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Tecido Social
Correio Eletrônico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN

N. 094 – 13/11/04

Começa em Natal, berço da DHNET, uma pesquisa sobre a utilização das teconologias digitais para o desenvolvimento humano

Publicamos um depoimento oferecido a Tecido Social por Carlos Lopes, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) e membro fundador do Movimento de Educação de Base (MEB), que nestes dias se encontra em Natal (RN) para conhecer a experiência da DHNET - Rede Direitos Humanos e Cultura, o maior banco de dados e informações sobre Direitos Humanos em língua portuguesa, no âmbito de uma pesquisa sobre como as tecnologias digitais podem ser utilizadas para a educação em Direitos Humanos

Meu nome é Carlos Lopes e, antes de mais nada, sou um nordestino e um piauiense. Minha nordestinidade, minha piauiensidade são o rasgo fundamental da minha identidade: sempre que me apresento, faço questão de destacar, além do meu nome, a minha terra, o lugar das minhas raízes.

Minha maior escola, em termos de formação, não foi a formal, mas o Movimento de Educação de Base (MEB), do qual fui assessor regional no Ceará e no Piauí e depois coordenador pedagógico nacional, trabalhando na assessoria aos movimentos populares, aos sindicatos, etc., na comunicação popular e na produção de material didático. Trabalhei onze anos no MEB e hoje sou professor na Universidade Católica de Brasília (UCB), na área das tecnologias aplicadas à educação, especificamente a educação à distância.

A DHNET me deu a oportunidade de analisar um sistema de comunicação de alcance global mas profunda inserção local, sendo o braço digital da Rede Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do Norte e tendo uma forte presencia e enraizamento no Estado e especialmente de Natal, que é onde nasceu o MEB impulsionado pela experiência das escolas radiofônicas.

Minha chegada a Natal é, de certa forma, um re-encontro com as raízes da minha formação tendo outro ponto de partida mas a mesma perspectiva, que é a construção de um projeto político e pedagógico de utilização das tecnologias para possibilitar o desenvolvimento humano. De fato, apesar de que muitas vezes a virtualidade é associada à distância, ela tem todo o potencial para permitir aproximações efetivas, locais.

Minha vinda à Natal faz parte de uma pesquisa que não tem como objetivo coletar dados, mas permitir uma interlocução e uma ampliação das possibilidades que têm as ONG’s comprometidas com projetos de educação popular e inseridas nas comunidades, dentro da visão geral de um país realmente democrático, socialmente justo e onde as riquezas sejam repartidas de maneira igualitária.

Minha pesquisa pretende discutir com o Terceiro Setor e ao mesmo tempo devolver a ele as possibilidades desenhadas pelas entrevistas e as observações feitas no campo. Isso não vai prescindir, porém, da colheita de dados que não acontecerá só aqui em Natal, mas também em Curitiba (onde conversarei com a ADITEP, organização que trabalha com gênero e economia solidária), no Rio de Janeiro (onde pesquisarei o trabalho da IBASE) e em São Paulo (onde trabalharei com o CDI, Comitê de Democratização da Informática).

Meu trabalho não é distanciado de uma perspectiva política: como pesquisador, não finjo uma neutralidade que não existe, mas me assumo dentro de um campo bem definido. Poderia teria feito outra opção de pesquisa e ter trabalhado à educação à distância no ensino superior, mas minha escolha foi diferente: quis estudar o uso das tecnologias no âmbito das organizações da sociedade civil. Espero que, a partir das problemáticas que vou colocar, as ONG’s possam repensar seu próprio fazer com um olhar crítico e começar a dialogar comigo como membro desta rede nacional de articulação política e pedagógica.

Carlos Lopes

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