Relatório sobre Direitos Humanos no Brasil será lançado
durante o Fórum Nacional de Direitos Humanos em Ilhéus,
Bahia
Publicado
em português e inglês, o Relatório Direitos
Humanos no Brasil 2003 traz dados sobre
impunidade, violência policial, conflitos
no campo, trabalho escravo, tortura, prisões, questão
indígena, discriminação racial, violência contra homossexuais,
violência contra defensores de direitos humanos, violação
de direitos humanos em instituições psiquiátricas e denúncias
internacionais de violações.
Como entidade parceira
do Núcleo de Estudos Jurídicos Pensando
Direito e do Departamento de Ciências Jurídicas
da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) de Ilhéus
(Bahia) na realização do Fórum Nacional de Direitos
Humanos, o Centro de Justiça Global é a organização responsável
pela elaboração do relatório.
Este será lançado pela primeira vez no Nordeste
na próxima sexta-feira, 3 de setembro, durante o encerramento
do Fórum Nacional de Direitos Humanos. O lançamento será
às 18 no Auditório do Centro de Arte e Cultura Governado Paulo Souto (UESC).
A conclusão da pesquisa é de que persiste no Brasil
um quadro de graves violações de direitos humanos e de que
em alguns casos, como o dos conflitos no campo, esse quadro
até piorou.
O relatório reflete
as áreas de atuação do Centro de Justiça Global em 2003
e contextualiza a situação dos direitos humanos no país.
Para sua elaboração, a entidade realizou missões in loco nos Estados do Paraná, São Paulo,
Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Rio Grande do Norte,
Pará, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Sergipe, Alagoas e
Amazonas. O relatório será encaminhado à Organização das
Nações Unidas (ONU), à Organização
dos Estados Americanos (OEA) e a autoridades brasileiras.
Cada capítulo começa com um caso emblemático analisado e
diagnosticado e traz uma série de recomendações ao final,
buscando juntar uma abordagem analítica e um perfil
propositivo. O objetivo é garantir não apenas o reconhecimento
das violações como também pressionar as autoridades governamentais
a realizar políticas públicas que efetivamente respeitem,
protejam e promovam os direitos humanos.
Os capítulos que abordam o tema dos conflitos no campo descrevem
um recrudescimento no número de trabalhadores rurais assassinados.
Foram 73 em 2003, o mesmo número de sindicalistas assassinados no
mesmo período na Colômbia. A Violência contra os
índios também aumentou, desde 1997 não se registrava tantos
assassinatos. Em 2003, até mesmo políticos estiveram envolvidos
em denúncias de trabalho escravo.
Em relação a
violência policial, dados estatísticos mostram que a polícia
brasileira continua sendo uma das mais violentas do mundo.
A pesquisa aponta que essa violência vem sendo alimentada
por governos estaduais como sinônimo de eficiência e política
de segurança.
O capítulo sobre
sistema prisional indica que a cadeia é um espaço de punição,
exclusão e materialização da criminalização da pobreza.
O perfil da população carcerária caracteriza nossas mazelas
sociais. São jovens, 54,2% têm
menos de 30 anos, pobres e de pouca escolaridade, 10,4%
de analfabetos e 69,5% possuem o primário incompleto.
Leis penais duras
contribuem para que a população prisional não pare de aumentar.
Entre 1995 e 2003 a população prisional sofreu um aumento
de 84 %.
Já o capítulo sobre
tortura revela o perfil social do torturado e um complexo
sistema de produção em massa de culpados a partir do que
podemos chamar de “etiquetamento penal”.
O relatório aborda
ainda temas como violência contra defensores de direitos
humanos, discriminação racial, violência contra homossexuais,
impunidade e violação de direitos humanos em instituições
psiquiátricas.
Estarão presentes
no lançamento as diretoras do Centro Justiça Global, Sandra
Carvalho e Mahine Dórea, além da Senadora Heloísa Helena
e de representantes de diversas Organizações de defesa dos
direitos humanos.
Fonte: Núcleo
de Estudos Jurídicos Pensando
Direito - Universidade
Estadual de Santa Cruz, Ilhéus (BA)