDO: uma vez que você controla
isto, o spray de pimenta, e outras táticas da polícia são
facilmente manejáveis.
-
BOM SENSO: mantenha a sua perspicácia, avalie o que esta sendo
destruído e o que precisa ser feito.
-
FIQUE CALMO E CONCENTRADO: quando as coisas ficarem mais
intensas, reaja ao perigo ou aos sinais de perigo antes – não
depois. Fique atento por sinais de problemas físicos e mentais
em você mesmo e nos outros. Acalme os outros que estiverem
demostrando comportamento de pânico.
-
FIQUE ATENTO A RUMORES: eles normalmente são falsos, e
alimentam o medo. Lide com a verdade que você esta vendo.
-
DOCUMENTE: a atuação da polícia, brutalidade e injustiças.
-
RAIVA: muita raiva é bastante comum ao contato com spray de
pimenta, e pode ser valiosa se você estiver preparado em
focalizar o uso disto. Talvez você possa utilizar a sua raiva
para motivar a sua recuperação e levá-lo de volta a ação de
novo. Talvez isso te dê energia para ir a algum lugar mais
seguro.
INFORMAÇÃO
PARA AQUELES COM CONDIÇÕES MÉDICAS
Se
você tem alguma condição médica que pode gerar sérios
problemas se seus medicamentos forem interrompidos (como distúrbios
psicológicos, diabetes, hipertensão etc.), você deve estar
preparado pois poderá ficar sem medicação adequada enquanto
estiver na cadeia. Uma receita de um médico pode ajudar. Três
cópias da receita serão necessárias: uma para a equipe de
ajuda legal; outra para a equipe médica (essas serão mantidas
confidencialmente); e uma para você.
Deverá
conter a seguinte informação: seu nome, diagnóstico, que você
deverá ter acesso a todas as horas a sua medicação e mante-la
consigo, desta maneira ela será apropriadamente administrada,
uma lista de toda medicação, e que nenhuma substituição será
aceita.
Já
que o seu nome deve estar no documento, talvez você queira
esconde-lo. Talvez você não necessite dele e então você
poderá come-lo e praticar táticas de solidariedade. Nós
acreditamos que revelando o seu nome e cooperando com o
carcereiro para garantir a sua saúde é mais benefício para
todos do que ter que lidar com alguma situação grave de saúde.
Melhor entregar o nome do que a sua saúde.
Por
favor tenha certeza de que o seu grupo de afinidade e a equipe
de ajuda legal saibam de suas necessidades, daí eles vão poder
ajudá-lo e orientá-lo.
Carregar
medicamentos essenciais com suas receitas, com seu nome nelas e
o tipo de medicamento, dosagem etc. poderá ajudá-lo a ter
acesso a eles na cadeia.
O
QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE O SPRAY DE PIMENTA:
-
Quem deveria evitar o spray de pimenta: aqueles com asma,
problemas respiratórios ou infecciosos, mulheres grávidas,
mulheres que pretendem engravidar, qualquer pessoa doente ou com
um sistema imune baixo, infecção nos olhos, que usa lentes de
contato, e crianças.
-
Preocupações que devem ser relacionadas ao spray de pimenta:
-
Já que o spray de pimenta deve ser jogado de uma distância
curta, a policia poderá tentar: fisicamente remover seu óculos
de proteção/proteção para respirar.
-
Reação a exposição aos químicos será beneficiada se houver
alguma irritação na pele, como acne ou ECZEMA severa.
-
As lentes de contato prendem os gazes irritantes e os
componentes químicos, podendo aumentar os danos e as irritações
causados por eles. Consiga óculos de grau agora e avise aos
outros para não usar lentes de contatos.
-
Asmáticos deverão trazer a suas bombinhas.
-
A primeira e mais importante coisa que deve ser lembrada é
relaxar! Se você estiver mentalmente preparado, tem suplementos
necessários e conhecimento, não irá precisar de nossa assistência
médica. Medo e confusão são as armas mais potentes do Estado.
Confidência, determinação, preparação e conhecimento de
nossa força é a sua melhor arma.
PRIMEIROS
SOCORROS ANTES DA AÇÃO:
Pratique
os treinamentos de primeiros socorros uns com outros antes da ação:
você ganhará experiência antes de você precisar tratar
outras pessoas durante situações difíceis .
não:
use brincos, piercings, colares, gravatas etc.
vista-se
de acordo com a temperatura: quanto mais você cobrir o seu
corpo mais você estará protegido. Casacos de chuva ou tecidos
à prova d’água, lavados com sabão neutro, não irão
absorver os químicos (ao contrário do cotton ou algodão).
Cobrir pulsos, tornozelos e pescoço. Cobrir também os cabelos
com algo que seja à prova d’água, sacola plástica, toca de
banho, capacete etc. Tênis ou botas confortáveis, que sirvam
para correr. Calça e blusa extras, guardados na mochila, para
você trocar as roupas contaminadas.
Bandanas
enxarcadas em vinagre *substitui máscara de gás aliviando a
garganta e o nariz. Mantenha guardada numa sacola plástica com
zíper.
Lanches
energéticos: podendo ser em líquido ou barras energéticas
(lembre-se que você vai ficar o dia todo na rua).
Óculos
de Mergulho: para proteger contra o spray de pimenta e o gás
lacrimogêneo.
luvas:
nunca entre em contato direto com sangue ou qualquer outro tipo
de secreção(lembre-se da AIDS), elas também irão ajudar a
protege-lo contra os químicos do spray e gás.
Não
use lentes de contato!!!
Elas
irão prender os químicos nos seus olhos causando danos sérios
à eles.
O
que você NÃO deve passar na pele:
Vaselina,
detergente, hidratantes, maquilagem, protetor solar que contém
óleo, qualquer coisa ácida irá causar reações fortes. Não
use vaselina ou óleo de mamona como proteção!!!!
PRIMEIROS
SOCORROS DURANTE A AÇÃO:
Fique
calmo e concentrado.
Quando
o seu corpo aquece (por correr ou pânico por exemplo), a irritação
por spray de pimenta poderá aumentar. A maior parte da razão
é porque os seus poros irão abrir permitindo a maior absorção
dos químicos.
Fuja
para um local seguro com ar puro, onde pessoas que não fora
expostas poderão ajuda-lo, ou pelo menos garantir a sua segurança
enquanto você se cuida.
Rosto
em direção ao vento, olhos abertos, levante os braços e
caminhe permitindo que o ar puro descontamine. Respire profundo
e devagar o ar puro.
Não
toque seus olhos ou rosto, porque você poderá se recontaminar.
Assopre
o nariz e cuspa, ajudará a eliminar os químicos.
Se
sua pele estiver molhada de spray de pimenta, limpe com roupa
que não foi molhada pelo spray. Se você espalhar o óleo químico
pela pele, aumentará a dor.
Antes
de você tratar alguém, peça-lhe permissão primeiro! Daí
explique para ele(a) o que você fará, antes de faze-lo.
Use
luvas limpas (evita contaminação das duas partes)e proteção
para os olhos, ou você poderá acabar impossibilitado de ajudar
e também precisará de tratamento.
Logo
depois da contaminação, você pode passar algum óleo mineral
e em seguida um algodão com álcool na pele contaminada. Isto
irá aliviar a dor (este procedimento só funciona se for feito
logo após a contaminação).
Molhe
a região dos olhos que foi contaminada espirrando a água em
direção ao chão, pois assim ela não irá contaminar pele
limpa, roupas ou cabelos.
Guarde
as roupas contaminadas em uma sacola.
PRIMEIROS
SOCORROS DEPOIS DA AÇÃO.
Se
descontamine com um banho frio(mantém os pólos fechados
prevenindo que os químicos entrem pela pele).
Coloque
a roupa contaminada para arejar.
Fique
sabendo que se você entrar em uma sala com roupas, cabelo e
pele contaminados por químicos, você irá contaminar toda a
sala.
Uma
sala contaminada com carpete ou tecidos nos acessórios pode
ficar com um mal cheiro forte por semanas.
Se
possível, por favor troque de roupa antes de entrar em locais
fechados e também áreas de tratamento.
Coloque
as roupas contaminadas num sacola. Tire todo o ar. Lacre, então
os gazes irão se difundir lentamente. se você quiser a suas
roupas de volte marque a sacola com um nome.
PEQUENAS
HEMORRAGIAS
Nasal
– inclinar (abaixar a cabeça) a cabeça para frente; pedir
para a vítima cuspir todo o sangue da boca; respirar pela boca;
fazer pinsamento do nariz, logo abaixo do osso, na cartilagem,
por 10 min, solta devagar, se continuar sangrando, enfie um pedaço
de algodão ou pano no nariz e continue o pinsamento por mais 10
min.
Corte
– expor o ferimento; compressão direta sobre a hemorragia,
com um pano limpo comprimir em cima do ferimento e elevá-lo do
nível do coração; quando o pano estiver cheio de sangue não
deve retirá-lo e sim colocar outro por cima.
Vaso
exposto: pinsamento dos vasos
Objeto
transfixado: deve mantê-lo fixo colocando algum pano em volta,
coloca-se um objeto leve tampando o objeto transfixado, prende
com uma fita, põe um pano em cima e prende com uma faixa;
Ferimentos
graves – hospital.
OBS:
usar sempre luvas. Não retirar curativo ensangüentado, não
dar líquido ou comida, no máximo molhar a boca. Palpar o pulso
distal periodicamente(apertar um pouco e saltar um pouco)
LESÕES
Lesões
cranianas:
-
Pancada leve: levar para hospital;
-
Lacerações do couro cabeludo: controlar a hemorragia (pressão
direta com pano seco, limpo sem fiapos); tratar o choque(se
tiver); levar para o hospital verificando os sinais vitais
-
Pancada violenta:
-
Vítima consciente: tentar conversar com a vítima(sempre);
-
Vítima inconsciente: afrouxar suas roupas; verificar sinais
vitais;
QUEIMADURAS
Procedimento
básico: deite a vítima para apagar o fogo; se não apagar, a
enrole com um cobertor do pescoço para baixo; pois libera gás
carbônico; nunca mande a vítima correr.
O
que fazer? Resfriar o local com água fria, nunca gelada, retire
os pertences dela, cubra toda a lesão com lençol ou pano limpo
limpo e úmido, procure ajuda médica, nunca fure as bolhas.
Queimaduras
nos olhos: vire a cabeça da pessoa para o lado, manter o olho
lesado aberto e lavá-lo com água fria por 30 min, não jogue
água em jatos, fazer curativo adequado(tampando os dois olhos),
socorro médico.
OBS:
Nunca deve fazer: estourar as bolhas, não dar água, não
passar pomada nem mercúrio, não coloque nada a não ser pano
limpo e úmido.
FRATURAS,
ENTORSES E LUXAÇÕES:
Braço:
–
Cotovelo dobrado: uma blusa de frio ou uma normal com outra
passando entre as mangas, coloque-a entre o braço e a pessoa,
coloque um papelão com uma blusa no local. Passe as duas mangas
em volta do pescoço e amarre de lado ( a mão da vítima deve
ficar no peito dela). Amarre a outra parte da blusa para segurar
o cotovelo. Não mexer no local.
–
Cotovelo esticado: amarrar um travesseiro ou algo parecido de
preferência com a vítima deitada.
–
Antebraço, punho e mão: blusa de frio, um papelão e uma
blusa, mesmo procedimento do cotovelo dobrado.
Quadril,
coxa: cobertor entre as pernas, amarre as duas pernas com uma
corda, dando um nó antes do joelho e outro depois. Nunca deve
tentar colocar a luxação no lugar.
Joelho:
-
Dobrado: uma camisa entre a coxa e outra na canela dá um nó na
direção de cada camisa;
-
Esticado: com uma tala, dois nós abaixo do joelho e dois acima.
Perna
– fratura exposta: apenas cobre com um pano limpo a fratura
exposta, imobilize com um cobertor no meio das pernas e
prenda-as com nós.
Tornozelo
– pé: põe um travesseiro; dê dois nós acima e um no pé
formando uma bota. Elevar o pé. Deve-se colocar gelo no local
das luxações, mas nunca diretamente, com um pano ou algo
parecido. Verificar periodicamente se os dedos estão
adormecidos.
Extraído
da Rede Mundial de Computadores
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