Cartilha
de Direitos Humanos
Ricardo Balestreri
Por
que Direitos Humanos?
Vivemos em um mundo que, teoricamente,
teria riqueza para todos, oportunidades
para todos, bem-estar para todos. Vivemos
em país que está entre os
mais ricos deste mundo rico.
Apesar
disso, a maior parte da humanidade se
arrasta na miséria, na fome, na
ignorância. No Brasil, somente uns
quinze por cento da população
exercem razoavelmente seus direitos à
boa alimentação, boa moradia,
bom emprego, bom salário, bom acesso
à escola de qualidade, bom lazer.
Para a maior parte desses quinze por cento,
mesmo assim, o preço é muito
alto: jornadas exaustivas de trabalho,
contas intermináveis a pagar, pouco
tempo com os filhos, pressões de
toda ordem, “necessidades”
impostas desde fora, que vão alienando
as pessoas de suas próprias vidas.
Aos
pobres e miseráveis resta, onipresente,
a mesma ideologia consumista a ser assimilada,
professada e sonhada, mas na incompreensão
e na dor da exclusão do consumo,
sem, sequer, o básico para uma
vida digna.
Como
chegamos à esse paradoxo cruel,
de um mundo rico em natureza e também
em matéria transformada, construído
e mantido por trabalhadores pobres? Pior,
como chegamos, mais contemporaneamente,
a um modêlo onde, cada vez mais,
o foco se concentra no consumo e não
na produção (a cada dia
mais mecanizada), “prescindindo”
cada vez mais de mão-de-obra, e
gerando, entre outros fatores, um fenômeno
crescente de desemprego que não
é só conjuntural mas, sobretudo,
estrutural? Como podemos ingressar tão
rápida e passivamente em tal sistema
desumano de “prescindência”,
em que os pobres não são
mais necessários, em que uma minoria
pode viver, produzir e consumir, por si
e para si mesma, e bastar-se?
É
em contraposição a esse
roteiro dramático que a causa dos
direitos humanos precisa oferecer a alternativa
de um script novo, de uma história
humanizada e humanizante, de um papel
digno e confortável para todos.
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