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CONSTRUINDO UMA CULTURA DE PAZ   
OFICINAS PEDAGÓGICAS  

 

SUMÁRIO  

APRESENTAÇÃO

TECENDO, EDUCANDO, CONSTRUINDO UMA CULTURA DE PAZ

EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA E UMA CULTURA DE PAZ

NATUREZA DAS DINÂMICAS DE GRUPO

TÉCNICAS DE DINÂMICAS DE GRUPO E PERFIL DO PROFISSIONAL DE GRUPOS 

 

OFICINAS DESENVOLVIDAS NOS PROJETOS

1. Duplas Rotativas

2. Cumprimento Criativo

3. Mapeamento da Violência

4. Diagnóstico da Juventude

5. Avaliação com uma só palavra

 

OFICINAS ELABORADAS PELOS PARTICIPANTES

1. Violência nas Escolas 

2. Cidadania 

3. O Bombardeio

4. Dança no Zoológico 

5. O Presente 

6. Os Limões 

7. A Teia 

8. Desenho Coletivo 

9. Você Merece 

10. Como seguir instruções  

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

ANEXOS 

 

APRESENTAÇÃO  

O Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambuco iniciou o desenvolvimento de projetos na área de educação em Cidadania e Direitos Humanos em meados da década de 90. 

Havia a necessidade de participar e contribuir para o respeito aos direitos humanos no país utilizando a perspectiva da formação continuada e, assim, tornou-se fundamental atuar na área de educação para Cidadania, buscando atingir diversos segmentos sociais e profissionais. Desde então o caminho tem sido longo, mas também com um acúmulo de consistentes conquistas; na medida em que a cada ano um maior número de cidadãos têm acesso à informação sobre seus direitos essenciais e aprendem formas de mobilização para garantir tais direitos. 

Dentro desse contexto dois instrumentos foram criados e passaram a auxiliar os conteúdos e espaços de capacitação: o Programa Nacional de Direitos Humanos, em 1996; e o Programa Nacional de Paz nas Escolas, em 1999. 

Em 2000 o Movimento Tortura Nunca Mais realizou, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, dois cursos na área de Cidadania e Direitos Humanos, dando ênfase aos conteúdos voltados para construção de uma cultura de paz. Os resultados desses trabalhos foram sistematizados e agora compõem essa cartilha “Construindo uma Cultura de Paz”, que traz algumas experiências de oficinas pedagógicas nesta área. 

Esperamos que este material possa, ao mesmo tempo, auxiliar nas capacitações com esta temática, e subsidiar novas experiências. 

Celma Tavares e Nilsa Lira

(Organizadoras)

  TECENDO, EDUCANDO, CONSTRUINDO UMA CULTURA DE PAZ 

No início do ano passado ações do Programa Nacional de Paz nas Escolas, em Pernambuco, começaram a ser realizadas – como palestras, seminários, articulação de organizações. O Movimento Tortura Nunca Mais (MTNM) conduziu algumas delas e foi parceiro em outras. 

Em junho, ao realizar o curso de Direitos Humanos para sargentos da Polícia Militar, experimentamos utilizar os conteúdos e diretrizes do Paz nas Escolas. E o resultado foi positivo. Conseguimos trabalhar em dez escolas públicas da rede estadual, integrando alunos, professores e policiais na perspectiva da atuação em rede e na construção de uma cultura de paz. 

No planejamento estratégico do MTNM havia, ainda, dois projetos a realizar que possuíam características para inserção deste mesmo conteúdo. O primeiro foi o Tecendo a Cidadania, que teve como público, estudantes universitários das áreas de pedagogia, serviço social, psicologia, direito e comunicação social. O outro foi o Educando para o Futuro, com um público composto por estudantes do terceiro ano de magistério de escolas da rede pública estadual.

O Tecendo a Cidadania foi desenvolvido entre agosto e dezembro de 2000, sendo dividido em seis turmas com vinte pessoas em cada. O Educando para o Futuro foi realizado entre setembro e outubro do mesmo ano, com duas turmas de trinta e cinco pessoas. Tinham estruturas semelhantes, respeitando, porém, as especificidades dos públicos. Um módulo de vinte horas dedicado ao conteúdo – que abordava as questões de cidadania e direitos humanos, protagonismo juvenil e paz nas escolas – e outro módulo, também de vinte horas, que apresentava técnicas de dinâmicas com objetivo de elaboração de oficinas pelos participantes a partir dos conteúdos trabalhados.

Como resultado final dos dois projetos, os participantes produziram diversas oficinas, todas criadas tendo como foco sua utilização no desenvolvimento do Programa Paz nas Escolas, no ambiente escolar, direcionadas para alunos, professores, pais e policiais. Oficinas que tratam de questões como a percepção e o respeito aos valores individuais e coletivos; a convivência e respeito às diversidades, a necessidade da cooperação e da solidariedade, a importância da responsabilidade social, a reflexão sobre preconceitos. Ou seja, alguns dos fatores que contribuem para a construção da cultura de paz.

Das oficinas produzidas, algumas – que avaliamos representativas do conjunto – foram selecionadas para compor a cartilha Construindo uma Cultura de Paz. Também optamos por apresentar algumas oficinas trabalhadas nos projetos, pelo MTNM, durante os dois módulos. Compondo este material, apresentamos, ainda, um texto sobre educação em cidadania, outro, sobre a natureza das dinâmicas de grupo, e um último, sobre técnicas de dinâmicas de grupo e perfil do profissional de grupos.

EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA E UMA CULTURA DE PAZ   
Celma Tavares1 

Falar em Educação para Cidadania e uma Cultura de Paz significa utilizar pedagogicamente conteúdos relacionados ao exercício dos direitos e deveres, bem como valores relacionados à tolerância, ao respeito à diversidade e à prática dos direitos humanos. Essa diretriz já estava contemplada, por exemplo, no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ratificado pelo Brasil na década de 90, que em seu artigo 13 (inciso 1) coloca: “a educação deve orientar-se para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e deve fortalecer o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais”. 

Sendo assim, é importante situar duas questões. Primeiro, que a consciência universal dos direitos humanos é cada vez mais forte nos países democráticos, entretanto eles continuam sendo violados. Segundo, que o trabalho de sensibilização e introjeção dos valores para uma cultura de paz e para o compromisso com a promoção dos direitos humanos passa obrigatoriamente pela educação nos mais variados âmbitos, mas fundamentalmente a partir da escola.  

No campo da educação, é preciso estar atento para o papel e o desempenho nas funções da escola. Neste ponto, a pedagoga Vera Candau assinala que “a escola, que deveria exercer um papel de humanização a partir da aquisição de conhecimentos e de valores para a conquista do exercício pleno da cidadania, tem muitas vezes favorecido a manutenção do status quo e refletido as desigualdades da sociedade”. 

Por isso mesmo, ela ressalta que é necessário “a construção de uma escola que forma crianças e jovens construtores ativos da sociedade, capazes de viver no dia-a-dia, nos distintos espaços sociais, incluída a escola, uma cidadania consciente, crítica e militante”. E que “isto exige uma prática educativa participativa, dialógica e democrática, que supere a cultura profundamente autoritária presente em todas as relações humanas e, em especial, na escola”.

Este tipo de análise possibilita o entendimento de que a escola deve exercer um papel de humanização a partir da socialização e construção do conhecimento, aliado aos valores necessários à conquista do exercício da cidadania. Especialmente ao se trabalhar a educação, o exercício da cidadania e a vivência da democracia na busca de uma intervenção concreta na questão social e cultural.

Mas como deve ser a Educação para Cidadania e para uma Cultura de Paz a partir da escola? De acordo com Letícia Olguin, deve incluir metodologias que: estimulem a participação dos estudantes; possibilitem a contradição; abram janelas para o mundo; procurem sistematicamente o desenvolvimento do pensamento; fortaleçam os vínculos do estudante com o grupo de pares (com a instituição, a comunidade, com seu país); sejam globalizadoras e sejam realistas.

Deve ser também uma educação que possibilite o desenvolvimento do protagonismo juvenil. Porque é através dele que os jovens podem se sentir incluídos no processo das transformações sociais e, mais ainda, podem se sentir promotores da cultura de paz. Pois é ao explorar o papel de protragonista no jovem que se constrói as condições para que ele exercite de forma criativa e crítica seu entusiasmo para a ação e se descubra capaz de intervir, de colaborar e de explorar e canalizar suas pontencialidades.

Educar para a Cidadania e para uma Cultura de Paz, a partir do que propõe Vera Candau “exige educar para a ação político-social que não pode ser somente individual” e “exige o compromisso com a construção de uma sociedade que tenha por base a afirmação da vida e da dignidade”. Assim, qualquer proposta de educação nesta área deve conter três aspectos básicos, apresentados no seu livro Tecendo a Cidadania:

a) uma pedagogia da indignação – que pretende formar seres capazes de se indignar e de se escandalizar diante de toda forma de violência e humilhação. Tal pedagogia supõe que sejamos conscientes de que estas violações são historicamente construídas e que tenhamos a valentia de perguntar-nos por suas causas, superando a insensibilidade, passividade e impotência diante delas e promovendo a solidariedade;

b) uma pedagogia do assombro/admiração – que nos leva a perceber dentro e fora do âmbito escolar buscas concretas de preservação e promoção da vida, revelando a capacidade de resistência e criatividade das pessoas;

c) uma pedagogia de convicções firmes – que se expressa num modo de trabalhar a dimensão ética da educação. Explorando valores como solidariedade, justiça, liberdade, criticidade. 

Além desses aspectos é ainda preciso articular quatro dimensões básicas, que devem ser trabalhadas conjuntamente, como se expõe no mesmo livro: ver, saber, celebrar e comprometer-se. O ver engloba a perspectiva da sensibilização e conscientização da realidade, ampliando cada vez mais o olhar sobre a vida cotidiana. O saber sobre os direitos humanos deve ser socialmente construído e emergir da prática cotidiana. O celebrar coloca a educação como uma prática que provoca prazer, alegria e emoção. E o comprometer-se é o descobrir-se como cidadão e promover todos os valores que afirmam e garantem a dignidade humana.

Educar para Cidadania é, neste contexto, como coloca a pedagoga Aida Monteiro, “entender que direitos humanos e cidadania significam prática de vida em todas as instâncias de convívio social dos indivíduos”. Nesse entendimento, continua ela, “a educação é vista como um dos principais instrumentos de formação da cidadania, no sentido do pleno reconhecimento dos direitos e deveres do cidadão, enquanto sujeito responsável pelo projeto de sociedade no qual está inserido. Enquanto instrumento social básico, a educação possibilita ao indivíduo a transposição da marginalidade para a materialidade da cidadania”.

E neste sentido a escola é um espaço privilegiado no processo de formação ao trabalhar com o conhecimento, valores, atitudes. O desafio está, como defende o sacerdote jesuíta Luiz Peréz Aguirre, “em aprender a pensar com liberdade e nos convencer de que temos o direito de pensar de forma diferente dos demais e que esse direito não nos autoriza a desprezar a quem pensa diferente de nós. O valiosos está nessa diferença que nos fortalece, complementa e enriquece como sociedade e como povo”.

A Educação para Cidadania e uma Cultura de Paz possibilita, portanto, a sensibilização, a percepção e a reflexão, que possam provocar a conscientização e a mudança no indivíduo.

Referências Bibliográficas:

AGUIRRE, Luiz Peréz. Educar para os direitos humanos: o grande desafio contemporâneo. Texto reproduzido pela Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos.

CANDAU, Vera ...[et. al.] Tecendo a Cidadania. Petrópolis, Vozes, 1995.

MONTEIRO, Aida. Educação para Cidadania: solução ou sonho impossível? In: LERNER, Júlio (organizador). Cidadania Verso e Reverso. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 1997/1998.

OLGUIN, Letícia. Enfoques Metodológicos no Ensino e Aprendizagem dos Direitos Humanos. Texto reproduzido pela Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos. 

DINÂMICA DE GRUPO: REFLEXÕES SOBRE SUA NATUREZA

Nilsa Lira1 

Para iniciar a discussão sobre “Dinâmica de Grupo” faz-se necessário definir seus termos individualmente, e em seguida, estabelecer a relação entre ambos.

A compreensão que se tem sobre a palavra “Dinâmica” é a que significa o ato ou efeito de movimento, força, energia e sinergia, organismo em atividade.

Nas atividades educativas essa expressão ganha sentido pelo fato de proporcionar aos educandos, a possibilidade de aprender ludicamente, participando – seja individualmente ou em grupo – intervindo, questionando, apresentando os resultados dos trabalhos realizados no decorrer do processo ensino-aprendizagem.

A atividade adquire significado quando os participantes sentem-se sujeitos, construtores do conhecimento, numa relação dialógica, que envolve o educando e o educador, ambos compartilhando saberes e experiências de vida.

O conceito de “Grupo” é sumamente importante, pois entende-se que é a unidade básica no estudo da organização dos seres humanos desde um ponto de vista psico-sócio-antropológico, até estudos sobre a filgênense e a antogênese. O que possibilita a constatação de que a evolução e a maturação do homem não é senão um processo de aumento das relações interindividuais pela cooperação e pela participação, fenômenos estes que produzem a honimização: “o homem coopera porque ama e ama porque coopera”.

Para poder estudar um grupo é necessário identificar suas diferentes dimensões com uma aproximação interdisciplinar. A maneira como se tem interpretado a natureza da dinâmica interna dos grupos humanos varia de acordo com os autores, as escolas e o contexto no qual está inserido. Isto parece dificultar a compreensão dos processos que ocorrem nos grupos empiricamente existentes, mas não impede a vivência prática, mesmo à revelia de uma maior precisão conceitual.

A princípio julgou-se o grupo como um aglomerado “atômico” cuja ação eqüivalia ao somatório das ações dos indivíduos a ele pertencentes (teoria behaviorista e pavloviana). Para esta teoria o grupo é apenas um aglomerado de indivíduos em contiguidade; ou seja, é um somatório, o grupo é o resultado da soma de seus participantes.

A “psicologia da forma” interpreta sob o enfoque “emergencial” que vê o grupo como resultante da “gestáltica” das ações de seus elementos individuais, uma configuração original com características próprias inexistentes em cada um de seus membros, cuja ação dependeria da forma como se distribuísse, em cada momento, as forças magnéticas do campo criado. Nesta teoria o grupo se estrutura segundo a lei da “melhor forma”, predominando na ação grupal o “momento” e a “estrutura”, minimizando-se a importância genética dos indivíduos que constituem o grupo. O modelo de campo adotado por Kurt Lewin – retirado da física – é representativo desta corrente que dá mais importância à configuração do grupo que à história dos indivíduos que o compõe. A abordagem gestáltica afirma que o grupo é uma estrutura que nada tem haver com a “história de seus membros”, porque o todo tem algo que não existe nas partes.

Impõem-se ultimamente a interpretação “relacional” ou “dialética” que considera o grupo como um sistema de interações em todas as escalas (diacrônico e sincrônico) e em todos os sentidos (interno e externo), estrutura mantida por um processo de permanente equilibração (Piaget), que possui um homostase interna e uma relação de equilíbrio com o meio externo. Segundo esta forma de ver, o próprio nascimento psicológico do EU nasceria do confronto entre o indivíduo e os objetos (pessoas) sendo, portanto, um fenômeno da dinâmica de grupo. Esta teoria considera o grupo como o pólo externo do indivíduo, condição de sua “homonização”, fonte de processos de consciência, na medida em que a embriologia do indivíduo só se atualiza mediante estimulação do meio. Ainda nesta perspectiva, grupo é, ao mesmo tempo, genético e configuracional. O grupo é uma equilibração em todos os sentidos. Os elementos do grupo correspondem aos elementos da operação mental.

Segundo Freud, “duas ou mais pessoas constituem um grupo psicológico se escolherem o mesmo objeto-modelo (líder) ou os mesmo ideais, ou ambos os seus superegos e por conseguinte, se identificando entre eles”2 Para Freud, é possível distinguir tipos diferentes de grupos e linhas opostas em seu desenvolvimento. Com relação a isto afirma: “há grupos muito efêmeros e outros extremamente duradouros. Grupos homogêneos, constituídos pelos mesmos tipos de indivíduos, e grupos não homogêneos; grupos naturais e grupos artificiais, que exigem uma força externa para mantê-los reunidos. Grupos primitivos e grupos altamente organizados, com estrutura definida”3

Assim, verifica-se a imprecisão e confusão conceitual, caracterizandoem o conceito de “Grupo” como ainda bastante indefinido e confuso. Isto conduz a simplificar o conceito, seguindo a tendência de vários autores atuais, afirmando que: Grupo é uma reunião, mais ou menos permanente, de várias pessoas que interagem e se influenciam entre si, com o objetivo de alcançar certas metas comum, e onde os seus integrantes se reconhecem como membros pertencentes ao grupo e regem sua conduta com base numa séria de normas e valores que todos tenham criado ou modificado. Percebe-se o grupo como expressão da relação do homem com o mundo, no processo recíproco de criação e recriação, tendo como característica básica a atualidade existencial de seus participantes.

Tudo isso leva a concluir que o desempenho de cada educador ou equipe de educadores tem características peculiares e interessantes, pois é inevitável que seja considerado o aspecto das individualidades e atualidades existenciais de cada educador e de cada grupo. Esta característica pode dificultar a formalização conceitual do que vem a ser o fenômeno grupo, mas não impede o processo da vivência grupal como uma articulação dinâmica e processual, como confluência diferenciada da multiplicidade de dimensões da atualidade individual dos educandos e dos subsistemas dos quais eles participam.

TÉCNICAS DE DINÂMICAS DE GRUPO E

PERFIL DO PROFISSIONAL DE GRUPOS 

Nilsa Lira e Sandra Paz1  

Os conceitos referentes à “Dinâmica de Grupo” permite situar seu real objetivo, desmitificando, assim, a idéia de que esta prática é sinônimo de brincadeira e/ou entretenimento, como imaginada por algumas pessoas.

Essa diferenciação necessária, especialmente porque a “Dinâmica de Grupo” exige princípios básicos de fundamental importância. São eles:

* Ambiente – local que favoreça a comunicação face à face; comodidade; possibilidade de   participação; espontaneidade e cooperação de todos os membros do grupo.

* Redução de Temores – relação aberta entre os membros do grupo, onde todos sintam confiança ao expor opiniões e comunicar experiências.

* Liderança Democrática – o trabalho deve ser conduzido de forma que todos os integrantes desenvolvam suas capacidades sem que alguém ordene o que todos têm

* Objetivos Definidos – os objetivos devem ser definidos coletivamente, evitando-se, assim, “eu fiz, eu planejei, eu consegui”. Mas “nós fizemos, nos planejamos, nós   conseguimos”. Isto permitirá a identificação de todos com os fins do grupo.

* Flexibilidade – se a necessidade do grupo assim determinar, os objetivos podem variar em sua  meta final e na forma de chegar a esta adaptação.

* Consenso – programar ações e tomar decisões coletivamente, em consenso grupal, sem interesses individuais ou de subgrupos.

* Compreensão do Processo – observar a atuação de cada pessoa; solicitar “feedback”; evitar julgamentos, juízo de valores, etc. Para que se adquira maior

* Avaliação contínua – revisar constantemente a execução das ações propostas e consecução das metas a curto e longo prazos, para não perder de vista os objetivos a alcançar e realizar possíveis modificações.

Considera-se importante, também, explicar o conceito de “Técnicas de Dinâmicas de Grupo” utilizado. A palavra “Técnica” significa uma seqüência de etapas necessárias à elaboração de um método de trabalho. São formas de executar a dinâmica de grupo, e podem ser aplicadas para diferentes propósitos e temas, sendo sua aplicação ilimitada. São os métodos, meios e processos que fazem a interligação entre o grupo e os seus objetivos.

            Por mais simples que pareça ser a técnica, deve-se realizar os seguintes passos:

 - Determinar o uso que será dado;

 - Estabelecer os objetivos;

 - Preparar o material necessário;

 - Levar em consideração aspectos importantes, tais como:  

nível educativo do grupo

número de participantes

condições do local

recursos disponíveis

            tempo para realização das atividades

            atualização pessoal para discutir o tema proposto;

 - Orientar os educandos com clareza, precisão e objetividade, quanto ao que vai ser feito, como vai ser feito e em quanto tempo vai ser feito;

 - Desenvolver a atividade com motivação, segurança, atuação concentrada e certeza de que o grupo encontra-se integrado e descontraído;

 - Analisar e resumir as apresentações a partir da análise dos próprios participantes, com perguntas que estimulem a participação geral.

Algumas técnicas tendem a fracassar se não forem considerados os seguintes fatores:

 - Falta de conhecimento e habilidade do educador;

 - Má seleção da técnica para o propósito;

 - Condução inadequada;

 - Desconhecimento dos membros do grupo.

Além de tudo isso, faz-se necessário colocar algumas características importantes no perfil do educador, principalmente quando se trata de atuação com grupos.

Para que o profissional de grupos tenha uma práxis condizente com esta demanda social é imprescindível que seja, antes de tudo, capaz de agir e refletir o seu papel enquanto agente transformador do seu meio. Assim como não há homem sem mundo, nem mundo sem homem, não pode haver reflexão e ação fora da relação do homem-realidade. O seu compromisso profissional é um compromisso com o mundo, que é uma responsabilidade histórica. Pois ele, antes de ser profissional é homem e ser comprometido por si mesmo.

Se o profissional está alienado diante de seu papel é provável que seja decorrente de sua alienação enquanto ser histórico. É preciso ter consciência social e política, firmeza ideológica e um sério compromisso social que supere o meramente profissional. Entender a realidade não como algo enclausurado em departamentos estanques, mas num processo dinâmico e mutável. O profissional deve facilitar esta interação, abolindo as hierarquias de poder, a postura tecnocrata adquirida por instituições alienígenas e postura autoritária de um empresário particular. Deve substituir tudo isso por um compromisso efetivo com o social.

Esse compromisso com o social é uma condição básica no desenvolvimento do trabalho com grupos, uma vez que o facilitador de grupo vai atuar, impreterivelmente, em assuntos de interesse social.

Não há definições de liderança, regulamentos, estatutos e manuais de atribuições do facilitador de grupos ou educador que sejam fixos e preestabelecidos, e mesmo que existam, cada facilitador deve adquirir estilo e capacidades próprias e ninguém pode imitar a aptidão de liderança e atuação de outra pessoa, nem copiá-las de manuais.

Não existe fórmula, mas algumas sugestões poderão ser úteis, como por exemplo: a capacidade de ouvir, a real estima pelas pessoas e a verdadeira aceitação dos pontos de vista dos outros, além de um acentuado senso de humor.

Outra qualificação essencial é a convicção e a certeza de que o trabalho de grupo que decidiu realizar é importante. É muito difícil, senão impossível, conduzir as atividades tendo-se dúvidas acerca da validade e dos objetivos dos mesmos. São também importantes características da personalidade, tais como: calma, segurança, equilíbrio, otimismo e uma maneira positiva de encarar a vida. 

Os bons facilitadores de grupo devem ser pessoas desejosas de aprender a crescer, devem procurar adquirir mais conhecimentos e maior compreensão humana, no processo de “partilha de saberes” com os demais participantes do grupo. Além disso, devem ser: amigáveis, calorosos, sociáveis e ter um verdadeiro interesse pelas pessoas. 

É certo que o facilitador de grupos é, acima de tudo, uma pessoa, sujeita à dificuldades particulares e variações de humor. No entanto, dever ser prudente e nunca sobrecarregar o grupo com os seus problemas pessoais.

Outra característica essencial é a habilidade em fazer com que os outros participem da responsabilidade do grupo, evitando centralizar o trabalho com uma postura egocêntrica, perfeccionista e narcisista. Deve confiar nas pessoas e ganhar a confiança destas, numa relação de aceitação de como elas são, podendo assim, “sentir” como elas e com elas se entender. 

É absolutamente certo que nenhum facilitador de grupo tenha todas essas características em igual proporção, mas deverá procurar desenvolvê-las para obter melhores resultados no seu trabalho. 

Ainda em relação às dinâmicas, os tipos e suas técnicas são diversos . Mas pode-se separar, de forma didática, as dinâmicas em quatro classificações: de apresentação, de descontração, de aplicação e de avaliação. 

Dinâmicas de Apresentação: quando se inicia uma atividade educativa é necessário desenvolver técnicas de dinâmica de grupo que permitam eliminar as tensões, reduzir a timidez, proporcionar um ambiente de cordialidade e um clima de aceitação mútua. Se no início for conseguido um entusiasmo suficiente, os participantes manterão esta atmosfera durante a atividade. A participação ativa e a segurança dos componentes do grupo são os fatores mais importantes no processo de ensino-aprendizagem. 

Dinâmicas de Descontração: tem por objetivo descontrair, fazer o grupo sair da monotonia, realizando uma brincadeira que envolva todos os participantes, uma música, um jogral, etc. Este tipo de dinâmica pode também ser utilizada para despertar o interesse do grupo por um tema específico, predispondo o grupo a uma participação mais efetiva. Esta atividade oportuniza aos participantes serem mais espontâneos e livres em seus comentários. 

Dinâmicas de Aplicação: estas contribuem no repasse do conteúdo, facilitando a assimilação do mesmo pelos participantes. Pode-se citar como exemplos: um estudo dirigido em grupo; a construção de cartazes a partir do que foi estudado; dramatizações; músicas e poesias construídas no processo de reflexão, debate e estudo dos participantes. O facilitador deve estar constantemente atento para reorientar os grupos e resolver suas dúvidas, alimentando-os mas sem lhes dar soluções. 

Dinâmicas de Avaliação: contribuem para que, após as atividades, os participantes avaliem o desenvolvimento do estudo – os pontos fortes e os pontos fracos – como também apresentem sugestões para melhoramentos. As dinâmicas de avaliação também constituem um momento celebrativo do grupo. É conveniente tirar um breve resumo das expectativas que não foram atingidas e que apareçam com freqüência nas avaliações dos grupos para planejar futuras atividades.  

OFICINAS DESENVOLVIDAS NOS PROJETOS 

A partir das classificações relacionadas às dinâmicas, apresenta-se exemplos de algumas dinâmicas trabalhadas, com bons resultados, pela equipe de educadores do Movimento Tortura Nunca Mais, durante os dois projetos – Tecendo a Cidadania e Educando para o Futuro. 

Dinâmica de Apresentação

* DUPLAS ROTATIVAS

I. Público: Adultos e jovens de ambos os sexos

II. Número de participantes: 20 pessoas

III. Tempo de duração: 30 minutos

IV. Objetivos: - Possibilitar aproximação entre os membros do grupo;

- Conhecer o nome e as principais características de cada participante;

- Estabelecer clima lúdico que permita a livre expressão de idéias e sentimentos.

VI. Material: Aparelho de som e CD ou apito

VII. Procedimento:

a) Organizar o grupo em círculo de pé;

b) Solicitar que dividam-se em dois subgrupos com a mesma quantidade de pessoas em cada um dos grupos;

c) Formar dois círculos, um interno e outro externo, e pedir para os participantes organizarem-se em duplas voltadas para frente e compostas por uma pessoa de cada círculo;

d) Iniciar o jogo “duplas rotativas”, que deverão identificar-se pelo nome, qualidades, gostos, etc;

e) A cada sinal emitido pelo facilitador o círculo interno deverá movimentar-se, trocando de dupla. O externo continuará parado;

f) A atividade será encerrada quando as duplas voltarem a posição original;

g) O facilitador irá conduzir a discussão, solicitando que cada pessoa expresse o sentimento vivenciado na atividade, o que foi mais fácil e o que foi mais difícil; o que aprendeu e como sente-se agora.

Obs: O facilitador poderá utilizar música ou apito como sinal para o revesamento das duplas. Troca de dupla acontece a cada parada da música ou do som do apito.

Dinâmica de Descontração

* CUMPRIMENTO CRIATIVO

I. Público: Adultos e jovens de ambos os sexos

II. Número de participantes: 20 pessoas

III. Tempo de duração: 30 a 40 minutos

IV. Objetivos: - Descontrair e aproximar o grupo;

- Conhecer novas formas de linguagem;

- Favorecer clima de liberdade, responsabilidade e respeito às diferenças;

- Identificar valores e limites.

V. Material: Aparelho de som e CD (optativo)

VI. Procedimento:

a) Solicitar que as pessoas caminhem pela sala cumprimentando-se de forma não verbal, apenas trocando olhares;

b) Conduzir o cumprimento utilizando formas criativas não verbais: tocar cotovelos, palma das mãos, joelhos, costas, testa, ponta do nariz, etc;

c) Observar cada reação dos participantes;

d) Encerrar quando sentir que o grupo vivenciou todas as suas potencialidades para o referido momento;

e) Conduzir discussão, com os participantes, pautada nos objetivos propostos. Na discussão, evitar juízo de valor e particularização de preconceitos.  

Obs: É importante que o facilitador deixe claro que nada é obrigado, que cada pessoa deve se sentir à vontade para realizar ou não o que for proposto.  

Dinâmica de Aplicação

* MAPEAMENTO DA VIOLÊNCIA

I. Público: Adultos e jovens de ambos os sexos

II. Número de participantes: 20 pessoas

III. Tempo de duração: 1 hora e 30 minutos

IV. Objetivos: - Identificar os tipos de violência mais freqüentes;

- Discutir sobre os fatores que motivam seu aparecimento

- Elaborar propostas, buscando as possíveis formas de solução

V. Material: Tarjetas, cartolina, lápis hidrocor ou piloto

VI. Procedimento:

a) Pedir para que os participantes escrevam nas tarjetas o significado de violência, os tipos mais freqüentes, causas, locais onde ocorrem e principais vítimas;

b) Colocar na cartolina as respostas apresentadas, tentando formular um conceito de violência coletivo e identificando os tipos e as respectivas causas, vítimas e locais;

c) Dividir os participantes em subgrupos e pedir para que cada um trabalhe um tipo diferente de violência, apresentando possíveis formas de minimizar seus efeitos ou combatê-la;

d) Conduzir uma plenária de discussão, onde os grupos apresentam suas propostas e debatem a viabilidade de cada uma delas, fazendo observações e sugestões. 

Obs: O facilitador também pode direcionar a oficina para tipos específicos de violência, como a violência contra a mulher, no ambiente de trabalho, no ambiente escolar, etc.  

* DIAGNÓSTICO DA JUVENTUDE

I. Público: Educadores

II. Número de participantes: 25 pessoas

III. Tempo de duração: 3 horas

IV. Objetivos: - Verificar as percepções dos educadores em relação aos jovens;

- Construir um perfil da juventude nas escolas a partir das opiniões apresentadas;

- Refletir sobre as possibilidades e limites do trabalho do educador.

V. Material: Transparências, lápis para transparência e tarjetas com as questões a serem discutidas nos grupos

VI. Procedimento:

a) Dividir os grupos em subgrupos;

b) Distribuir as questões para discussão;

c) Solicitar que os grupos debatam e elaborem seu trabalho, respeitando as opiniões de todos os participantes do grupo e tentando chegar a um consenso;

d) Concluído o período para elaboração, cada grupo apresenta seus resultados e em seguida é aberta uma plenária de discussão com o grande grupo;

e) O facilitador deve identificar os pontos comuns e as divergências nas apresentações, tentando estimular o diálogo na perspectiva de apontar saídas para os impasses e alertar para a necessidade da ação coletiva no trabalho com o jovem, especialmente no que se refere à diminuição da violência nas escolas.  

Roteiro de discussão para as tarjetas:

# Quem é o jovem na realidade atual? Quais suas características? Quais suas expectativas e interesses?

# Quais as possibilidades e limites de seu trabalho enquanto educador inserido nesta realidade? Como o desenvolvimento do Programa Paz nas Escolas pode contribuir em relação aos interesses dos jovens?

# Quais as formas de estimular o protagonismo juvenil durante o desenvolvimento do seu trabalho? 

Dinâmica de Avaliação

* AVALIAÇÃO COM UMA SÓ PALAVRA

I. Público: Participantes de alguma oficina já desenvolvida

II. Número de participantes: Todos os participantes da oficina já desenvolvida

III. Tempo de duração: 30 minutos

IV. Objetivos: - Avaliar o trabalho desenvolvido na oficina;

- Identificar os pontos positivos e negativos da parte metodológica e de conteúdo;

- Expressar os sentimentos individuais e coletivos vivenciados no decorrer da

   oficina;

- Possibilitar momento celebrativo de encerramento das atividades.

V. Material: Tarjetas, cartolinas e lápis hidrocor ou piloto.

VI. Procedimento:

a) Dividir o grupo em subgrupos;

b) Entregar uma tarjeta para que cada participante de grupo expresse em uma palavra o que a oficina representou;

c) Solicitar que socializem as tarjetas nos pequenos grupos, criando, a partir delas, frases, cartazes, ou outra expressão que represente a avaliação coletiva;

d) Apresentar em plenária os trabalhos elaborados;

e) Discutir os pontos em comum e identificar questões não contempladas na avaliação e as possíveis sugestões. 

OFICINAS ELABORADAS PELOS PARTICIPANTES

Esta parte é destinada a apresentação das oficinas elaboradas pelos participantes dos projetos Tecendo a Cidadania e Educando para o Futuro. Foram selecionadas dez oficinas, representativas do conjunto, e que se destinam ao público de professores, alunos, pais e professores. 

* VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

I. Público: Conselho de Pais e Mestres

II. Número de participantes: 25 pessoas

III. Tempo de duração: 1 hora e 30 minutos

IV. Objetivos: - Sensibilizar o Conselho de Pais e Mestres para a realidade da violência escolar; - Contribuir para que haja uma cultura de paz nas escolas;

- Possibilitar reflexões sobre os diversos tipos de violência ocorridas nas escolas;

- Estimular a formação de agentes multiplicadores da paz.

V. Material: Papéis recortados, fichas coloridas, cartolina, lápis de cor, revistas

VI. Procedimentos:

a) Dividir o grande grupo em três subgrupos, através de fichas coloridas contendo os seguintes temas: violência física, violência psicológica, depredação do patrimônio;

b) Solicitar que cada subgrupo reflita o tema em questão, sugerindo alternativas;

c) Apresentar de forma criativa as conclusões a que chegaram;

d) Discutir em plenária as apresentações, socializando cada experiência;

e) Avaliar o trabalho, pedindo que cada pessoa manifeste seu sentimento através de uma expressão facial.

VII. Autores:

 - Ana Goreth de Lima                                                - Cátia de Oliveira

 - Edna Carvalho                                                         - Francitelma Nascimento

- Karina Araújo                                                             - Patrícia Melo  

* CIDADANIA

I. Público: Professores do ensino fundamental e médio

II. Número de participantes: 20 a 25 pessoas

III. Tempo de duração: entre 1 hora e 1hora e 30 minutos

IV. Objetivos: - Refletir sobre o exercício da cidadania;

- Facilitar a convivência interpessoal

- Criar condições de discussão sobre o tema proposto.

V. Material: Cartolina, lápis piloto, aparelho de som e CD com músicas de ciranda.

VI. Procedimentos:

a) Iniciar com um breve relaxamento;

b) Solicitar que os participantes circulem pela sala e, através do tamanho das mãos, procurem formar pares;

c) As duplas formadas se entrevistam, ressaltando aspectos como: nome, profissão, local de trabalho, gostos, preferências;

d) Volta-se ao grande grupo para as apresentações. Cada integrante fará apresentação do companheiro com quem conversou.

Atenção: A apresentação do que o colega mais gosta e menos gosta será feita através de mímica.

e) Encerradas as apresentações, o facilitador deve solicitar que os participantes construam um painel coletivo sobre a importância do respeito e compreensão às diferenças individuais e grupais;

f) O facilitador fará a conexão do material construído com a temática proposta na oficina, abrindo, em seguida, a discussão com os participantes;

g) Encerrar a oficina com uma ciranda, onde todos os integrantes, dentro do mesmo ritmo, confraternizam-se de mãos dadas.

VII. Autores:

 - Adriana Fernandes                                                   - Andréa Pontes

 - Andresa Ferreira                                                      - Cristiane França

 - Dilma de Souza                                                        - Maria Alice Calado

 - Maria do Bom Conselho de Oliveira

* O BOMBARDEIO

I. Público: Alunos do ensino fundamental

II. Número de participantes: 15 pessoas

III. Tempo de duração: 20 minutos

IV. Objetivos: - Favorecer a reflexão sobre a responsabilidade social;

- Sensibilizar para a importância da solidariedade na convivência social;

- Discutir valores individuais e coletivos.

V. Material: Fita crepe ou giz

VI. Procedimentos:

a) Organizar o grupo em círculo;

b) Delimitar um espaço no centro da sala, com giz ou fita crepe, que permita a acomodação de todos, de pé, dentro desse espaço;

c) Solicitar que imaginem uma situação de guerra e que a cada grito de: bombardeio!, todos deverão ocupar a área delimitada;

d) Diminuir, gradativamente, o espaço;

e) Comunicar que as pessoas impossibilitadas de ocupar o espaço estão “bombardeadas” e ficarão fora do jogo;

f) Estreitar cada vez mais o espaço, até que permaneça o menor número de participantes;

g) Estimular para que criem formas alternativas de permanecerem “vivos” no reduzido espaço;

h) Encerrar quando todas as soluções possíveis forem experenciadas;

i) Conduzir plenária de discussão onde os participantes exponham seus sentimentos em relação à situação vivida e reflitam sobre os desafios da convivência social.

VII. Autores:

 - Ana Paula da Silva                                                              - Maria da Conceição Arantes

 - Débora Medeiros                                                                 - Ezeneide Rocha

 - Jaciara Vieira                                                                      - Luciana de Oliveira

 - Loia dos Santos

* DANÇA NO ZOOLÓGICO

I. Público: Alunos do ensino médio

II. Número de participantes: 20 pessoas (sempre números pares)

III. Tempo de duração: 30 minutos

IV. Objetivos: - Despertar sentimentos de cooperação e criatividade;

- Estabelecer um clima de maior aproximação e interação entre os membros do  grupo.

V. Material: Folhas de jornal, som e CD com pelo menos quatro ritmos diferentes; papel ofício, canetas.

VI. Procedimentos:

a) Preparar pequenos pedaços de papel com nomes de animais, duplicando as listas para que os grupos formem pares;

b) Distribuir os papéis dobrados entre os membros do grupo;

c) Solicitar que circulem pela sala emitindo o som e os gestos do referido animal e procurando o seu par;

d) Cada dupla receberá uma folha de jornal, que deverá ficar estendida no chão formando um tablado para o início da dança;

e) As duplas deverão aguardar o início da música e começar a dançar sem sair do jornal estendido no chão;

f) A cada mudança de ritmo o jornal deverá ser dobrado ao meio, estreitando o espaço para a dança;

g) O facilitador deverá utilizar vários ritmos de música;

i) Na última música o jornal deverá estar reduzido a pouco mais de 30 cm, exigindo, de cada dupla, criatividade individual e observação das soluções coletivas para continuar dançando sem sair do papel.

h) O facilitador inicia uma discussão com todos os participantes, onde deverão ser refletidas as experiências vivenciadas na oficina, considerando seu sentimento enquanto indivíduo, dupla e grupo.

VII. Autores:

 - Fabíola Guedes                                                       - Maria Olívia de Vasconcelos

 - Roberta Araújo                                                       - Weber Nunes

* O PRESENTE

I. Público: Alunos do ensino fundamental e médio e policiais

II. Número de participantes: mínimo de 10 e máximo de 25 pessoas

III. Tempo de duração: 1 hora em média

IV. Objetivos: - Promover a integração e a troca;

- Dar-se conta das qualidade individuais.

V. Material: Cesta de bombons e/ou chocolates; tarjetas com as qualidades

VI. Procedimentos:

a) Preparar uma cesta de bombons e ou chocolates;

b) Organizar tarjetas com frases sugestivas enaltecendo qualidades dos participantes;

c) Organizar o grupo em círculo sentado;

d) Sortear um dos participantes para iniciar o jogo;

e) Entregar a pessoa sorteada a primeira tarjeta e solicitar que ela realize leitura pública do que está escrito e em seguida sorteie nova tarjeta;

f) Entregar o presente para a pessoa que acredita possuir a qualidade descrita na tarjeta subsequente, está tirará outra tarjeta e entregará o presente a outra pessoa que possua a qualidade;

g) Sequenciar o jogo seguindo essa mesma ordem, até que todos tenham sido presenteados;

h) Encerrar com a tarjeta que sugere a entrega a uma pessoa que transmita paz;

i) A última pessoa a receber a cesta deverá ler a seguinte mensagem:

“A amizade é uma coisa eterna e o verdadeiro amigo está disposto a compartilhar todas as angústias e felicidades da vida”.

j) Encerrar com a distribuição dos bombons para todos as pessoas presentes.

Sugestões de qualidades para compor as tarjetas:

# Dinamismo                                       # Solidariedade

# Felicidade                                        # Carinho

# Lealdade                                          # Compreensão

# Sinceridade                                      # Que transmite paz

Obs: Pode-se colocar as qualidades no seguinte formato:

“Dinamismo é fortaleza, coragem, compromisso e irradia energia. Seja sempre agente multiplicador de boas idéias e de boas ações em seu meio. Precisamos de pessoas como você. Parabéns! Mas passe o presente para quem você acha mais solidário”.

“Você é feliz. Construa sempre sua felicidade em bases sólidas. A felicidade não depende dos outros, mas de nós mesmos. Mas o presente não é seu, entregue-o a uma pessoa que na sua opinião é muito carinhosa”.

VII. Autores:

 - Aline do Nascimento                                                           - Cássia Dantas

 - Jacqueline Barbosa                                                  - Juliana Figueiredo

 - Patrícia de Andrade                                                 - Sandra Barros

 - Sandra Manta

* OS LIMÕES

I. Público: Alunos do ensino fundamental

II. Número de participantes: mínimo de 10 e máximo de 20 participantes

III. Tempo de duração: 20 minutos

IV. Objetivos: - Contribuir na compreensão da importância do respeita às diversidades;

- Refletir sobre valores e preconceitos no contexto individual e social;

- Despertar, a partir da individualidade de cada um, a importância do respeito ao    coletivo.

V. Material: Bandeja e limões

VI. Procedimentos:

a) Organizar o grupo em círculo, sentado;

b) Colocar no centro do círculo uma bandeja contendo o número de limões equivalentes à quantidade dos membros do grupo;

c) Solicitar que cada um observe os limões e escolha apenas um, em seguida identifique-o a partir de uma característica própria: cor, marcas, cheiro, etc;

d) Devolver todos os limões para a bandeja após a identificação;

e) Pedir que os participantes tentem pegar seu limão de volta, verificando as características a ele atribuídas;

f) Iniciar a discussão pautada nos objetivos propostos.

VII. Autores:

 - Eliane Chaves                                                          - Flávia Costa

 - Josiete Tavares                                                                   - Patrícia Silva

 - Swany Ramos

* A TEIA

I. Público: Alunos do ensino médio de escolas públicas e particulares

II. Número de participantes: 25 pessoas

III. Tempo de duração: 1 hora em média

IV. Objetivos: - Conhecer o nome de cada participante, possibilitando a individualização dentro do coletivo;

- Promover a integração do grupo;

- Descobrir a sintonia entre pessoas diferentes quando propõem-se a um trabalho coletivo.

V. Material: Rolo de barbante ou novelo de lã

VI. Procedimentos:

a) Grupo em círculo, sentado;

b) O facilitador segura o rolo de barbante ou novelo de lã e inicia a atividade, jogando-o para um dos participantes;

c) O participantes que receber deverá dizer o nome e algumas características pessoais. Segura o barbante laçando-o no dedo indicador;

d) O participante seguinte repetirá o procedimento;

e) Encerrar quando todos estiverem “presos” pelo barbante;

f) Solicitar que coloquem a “teia” no chão, cuidadosamente;

g) Ao facilitador compete estimular a reflexão no sentido de estabelecer paralelo entre o “desenho” formado pelo barbante e a noção de grupo, de união, cooperação, amizade, companheirismo, etc.

VII. Autores:

 - Carla Rodrigues                                                      - Eliane de Lima

 - Joelma Lira                                                  - Lenilda Silva

 - Vanessa Ferreira  

* DESENHO COLETIVO

I. Público: Professores, alunos e policiais

II. Número de participantes: mínimo de 10 e máximo de 20 pessoas

III. Tempo de duração: 50 minutos

IV. Objetivos: - Refletir sobre o conceito de cidadania;

- Criar ambiente lúdico que favoreça a discussão sobre o tema a partir das experiências individuais;

- Refletir sobre a importância do respeito às diversidades.

V. Material: Cartolinas, lápis hidrocor, piloto, lápis de cera, lápis de cor, tinta para pintura à dedo, tinta guache, pincéis, fita adesiva

VI. Procedimentos:

a) Colocar no centro da sala um grande painel de cartolinas brancas, lápis coloridos, tintas, pincéis, etc;

b) Solicitar aos participantes que formem um círculo em volta do painel e iniciem sua produções individuais, porém no espaço coletivo;

c) Comunicar que é permitido fazer alterações nos desenhos dos outros componentes;

d) Concluída a atividade, afixar o painel na parede e conduzir uma discussão sobre os sentimentos que foram gerados e o significado de cada ilustração do painel;

e) Encerrada a discussão, solicitar que o grupo organize-se em círculo e, de olhos fechados, inicie o canto de uma música que imagina combinar com o tema proposto no painel;

f) Começa em voz baixa, cada um com a sua música e vai aumentando o tom da voz no sentido de convencer o grupo de que a sua música é a mais adequada para ilustrar o tema;

g) Encerrar quando todos estiverem na mesma sintonia.

Sugestões de pontos para discussão:

# Como se sentiu ao ver seu desenho alterado por outra pessoa?

# Quais as contribuições que foram ou não compartilhadas?

# O que foi mais fácil e o que foi mais difícil de realizar?

VII. Autores:

 - Fernanda Schuler                                                     - Hilton Barros

 - Jamecy Almeida                                                       - Rosana Tavares

 - Suely Montenegro

* VOCÊ MERECE

I. Público: Alunos do ensino médio e professores

II. Número de participantes: entre 15 e 25 pessoas

III. Tempo de duração: 40 minutos em média

IV. Objetivos: - Promover a troca afetiva entre os participantes;

- Possibilitar a percepção das qualidades positivas existentes no grupo;

- Avaliar as qualidades pessoais.

V. Material: Cesta, tiras de papel, lápis hidrocor ou caneta

VI. Procedimentos:

a) Grupo em círculo, sentado;

b) Cada pessoa recebe uma tira de papel na qual deverá escrever o que mais gostaria de dar a uma determinada pessoa do grupo (não valem presentes materiais);

c) Escrever na tira de papel apenas o destinatário e o que daria, sem se identificar;

d) Dobrar os papéis, colocá-los em uma cesta e redistribuí-los;

e) Cada pessoa levanta-se, ler o que está escrito no papel e entrega ao destinatário;

f) Realizadas todas as entregas, pedir que todos fiquem de pé, dêem as mãos, fechem os olhos e reflitam sobre os “presentes” recebidos.

VII. Autores:

 - Anne Azevedo                                          - Aline Gomes

 - Juliana Cruz                                             - Leandro Monteiro

 - Luciene da Silva                                       - Mariza de Oliveira

 - Tatiane Ferreira

Obs: A atividade permite referenciar o positivo do grupo, permitindo ao facilitador perceber o perfil do grupo e suas possibilidades.

A atividade só deverá ser trabalhada com um grupo que já tenha construído vínculos de amizade. Nunca para grupos que ainda não se conhecem.  

* COMO SEGUIR INSTRUÇÕES

I. Público: Professores e pais de alunos

II. Número de participantes: 20 pessoas

III. Tempo de duração: 30 minutos

IV. Objetivos: - Perceber a atenção dos participantes;

- Possibilitar à percepção da importância da consciência crítica nas atividades cotidianas;

- Refletir sobre a tendência de realizar acriticamente as atividades propostas.

V. Material: Folhas de trabalho e canetas

VI. Procedimentos:

a) Solicitar que os participantes acomodem-se na sala em filas de cadeiras, conforme modelo tradicional adotado pela escola;

b) Entregar a cada um uma folha de trabalho contendo instruções a serem seguidas individualmente e em silêncio;

c) Pedir as pessoas que tenham concluído a tarefa que permaneçam sem fazer comentários ou dar explicações;

d) Encerrada a atividade abrir discussão pautada nos objetivos.

VII. Autores:

 - Aldivania de Melo                                                                - Daniela Rodrigues

 - Luciana Alves                                                                      - Maria Inêz Goveia

 - Maria de Fátima Bandeira                                                    - Telma Soares

Folha de Trabalho:

Como seguir instruções

1) Leia tudo atentamente antes de fazer qualquer coisa, mas trabalhe o mais rapidamente possível.

2) Coloque seu nome no canto superior direito deste papel.

3) Cidadania é a transformação social para a conquista de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária. Se concordar, levante a mão esquerda.

4) Sublinhe a palavra “cidadania” da sentença três.

5) Democracia é o regime político baseado na soberania popular, com pleno reconhecimento dos direitos humanos. Se achar correto, bata palmas.

6) Você acha que os direitos humanos são cumpridos no nosso país? Faça um sinal (positivo ou negativo) simbolizando sua opinião.

7) Na sentença cinco, trace um círculo ao redor da palavra “democracia”.

8) Como tem sido seu comportamento como cidadão?

a) inocente                               b) acomodado                                     c) vítima

d) chato                                   e) cidadão envolvido

9) Fale em voz alta a sua opção na sentença oito.

10) “A cultura de um povo é o seu laço mais forte de identidade, de cidadania”. Escreva essa frase do lado esquerdo da folha.

11) Se você seguiu as instruções até aqui, levante-se e diga “segui”.

12) Feche os olhos e levante as duas mãos sobre a cabeça.

13) Agora que você leu as instruções cuidadosamente, faça apenas aquilo que a sentença um e cinco pedem para fazer. Ignore as demais instruções.

14) Por favor, não faça comentários ou dê explicações a seus companheiros. Se você leu até aqui, faça de conta que ainda está escrevendo. Vamos ver quantas pessoas seguem instruções corretamente.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Educação em Cidadania e Direitos Humanos

AGUIRRE, Luis Pérez e MOSCA, Juan José. Direitos Humanos: pautas para uma educação libertadora. Petrópolis, Vozes, 1990.

BARBOSA, M. A. Rodrigues e outros. Direitos Humanos – um debate necessário. São Paulo, Brasiliense, Instituto Interamericano de Direitos Humanos, vol. I, 1988/vol. II, 1989.

BENEVIDES, Maria Victoria. A Cidadania Ativa. São Paulo, Ática, 1991.

BUARQUE, Cristovam. O que é Apartação? São Paulo, Brasiliense, 1993.

BUFFA, Ester ... [et. al.] Educação e Cidadania: quem educa o cidadão? São Paulo, Cortez, 1996.

CANDAU, Vera ...[et. al.] Tecendo a Cidadania. Petrópolis, Vozes, 1995.

____________________ Oficinas Pedagógicas de Direitos Humanos. Petrópolis, Vozes, 1996.

____________________ Sou criança: tenho direitos. Petrópolis, Vozes, 1998.

COMPARATO, Fábio Konder. Para Viver a Democracia. São Paulo, Brasiliense, 1989.

COVRE, Maria de Lourdes. O que é Cidadania? São Paulo, Brasiliense, 1991.

DALLARI, Dalmo de Abreu. O que são Direitos das Pessoas? São Paulo, Brasiliense, 1982.

_______________________ Viver em Sociedade. São Paulo, Moderna, 1985.

DEMO, Pedro. Cidadania Menor: algumas indicações quantitativas de nossa pobreza política. Petrópolis, Vozes, 1992.

_____________ Desafios Modernos da Educação. Petrópolis, Vozes, 1995.

DORNELLES, João Ricardo. O que são Direitos Humanos? São Paulo, Brasiliense, 1989.

DIMENSTEIN, Gilberto. Cidadão de Papel: a infância, adolescência e dos direitos humanos no Brasil. São Paulo, Ática, 1993.

DIMENSTEIN, Gilberto e PINHEIRO, Paulo Sérgio. A Democracia em Pedaços: direitos humanos no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. São Paulo, Cortez, 1995.

 

Dinâmica de Grupo

BEAL, George, HOHLEN, Joe e RAUDABAUGH, Neil. Liderança e Dinâmica de Grupo. Rio de Janeiro, Zahar, 1972.

CARTWRIGHT, O. e ZANDER, A. Dinâmica de Grupo – pesquisa e teoria. São Paulo, Hender, 1969.

LIMA, Lauro de Oliveira. Dinâmica de Grupo: no lar, na empresa, na escola. Rio de Janeiro, 1979.

MINICUCCI, Agostinho. Técnicas do Trabalho de Grupos. São Paulo, Atlas, 1987.

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal. Rio de Janeiro, Editora S/A, 1995.

ROGERS, Carl. Grupos de Encontro. São Paulo, Martins Editores, 1970.

SCHUTZ, William. O Prazer – expansão da consciência humana. São Paulo, Imago, 1974.

TELLEGEM, Thérèse Amelie. Gestalt e Grupos: uma perspectiva sistêmica. São Paulo, Summus, 1984.

TRECKER, Hharleigh. Como Trabalhar com Grupos. Rio de Janeiro, Agir, 1974.  

ANEXOS 

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Preâmbulo

CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da familia humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade,

CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,

CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a observância desses direitos e liberdades,

CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente "Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.


Artigo 1 Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2 I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3 Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4 Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5 Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo 6 Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Artigo 7 Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8 Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10 Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11 I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.

II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituiam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12 Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13 I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo 14 I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 15 I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.

II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16 I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes

III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17 I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18 Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observâcia, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19 Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras. 

Artigo 20 I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21 I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22 Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.

Artigo 23 I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego

II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24 Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25 I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26 I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnicoprofissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo 27 I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios.

II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28 Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29 I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30 Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e liberdades aqui estabelecidos.  

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

(Versão Popular de Frei Betto)

Todos nascemos livres e somos iguais em dignidade e direitos.
Todos temos direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal e social.
Todos temos direito de resguardar a casa, a família e a honra.
Todos temos direito ao trabalho digno e bem remunerado.
Todos temos direito ao descanso, ao lazer e às férias.
Todos temos direito à saúde e assistência médica e hospitalar.
Todos temos direito à instrução, à escola, à arte e à cultura.
Todos temos direito ao amparo social na infância e na velhice.
Todos temos direito à organização popular, sindical e política.
Todos temos direito de eleger e ser eleito às funções de governo.
Todos temos direito à informação verdadeira e correta.
Todos temos direito de ir e vir, mudar de cidade, de Estado ou país.
Todos temos direito de não sofrer nenhum tipo de discriminação.
Ninguém pode ser torturado ou linchado. Todos somos iguais perante a lei.
Ninguém pode ser arbitrariamente preso ou privado do direito de defesa.
Toda pessoa é inocente até que a justiça, baseada na lei, prove a contrário.
Todos temos liberdade de pensar, de nos manifestar, de nos reunir e de crer.
Todos temos direito ao amor e aos frutos do amor.
Todos temos o dever de respeitar e proteger os direitos da comunidade.
Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação destes direitos.

Declaração Universal dos Direitos da Criança

Princípio 1

A criança gozará todos os direitos enunciados nesta Declaração. Todas as crianças, absolutamente sem qualquer exceção, serão credoras destes direitos, sem distinção ou discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família.

Princípio 2

A criança gozará proteção especial e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal em condições de liberdade e dignidade. Na instituição de leis visando a este objetivo levar-se-ão em conta, sobretudo, os melhores interesses da criança.

Princípio 3

Desde o nascimento, toda criança terá direito a um nome e uma nacionalidade.

Princípio 4

A criança gozará os benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e criar-se com saúde; para isto, tanto à criança como à mãe serão proporcionados cuidados e proteção especiais, inclusive adequados cuidados pré e pós-natais. A criança terá direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequadas.

Princípio 5

À criança incapacitada física, mental ou socialmente serão proporcionados o tratamento, a educação e os cuidados especiais exigidos pela sua condição peculiar.

Princípio 6

Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de amor e compreensão. Criar-se-á, sempre que possível, aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hipótese, num ambiente de afeto e de segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, a criança de tenra idade não será apartada da mãe. À sociedade e às autoridades públicas caberá a obrigação de propiciar cuidados especiais às crianças sem família e àquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas.

Princípio 7

A criança terá direito a receber educação, que será gratuita e compulsória pelo menos no grau primário. Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz de promover a sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de iguais oportunidades, desenvolver as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil da sociedade.

Os melhores interesses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais.

A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando aos propósitos mesmos de sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.

Princípio 8

A criança figurará, em quaisquer circunstâncias, entre os primeiros a receber proteção e socorro.

Princípio 9

A criança gozará proteção contra quaisquer formas de negligência, crueldade e exploração. Não será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma.

Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente; de nenhuma forma será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

Princípio 10

A criança gozará proteção contra atos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Criar-se-á num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes.

ORGANIZADORAS:

Celma Tavares e Nilsa Lira

EQUIPE DE EDUCADORES DOS PROJETOS

TECENDO A CIDADANIA E EDUCANDO PARA O FUTURO:

Aída Monteiro

Amparo Araújo

Celma Tavares

Nilsa Lira

Sandra Paz 

AUTORIA DAS OFICINAS:

Celma Tavares

Nilsa Lira

Sandra Paz  


MOVIMENTO TORTURA NUNCA MAIS DE PERNAMBUCO  

RECIFE, 2001


1 Jornalista, Mestre em Ciência Política pela UFPE e Educadora do Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambuco.

1 Psicóloga e Educadora do Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambuco

2 FRED, Sigmund. Análise do Eu – Psicologia das Massas. Coleção Freud, vol. XVIII, 1922, p.126.

3 FREUD, Sigmund. Análise do Eu – Psicologia das Massas. Coleção Freud, vol XVIII, 1922, p.130.

1 Pedagoga, Mestranda em Educação pela UFPE e Educadora do Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambuco.

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