Declaração da IX Conferência
Nacional de Direitos Humanos
Carta de
Brasília
02 de julho de 2004
1.Somos a IX Conferência Nacional
de Direitos Humanos, mulheres e homens, heterossexuais,
gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros; crianças e adolescentes;
idosos, presos, presas e seus familiares; povos indígenas,
negros e negras afro-descendentes, ciganos e ciganas, migrantes,
refugiados, pessoas com deficiência e surdos, vítimas e
parentes de vítimas da violência, pessoas com doenças crônicas
ou degenerativas, pessoas com sofrimento psico-mental, usuários
de substâncias psicoativas, soropositivos e profissionais
do sexo. Não estão aqui muitos de nossos lutadores dos direitos
humanos, que foram mortos na luta contra a ditadura, denunciando
o crime organizado, a escravidão e as mais diversas violações
da dignidade humana, muitos dos quais não temos até hoje
sequer notícia do seus corpos. Vimos das cidades e dos campos,
somos religiosos de crenças muito distintas, e alguns entre
nós sem crença alguma, mas todos e todas somos iguais em
nossa diversidade. Queremos viver, viver com dignidade,
em paz, na cultura, no prazer da vida e com perspectiva
de futuro.
2.Estamos a quase dez anos nos reunindo em conferências
nacionais para construir caminhos em defesa dos direitos
humanos. Neste ano realizamos conferências em todos os estados
e no Distrito Federal, reunimos mais de dois milhares de
entidades da sociedade civil, contamos com a participação
dos governos estaduais, distrital e do governo federal,
parlamentos, Ministério Público, Defensorias Públicas e
Poder Judiciário. Discutimos propostas de criação do Sistema
Nacional de Direitos Humanos, políticas públicas e estratégias
comuns.
3.Nos encontramos ainda em situação de pré-barbárie no que
se refere ao binômio direitos humanos – cidadania, legado
trágico da ditadura militar, que não fabricou, mas institucionalizou
a tortura, a impunidade, o sigilo, a estratégia do esquecimento.
A questão dos desaparecidos políticos só será equacionada
com o esclarecimento circunstanciado dos crimes da ditadura
militar e a nomeação, responsabilização e punição dos torturadores
e assassinos que os perpetraram. Tratam-se de crimes contra
a humanidade, não sendo, portanto, passíveis de fiança,
prescrição ou anistia. Muitos torturadores e assassinos
continuam exercendo a mesma prática, nos mesmos porões onde
têm atuado há mais de três décadas. Outros tantos, volta
e meia, são contemplados com cargos públicos, comendas e
promoções. O direito à verdade e à memória, como dimensão
básica de cidadania, é o único ressarcimento legítimo, e
este é devido a toda a sociedade. Para isso, todos os arquivos
da repressão devem ser abertos e a legislação que obsta
essa medida deve ser revogada.
4.Somos pessoas que têm direitos. Esse princípio é sagrado
na democracia moderna. Não podemos permitir que uns tenham
direitos e outros não. Lutamos para que a vida digna seja
para todas e todos. Ninguém pode passar fome, não há mais
explicação técnica, econômica, cultural, política e financeira
para que haja fome, especialmente no Brasil, que pode alimentar-se
e ainda produzir para o mundo. Temos terras agriculturáveis
de qualidade inigualáve1, que podem ser mobilizadas sem
provocar danos ambientais e à segurança alimentar. Mas temos
trabalhadores e trabalhadoras sem terra, que precisam lutar
anos a fio para que seu direito seja reconhecido. Não existe
justificativa para atrasar e postergar a reforma agrária,
adiar a titulação das terras remanescentes de quilombos
e a demarcação de terras indígenas sem redução das mesmas,
nem há justificativa para a manutenção do privilégio à agricultura
patronal e o agronegócio.
5.A reforma agrária é um símbolo necessário e fundamental
na luta contra o desemprego, que une a cidade e o campo.
Alimentar nosso povo e gerar emprego e qualidade de vida
a milhões de homens e mulheres é um desafio dos direitos
humanos, um desafio da civilização brasileira que queremos
construir.
6.Somos pessoas com deveres. Temos o dever maior de lutar
pela igualdade, pelo Estado laico, pelo respeito e pela
tolerância. Jamais negociaremos isto. Nunca mais podemos
deixar que nos tomem a dignidade. Para isso, devemos lutar
para que ninguém seja submetido a condições degradantes,
não podemos permitir que pessoas sejam torturadas, sejam
violentadas, sejam massacradas, sejam discriminadas, quer
pela lógica cotidiana da violência, da repressão, da exclusão,
da tortura usada método atual de obtenção de confissão,
quer pelo preconceito à expressão religiosa, quer pela ação
de políticas que privilegiam as elites econômicas e financeiras.
Queremos a primazia das políticas sociais sobre as políticas
econômicas e de segurança.
7.Ao defender nossos direitos estamos defendendo a humanidade
contra a barbárie. Ao lutarmos contra a guerra e a prepotência
daqueles que se imaginam donos do mundo, estamos garantindo
a preservação da espécie, da humanidade. Não permitiremos
que em nome de uma guerra insana, como a luta contra o terrorismo
e contra as drogas, sejam criados pretextos para militarizar
a América Latina, tutelando seu povo e se apropriando de
suas riquezas naturais. Ao defendermos que as culturas tradicionais
dos povos negros afro-descententes e dos povos indígenas
sejam respeitadas estamos preservando o espírito humano.
Ao lutarmos para que nossas conquistas econômicas não se
façam às custas da biodiversidade estamos garantindo também
nosso futuro. Ao lutarmos contra a cultura racista ainda
encrustrada na sociedade. Ao dizer que é hipocrisia a igualdade
racial formal, estamos ajudando o país a se tornar justo,
humano e solidário. Ao lutarmos contra o sexismo, o preconceito,
a intolerância religiosa e a homofobia e pela preservação
do multiculturalismo da sociedade brasileira, estamos contribuindo
para a ampliação da democracia e da justiça social.
8.Queremos um outro mundo, uma outra lógica econômica e
social, um mundo que se paute pela centralidade e primazia
dos direitos humanos. Sabemos que isso é possível. Sabemos
que é mentira a idéia de que o mundo só se constrói a partir
das bolsas de valores, a partir da garantia dos interesses
da banca internacional ou da racionalidade dos gabinetes
diplomáticos guiados pela lógica do poder.
9.Submeter-se, reduzir-se, ajoelhar-se à lógica do capital
financeiro é inviabilizar a realização plena dos direitos
humanos. O saque, a pilhagem e a exploração colonial, que
foi marcada inicialmente pelo tráfico transatlântico de
pessoas que foram escravizadas em nossas terras, nos atinge
até os dias de hoje, mantém quase metade de nossa população
em condições miseráveis e faz com que a fome seja elemento
do cotidiano de famílias que se esgarçam na indigência,
na violência e na humilhação.
10.Vivemos um momento político ímpar, sem igual em nossa
história, que nos faz mais autorizados a cobrar, pressionar
e exigir muito deste governo, presidido por um trabalhador,
cuja família migrou na expectativa de dias melhores, que
lutou pelos direitos de homens e mulheres trabalhadoras,
que lutou pela anistia, pelas Diretas-Já, contra a corrupção
e o desmando, foi militante da luta anti-colonial. Este
governo não pode retroceder, não pode deixar que se caminhe
para trás ou fique como está.
11.Nossa preocupação nesse momento histórico volta-se para
as crianças brasileiras. Milhões delas estão marginalizadas
e enfrentam toda a sorte de carecimentos, violências e humilhações.
Nossas crianças são negligenciadas e espancadas. Muitas
delas, tanto quanto adolescentes, são vítimas de abuso e
exploração sexual e comercial. Outras tantas são obrigadas
a abandonar a escola para se somarem ao trabalho doméstico
ou ingressar ilegalmente no mercado de trabalho. As crianças
e os adolescentes brasileiros são as primeiras e as mais
graves vítimas da violação dos direitos humanos no Brasil
e, até agora, entendemos que as ações governamentais na
área são tímidas e insuficientes. São 14 anos de aprovação
do Estatuto da Criança e do Adolescente e não temos políticas
que estimulem o lazer, a cultura, a educação com eqüidade
e que assegure a permanência na escola, não temos política
e adoção, nos falta um marco regulatório para as instituições
de abrigo, não temos uma política de qualificação dos professores
da rede pública para o diagnóstico precoce em sala de aula
dos casos de abuso sexual, negligência e maus tratos, nos
ressentimos de mecanismos que obriguem os municípios a instalar
e manter o funcionamento dos conselhos previstos no Estatuto
da Criança e do Adolescente. Agravando ainda esse quadro
de violência, o Brasil ainda não tem uma implementação das
medidas sócio-educativas para adolescentes em conflito com
a lei, por falta de vontade política e por falta de alocação
de recursos nos orçamentos federal, estaduais, distrital
e municipais.
12.Também nos preocupamos com o destino daqueles que estão
privados de liberdade e que se encontram nas chamadas instituições
totais: presídios, manicômios, asilos de idosos, abrigos
de crianças, Febens e congêneres. Na área penal não há qualquer
iniciativa do governo para a necessária reforma do Código
Penal, pelo que seguimos mergulhados em uma dinâmica irracional
de encarceramento massivo daqueles já previamente marginalizados,
o que só tem servido para reforçar a criminogênese (criação
do crime). A reforma da Lei de Execução Penal apresentada
pelo governo e aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado
assinalou um dos mais graves retrocessos na luta pelos direitos
humanos no país, ao trazer para a legislação nacional a
experiência autoritária e repressiva do Regime Disciplinar
Diferenciado (RDD), inventado pelo Governo de São Paulo.
Não satisfeito com isso e cedendo mais uma vez à crescente
demanda punitiva no Brasil, o governo planeja a construção
de cinco grandes presídios federais que funcionarão sob
o RDD. Os militantes da luta pelos direitos humanos no Brasil
não aceitam esse caminho e lutam contra ele.
13.Neste momento histórico exigimos a primazia dos direitos
humanos. A política econômica não pode se pautar por outra
ótica. Queremos a distribuição de renda como meta prioritária
do governo federal, garantindo-se a resolução das desigualdades
sociais brasileiras. A ação governamental não pode se permitir
contingenciar recursos ou negligenciar ações em favor dos
miseráveis, dos idosos, dos famintos, dos doentes, dos que
não têm a proteção do poder econômico ou corporativo. O
governo precisa enfrentar o debate sobre a alteração do
modelo econômico, até porque, com a manutenção da atual
política econômica os direitos humanos permanecerão no plano
retórico.
14.A participação popular deve ser garantida no processo
de elaboração do orçamento público, em todos os níveis,
com capacidade deliberativa, assim como, mediante a instituição
de um sistema de ouvidorias autônomas e democráticas.
15.Exigimos que o governo seja competente, que não se perca
na burocracia ou na inação de um Estado que se forjou contra
o povo. As políticas públicas voltadas à reparação, à promoção
e à garantia de direitos, não podem ser secundarizadas,
precisam ter prevalência na destinação de recursos, de infra-estrutura,
instalações, equipes e interlocução e participação permanente
da sociedade civil.
16.A sociedade deve ser fortalecida no seu papel de pressão
dos governos. O compromisso e a responsabilidade da garantia
dos direitos é dever constitucional do Estado, direito dos
cidadãos/ãs e co-responsabilidade de todos e todas. Daí
a importância da participação popular pela exigência de
seus direitos e pela conquista de novos.
17.Por isso sabemos que é essencial a criação do Sistema
Nacional de Direitos Humanos, orientado pelos Princípios
de Paris, com a criação de uma instituição de organismo
nacional de monitoramento de políticas públicas, de proposição,
estudos, reflexão, deliberação e recurso extra-judicial
com capacidade de iniciativa de proposição judicial dirigido
e composto majoritariamente pela sociedade civil. Entendemos
que a criação do Sistema Nacional de Direitos Humanos é
responsabilidade coletiva dos Poderes Executivo, Judiciário,
Legislativo, do Ministério Público, das Defensorias e da
sociedade civil.
18.O Conselho Nacional de Direitos Humanos, recentemente
aprovado no Senado Federal, não satisfaz essa exigência.
Pode ser visto como um passo além do atual Conselho de Defesa
dos Direitos da Pessoa Humana, mas é um passo acanhado que
não garante avanço para uma nova política de diretos humanos.
Vamos cumprir nosso dever de nele participar e de transformar
essa participação em momento de luta por sua evolução e
independência.
19.As políticas públicas de direitos humanos precisam ser
monitoradas, avaliadas e verificadas com isenção e autonomia.
A sociedade tem o direito de ser informada, de participar
da elaboração das políticas e dos planos, realizar sua avaliação
e responsabilizar os agentes políticos que não agirem de
forma adequada na condução das ações governamentais.
20.Estamos vendo o II Plano Nacional de Direitos Humanos
e seus programas específicos deixando de ser aplicados ou
o sendo em níveis irrisórios, quer por causa de políticas
econômicas negociadas em acordos internacionais, quer pela
falta de atenção ou priorização por parte dos administradores
públicos. É fundamental e urgente que se retomem os processos
de participação da sociedade na elaboração e gestão dessas
políticas, que se possam priorizar ações e definir os recursos
orçamentários para que o Plano de Direitos Humanos seja
integralmente cumprido.
21.Embora reconhecemos o avanço do lançamento do programa
Brasil sem Homofobia, reivindicamos uma clara posição do
governo federal com relação à união civil homossexual e
exigimos do Congresso Nacional a aprovação de leis que superem
uma discriminação odiosa que vem alicerçando a homofobia
e sendo cúmplice da violência contra gays, lésbicas, bissexuais
e transgêneros.
22.A todo momento, vemos tentativa de limitação da ação
do Ministério Público, na contra mão da história. Queremos
que o Ministério Público seja mais ativo, tenha garantida
sua ação, inclusive com mais recursos financeiros e humanos
para que possa realizar sua ação investigatória segundo
os preceitos constitucionais, acompanhar processos, tomar
iniciativa como guardião dos direitos dos cidadãos e das
cidadãs. Queremos um Ministério Público ainda mais atuante,
capaz de exercer o controle externo da atividade policial
e, ao mesmo tempo, respeitar os direitos humanos, a dignidade
e a imagem pública dos acusados.
23.O povo tem o direito de acesso à Justiça. Uma Justiça
justa, célere e eficaz. Uma Justiça que aprenda a superar
os preconceitos, a não criminalizar os movimentos sociais
e os pobres, a não ver o pobre, as profissionais do sexo,
os gays, os transgêneros, os bisexuais e as lésbicas, as
comunidades em situação de rua, as pessoas com HIV/Aids,
os deficientes e surdos e os usuários de substâncias psicoativas
como ameaças, como aberrações ou com o estranhamento da
ignorância e da intolerância. A Justiça precisa ser mais
das pessoas e menos das coisas e das propriedades. Uma Justiça
que deve ser dos gays, lésbicas, transgêneros, bissexuais,
profissionais do sexo e usuários de substâncias psicoativas,
como cidadãos e cidadãs dignos de respeito e direito a uma
existência igualitária. Uma Justiça que entenda as mazelas
a que são submetidos estes grupos, resultando em marginalização
e exclusão social.
24.Embora a Constituição Federal tenha determinado que os
estado criariam suas Defensorias Públicas, lamentavelmente,
estados como São Paulo, Santa Catarina e Goiás ainda não
as criaram. Nos estados em que há Defensoria Pública estas
não estão completamente implementadas, não têm autonomia,
têm quadros de defensores insuficiente, estando desprovidas
a maioria das cidades brasileiras. O povo brasileiro quer
e exige uma garantia essencial e necessária para o acesso
integral à Justiça e efetivação dos direitos humanos, que
é a existência de Defensorias Públicas plenamente autônomas,
estruturadas, fortes, com orçamento e quadro de Defensores
Públicos.
25.A brutalidade da ação policial, as execuções sumárias,
a prática de tortura são situações que devem ser banidas
com rigor e rapidez. As ações dos governos estaduais ainda
são tímidas ou ineficientes para conter esse tipo de violência
e esclarecer os crimes praticados. Os governos estaduais
nada fazem para conter esse tipo de violência, nem para
esclarecer os crimes praticados. O governo federal, entretanto,
será co-responsável por esse tipo de violência se continuar
liberando recursos do Fundo de Segurança Pública aos estados
sem qualquer exigência de diminuição dos indicadores de
violência policial. Será co-responsável também o Congresso
Nacional enquanto não ratifique, com urgência, o protocolo
Facultativo à Convenção Internacional contra a Tortura,
já assinada pelo governo brasileiro em 13 de outubro de
2003, pois somente a ratificação tornará o país definitivamente
obrigado perante a comunidade internacional. A brutalidade
da ação policial, as execuções sumárias, a prática de tortura
são situação que devem ser banidas com rigor e rapidez.
Os governos estaduais devem implantar e fortalecer a política
comunitária para coibir a violência e buscar o esclarecimento
dos crimes pela polícia civil e militar. Tendo o governo
federal como co-responsável na liberação e fiscalização
dos fundos que deverão ter percentual garantido por lei
para capacitação dos agentes. Que seja dado curso de formação
em direitos humanos aos policiais civis e militares, padronizando-se
as abordagens.
26.Recomenda-se ao Estado brasileiro e às Unidades Federativas
a reformulação imediata dos estatutos e regulamentos dos
órgãos de segurança pública, com vista à garantia dos direitos
humanos dos seus agentes e da sociedade, incentivando, inclusive,
a instituição de Comissões de Direitos Humanos, com efetiva
participação da sociedade civil e das entidades representativas
dos agentes desses órgãos, contra violação dos direitos
humanos nos quartéis e nos demais órgãos de Segurança Pública.
27.Olhamos em volta e nos vemos com otimismo. Sabemos que
nossa luta ainda é longa e árdua, mas estamos avançando.
Os movimentos de direitos humanos estão se fortalecendo,
as entidades crescem em número, em qualidade e em diversidade.
A IX Conferência Nacional de Direitos Humanos é prova viva
disso, milhares de entidades da sociedade civil estiveram
mobilizadas e mostraram grande vontade de participar, atuar
na mudança, construir alternativas.
28.A IX Conferência Nacional dos Direitos Humanos reconhece
a situação de miséria e abandono em que vivem os refugiados
protegidos pelo Brasil e os imigrantes, e recomenda ao Estado
a criação de mecanismos que garantam a sua inserção na sociedade
brasileira.
29.A IX Conferência lança uma palavra de alegria com essa
mobilização e propõe que essa se traduza na constituição
e fortalecimento de Fóruns Municipais de Entidades de Direitos
Humanos, de Fóruns Estaduais e Distrital de Direitos Humanos
e na articulação destes com o Fórum de Entidades Nacionais
de Direitos Humanos.
30.A IX Conferência recomenda que essa mobilização organize
a pressão social pela aprovação de leis estaduais e municipais
de constituição de Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais
de Direitos Humanos com a participação majoritária da sociedade
civil.
31.A IX Conferência recomenda ampla mobilização social,
envolvendo sindicatos, comunidades de bairro, organizações
não-governamentais, entidades religiosas, imprensa, escolas,
universidades e todos os outros que possam contribuir para
a paz, a vida e a justiça social, para que a sociedade discuta
com profundidade o Estatuto do Desarmamento e possa ter
uma posição em favor da paz e da vida no referendo popular
do próximo ano e não se deixe influenciar pelo poder econômico,
nem pela lógica bélica do comércio de armas.
32.A IX Conferência Nacional, inspirada nas lutas e sonhos
de nosso povo, conclama a sociedade brasileira para a construção
de uma cultura calcada no diálogo contínuo com a participação
de todos os segmentos sociais em nome da paz, enraizada
no profundo respeito à vida, à dignidade humana, à diversidade
e à preservação do planeta, onde a paz seja não só o fim,
como o caminho.
Brasília, 02 de julho de 2004 – Plenário da IX Conferência
Nacional de Direitos Humanos