Joana
Lima/DN |
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Roberto
Monte, presidente da CDHMP, coordena o evento
na Funcarte |
CDHMP
revê a ditadura
[O Poti, segunda-feira, 26 de Outubro de 2008]
Retratos
de galpões escuros, tanques nas ruas e
estudantes caminhando e cantando, no gerúndio
ou não, histórias de horror e luta
- uma Roda Viva de atrocidades. A revolução
de duas décadas de ditadura militar no
Brasil está exposta em telas e textos na
Galeria de Arte da Fundação Capitania
das Artes (Funcarte). São imagens de um
Brasil que ainda sonha com a volta do irmão
do Henfil; com tanta gente que partiu num rabo
de foguete, como o bêbo e o equilibrista
de João Bosco e Aldir Blanc. A exposição
Direito à Memória e à Verdade:
a ditadura no Brasil (1964-1985) pode ser conferida
até 8 de novembro, das 8h às 17h
e tem o projeto de rodar as principais cidades
do Estado até o fim do ano. A exposição
faz parte do projeto da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República
(Sedh/PR). Foi concebida originalmente, em agosto
de 2006 no corredor de acesso ao plenário
da Câmara dos Deputados, para comemorar
os 27 anos da promulgação da Lei
da Anistia no Brasil. Este ano, em parceria com
a Fundação Luterana de Diaconia
e Agência Livre Para Informação
Cidadania e Educação, decidiu rodar
o Brasil e fincar todo o material de forma permanente,
também para comemorar os 60 anos da Declaração
dos Direitos Universais. São painés
de seis metros quadrados organizados em formato
labiríntico no Salão de Funcarte.
A vinda da exposição foi intermediada
pelo Centro de Direitos Humanos e Memória
Popular (CDHMP).
O coordenador
do Comitê Estadual de Educação
e Direitos Humanos (CEEDH) e um dos membros do
CDHMP, Roberto Monte foi o responsável
pela intermediação junto à
Sedh e conseguiu trazer a exposição
para o Rio Grande do Norte. Segundo Monte, foi
feito contato com a coordenação
do Norte Shopping para que a exposição
seja levada à Zona Norte em dezembro. O
coordenador do CEEDH também pretende contatar
o diretor geral da Fundação José
Augusto, Crispiniano Neto para negociar a exposição
da mostra em cidades com estrutura e espaço
adequado para receber o material. ‘‘Nós
queremos tornar a exposição itinerante.
Começamos na Capitana das Artes, e depois
pretendemos passar pela Zona Norte e por diversos
municípios do Estado. A iniciativa pretende,
através do conhecimento da história,
impedir que esse tipo de violação
dos direitos humanos se repita’’,
conta Roberto Monte. A mostra tem ainda, segundo
os organizadores, a intenção de
atrair estudantes tanto da rede pública
quanto da privada, para incentivar o conhecimento
e entendimento deste período importante
e trágico que ainda deixou feridas até
hoje abertas na história do país.
Entre as imagens dos painés, o visitante
pode conferir algumas passagens como a primeira
grande greve no ABC Paulista; a foto dos presos
políticos (entre eles o ex-chefe da Casa
Civil da presidência, José Direcu)
requisitados em troca do embaixador americano
sequestrado por revolucionários, tendo
à frente o hoje candidato à prefeitura
do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira; também
ofícios e documentos do departamento de
censura com mandatos de boicote à obras
e peças de artistas brasileiros; além
de fotos de revolucionários assassinados
como Mariguella e Lamarca.
SÉRGIO
VILAR
DA EQUIPE DE O POTI |