Começa em Natal, berço da DHNET, uma pesquisa sobre
a
utilização das teconologias
digitais para o desenvolvimento humano
Publicamos um depoimento oferecido a Tecido Social por Carlos Lopes, professor da Universidade Católica
de Brasília (UCB) e membro fundador do Movimento de Educação
de Base (MEB), que nestes dias se encontra em Natal (RN)
para conhecer a experiência da DHNET - Rede Direitos
Humanos e Cultura, o maior banco de dados e informações sobre
Direitos Humanos em língua portuguesa, no âmbito de uma
pesquisa sobre como as tecnologias digitais podem ser utilizadas
para a educação em Direitos Humanos
Meu nome é Carlos Lopes e, antes de
mais nada, sou um nordestino e um piauiense. Minha
nordestinidade, minha piauiensidade
são o rasgo fundamental da minha identidade: sempre que
me apresento, faço questão de destacar, além do meu nome,
a minha terra, o lugar das minhas raízes.
Minha maior escola, em termos de formação, não foi a
formal, mas o Movimento de Educação de Base (MEB), do qual
fui assessor regional no Ceará e no Piauí e depois coordenador
pedagógico nacional, trabalhando na assessoria aos movimentos
populares, aos sindicatos, etc., na comunicação popular
e na produção de material didático. Trabalhei onze anos
no MEB e hoje sou professor na Universidade Católica de
Brasília (UCB), na área das tecnologias aplicadas
à educação, especificamente a educação à distância.
A DHNET me deu a oportunidade de analisar um sistema
de comunicação de alcance global mas
profunda inserção local, sendo o braço digital da Rede Estadual
de Direitos Humanos do Rio Grande do Norte e tendo uma forte
presencia e enraizamento no Estado e especialmente de Natal,
que é onde nasceu o MEB impulsionado pela experiência das
escolas radiofônicas.
Minha chegada a Natal é, de certa forma, um re-encontro
com as raízes da minha formação tendo outro ponto de partida mas a mesma perspectiva, que é a construção de um projeto
político e pedagógico de utilização das tecnologias para
possibilitar o desenvolvimento humano. De fato, apesar de
que muitas vezes a virtualidade é associada à distância,
ela tem todo o potencial para permitir aproximações efetivas,
locais.
Minha vinda à Natal faz parte de uma pesquisa que não
tem como objetivo coletar dados, mas permitir uma interlocução
e uma ampliação das possibilidades que têm as ONG’s comprometidas
com projetos de educação popular e inseridas nas comunidades,
dentro da visão geral de um país realmente democrático,
socialmente justo e onde as riquezas sejam repartidas de
maneira igualitária.
Minha pesquisa pretende discutir com o Terceiro Setor
e ao mesmo tempo devolver a ele as possibilidades desenhadas
pelas entrevistas e as observações feitas no campo. Isso
não vai prescindir, porém, da colheita de dados que não
acontecerá só aqui em Natal, mas também em Curitiba (onde
conversarei com a ADITEP, organização que trabalha com gênero
e economia solidária), no Rio de Janeiro (onde pesquisarei
o trabalho da IBASE) e em São Paulo (onde trabalharei com
o CDI, Comitê de Democratização da Informática).
Meu trabalho não é distanciado de uma perspectiva política:
como pesquisador, não finjo uma neutralidade que não existe,
mas me assumo dentro de um campo bem definido. Poderia teria
feito outra opção de pesquisa e ter trabalhado à educação
à distância no ensino superior, mas minha escolha foi diferente:
quis estudar o uso das tecnologias no âmbito das organizações
da sociedade civil. Espero que, a partir
das problemáticas que vou colocar, as ONG’s possam
repensar seu próprio fazer com um olhar crítico e começar
a dialogar comigo como membro desta rede nacional de articulação
política e pedagógica.
Carlos Lopes
Veja
também:
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acontecerá em Mossoró de 16 a 19 de dezembro
e terá como eixo principal a Economia Solidária
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