Espanhol
Italiano
Inglês

Tecido Social
Correio Eletrônico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN

N. 077 – 30/07/04

Tecido Social começa uma nova etapa pensando o Brasil como um todo, o continente latino-americano e os povos de língua portuguesa 

Por Antonino Condorelli

Com esta edição, inauguramos uma nova etapa de Tecido Social, que renova sua gráfica - agora menos “pesada”, mais fácil de se ler na Internet e de se imprimir - e em breve terá uma página na Internet, no endereço www.dhnet.org.br/redebrasil/tecidosocial/index.htm.

Após a experiência de quase um ano de informativo eletrônico, que chegou a 76 edições dando forma e conteúdo à visão glocal de comunicação da Rede Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do Norte (ou seja, projetar a micro-realidade local na macro-realidade do globo, capilarizando conhecimentos e informações), o Correio Tecido Social entra em um novo patamar que parte de uma renovada identidade visual. Esta última o integra ao nascente Sistema Estadual de Comunicação em Direitos Humanos – um conjunto orgânico e articulado de instrumentos de informação, da mais simples para atingir as comunidades de base à mais complexa para disseminar informações a nível planetário, caracterizados por uma estética comum - laboratório no RN de um novo conceito de comunicação que pretende abordar temas locais em uma perspectiva global e juntar as redes do país, do continente e dos povos de língua portuguesa.

“O Tecido Social surge no Rio Grande do Norte, mas pensa de uma forma global”, afirma Roberto Monte, coordenador do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP) de Natal, a entidade que concebeu e está articulando a progressiva construção da Rede Estadual de Direitos Humanos – RN. O jornal eletrônico, continua o ativista, “está dentro do espírito de Porto Alegre. Não é à toa que seu nome surgiu para resumir todo um acúmulo de experiências que se deu de Seattle para cá”.

Segundo Monte, o Correio Tecido Social “aborda localmente pensando globalmente”, mas vai também além. Como aconteceu recentemente, por exemplo, com as intervenções de Rubens Pinto Lyra (professor da Paraíba) sobre o tema das Ouvidorias e de João Baptista Herkenhoff (juiz aposentado e histórico defensor dos Direitos Humanos do Espírito Santo) sobre a reforma do Poder Judiciário: ele não só está aberto, mas é parte integrante de grandes discussões sobre a formatação de um Sistema Nacional de Direitos Humanos e sobre questões de caráter nacional ou universal. Ao mesmo tempo, ele fala do interior, dos municípios, das comunidades do Rio Grande do Norte mais afastadas da capital, projetando estas últimas para o resto do planeta: inserindo-as, de certa forma, no mundo.

Um significativo exemplo deste processo de glocalização da comunicação é a repercussão que teve o caso da Via Costeira Veículos de Natal. A logomarca de uma grande multinacional – a Volkswagen - associou-se, pela ação desta concessionária e de uma agência de publicidade por ela contratada, à apologia de um crime – a violência contra a mulher - no Rio Grande do Norte. A união de redes de diversos países e regiões, tendo como elos o Tecido Social e o Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), produziu uma onda massiva de protestos que chegou até a empresa matriz na Alemanha, acionou órgãos nacionais de defesa dos direitos da mulher e do consumidor e impulsionou uma resposta urgente do Ministério Público do Estado. Um assunto local virou global, atingiu uma grande multinacional e unificou na pressão ao poder público estadual por uma ação reparatória de um direito violado centenas de pessoas, entidades e redes distantes milhares de quilômetros uns dos outros: foi a concretização do espírito de Seattle, Porto Alegre, Gênova, Dubai... e da essência do Tecido Social.

A renovação do Tecido Social e sua inserção no patamar estético do Sistema Estadual de Comunicação não são as únicas novidades surgidas no seio da Rede Estadual de Direitos Humanos – RN. O CDHMP conseguiu apoio e suporte da Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (Fase) para produzir uma rádio web que será lançada em breve com o nome de Rádio DHNET de Direitos Humanos. “Com isso, a gente está querendo trabalhar não apenas o Brasil, mas todos os povos de língua portuguesa”, afirma Roberto Monte. “Estamos abertos a agregar todas as pessoas que tiverem experiências interessantes e a disseminar as nossas globalmente”, prossegue.

Neste sentido, muito em breve serão lançadas novas páginas web: a das Caravanas de Direitos Humanos do Rio Grande do Norte, a da IX Conferência Nacional de Direitos Humanos e a do Sistema Nacional de Direitos Humanos. Além do mais, a partir de agora a Rede Estadual começará a subsidiar rádios comunitárias do interior do Estado, produzindo conteúdos em áudio sobre cidadania e Direitos Humanos: informações sobre artigos da Declaração Universal, questões como a desigualdade de gênero, a racial, a tortura, o artigo 6º da Constituição... “Nisso também estamos trazendo elementos de novidade: expressões da cultura popular entremeadas com as informações veiculadas”, diz Monte. “Por exemplo”, continua, “um violeiro dizendo o que é uma ação civil pública. Tudo o que a gente está fazendo é criar uma grande caixa de ressonância”.

A nova versão de Correio Tecido Social está sendo lançada neste instante, na tarde de sexta-feira 30 de julho, pelo editor-chefe da publicação, o jornalista Antonino Condorelli, desde a sede do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular em Natal, na presença de toda a equipe da entidade, de diversos representantes de organizações da sociedade civil e instituições de Direitos Humanos do Rio Grande do Norte – entre eles, o Ouvidor da Defesa Social, Marcos Dionísio de Medeiros Caldas, a coordenadora do Fórum de Mulheres do RN, Elizabeth Nasser, e o Coordenador de Direitos Humanos e Defesa das Minorias da Secretaria de Justiça, Fábio dos Santos – dos artistas mambembes Patrícia Caetano e Filippo Rodrigo Rabelo Santos da companhia de teatro de rua La Trupe, do diagramador da edição impressa do jornal, Alessandro Amaral, e por Vincenza Grossi, Giovanni Condorelli e Francesco Saverio Condorelli, respectivamente mãe, pai e irmão do editor-chefe do informativo, chegados ontem da Itália para visitar o Brasil e presentes em nome de redes de entidades italianas, das quais representam o elo com a Rede RN.

No momento em que lançamos esta primeira edição da nossa nova etapa, queremos fazer um apelo para os nossos leitores. O Correio Tecido Social tem, hoje, pouco mais de 11.000 endereços de e-mail cadastrados em sua lista de distribuição. Daqui a um ano, contamos estar com pelo menos 50.000. Não é uma meta impossível, se juntarmos todas as redes do país com sua ajuda: divulguem o Tecido Social, convidem redes, entidades e pessoas conhecidas e ainda não cadastradas a se inscrever na lista... e participem ativamente deste projeto glocal de comunicação, ampliem o leque de nossos correspondentes em todos os Estados brasileiros e no resto do planeta. Espalhem a luta pelos Direitos Humanos pelo Brasil e o mundo, pois a luta da Rede de Direitos Humanos - RN é também a sua luta, é a luta de todos nós, onde quer que estivermos.

“Isso tudo é antes de mais nada um desafio”, conclui o coordenador do CDHMP. “Nós queremos trabalhar um conceito novo de comunicação. Existe uma Rede Estadual de Direitos Humanos, agora estamos querendo ampliá-la. A gente está trabalhando Direitos Humanos pensando o planeta, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, a América Latina e o Brasil como um todo, tentando chegar aos 5.561 municípios do país, a todos os povos que falam português, a todo o continente e tenho certeza de que outros iguais a nós estão fazendo isso. A palavra de ordem é tribalização. Vamos tribalizar o mundo, o Brasil, o Rio Grande do Norte... Se a gente divulga outras coisas que estão acontecendo no Rio Grande do Sul, no Paraná, no Acre, no Amazonas, mas também no México, na Argentina, em Cabo Verde, na Angola, esta mesma coisa vai acontecer em sentido inverso”.

Portanto, inauguramos esta nova etapa do Tecido Social conclamando todas as “tribos” da cidadania e os Direitos Humanos a unirem-se para construirmos, juntos, um novo modelo possível de sociedade. Como diz Roberto Monte: “Como em uma música ritmo, harmonia, melodia se fundem gerando uma única obra, assim devemos fazer nós... Vamos misturar-nos, misturar Direitos Humanos com memória histórica, arte, cultura, comunicação, desejos humanos e puxar as entranhas culturais deste país e do mundo”.

Adquira o CD-ROM Enciclopédia Digital Direitos Humanos II
O maior acervo sobre DH em língua portuguesa, revisto e atualizado
www.dhnet.org.br